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História Desculpem o transtorno.. - Desculpem o transtorno mas preciso falar dela.


Escrita por: JadeSpirit

Capítulo 1 - Desculpem o transtorno mas preciso falar dela.


Fanfic / Fanfiction Desculpem o transtorno.. - Desculpem o transtorno mas preciso falar dela.

Ela era mais Capitu do que as moças da sua idade eram Amélia.

Ah sim, ela era mais Capitu do que um dia chegaria a ser Amélia, porém ela não era igual às moças da sua idade que se dedicavam ao marido e iam à igreja aos domingos fervorosamente e que eram dotadas de todas as doutrinas do evangelho que ela não sabia nem sequer a metade, pois não gostava de ir a Igreja aos domingos, só fora até os 10 anos de idade, e também não gostava de ouvir os padres proclamarem em suas batinas e contarem os pecados dos fieis em exemplos. Não, ela não gostava disso.

Desde pequena não era uma Amélia, desde pequena ela era simplesmente ela, para falar a mais pura verdade desde o seu nascimento ela se mostrou não se encaixar no padrão das meninas normalmente, e porque isso meus caros? Simplesmente porque já nasceu chorando antes mesmo que o médico acabasse de lhe puxar do ventre de sua mãe e depois do choro caiu na risada como se falasse a alguém, que não se sabe até hoje quem, que fora vitoriosa ao nascer sem precisar levar uma palmada sequer do médico que fizera o seu parto no Hospital Santo Clara, em Uberlândia.

Desde pequena menina levada, preferindo a natureza a própria casa, sempre preferiu ficar ao ar livre e orar para O Homem Lá de Cima que sempre disseram ser o Pai de Todos do que ir a Igreja, mesmo que as achasse bonitas, e só ia porque os pais pediam para acompanha-los, mas sempre dormia durante o culto e quando entrou na catequese, céus, fora uma loucura sem igual. Porém aos 10 anos abandonou a Igreja, abandonou a vida religiosa e foi viver a vida que achava certa, enquanto os pais iam a Igreja aos domingos ela se ajoelhava no jardim dos fundos da casa, sempre perto do antigo pé de macieira, e orava por horas a fio até os pais chegarem e a chamarem de volta quando, durante alguns minutos, observava os céus e agradecia por ainda estar nesta terra.

Só que isso durou até os 16 anos de idade quando o casamento arranjado bateu em sua porta, e foi quando percebeu que todas as suas amigas tinham maridos a quem se dedicar e ela não, pois vivia bem assim, doce engando a pobre menina teve ao achar que o casamento seria pra sua irmã do meio, Anelise que já estava arranjada com um dos filhos do Dr.Sanches, e não para ela.

Chegou a ver o marido poucas vezes, apenas três (3) para ser mais exato, e afirmou com todo fervor que não o amava mais tivera que se casar com ele para o bem da família e achou que seu destino estava acabado, porém não o estava, ele não a queria adorando a si, ou as coisas da casa, a queria por ela ser quem era e porque sabia que não poderia mudar a cabeça da mulher que mal conhecia afinal, foram destinados a serem um do outros desde pequenos e nem sequer sabiam. Ficaram juntos durante 10 anos, quando ela já tinha feito seus 26 completos, e uma doença recaiu sobre ele meses depois de saber da gravidez da mulher que passou a amar.

Foram tempos difíceis aqueles, tempos de trevas.

Ela voltou ao que fazia quando tinhas dos 11 aos 16 anos, antes de se casar, orou e pediu ao Pai de Todos fervorosamente para que seu marido não fosse levado de si, ela aprendeu a ama-lo como sempre contará ao Pai de Todos, e não o queria perde, pois sabia que ele a amava também. Porém a doença se abateu sobre a casa e seu marido veio a falecer no dia 11 de Outubro, poucos dias antes deles fazerem onze anos de casado.

E foi quando faltavam quatro meses para ela dar a luz que eu a conheci e a amei no primeiro momento em que meus olhos azuis encontraram os seus castanhos. E eu a amei muito, só o Pai de todos, era assim que ela chama Deus, sabe do que falo.

Era uma segunda-feira de manhã que eu a encontrei sentada em um café com as amigas eu a vi antes dela sequer me ver, estava risonha, mas escondia uma tristeza no olhar que eu ajudei a passar, e quando ela me viu deu aquele sorriso tímido de moça sem graça que eu devolvi com um largo sorriso. Depois fui encontra-la no hospital, quando ia dar a luz a François e Helena, eu fui um dos enfermeiros que a levei ate a sala e cirurgia sem saber que ela era a moça do café a quem eu sorri e me sorriu de volta.

Depois que François e Helena nasceram eu a vi, todos os meses, pois seu médico não podia lhe atender então eu, médico e escritor formado de profissão e com todos os diplomas e coisas que eu deveria ter a atendia todas as segundas-feiras de manhã, durante o período das 9h até às 10h, sem me importa que a consulta devesse durar meia hora apenas e não uma como fazíamos. Mas o que eu poderia fazer? Eu adorava conversa com ela e ainda adoro.

Então, durante um dia chuvoso, em que eu voltava do trabalho após um plantão de quase 24h que eu pude, finalmente, conversa com ela devidamente. Eu a encontrei em um parque, andando em baixo de um guarda-chuva amarelo banana, como ela gostava de dizer, andando com ambos os filhos no colo e contava algo a eles que eu nem sequer pude ouvir devido ao barulho intenso da chuva. Então eu a parei e a tive sorrindo para mim e me ofereci a acompanha-la em casa e mesmo que ela quisesse recusar eu a acompanhei com Helena em meu colo e François no dela. E naquele mesmo dia, após deixar ela na porta de casa, ela me convidou a entrar e tomar um café e eu aceitei.

Mal sabia eu que naquele dia ia amar mais ainda a moça que eu vi no café.

Depois disso nos encontramos várias vezes, umas eu ia até sua casa ou ela a minha enquanto outras eram na rua, e acabamos criando um laço de amizade que cresceu até virar amor de minha parte, eu não sabia direito se era o mesmo da parte dela, e quando eu soube que ela provavelmente também me amava foi o melhor dia da minha vida. Céus foi o melhor dia.

Então fizemos loucuras, uns sozinhos outras com as crianças, e quando a pedi em casamento e ela recusou com aquele sorriso de criança arteira foi como se um balde frio tivesse caído sobre mim. Mal sabia eu que ela apenas estava a brincar com a minha cara e que aceitava sim meu pedido e, durante meses, planejamos nosso casamento apenas para surpreender nossos convidados e casar no dia da festa que anunciávamos nosso noivado.

E foi no dia 12 de Fevereiro que casamos, em plena semana de carnaval, em nossa festa de noivado.

Porém o destino não foi tão legal conosco, pois Helena adoeceu, ficou meses doente, e quando pensamos que não haveria jeito ela voltou a sorrir para nós e disse, durante uns de seus últimos delírios febris, que o Pai de Todos que a mamãe acreditava a iria curar. E ele curou.

Depois disso foram dias e anos de festa, dias mesmos, fizemos de tudo até que as crianças deixaram de serem crianças e se tornaram adolescentes e depois adultas. Porém foi a minha vez de adoecer e ver a tristeza voltar aos seus olhos, depois de mim foi ela, e então todos os empregados da casa. Maldita fosse aquela água contaminada que quase matou todos nós.

Porém, passando-se os anos, eu passei a amar mais ainda a mulher que encontrei em um dia de segunda-feira no café, não me lembro da data, mas me recordo o dia, e jamais deixei de dizer que a amo todos os dias.

Peço que me desculpe o transtorno, principalmente para  você, que encontrou isso jogado por ai, mas eu precisava falar dela.


Notas Finais


Postada orignalmente no Social Spirit e no Nyah! Em breve no Wattpad.


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