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História Desenlace - You're just somebody that i used to know.


Escrita por: sum-ah

Capítulo 2 - You're just somebody that i used to know.


Sempre fui inseguro. Do ponto de verificar várias vezes se peguei tudo antes de conseguir ir trabalhar ao ponto de trocar de roupa inúmeras vezes quando precisava sair e acabar quase chorando de raiva porque achava que nada ficava bem. Quando marcava de encontrar com alguém e era o primeiro a chegar, ficava paranoico pensando se realmente estava no lugar certo; a mesma coisa quando precisava pegar ônibus -no meio da viagem ficava pensando se realmente tinha entrado no transporte certo, mesmo reconhecendo a vista- e quando encontrava conhecidos na rua nunca sabia se devia cumprimenta-los ou passar direto.

Acho que é por isso que estou há meia hora sentado aqui na calçada olhando para o prédio dos correios decidindo se envio ou não a carta para Namjoon. Seria um choque receber uma resposta depois de anos, talvez reabrisse feridas já cicatrizadas. Mas não acho justo recomeçar minha vida deixando ele ainda preso a um “nós”, por mais que hoje em dia nosso único elo seja suas cartas que acabaram se resumindo à uma mistura de diário com lembranças nossas e divagações. Me dói pensar que elas ficariam aqui acumuladas sem ninguém para lê-las.

O lance das cartas começou com uma brincadeira dele dizendo que conseguia me imaginar daqui a 60 anos do mesmo jeito que eu estava naquele momento -jogado no sofá, de pijamas, lendo meu livro favorito pela enésima vez-, só levantando pra tomar café e trocar o livro ou as cartas, já que eu tinha alma de velho; eu retruquei dizendo que quando meu corpo fizesse jus a idade da minha alma nem existiria mais cartas. Depois de um tempo calado ele perguntou que se me escrevesse cartas eu as guardaria e leria anos mais tarde e acabei prometendo que quando fosse um senhor respeitável leria suas cartas toda semana. Isso resultou em toda data comemorativa e em alguns dias aleatórios eu achar uma carta dele nas minhas coisas. Resultou também no estado atual em que nos encontramos. Acho que ele quis que eu mantivesse pelo menos uma das promessas que fiz. Essa também acabou sendo quebrada.

Ele não quer que eu volte e a gente tente recomeçar como disse em algumas cartas, ele só não consegue abrir mão e encarar a realidade que já foi. Extremista como é, admitir que nós chegamos ao fim seria admitir que jogamos sete anos da nossa vida fora, o que de jeito nenhum é verdade. Eu e o Namjoon passamos da adolescência para a fase adulta juntos, ajudando o outro a superar antigas dores e a lidar com as novas. E é por isso que levanto uma hora depois de divagações e entrego a carta com o destinatário (mesmo não precisando) ao senhor que me olhou surpreso e vou me arrumar para o vôo cantarolando uma das poucas músicas que não era nossa daquele disco: “mas o tanto que eu levar de você, eu deixo um pouco pra me misturar e a minha casa é pra onde vão meus pés.”

[...]

Aqui dentro do avião, com a certeza que não vou dar pra trás, me permito fazer o que me proibia terminantemente há 2 anos: Lembrar. Deixei que as memórias viessem enquanto olhava para as nuvens lá fora e prometi para mim mesmo que seria a última vez. Voltei para o dia que o conheci, naquela festa na casa do seu primo, que na época era meu colega de classe do segundo ano. Eu dançava ao som de Foster The People com Jimin e ele me observava do sofá. Quando a música acabou eu fui para o quintal da casa com a esperança de ser seguido, ele entendeu minhas intenções e nós tivemos um beijo de aproximadamente 6 segundos atrás de uma árvore até um amigo da época me gritar que estávamos indo porque um outro estava passando muito mal. Pensei que nunca mais o veria até o primeiro dia de aula do terceiro ano, quando ele veio se apresentar todo envergonhado como “o cara da árvore, lembra?” e dois meses depois estávamos namorando. Eu o zoei tanto depois pela apresentação desajeitada que ele gravou nossas iniciais na bendita árvore. Depois disso o que tenho são memórias aleatórias de coisas diárias ou momentos importantes que não consigo lembrar linearmente, a parte de lembrar das coisas era papel dele.

Então eu deixo vir nossas madrugadas já adultos ao som de The Paper Kites; nós levando bronca dos coordenadores do colégio quando eles nos encontravam se amassando nos cantos em horário de aula; quando resolveu ir para a cidade onde seu pai morava finalmente o perdoar por ter tido uma infância difícil e eu estava lá segurando sua mão o caminho todo da volta enquanto ele chorava; quando nós nos mudamos para aquele apartamento e passamos 3 meses jantando miojo e cerveja porque nenhum dos dois sabia cozinhar decentemente; as vezes que íamos de carro até o litoral ver o sol nascer e só ficávamos na praia até as pessoas começarem a chegar; a nossa formatura do terceiro ano quando ele ficou tão bêbado que dançou só de gravata e cueca na frente de todo mundo e eu só conseguia rir e a viagem que fizemos pra comemorar a fato de nós dois termos passado no vestibular;  a vez que ele disse que me amava pela primeira vez quando eu cheguei no aeroporto depois de ter passado 4 meses na Inglaterra fazendo intercâmbio.

As coisas ruins também vieram então lembrei de quando tivemos nossa primeira briga e passamos uma semana sem nos falar porque nenhum dos dois queria ceder; ele batendo em um cara numa festa aleatória que veio dar em cima de mim sendo muito invasivo; quando eventualmente eu tinha uma crise de ansiedade e ele dava a entender que aquilo era frescura; quando passamos quase 2 meses sem se ver porque estávamos no início da faculdade e ainda não estávamos morando juntos, eu estava tão assustado aquela época e não tive ninguém pra me apoiar; ele ficando chateado quando o Yoongi veio de Daegu passar as férias e dizendo eu dava mais atenção pra ele; quando passei nos correios e o senhor de sempre me deu a primeira carta perguntando se eu era Kim SeokJin e minha dor que ao ver o nome do remetente... me permiti suspirar alto e abrir os olhos, segundo a aeromoça mais 20 minutos e estaríamos em terra. Olhei para o céu mais uma vez e confirmei dentro de mim: Eu não me arrependia de nada.

 

 


Notas Finais


Queria muito postar a continuação.


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