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História Desajustados - Mudanças


Escrita por: EasilyAddicted

Notas do Autor


Não é muito mas finalmente as coisas começam a se desenvolver em relação aos sentimentos dos personagens principais

Capítulo 7 - Mudanças


Ian

— Ian pelo que você me disse eles podem nem saberem que você é um telepata. Isso presumindo que a mulher que te ameaçou está do lado deles, o que não bate... — Observa Sam polindo a lentes de seus óculos que ele tinha pego em algum ponto da conversa entre ele e Ian — O foco deles é claramente a criança, não você ou esse tal de Michael. Além disso, essa mulher me pareceu muito mais interessada em você.

— Isso era para fazer eu me sentir mais seguro? Porque eu não sei como funcionou na sua cabeça, mas eu posso garantir que não está ajudando — Retruca Ian cruzando os braços em frustação — E eu ainda estou com fome.

Sam apenar sorri se divertindo com a reação de Ian. Era estranhamente confortável ver como certas coisas nunca mudavam, o garoto continuava o cabeça dura que sempre fora — Eu só estou dizendo que não tem porque você entrar em pânico. Se essa mulher não está envolvida com toda essa história de conspiração não vejo como ela poderia te machucar ou machucar as crianças do orfanato.

— Eu não posso arriscar — Afirma Ian com a voz baixa e desviando o olha para a parede.

Sam estuda o garoto em silêncio por alguns segundos reconhecendo a derrota, ele sabia como Ian era teimoso quando se decidia dessa forma. Mas tinha algo que despertava seu interesse mais que toda essa história do exército e da gênesis

— Tem sempre a saída mais fácil e rápida... — Propõe Sam colocando os óculos de volta com uma expressão séria, sua voz baixa, mas clara o suficiente para não deixar dúvidas.

Ian volta a encarar aqueles olhos castanhos que sempre pareciam estar analisando-o, cada ação, cada palavra dita, cada pequeno movimento. Tudo parecia ser captado pelos olhos ávidos do velho e Ian sabia que isso era uma armadinha, mas ele resolve cair na isca mesmo assim — Qual é? — Pergunta ele igualmente baixo.

— Se afastar de Michael e dessa criança — Responde Sam inclinando levemente a cabeça para o lado.

Ian engole seco com a ideia, mas ele meio que pediu por isso. Ele viu a isca e aí estava sua armadilha, porque tanto ele quanto Sam sabiam o que Ian iria dizer em seguida e mesmo assim se ele o dissesse, ele estaria assinando sua sentença para outras perguntas que ele não se sentia nem um pouco confortável em responder. Mas talvez estivesse tudo bem se fosse só com o Sam, talvez ele pudesse se permitir demonstrar suas inseguranças e medos, não é como se fosse a primeira vez que ele o fizera. Sam sabia do que ele era capaz e nada do que Ian dissesse poderia superar ser um assassino.

— Isso não é uma opção — Responde Ian por fim, mas, como sempre, ele não era forte o suficiente para continuar encarando Sam nos olhos — Não posso deixá-los sozinhos nessa bagunça.

— Porque? — Pergunta Sam. A simples pergunta fazendo o estômago de Ian revirar desconfortavelmente — O que você sente por eles? — Ajuda Sam já que não recebera uma resposta.

— Não sei — Responde Ian momentos depois, como uma criança se fazendo de difícil.

— Ian...

— Eu não sei! — Exclama Ian se levantando e começando a andar de um lado para o outro — E eu também não sei porque você e a irmã Mary ficam me perguntando isso. Eu não sei o que eu sinto por eles, Deus eu não sei nem se ainda sou capaz de sentir alguma coisa. Tudo que eu sei é que Josh é uma boa criança, ele não merece ser perseguido e ser transformado em um rato de laboratório só porque é diferente, ele é apenas uma criança... E Michael... — Ian desacelera sua passada ao lembrar do outro, como ele sempre parecia relaxando enquanto conversava e observava Ian no fim de suas “sessões” em um fast-food, a sensação de conforto que emanava de sua mente depois de Ian ajudá-lo a lidar com as crises... Como ele sorrira ao ver Ian e Josh poucas horas atrás... — Eu não sei — Repete Ian voltando a se sentar olhando para o chão. Ele se sentia como se estivesse fisicamente arrancando uma parte de si, como se tudo que ele tanto lutou para esconder estivesse sendo arrancado dolorosamente do seu peito. Para seu agrado, Sam espera sem emitir nenhum som sequer, provavelmente fazendo ideia do pequeno monólogo que Ian estava tendo dentro de si — Às vezes eu acho que ele gosta de passar tempo comigo, como amigos fazem, o que é estranho porque ninguém deveria se sentir assim na presença de um assassino — Ironiza Ian com um sorriso amargo — Eu acho que ele acha que somos amigos.

— Vocês são? — Pergunta Sam, sua voz sutil e livre de julgamentos.

— Eu queria poder dizer que sim, mas...

— Mas?

— Mas eu tendo medo — Admite Ian passando as duas mãos em seus curtos fios negros e finalmente encontrando aqueles olhos castanhos curiosos novamente.

— Medo?

— Inicialmente eu achava que era uma resposta natural ser amigável e tudo mais. Não que eu esteja culpando ele, mas é natural que ele queira me manter por perto, já que sou a única coisa que mantinha ele longe de ter uma recaída. Mas.... Ultimamente, com tudo que aconteceu... E ele já parece estar conseguindo dizer não para as drogas por si só...  Agora eu não sei o porquê ele iria manter o contato comigo. Além claro, de toda essa história de sermos mutantes, mas ainda assim eu tenho medo que eu subconscientemente fiz com que Michael gostasse de mim. Tipo literalmente ter mexido com sua mente para que isso acontecesse, do mesmo jeito que eu fiz comigo mesmo — Pronto, ele disse. E diferente do que as pessoas dizem sobre se abrir, Ian não se sentia bem, ele se sentia cru e vazio.

Sam não demonstra nenhuma reação a não ser pelo leve tencionar de seu maxilar, como se ele estivesse rangendo os dentes um pouco forte demais. Eles ficam em silencio um momento, apenas olhando um para o outro até que Sam finalmente se pronuncia depois de um longo suspiro, seus ombros se movendo com a força do movimento.

— Ian eu acho que isso é apenas sua insegurança falando. Ter selado seus próprios poderes foi apenas uma forma de seu subconsciente se defender depois do que acontecera, você estava com medo do que poderia fazer, e eu não te culpo, ter memórias traumáticas é complicado para qualquer um, para um telepata então.... Mas eu não vejo como ganhar a afeição desse Michael tenha sido obra do seu subconsciente. O que você ganharia com isso? —Pergunta Sam apesar do outro ter começado a negar com a cabeça assim que ouvira a palavra insegurança.

— Não comece com essa merda de insegurança e vitimismo okay? Nós dois sabemos do que meu subconsciente é capaz. Eu não confio em mim mesmo sabendo que eu estive dentro da mente dele. Da última vez que isso aconteceu... — Aponta Ian com o sorriso amargo voltando aos seus lábios, ele não conseguia nem mesmo terminar a frase —... Eu sou um telepata que não consegue nem controlar a própria mente. O quão patético é isso?... Parece que seu pequeno experimento não deu certo.

Isso parece arrancar uma reação de Sam.

— Ian você sabe que eu nunca pensei em você dessa forma — Se defende Sam com as sobrancelhas franzidas — Se essa é sua tentativa de tentar me afastar só lembre que foi você que veio aqui pedir abrigo.

— Desculpe. Eu sei...  Você está certo, desculpe. Isso foi apenas meu sistema de defesa fudido falando, desculpe.

— Tudo bem — Responde Sam dando de ombros, suas sobrancelhas relaxando ao que ele mostra um leve sorriso — Mas tenho que admitir que você desperta meu interesse, do ponto de vista profissional, claro. Eu sou um psicólogo Ian, passo a vida tentando ter acesso ao que você consegue apenas com um pensamento desse estranho cérebro seu. Além disso, você está doente Ian e você sabe disso, no mínimo uma depressão crônica que insiste em te perseguir e eu nunca fiz ideia de como lidar com ela. Remédios não funcionam com você já que seu cérebro tem uma química completamente diferente além de você ser um péssimo paciente. Inteligente, mas teimoso feito uma porta.

— Owwn Velhote você diz as coisas mais carinhosas. Eu também te amo — Brinca Ian sorrindo de verdade dessa vez.

— Eu estou falando sério Ian — Responde Sam apesar do seu sorriso dizer o contrário — Essa é uma daquelas situações que é melhor sorrir para não chorar — Diz ele apontando para os próprios lábios tentando justificar a leve curva que eles descreviam, o que só faz Ian cair na gargalhada, porque no fim das contas, porque não?

— Você já pensou em voltar a ter sessões? — Pergunta Sam depois que Ian consegue se recuperar do seu ataque de risos.

— Eu não posso mais ter com você, então porque se importar? — Responde Ian dando de ombros. Ele só conhecera Sam porque Sam é um psicólogo pago pelo estado para atender crianças órfãs e isso era tudo. Ian não era mais uma criança, portanto, ele não podia mais oficialmente ser paciente de Sam. E ter outro psicólogo soava quase ridículo.

Sam estreita os olhos pensando no assunto e chega a uma decisão — Eu tenho uma nova condição.

— Porque você simplesmente não admite que não me quer aqui? — Pergunta Ian sem se preocupar de fingir mágoa.

— Você ainda tinha dúvidas? — Pergunta Sam fingindo inocência — Eu não quero você aqui. Você vai comer minha comida e só vai me dar trabalho — Afirma ele secamente — Mas eu não acho que isso faça diferença. Minha nova condição é que nós tenhamos pequenas seções enquanto você está aqui.

Ian fingi pensar naquilo por alguns segundos, ele não podia se vender tão facilmente assim. Qualquer psicólogo do mundo mataria para ter a chance de estudar um telepata.

— Ok. Mas eu fico com a cama — Contrapõe Ian.

Sam bufa em desdém se levantando da mesa e indo para a geladeira — Em seus sonhos garoto — Responde ele jogando uma lata de refrigerante para Ian.

Com a bomba de açúcar em suas mãos Ian resolve ignorar a resposta de Sam.

 

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— Estamos espionando seu ex? Porque parece que estamos espionando seu ex — Observa Alexa suspirando em frustração porque, sim, era óbvio que ela e Cloe estavam stalkeando Jason o qual coincidentemente é o atual ex de Cloe e isso definitivamente não estava em seus planos, diferente de passar a noite fofocando com suas irmãs da fraternidade Zeta sobre os gatinhos da Gamma.

— Espionando? Quem disse que estamos espionando? Jason? Que Jason? Eu não conheço nenhum Jason — Nega Cloe descaradamente enquanto olhava apreensiva para a porta do estabelecimento, seus dedos enrolando e desenrolando suas mechas loiras, um toc que ela sempre demonstrara quando nervosa.

— Nós estamos literalmente estacionadas na frente do restaurante onde ele disse que estaria tendo seu encontro com “a gostosa da classe de espanhol” em seu insta. Além disso, eu não tinha falado nada sobre Jason.

— Oh meu Deus! Aquela é a gostosa da aula de espanhol? — Pergunta ela ao avistar Jason saindo com a morena mais alta e em forma que Alexa já vira pessoalmente. Os dois param em frente ao restaurante enquanto esperam o manobrista trazer o Audi que o garoto dirigia tão orgulhosamente, mesmo tendo sido presente do seu pai.

— Yeah — Confirma ela relutante — Você está bem? Para dizer a verdade eu também estou surpresa. Jason é um babaca e nem tão bonito assim.

Quando Cloe vira-se para encarar Alexa com lágrimas no rosto, Alexa tem certeza que algo estava errado.

— Cloe? Qual o problema? Eu pensei que você tinha terminado com ele — Tenta ela acariciando o braço da amiga em conforto.

Cloe apenas nega com as lágrimas descendo em suas bochechas.

— Ohh Cloe... — Murmura Alexa envolvendo a amiga em um abraço apertado.

— E a pior parte — Gagueja Cloe entre leve soluçadas — É o motivo que ele deu.

— E qual foi? — Pergunta Alexa separando o abraço para olhar sua amiga nos olhos, era claro que Cloe queria que ela perguntasse e sinceramente Alexa estava curiosa para saber qual a justificativa que um babaca feito Jason teria dado para terminar com sua amiga.

— Ele disse... Ele disse que estava de saco cheio... De mim — Responde Cloe quase murmurando o final e Alexa sente a raiva subir em seu estômago rapidamente.

— Ele o que? — Pergunta Alexa perplexa — Quer saber, já chega — Diz ela ficando de frente no acento e colocando o sinto.

— O que? — Repete Cloe sem entender o que sua amiga queria dizer.

— Vamos voltar para o campus — Explica Alexa determinada.

— O que nós vamos fazer? ­ — Pergunta Cloe enxugando as lágrimas e com um leve sorriso, ela conhecia esse olhar em sua amiga de infância. Se tinha uma coisa que Alexa sabia fazer era dar o troco em babacas. Principalmente quando ela resolvia colocar seu superpoder em prática, Alexa sempre tentara explicar para Cloe e tinha algo haver com campos e magma ou era magnetismo? Metais, algo haver com metais. Cloe não sabia, ela nunca entendera o que sua amiga dizia, mas de qualquer forma uma coisa era certa, elas teriam uma noite para lá de divertida.

— Não se preocupe, você vai ver. Jason Silvan não perde por esperar — Responde Alexa sem conseguir controlar seu próprio sorriso de expectativa pelo que estava por vir, sua mente já trabalhando em como destroçar o Audi de uma forma que ninguém conseguiria explicar.

 

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         Ian acorda no dia seguinte com o sol em sua cara, seu pescoço e coluna estavam completamente doloridos devido a suas novas acomodações. Essa não era a primeira vez que Ian dormira no sofá de Sam, mas toda vez era a mesma coisa.

— Acordado? — Pergunta Sam percebendo a locomoção no sofá — Eu vou sair para o trabalho daqui a pouco. Você não tem aula ou algo assim?

Ian apenas grunhi em respostas levantando o cobertor para cobrir seu rosto do sol. Ele realmente não estava no clima para ir para a aula.... Para falar a verdade tudo que ele mais queria era passar o resto do dia na cama, ou sofá, mas Ian sabia que isso não era uma opção. Ele tinha que no mínimo tenta falar com Michael, apesar do outro não ter ligado na noite passada, Ian ainda sentia que precisava dar uma explicação pelo seu sumiço. Mesmo assim ele resolve tirar a manhã para saciar seu desejo. Ele só precisava de um lugar que não tivesse tanto sol...

— Hey aonde você pensa que vai? — Pergunta Sam assistindo Ian ir em direção ao seu quarto.

Ian o ignora em sua jornada para o quaro e só responde uma vez que está deitado confortavelmente na cama — Tchau, querido. Tenha um bom dia! — Exclama ele.

— Fedelho...— Murmura Sam voltando a tomar seu café.

Ian acorda novamente com o barulho de alguém abrindo a porta do apartamento. Ele tatea os próprios bolsos atrás do celular um pouco alerta, não era possível que Sam tinha voltado, isso significaria que Ian realmente dormira o dia todo. Vendo que ainda era 13 hora da tarde Ian fica mais alerta ainda, seu cérebro finalmente acordando lhe fornece as lembranças do que acontecera no dia anterior e que ele ainda estava sobre ameaça.

Sem saber o que fazer Ian paralisa na cama ao ouvir alguém se movimentando pelo apartamento. Com o terror subindo em sua espinha ele assiste enquanto o som se aproxima cada vez mais do quarto e na mesma hora que ele decide que não tem outra opção além de tentar usar sua habilidade para se defender uma mulher entra no quarto e o encara parecendo tão assustada quanto ele.

Por longos segundos isso é tudo que eles fazem, encarar um ao outro sem exibir nenhuma reação. Até que a mulher quebra o silêncio negando vigorosamente com a cabeça.

— Mas que merda? Não. Você só pode estar brincando comigo. Aquele filho da mãe passou dos limites — E com isso a mulher sai apressadamente do quarto e do apartamento deixando Ian ainda sem a mínima ideia do que acontecera.

Agora que seu cérebro estava se recuperando de todo o susto ele tinha a vaga impressão de que já tinha visto aquela mulher em algum lugar e que definitivamente ela não tinha nada a ver com a história de Josh.

Ao ouvir seu estômago roncar Ian resolve ignorar o que acontecera por agora, depois ele podia perguntar a Sam quem era a estranha. Primeiro ele precisa voltar ao orfano, tomar um banho e comer, além claro, de fazer sua mala. A irmã provavelmente está um pouco preocupada, tudo que ele a informara na noite anterior fora uma mensagem dizendo que ele dormiria na casa de Michael. Mesmo que Sam estivesse certo com o fato das crianças do orfano não estarem em perigo Ian realmente não queria arriscar. Ele ainda tinha que pensar em uma mentira convincente para dar a freira do porque ele estava saindo do orfano, mas provavelmente era melhor assim. Daqui a algumas semanas ele completaria 18 anos de qualquer forma, o que o lembrava de que ele ainda estava desempregado.

Com um longo suspiro Ian se levanta da cama resolvendo dar um passo de cada vez. Primeiro ele iria para o orfanato, depois atrás de Michael e só aí ele se preocuparia com o que fazer da vida.

 

Michael

Michel encara o telefone por alguns segundos antes de responder à mensagem de Ian com um “ok”. Ian enviara uma mensagem perguntado se Michael poderia esperá-lo no restaurante por volta das 15 antes de sair, porque, de acordo com a mensagem “eles precisavam conversar”. Por um momento Michael fica aliviado por Ian ter entrado em contato primeiro, ele passara a manhã inteira adiando o telefonema que ele deveria ter feito, por razões óbvias. Mesmo por telefone ele ainda se sentia extremamente envergonhado e desconfortável pelo que acontecera ontem.

Até que a realidade o atinge. Ian era um telepata, como ele pudera esquecer disso? A coisa mais fácil do mundo era ele ter ficado curioso com o modo com que Michael agira ao sair para o banheiro e tentar alcançar sua mente. Michael engole seco com a ideia “precisamos conversar”, a mensagem era clara e objetiva, e seu real significado também. Ian sabia o que Michael estava fazendo ou pensando no banheiro e foi por isso que ele saiu sem se despedir na última noite. Claro, isso ignorando toda a estranha história de Josh sobre aqui-inimigo e a elegante moça que viera falar com eles, depois de tudo Michael mal lembrava o que ela dissera. Mas essas eram ideias tão fáceis de ignorar frente ao medo de perder a amizade de Ian, ou pior que isso, o outro provavelmente acharia que Michael não passava de um pervertido sem o mínimo de autocontrole. O que, apesar de soar triste, sinceramente não pode ser muito diferente de como Ian o via até o momento, considerando como eles se conheceram.

Mesmo que a ideia se sustentasse cada vez mais com o passar do tempo em seu cérebro, algo lá no fundo lhe dizia que alguma coisa não encaixava. Seja a ideia de Ian tentar ler sua mente sem permissão ou que o outro pensava nele como alguém fraco e lamentável.

— Hey! Por acaso eu te pago pra ficar grudado no celular? — Pergunta o senhor Wattz entrando na cozinha — Volta ao trabalho garoto, já basta ter trazido sua cria como se aqui fosse algum tipo de creche.

— Oh! Desculpe, eu estou indo — Responde Michael resolvendo não surtar por antecipação.

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— Pode entrar — Fala Daniel ao ouvir batidas na porta enquanto terminava de vestir seu smoking.

— Com licença —Fala Asheley abrindo a porta e deixando John entrar antes de fechá-la. Assim que a garota o faz John desvia seu olhar para Daniel, e como um passo de mágica lá estava. Aquelas orbes verdes que para alguns representavam algo a temer mas no momento em que elas se direcionavam para Daniel juntamente com aquele sorriso, Daniel sentia seu coração ser inundado pela sensação calorosa de conforto que aquela expressão lhe trazia.

— Você está lindo — Murmura John soltando a respiração que ele segurar ao ver seu amante.

— Vem cá — Pede Daniel estendendo a mão — Eu preciso de ajuda com essa gravata borboleta — Ele sabia que John sabia que era mentira, mas o outro vem mesmo assim. Mesmo despois da noite anterior era difícil não ansiar pelo mesmo toque novamente.

— Sinto dizer que eu não venho trazer boas notícias — Informa John arrumando a gravata com facilidade, seu corpo tão próximo que Daniel podia sentir seu hálito.

— Ah é? — Pergunta Daniel tentando seu máximo para não fechar a distância entre suas bocas.

John sorri como resposta percebendo como o outro não parava de encarar seus lábios, mas logo adquire uma expressão séria — Estou falando sério. O sargento Stryker já chegou e quer falar com você antes da conferência de emprensa sobre a morte de seu tio e você assumindo o negócio.

Daniel suspira derrotado, claro que ele esperava por isso, mas ... ao mesmo tempo...

— Você acha que ele sabe? — Pergunta Daniel apesar de temer a resposta.

— Não — Responde John com um sorriso seguro — Acredite quando eu digo que se ele soubesse ele já estaria aqui gritando com você.

— Yeah... Você está certo — Fala Daniel dando um sorriso nervoso e virando-se em direção ao espelho tanto para conferir o trabalho de John mas muito mais para esconder o quanto ansioso ele se sentia do outro. Daniel odiava se sentir como uma criança, principalmente na frente de John.

— Hey. Está tudo bem — Murmura John abraçando-o por trás, descansando sua cabeça no ombro de Daniel enquanto suas grandes mãos envolvem as de Daniel dando-as um leve aperto para amenizar a leve tremedeira que as afligiam — Eu vou estar lá. Tudo vai ficar bem — Continua ele plantando um leve beijo na têmpora de Daniel.

Daniel relaxa contra o outro aproveitando o contato que a esse ponto já lhe afetava como um vício, um contato que o ancorava em todos os sentidos. Ele desejava que pudesse ficar assim para sempre, envolto pelos fortes músculos de John e de suas carícias. Se sentindo protegido e amado como ele nunca fora antes.

Mas a vida não era tão fácil, era?

Reunindo toda sua força de vontade Daniel pergunta aquilo que ele tem certeza que vai acabar com o clima leve entre eles — Jay, você já falou com Max? — Na mesma hora ele sente os grandes músculos de John tencionarem na menção do nome do outro.

— Sim — Responde John simplesmente.

— Jay... — Começa Daniel se virando para encarar seu amante, mas antes ele pudesse terminar outras batidas na porta chamam a atenção dos dois que se separam rapidamente antes de Asheley colocar a cabeça para dentro e dizer — Senhor? Está na hora.

Daniel volta a olhar para John rapidamente preocupado com como ele terminaram essa conversa, mas tudo que ele encontra é o mesmo sorriso e olhos calorosos e tranquilizador fazendo seu coração reagir imediatamente, e simples assim Daniel realmente acredita que tudo vai ficar bem. Deus, como ele não merecia esse homem.

 

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Ian chega pouco depois das 15, portanto Michael já o esperava com Josh ao seu lado sentados na lanchonete enquanto a ansiedade lhe consumia vivo. “Não sofrer por antecipação” o cacete, era fácil dizer. Quando Ian entra na lanchonete ele não direciona um olhar de nojo e desapontamento para Michael, na verdade ele carrega o sorriso cínico e fácil de sempre. Apesar de ser um forte argumento de que ele não sabia de nada a ansiedade de Michael não parece se abalar na luta contra a razão.

— Hey pessoal — Cumprimenta Ian.

— Ian! — Exclama Josh se apressando para abraçar o outro sem a menor cerimônia.

Michel se sente culpado por não conseguir apreciar a visão de seu filho junto com... Ian... Era difícil faze-lo com a amizade, ou seja, lá o que eles tinham em perigo. Para dizer a verdade a visão só fazia seu coração se sentir ainda mais apertado com a ideia de que essa seria a última vez que ele os via juntos.

— Olá pra você também — Fala Ian para Michael, que só agora percebe que não respondera — Você está bem? Ontem você estava agindo... — Lá vem, pensa Michael engolindo seco — Estranho. Você não está doente ou algo assim, está? — Pergunta ele voltando para a mesa com Josh.

Com a pergunta Michael solta um suspiro que ele nem sabia que estava segurando, alivio percorrendo seu corpo como uma onda de choque livrando seus músculos de toda a tensão enquanto ele pensa: ele não sabe, certo?

— Michael? — Pergunta Ian sentando-se de frente para ele parecendo realmente preocupado e Michael percebe que ainda não respondera.

— Eu estou bem — Responde ele se sentido estupidamente feliz — Eu estou bem. Foi só algo que eu comi, eu acho... E você? Ontem você acabou saindo sem se despedir.

Ian parece surpreso com a pergunta e lança a Josh um olhar que Michael não tem certeza do que significa, mas seja lá o que era logo passa e ele volta a olhar para Michael — Eu estou bem. Na verdade, eu queria falar com você sobre isso...

— Eu estou com fome — Expressa Josh do nada.

—Você comeu não faz nem duas horas — Responde Michael e não é como se ele tivesse comido pouco.

— Por favor — Pede Josh o lançando grandes olhos pidões — Aposto que Ian também está com fome.

Michael olha para Ian curioso que apenas dá de ombros dizendo — Eu posso comer.

— Okay — Responde Michael se levantando para fazer algo para os dois, o apetite de Josh realmente devia ser estudado. Apesar de não estar em sua jornada de trabalho ele tinha certeza que se tentasse pedir algo para o senhor Wattz ele receberia no mínimo um olhar que ressuscitaria até os mortos.

 

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— Você é uma criança perigosa — Observa Ian estreitando os olhos uma vez que Michael está fora do alcance da conversa — Você não está com fome — Josh apenas dá de ombros como respostas — Porque você não contou a ele? — Pergunta Ian.

— Eu não posso arriscar dele surtar que nem você ontem. Isso poderia por meus planos da liga em perigo, você já prometeu, mas eu não posso dizer o mesmo sobre ele — Responde Josh parecendo realmente preocupado ­— Por favor não conte a ele, nós podemos dar um jeito naquela senhora se ela realmente quiser briga, por favor— Implora Josh.

E lá vamos nós novamente, pensa Ian. Como sempre ele era incapaz de dizer não quando os Morgans o olhava com aqueles lindos olhos azuis escuros e profundos como o mais perigoso oceano. Ele até pensa em lembrar ao garoto que na verdade ele não tinha prometido nada, mas de novo... Não é como se ele pudesse dizer não se o garoto o pedisse para fazê-lo.

— Tubo bem — Responde Ian sendo recompensado pelo largo sorriso de Josh. Talvez Ian conseguisse lidar com a estranha sozinho — Apesar das intensões você não deveria mentir para o seu pai desse jeito.

— Desculpe — Fala o garoto perdendo levemente o sorriso.

— Não é a mim que você deveria se desculpar... — Fala Ian e Josh logo se alarma com a ideia.

— Mas...— Protesta ele.

— Sem mas — Interrompe Ian — Eu não sei o que você vai dizer, mas não pode ser outra mentira.

Josh suspira derrotado girando os olhos dramaticamente enquanto diz — Okaaay.

 

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— Aqui está — Fala Michael colocando os hambúrguers e as batatas fritas na mesa.

Josh olha a comida relutante antes de dizer — Desculpe papai, eu não estava com tanta fome assim — lhe direcionando um fraco sorriso.

Antes que Michael conseguisse dizer alguma coisa, Ian intervém — Não se preocupe, eu como o que ele não conseguir — Michael ainda pensa em perguntar o porque Josh mentira mas Ian intervém novamente— Então... Sobre ontem à noite. Eu meio que me mudei.

— O que?— Pergunta Michael confuso, esquecendo completamente a mentira de Josh.

— Não tem muito o que dizer para falar a verdade — Responde Ian — Como você sabe daqui a alguns dias eu faço dezoito e ficar no orfanato não era mais uma opção.

— Alguns dias? — Repete Michael perplexo. Droga, como ele pode esquecer isso também? Ele passara toda a noite anterior fantasiando com um jovem que ainda não era adulto, legalmente falando. A informação que por algum motivo lhe escapara da memória é como uma faca quente cortando a camada de felicidade que ele sentira a pouco tempo atrás para mostrar outra fonte de vergonha, porque, tecnicamente se Michael realizasse o que ele pensou em fazer na noite anterior, ele poderia ser facilmente preso por pedofilia.

— Michael? — Pergunta Ian trazendo-o de volta ao mundo real — Você está bem?

— Yeah... — Responde Michael empurrando todos esses pensamentos para o fundo de seu consciente — Eu estou bem. É só que eu acabei esquecendo que você ainda tem 17 anos, o que é estranho já que você parece mais novo, mas também sua personalidade não condiz com sua idade.

— Obrigado... Eu acho. — Responde Ian um pouco confuso.

— Para onde você se mudou mesmo? — Pergunta Michael e agora que ele tinha puxado toda a vergonha e culpa para longe, outros sentimentos estavam aflorando como o porquê Ian não contara nada para ele antes de se mudar? Isso era uma grande mudança, o tipo de coisa que amigos contam uns para os outros, certo?

Ian parece pensar na resposta franzindo o cenho antes de dizer— Não é a situação ideal e é um pouco longe daqui, mas... E eu também divido com um — Ian para no meio da frase como se ele não tivesse certeza do que dizer, ou se queria dizer, a mente de Michael fornece com uma pontada lhe causa mais dor que ele esperava — Amigo, não exatamente um amigo... Eu não sei, o importante que eu tenho que arrumar um trabalho.

— Okay... —Responde Michael engolindo o estranho gosto de decepção que ameaçava fazê-lo perguntar coisas que ele realmente temia a resposta. Ele realmente queria perguntar o porquê de Ian não tê-lo contado nada e para dizer verdade era um tanto quanto frustrante não saber onde exatamente ele estava pisando quando se tratava de Ian. Afinal, Ian considerava o que eles tinham como amizade? O fato de ele ter medo de perguntar só torna as coisas mais tristes ainda — Então acho que nós não nos veremos tanto assim, já que você vai estar ocupado com os estudos e trabalhando além de morar longe — Apesar de todos os sentimentos borbulhando em seu sangue, isso é todo que Michael consegue dizer, soando mais seguro do que ele achava capaz.

Ian o estuda pelo que parece séculos, estreitando seus olhos negros como piche procurando algo que Michael não tinha certeza do que era, e para dizer a verdade ele nem se quer sabia se queria que Ian encontrasse. Mas mesmo assim ele não conseguia deixar de encará-lo, como se essa fosse sua última esperança, como se esse contato mesmo que fosse apenas visual fosse a única ligação que os ligavam para a vida que eles estavam levando, se aproximando aos poucos um do outro, Michael se recusava a largar isso tão facilmente.

— É verdade? — Pergunta Josh quebrando o silêncio e consigo a conexão que Michael tinha encontrado com Ian, simples assim, do dia para noite, as coisas seriam diferentes.

— Não se preocupe garoto. Eu sempre vou visita-los quando eu tiver tempo — Responde Ian começando a comer. Josh não parece satisfeito e para dizer a verdade Michael não se encontrava em uma posição muito melhor.  



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