História Deserve you - Paint me

Com Hyungwon indo se mudar para minha casa, eu tomei uma decisão que deveria ter tomado há tempos.

Entrei no quarto dos meus pais, que só entrava para limpar. Desmontei a cama e o guarda-roupa e vendi tudo que estava ali por alguns trocados. Ao tirar tudo do lugar - já que parte das roupas deles estavam apodrecendo ali - encontrei um envelope cheio de dinheiro. Muito dinheiro. Tanto que me senti um idiota de nunca ter revirado as coisas deles antes. Não era como se eu devesse prestar respeito àquilo. Imaginei para o que aquele dinheiro estava guardado, mas, qual fosse a razão, não era existente mais. E agora, ele me pertencia.

O quarto deles não foi o único lugar que modifiquei. Também troquei o sofá velho, a mesa acabada e armários por novos. O dinheiro que encontrei acabou me ajudando, junto com o dinheiro guardado do meu décimo terceiro. Depois de 3 anos, eu estava começando a fazer daquela casa, a minha. E Hyungwon estava me ajudando, para podermos fazê-la nossa.

Eu não consegui esconder dele que estava mudando as coisas ali dentro. Ao descobrir, ele primeiro me puxou para meu quarto e me colocou em seu colo. Conversamos sobre o que eu estava fazendo e, atentamente, ele me perguntou como eu me sentia. No final, me abraçou com todo carinho e falou que me apoiaria, e que não queria que eu fizesse tudo isso sozinho. Eu não aceitei dinheiro, mas o convidei para pintar as paredes comigo, da sala e do antigo quarto de meus pais.

Eu não imaginei que aquele momento fosse se tornar um dos melhores para mim. Hyungwon colocou música e enquanto pintávamos. Então, me sujou. Eu não deixei passar, e respinguei um pouco da tinta vermelho-vinho que usávamos para pintar nosso quarto em sua camisa e rosto. Hyungwon ficou surpreso e deixou o rolo cheio de tinta sobre os jornais. Com seus olhos fixos em mim, enquanto eu não segurava a risada, podia sentir sua vingança chegando.

"Ah, vem cá, Hoseok! Isso não vai ficar assim!" Ele correu atrás de mim, e ficamos dando voltas pelo quarto, sujando os sapatos. Era inevitável que ele fosse conseguir me pegar, principalmente com suas pernas e braços longos, que com um pouco de descuido meu, me agarraram. "Peguei você, pestinha!" Murmurou no meu ouvido enquanto me apertava entre seus braços, minhas costas coladas em seu peitoral, o que acabou sujando-a também. Hyungwon começou a fazer cosquinhas e eu contorci, tentando me soltar.

"Hyungwon! Para! P-para!" Ele só parou quando eu já estava no chão, provavelmente todo vermelho com a falta de ar. Seu corpo em cima do meu. Quando me recuperei, encarei-o, com o rosto a centímetros do meu. Seu olhar sincero e sorriso leve e fácil. Novamente, não pude, não conseguia, acreditar que eu estava com Hyungwon. Chae Hyungwon, o garoto que amava a tantos anos. Era como conquistar um sonho impossível. E aquilo, a princípio, realmente apareceu.

Eu o puxei pela camisa para beijá-lo, sentindo meus batimentos acelerados ao ter seus lábios juntos aos meus, uma vez mais. Macios. A música que tocava, ainda era agitada, assim como meu coração, mas não parecia nada com o momento tranquilo.

Eu fiz algo que nunca pensei que fosse acontecer na minha vida naquele dia.

Eu fiz amor com Hyungwon no chão do quarto, com as costas contra a madeira, cercados e pintados por tinta e seu cheiro impregnante. Quando terminamos, suados e cansados, apenas ficamos deitados, perto, observando o teto e descansando. Hyungwon teve a brilhante ideia de cobrir nossos corpos de tinta. Ele ao menos teve a consideração de pegar uma que pudéssemos passar no nosso corpo. Quando ele deixou o quarto e voltou depois com dois potões de tinta guache, eu ri. E depois fiquei envergonhado, ao ter seu olhar passeando por todo meu corpo, e depois seus dedos, provando de cada pedaço da minha pele enquanto me deixava totalmente azul.

Hyungwon se inclinou e sussurrou em meu ouvido:

"Azul é a cor mais quente." Eu fiquei vermelho, e ele riu, selando meus lábios.

Pouco depois, foi minha vez de deixá-lo colorido, e rimos, por sermos agora Avatares. Colocamos nossas boxers e terminamos de pintar as paredes vestidos assim mesmo.

O banho foi acolhedor. Cheio de água azul, beijos e toques. Palavras e risos. Meu coração estava tão leve. Era como se eu pudesse já sentir a alegria que me traria ter Hyungwon morando comigo.

Na sala vazia, com as paredes pintadas no dia anterior de verde e branco, nós dançamos músicas eletrônicas e românticas, como se estivéssemos num baile da escola, um baile só para nós dois.

"Hyungwon..." Eu chamei seu nome enquanto era a minha vez de ter meus braços sobre seu pescoço e mais na minha cintura, mesmo que ele houvesse sido o primeiro assim, e com o nariz acariciando meu pescoço. Fora exatamente naquele momento, naquela paz acompanhada de música e movimentos simples, que eu senti precisar falar com ele sobre aquilo. Já era algo que rondava minha cabeça há, literalmente, anos. Mas dessa vez, com uma probabilidade real de acontecer.

"Hum?" Ele murmurou em resposta.

"Se eu te pedir em casamento... Não estou falando que seja agora, mas... Você aceitaria?"

Ele ficou em silêncio por um momento. Depois, me olhou sem cessar nossa dança simples.

"Você pensa em me pedir em casamento? Eu pensei... Que eu fosse fazer o pedido."

Por um momento pensei que levaria um fora de Hyungwon.

"Eu... Queria que fosse eu a te pedir em casamento. Eu realmente gostaria de fazer isso" Falei sincero, com meus olhos conectados aos seus.

Hyungwon riu.

"Eu deveria te deixar na dúvida, sabe? Senão você não vai ficar nervoso ao me pedir."

"Você acha mesmo que eu não iria ficar nervoso?"

"Acho."

"Idiota." Xinguei-o. Hyungwon sorriu. E me beijou.