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História Desafio dos 42 - Sr. 42



Notas do Autor


Como já é de costume, agradecemos todos os favoritos e comentários. Vocês nos deixam muito felizes *------*

Enfim, deixando de enrolo, se joguem nos 42!

Capítulo 5 - Sr. 42


Céus, por que...? Onde eu estava com a cabeça para aceitar o convite do Naruto para vir ao bar?

Senti minhas bochechas esquentarem ao ser alvo dos olhares dos meus amigos, e pigarreei em uma tentativa frustrada de não demonstrar meu constrangimento enquanto levava o copo de vidro até os lábios para beber um gole de minha cerveja preta, Schwarzbier.

Estávamos em um canto mais afastado do bar e, com isso, quero dizer: Naruto, Neji, Shikamaru e eu. Só que, como amigos gostam de foder com a nossa vida miserável, papo vem, papo vai, eles logo trataram de encher meu saco ao entrar em um assunto por demais íntimo.

– Então, Sasuke... – Naruto já estava alegrinho com a quantidade de vodka ingerida. – Não vai... responder a pergunta? – Perguntou embolado, sendo o mais alterado dali.

Como eu o odeio. Sendo meu melhor amigo, ele sabe muito bem a resposta, mas parece que faz questão que os outros saibam também. Que saco! Os três continuaram me olhando com expectativa.

Pois bem, como dizer aos meus amigos rodados que eu - sem querer me gabar, mas já fazendo isso -, o mais boa pinta do grupo, aos 19 anos, ainda não tirei o rótulo de fabricação? Vou ser zoado pelo resto da minha vida! Permaneci em silêncio, amaldiçoando Neji por ter feito essa pergunta.

Mas, talvez, teria sido melhor eu ter dito alguma coisa, já que senti o amargo arrependimento assim que vi o Rapunzel abrir um sorriso debochado, mastigando a azeitona do Martini depois de puxá-la do palito com os dentes.

– Suspeitei. – Soltou uma risada maldosa, o que fez com que eu emburrasse a cara, pousando o copo sobre a mesa de madeira com um baque.

– É problemático ser um gay enrustido. – Shikamaru disse, e eu franzi as sobrancelhas em resposta pronto para me defender, mas o escandaloso do Naruto tinha que abrir aquela caçarola que ele chama de boca e gritar baboseira aos quatro ventos.

– Que frase vai na minha lápide, versão Sasuke. Eu começo!  "Nasceu em Leão, mas morreu virgem.” - Ele gargalhou. Ah não... É muita pegação no meu pé. Os outros o acompanharam no riso.

- Que sem graça, Naruto. - Revirei os olhos, sentindo o rosto pegar fogo.

- Acho que "devolvido sem uso" também é uma boa opção. - Neji entrou na onda. - Você deveria pedir isso no seu testamento, Sasuke.

Travei o maxilar, me encolhendo no lugar ao ver que nossa mesa era o centro das atenções do bar consideravelmente cheio. Bando de vacilão! Ao menos eles pararam de encher o saco. As risadas estavam mais baixas, ninguém olhava mais para nossa mesa e... Não, por favor, não!

Eu só posso ter cobrado juros das 10 moedas de Judas em minha vida passada, porque não tem outra explicação para ser tão odiado pelo Universo. 

– Ô, Itachi! – Naruto gritou ao ver a mesma assombração que eu, parando de rir por um momento. Não, Naruto, não chama! – Que coincidência, mano! O que faz por aqui?

Grunhi, escorregando na cadeira.

– Como vocês estão, molecada? – Itachi se aproximou com senso de humor, batendo as mãos com as dos rapazes. – Eu vim aqui comprar cerveja pra levar pra casa do Deidara. Temos que fazer trabalho da faculdade e, ugh, é um saco, ainda mais no fim do curso! – Cerveja para um trabalho? Finjo que acredito.

– Senta aí, mané. – Neji empurrou uma cadeira vazia, me arrancando um bufo nervoso quando vi meu irmão sentar a bunda na cadeira. Calma, Sasuke... tudo vai estar bem se ninguém tocar no assunto de antes.

– Bem que eu pensei ter escutado os risos inconfundíveis do Naruto. Qual era a graça? – Perguntou.

Maldito, maldito Naruto!

– Ah, a gente só estava rindo do cabaço do Sasuke! - Por que esse demônio não consegue falar baixo como uma pessoa normal?! Novamente me encolhi na cadeira quando a resposta do loiro puxou os olhares dos desconhecidos ao redor, apesar de não saberem quem era o pobre coitado de quem falavam.

Embora Naruto fale tão alto, que não duvido mais de nada.

– Deve ser triste ter um irmão sem coragem de sair do armário. – Neji colocou uma mão no ombro do Itachi que sorriu maroto e se desleixou na cadeira. 

Hm, não gostei, aí vem merda!

– Esse armário tem só a traça. – Itachi me defendendo? Estreitei os olhos, desconfiado. – Vocês não sabem do bonde que ele arrasta pela Sakura? Só fala nela o tempo inteiro. - Quase me engasguei com minha própria saliva.

De onde ele tirou essa história de que eu só falo nela?! Eu não falo só nela. Nós começamos a estudar juntos na quarta série, quando vim para Konoha. Eu apenas falava como havia conhecido a garota mais linda do mundo e em como todos os dias ela estava perfeita, ou como ela era inteligente, fofa, compassiva, sexy, gostosa... E também fiquei muito mais feliz ao saber que ela iria estudar medicina comigo do que quando soube que eu tinha passado. Eu falo um pouco nela, raramente, mas isso não é motivo para ele achar que eu gosto dela.

– Isso não é... – Tentei argumentar, mas ele me interrompeu.

– O que, Sasukinho? Vai negar que vive falando dela? Se for mentira, então você é mesmo gay, porque até na roupa que ela usa na faculdade você repara.

– Eu não... – Tentei novamente.

– “A Sakura estava tão fofa com aquele vestido hoje!” – Itachi imitou uma vozinha fresca e fez uma cara abobalhada.

– Eu não falo assim! – Me exaltei, irritado, e mais uma vez os olhares no bar se voltaram para mim. – Não posso achar uma garota bonita? – Bufei, cruzando os braços.

– Que romântico, está se guardando para nerd de cabelo rosa. – Neji debochou. – Os dois vão morrer virgens! – Em seguida, explodiu em risadas junto com os outros.

– Vai se foder! – Foi tudo que consegui dizer em minha defesa, arrancando mais gargalhadas dos quatro.

– Que desastre... – Neji continuou, terminando o Martini. – Virjão e, pra completar o pacote, veio com cu doce.

– Não é cu doce! É só... receio. – Dei de ombros.

– Receio de levar um fora porque tem o coração sensível. – Itachi zombou.

– Aposto que a Sakura vai ser o “homem” da relação. Se é que me entendem! – Naruto sorriu malicioso, tomando mais Vodka.

Se tiver uma relação entre esses dois poços de timidez. – Shikamaru bocejou.

– Na sua primeira vez, vai querer uma cama arrodeada por pétalas de rosa, Sasuke? Aposto que sim. - Neji riu, então cruzei os braços. Eu estava irritado, prestes a dar um piti.

– Vão ver se eu tô dando lá na esquina. – Resmunguei.

– Você não deu nem na cama, vai dar na esquina? – Meu irmão tinha que rebater.

– É problemático ter um amigo virgem aos 19 anos. – Shikamaru falou, me deixando ainda mais puto com todos eles.

(...)

Mais um dia de aula e eu estava sentado no meu costumeiro lugar, no centro da sala. Ele parecia inocente, mas foi estrategicamente escolhido. Daqui, o ângulo favorecia a visão da rosada, já que ela sentava na primeira cadeira da quinta fila; eu não precisava virar muito a cabeça para vê-la, posição perfeita. O problema era que ela ainda não havia chegado e eu apenas encarava seu lugar vazio.

Infelizmente, existem garotas chatas pra um caralho que passam o dia me importunando, como, por exemplo, agora.

– Bom dia, Sasuke! – Karui sentou sobre a minha mesa. Vulgar, como sempre, mas hoje, em particular, estava parecendo um cigarro. - Você está livre algum dia essa semana? – Ela apertou o meu braço e eu logo me livrei de seu toque. – Não seja tímido!

Suspirei desgostoso, querendo expulsá-la de volta para o inferno, mas parece que ela não entendeu, pois continuou ali. Sustentei o olhar, foi quando a rosada passou pela porta e olhou feio em minha direção. Ótimo! Agora ela deve pensar que eu sou um cafajeste que fica com qualquer biscate por aí.

– Dá pra sair daqui, faz favor?

Jamais ficaria com alguém como ela... Sabe-se lá as doenças que deve ter, cruzes! Karui saiu bufando e foi sentar no outro canto, desobstruindo minha visão. 

Agora sim, eu tinha a visão dos deuses! Sakura estava no canto de sempre, tão linda... com uma calça cor-de-rosa justinha, uma blusa branca com as mangas longas enroladas até o cotovelo, um decote leve... Sexy, gostosa e sedutora sem ser vulgar e sem querer chamar atenção, perfeita!

A aula de Epidemiologia era chata demais, mas ficava menos insuportável quando eu podia me distrair olhando para a Haruno. No fim, o professor ainda passou 20 questões, pra variar.

Ugh, nem acredito que está na hora do intervalo. Meu estômago já foi parar nas costas!

Saí da sala um pouco depois da Sakura. Uma pena que aquele furacão loiro, melhor amiga dela, a puxou antes que eu pudesse admirá-la mais um pouco. Sabe aquele conto da carochinha de loiros serem burros? Não acredito nisso - o Naruto é demais, mas só ele -, na verdade, eu acho que loiros são inconvenientes! Naruto é inconveniente, acho que a Ino consegue ser ainda pior, o Deidara é muito, ainda tem a Temari, namorada do Shikamaru, também a vadia da Shion... A coordenadora peituda do curso de medicina, Tsunade, e que ela nem sonhe que penso isso dela, também era. Acho que o Itachi tem alma de loiro. Enfim, loiros me irritam.

Eu estava prestes a ir ao refeitório comprar um lanche quando sinto meu celular vibrar no bolso traseiro da calça. Quando o peguei, vi que era uma mensagem do Dobe.

“Teme eu comprei seu lanche eu e o pessoal tamo te esperando na quadrado não demore!!”. Nem sabe usar a vírgula. Logo em seguida chegou mais outra: “quadra* merda de corretor”. Bem que o corretor podia colocar pontuação. Mais uma mensagem: “Quero que devolva o dinheiro que gastei com sua comida”. Bufei. Ele compra porque é apressado e eu tenho que reembolsar?

Dei meia volta, indo em direção à quadra. A caminho de lá, mais ao longe eu vi a Sakura. Claro que disfarcei, com muita dificuldade, o olhar que mandava para ela. Vi como ela ficou mais vermelha que nariz de rena natalina, com, provavelmente, alguma coisa que as amigas falaram. Talvez seja sobre algum garoto que ela pode estar a fim. Senti uma rápida falta de ar com a possibilidade dela gostar de alguém. Se for isso, o cara é um maldito sortudo, tomara que morra!

Quando estava me aproximando, ela e a ruiva, prima do Dobe, esqueci o nome, olharam para trás. Parecia ser na minha direção, mas também parecia bom demais pra ser verdade, então, como um reflexo, olhei para trás. Ah... Fechei a cara. Lá está... Gaara, irmão da Temari, tão popular entre as mulheres quanto eu. Ruivo filho da puta, tirando todo o holofote que deveria estar em mim!

Quando eu estava quase passando pela mesa das meninas, a amiga ruiva da Sakura se jogou sobre o banco, quase chutando a coitada pra fora. Por um momento pensei que ela estivesse tendo um treco, algum tipo de convulsão ou sei lá, mas parece que era só uma pose e... Espera, ela tá olhando pra mim? Mas o Gaara ficou lá pra trás. Coitada, deve ser vesga ou está precisando trocar os óculos.

Olhei para Sakura que sorria, fazendo uma pose engraçada. Fofa, estranha e bastante engraçada, tanto que nem pude conter uma risada. Mas logo tratei de vazar dali, antes que a agarrasse em público mesmo. Quando cheguei à quadra, vi Naruto, Neji e Shikamaru na arquibancada, comendo e rindo de alguma trivialidade que o loiro - sem dúvida alguma - deve ter dito.

– Do que estão rindo? – Perguntei, me sentando num espaço que guardaram para mim, pegando meu lanche.

– O Naruto que está com um papo estranho sobre pedras. – Neji riu, revirando os olhos.

Não disse? Tinha que ser o Naruto.

Eu estava tranquilão comendo meu salgado - o que quer que Naruto tenha dito, não é mais importante que minha comida -, tanto que nem percebi quando trocaram de assunto.

– Topa, Sasuke? – Escutei Naruto perguntar.

– Oi?

– Saiu de um transe profundo, foi? - Ué, a hora da refeição é um momento sagrado...

– Do que você estava falando?

– Topa jogar futebol quando as aulas acabarem? – O Uzumaki repetiu a pergunta.

– Pode ser. Se não me engano, deixei as chuteiras aqui no armário.

(...)

Que vergonha! Eu consigo jogar futebol até de olhos fechados e, justo hoje, eu sofro uma queda. Tudo por culpa do Naruto! Pra variar, ele gritou, falando com a Sakura, e eu fui pego de surpresa por não saber que ela estava lá observando.

Nesse momento eu já estava meio desorientado correndo atrás da bola. Não olhei, já que podia ser zoação daquele loiro maldito, mas, quando ouvi a voz dela respondendo, não consegui resistir à tentação de olhar na direção de onde ela vinha. Acontece que, quando pude vislumbrar os primeiros fios cor-de-rosa, pisei em falso na bola, indo de encontro ao gramado e torcendo o pé.

Trágico e vergonhoso cair na frente da crush!

Minha vida virou aquele chão. Seria ainda mais vergonhoso levantar e fingir que nada aconteceu – até porque estava doendo pra caralho. A partir do momento que você cai, você tem que fingir um desmaio, uma morte, algo bem fatal. Sua atenção e resto de dignidade se resumem aquilo e tudo vai depender de sua habilidade de atuação. Porém, eu não precisava atuar - o que era um alívio, já que eu fui a pior árvore das peças da escola -, porque parecia que eu estava parindo pelo pé, devido a grande dor que eu estava sentindo no local.

Agarrei o pé e acho que me contorci um pouco no chão, como um esquizofrênico parindo um cacto pela bunda cheia de hemorroidas, já que o Naruto gritou desesperado para a Sakura buscar gelo.

– Cara, você tá bem? – Naruto perguntou agachado ao meu lado, com uma mão em meu ombro.

– Olha bem pra minha cara e vê se eu tô bem! – Ralhei entre gemidos de dor. – Acho que meu osso vai saltar a qualquer momento...

– Consegue levantar? Vem que eu vou te levar até a arquibancada. - Assenti com a cabeça, e ele me ajudou a capengar pela quadra, colocando um de meus braços por sobre os seus ombros.

– Acho que vai ter que amputar... - Choraminguei outra vez.

Os outros filhos da égua, podendo me socorrer, ficaram lá na quadra com cara de cu. Eles não estão vendo que estou morrendo aqui? Que insensíveis! Ao menos essa queda teve algo de bom, pois logo as garotas que assistiam ao jogo vieram todas para perto de mim, preocupadas.

– Aqui. – um saco com cubos de gelo entrou em meu campo de visão e eu levantei o olhar, vendo Sakura estendendo-o para o Naruto. – Espero que melhore. – ela parecia chateada. Talvez esteja com pressa e eu acabei atrapalhando.

– Valeu, Sakura! Você é tão gente boa! – Naruto sorriu. Mas claro que ele só estava puxando o saco, já que a mina que ele gosta é amiga da Sakura. - Vou voltar para a quadra, você pode cuidar do Teme?

Olhei para ela e, de repente, eu não sentia mais a dor. Fiquei olhando-a na expectativa. Será que ela vai aceitar? Ela pareceu meio estranha, meio perturbada. Talvez não quisesse cuidar de um encosto como eu.

– C-cuido sim. Sem problemas. – ela tremia mais do que eu quando fui na montanha-russa pela primeira vez.

Sakura devia estar com uma raiva só. E este pensamento fez minha dor voltar com tudo. Logo levei meu olhar até o meu tornozelo que estava dolorido. Pff! Dolorido? Caiu o Empire State inteiro sobre ele, isso sim!

– Obrigado, Sakura. – o palerma, que eu chamo de amigo, foi correndo para a quadra, me deixando a sós com a rosada, já que antes ele deu um jeito de dispersar as outras garotas.

Nossa, que mulher! Eu aproveitaria a situação para dar uma geral no corpo dela, mas não dá pra me concentrar com as pontadas insuportáveis no tornozelo, que está inchado e roxo como uma amora. Olha, isso é obra do maligno!

– O-oi. – ela gaguejou. Nossa, ela tá segurando tanta raiva assim?

Franzi um pouco as sobrancelhas e fiquei me perguntando se essa garota era normal assim que ela fez a mesma pose de hoje no intervalo. Se bem que ela fica lindamente engraçada assim, mas a dor era maior.

Voltei meu olhar para o meu pé, já sem tênis e sem meia. Cara, eu estava divagando tanto na dor que nem vi quando o Naruto tirou.

– Ah... O gelo está derretendo. – falei indiferente. Ou ao menos tentei, mas saiu mais uns gemidos de dor. Merda, agora ela deve achar que sou frouxo.

– Ai, meu Deus, me desculpa! – ela falou e se apressou para se aproximar mais e logo colocou o gelo em meu tornozelo.

Senhor! Assim que senti o gelo duro encostar em meu tornozelo num movimento bruto, tive a certeza que Sakura estava irada por ter que me ajudar.

– Ai! – não pude segurar, o grito eclodiu pela minha garganta.

– Tá tudo bem, tudo bem... – falou com uma voz infantil e eu a olhei como se ela fosse meio biruleibe. Certo, tô começando a ficar assustado. – C-como conseguiu torcer o pé assim? – perguntou sem me encarar. Ela estava quase tão roxa como o meu tornozelo. Como ela estava de cabeça baixa, não pude ver sua expressão facial.

Mas, voltando para a pergunta que ela fez, é mais do que óbvio que eu não irei falar o que realmente aconteceu. Afinal, eu não posso simplesmente dizer: “Ah, eu caí porque fui tentar te ver, sabe. Tudo por causa da queda que tenho por você, agora literal e figurativamente!”. Não! Com certeza não vou falar isso.

– Eu pisei em falso. – disse a primeira coisa que me veio em mente, o que chega a ser verdade.

– Você precisa ser mais cuidadoso. – ela tá preocupada comigo? Yes! Cara, você tá indo bem!

– Serei, não se preocupe. – falei e ela pareceu um pouco agitada. É, Sasuke Uchiha, você tá indo bem... bem mal! – É impressão minha, ou você está um pouco nervosa? – sinceramente, não quero ouvir a resposta.

– É por causa do desafio dos 42. – ela disse. Ué, como assim? – É... É... Por causa dos... – ela pareceu encabulada e, talvez, um pouco desesperada. – Das 42 questões que eu tenho pra fazer. Vai ser um desafio terminar a tempo.

Ah, agora entendi, mas...

– 42 questões? – fiquei confuso. – De Epidemiologia? Ele não passou só 20? – juntei as sobrancelhas.

– É... Acabei atrasando alguns.

Alguns? Uns 22 né?

– Pra ser a primeira da turma, achei que fosse mais atenta. Você precisa ser mais atenta. – ri.

Estávamos sentados e ela ainda cuidava de mim. Acontece que escutei uma estranha risada de minions que vinha da direção da rosada. Não pude deixar de olhar risonho para ela, que pegou o celular. Como não sou nada curioso, olhei de esguelha ela entrando no WhatsApp e dando play em um áudio.

“Ei, Testuda, cadê você? Esqueceu as aulas de oral? Eu não estava brincan...”

Ela pausou o áudio com um desespero aparente, fechando o aplicativo como se sua vida dependesse disso. Eu a olhei tentando conter minha expressão de susto. Só tentei mesmo...

Ela sorriu sem graça para mim. Devia estar muito envergonhada. Mas também! Como assim oral? Gostaria de acreditar que isso tinha alguma coisa a ver com pasta de dente ou aulas de algum outro idioma. Mas é exatamente por motivos como esse que eu não ouço áudios do Naruto em público. Novamente a risada do minion. Mas a Sakura sequer piscou. Olhei do celular para o rosto perfeito dela, que estava vermelho.

– Meu pé já está melhor. Você pode ir... – fiquei meio sem jeito. – Conversar com sua amiga.

Ela parecia querer enterrar a cabeça no chão. Saiu correndo e quase teve o mesmo fim trágico que eu. Imagina se ela torce o pé também! Aí lascou-se! Mas, meu Deus! Acabei de descobrir que sou apaixonado por uma tarada!

...

Eu estava voltando para casa no meu bebezinho, meu Lamborghini Aventador preto. Meu pé ainda doía, mesmo que já tivesse passado um bom tempo e já fossem... 20h42min.

Estava dirigindo por uma rua mal iluminada e o farol não estava ligando. Que droga! Tomara que nenhum policial me veja e... Opa! Ouvi uma pancada e freei. Tomara que não tenha amassado o meu ca... Digo, tomara que eu não tenha matado ninguém!

Desci do carro e vi que tinha uma garota caída com um resto de uma bicicleta sobre ela. Não dava pra ver direito, mas acho que era isso.

– Ei! Desculpa, está tudo bem? – retirei a bicicleta de cima dela. – Se machucou?

– Não, obrigada. – ajudei-a a levantar-se. E me virei para o meu carro. – A propósito...

– Droga! Amassou meu carro. – caralho, meu bebê! Ela vai ter que pagar, quem mandou ficar no meio da rua?

– Você acaba de atropelar uma pessoa e se preocupa com um amassado? – ela começou a gritar, parecia estar irritada.

– Desculpa. – eu disse.

– Desculpa? Eu poderia estar gravemente ferida graças a sua carteira de motorista comprada. Sim, comprada, porque todo motorista deveria saber que a faixa de pedestre é para pe-des-tres e em seu carro tem uma luzinha chamada “farol”. Idiota! – quem ela pensa que é para falar assim comigo? Carteira comprada uma porra! Sou um motorista exemplar!

– Está quebrado... – não iria me rebaixar a uma idiota que fica lesando no meio de uma rua escura.

– Quebrada está minha bicicleta novinha. – novinha... Sei... Estava escuro, mas deu pra perceber que era um lixo.

– Olha, desculpa mesmo. O que posso fazer? – resolvi me fingir de arrependido... Afinal, eu realmente poderia tê-la machucado.

– Pode me dar carona de ida e volta para a faculdade já que me deixou sem meio de transporte. – ter que dar carona a essa irritante? – E trate de consertar a minha bicicleta ou me dar uma nova. – suspirei.

Amanhã pela manhã eu já compro a maldita bicicleta, assim me livro logo dessa garota!

– Ok, ok! Tudo bem, então. Entra no carro. – falei um pouco contrariado.

– Com o farol quebrado? – ela perguntou.

Eu, de bom grado, ofereço carona a uma pessoa extremamente chata e ela ainda coloca defeito? Deu vontade de mandar ela à merda, mas me contive pois ela poderia chamar a polícia.

– Quer a carona ou não? – falei indignado.

– Humpf! – ela obedeceu. Finalmente!

Ah! Palhaçada! Amassou o meu carro! Joguei o lixo que ela chamava de bicicleta num matinho que tinha próximo ao local e entrei no carro. Ela acendeu a luz interna assim que fechei a porta.

– Sasuke? – essa voz me é familiar.

Me virei para a garota e... Puta merda!

– Sakura?

Milhares de pessoas para atropelar e eu atropelei a rosada? Desde que a conheci, passei todo o tempo observando esta deusa de longe e, quando me aproximo, é quase matando ela? Parabéns, Sasuke!

Cara, passei esse tempo todo querendo me aproximar, mas era tímido demais. Agora, essa é a oportunidade perfeita! Jamais comprarei uma bicicleta nova para ela! Darei carona todos os dias à Sakura Haruno!


Notas Finais


Esperamos que tenham curtido a história na visão do Sasuke, no próximo ainda teremos mais de como o Sr. 42 viu os acontecimentos com a nossa rosada ;D
Alguma dica, alguma crítica?
Até os comentários ;**


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