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História Desire - Enterrando as Testemunhas


Escrita por: PsicoPoney

Notas do Autor


Boa leitura :3

Capítulo 7 - Enterrando as Testemunhas


Corpos caídos no chão, o cheiro de sangue e carne era insuportável; não para ela. Andou pelos caídos, soldados derrotados, vidas que se foram. Eles não eram ninguém, apenas peças a serem descartadas. Um deles ainda definhava, a boca suja de sangue, os olhos desfocavam, mas ele a encarava em sua luta com o fim. O sorriso nos lábios negros era um deboche aberto que ela fazia questão de ostentar. Abaixou-se ao lado dele:

- Pensei que os guardas dele fossem melhores - ela acariciou o rosto do soldado

- Ele saberá disso - disse com dificuldade - Saberá que não foram os Demacianos

- Oh, eu sei que vai - respondeu cínica - Mas que provas o seu senhor terá, se eu enterrarei as testemunhas?

O soldado praguejou algo e logo foi se entregando a escuridão. Os olhos de LeBlanc fitaram os caídos, cerca de quarenta homens com o símbolo de Noxus em suas placas de peito. Era um corte em sua própria carne, muito embora ainda fosse necessário, era um sacrifício a ser considerado nos próximos passos. Levantou-se, caminhando até o general em seu cavalo: - Suma com as provas, eu me certificarei de forjar um culpado - o homem assentiu

O clone se desfez; aquela parte do plano havia sido concluída, mas haviam coisas que não podiam ficar a cabo de um clone. Ela caminhava pelas ruelas de Arcania, uma pequena cidade que fica nas proximidades de Noxus. Mesmo longe da carnificina, as lembranças do clone a fizeram ter um vislumbre do cheiro da morte. Nenhum aroma era tão bem vindo quanto aquele. Sorriu, mesmo que minimamente. As peças se moviam conforme ela ordenava, tudo controlado, calculado e bem executado. Agora precisaria de um autor digno a tal desastre. Seguiu para o ponto de encontro, um pequeno hotel, nada que chamasse atenção indesejada. Logo o encontrou na recepção, sentado em uma das cadeiras da pequena sala de espera, olhava de um lado para outro, como um bom covarde.

A salinha não passava de um espaço com três cadeiras e uma mesinha de centro improvisada, um local simplório para um hotel simplório. Ele estava visivelmente nervoso, e tinha motivos de sobra para tal. LeBlanc se sentou na cadeira oposta, tendo a mesinha entre eles, a postura retraída do outro apenas piorou ao vê-la:

- É sempre um prazer revê-lo - provocou com um sorriso

- Sabe que eu não deveria estar aqui - ele se remexeu na cadeira - My Lady, eu devia-

- Sei onde deveria estar - o interrompeu, não podia negar que se divertia com suas declarações abertas de medo, ainda sim, não tinha tempo para tal - Trouxe o que te pedi?

Ele retirou um pergaminho do bolso, ao pôr sobre a mesa, LeBlanc percebeu o quanto suas mãos tremiam. Nada que já não esperasse dele. Pegou o pergaminho, contemplando o selo intacto com o símbolo de Demacia; não conteve seu sorriso.

- Eu… - limpou a garganta, ainda nervoso - devo ir

- Sem pressa - ela se inclinou, acolhendo o rosto do jovem em suas mãos

Ele a olhava com medo e admiração em parcelas tão equivalente que era difícil perceber qual sentimento vencia aquele cabo de guerra: - Tem me sido tão útil - ele relaxava com as palavras dela - Sou grata pelo o que faz por mim - se aproximou mais, tocando os lábios dele lentamente.

Um animal com medo pode ser difícil de se garantir a lealdade, mas ele, ela sabia o controle que tinha dele, mesmo que em nenhum momento o tivesse ameaçado. Era amor que ele seguia, um ilusório que servia como arreio. Ele era uma boa peça, com utilidade limitada, mas ainda sim, precisava dele; por hora. O rapaz tinha as bochechas coradas quando ela se afastou:

- My Lady - ela se levantou e ele imitou o gesto - Eu… ah. - tentou consertar sua postura retraída - Há algo mais que eu possa fazer?

- Por hora, apenas isso - ela sorriu de forma doce - Obrigada Lohan

 

//

O pergaminho aberto sobre a mesa era encarado por Katarina e Talon, o general massageava as têmporas enquanto mantinha os olhos fechados. O moreno olhou para Kat, percebendo a raiva em seus olhos, os punhos cerrados e mandíbula tensa. O silêncio era incômodo, mas Talon não ousaria quebrá-lo; dada a situação, sabia que qualquer comentário imprudente poderia ser o estopim para uma discussão. O pergaminho tinha o emblema de Demacia e nele havia uma confissão aberta do ataque ao esquadrão dos Du Couteau. O esquadrão composto por soldados altamente treinados colhia informações das fronteiras Demacianas, uma missão de alto risco e que poucos sabiam. Um ataque aberto nunca foi uma característica das forças Demacianas, de certo, como já acontecera algumas vezes, o esquadrão é avisado a se afastar. Um simples ataque era uma estratégia considerada vil pelos guardas Demacianos. Mesmo que fosse um pergaminho de selo e assinatura reais, as palavras nele pouco convenceram os Du Couteau. Por fim o general se manifestou:

- Peça para que Phael venha até minha sala - ele parecia cansado - Temos que enterrar nossos mortos

- Temos que vingá-los - Katarina rebateu - Isso - Apontou para a carta - É uma provocação aberta

- Eram bons soldados e sabiam dos riscos de estarem ali - respondeu ele, sem olhá-la

- E quantos mais - ela deu uma breve pausa - Bons soldados, terão que morrer para que o senhor faça algo?

- Não sairei em uma caçada, se é o que insinua

Katarina bateu o punho sobre a mesa, enfim fazendo seu pai olhá-la: - Vai deixar o inimigo zombar da nossa cara? - ela quase gritava

- Eu não sairei em uma caçada - repetiu de forma lenta - Isso é tudo.

Por um momento, Talon pensou que Katarina gritaria, rebatendo as ordens do pai num ataque de fúria, porém ela apenas balançou a cabeça negativamente e lhe deu as costas:

- Sabe que não foram eles - comentou, ainda com a raiva acolhendo as palavras - Quando o senhor decidir reagir, pode ser tarde demais - ela passou pela porta, batendo-a com toda sua força

O general deixou-se encostar na cadeira, relaxando os músculos e suspirando pesadamente.

- O que acha disso tudo? - perguntou ele

Talon o fitou e depois voltou o olhar ao pergaminho: - Eu não..

- Perguntei sua opinião - insistiu

Talon nunca foi chegado aos assuntos políticos e estratégicos, a ele apenas importava saber a garganta de quem deveria cortar; a bem da verdade, não tinha paciência para tais trâmites e, ao contrário de Katarina, .ele não tinha sangue nobre a qual devia honrar. Ele era apenas um assassino, e como tal, os comandos não eram seu forte.

- Ela tem sua razão - foi sincero

- Acha que eu não sei? - apontou para o pergaminho - Acha que eu não desconfio de quem tenha mandado isso?

- Não senhor

- Estou numa posição delicada - ele se levantou - Katarina não percebe isso - fez uma careta - tem sangue quente… Igual a mãe

O olhar do general estava perdido, encarava a mesa, mas não parecia vê-la de fato, talvez estivesse tão imerso em suas lembranças que não percebeu o tempo que o silêncio se sucedeu. Por fim, caminhou até a janela, os ombros largos pareciam caídos, como se de fato carregasse todo o peso sobre si. Nos últimos dias as coisas pareciam assim, pesadas, sufocantes. Mesmo missões fáceis apresentavam perigos incomuns. Tudo indicava que algo estava por vir e, dado os sinais, seria algo ruim:

- Se algo acontecer a mim - ele disse - Cuide da Katarina e da Cassiopeia

- Não acontecerá nada - Talon rebateu, de forma infantil

O general se virou para ele, seu sorriso era fraco, quase forçado: - Queria mesmo poder acreditar nisso.

 



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