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História Destinados - Capítulo IV - Vizinho


Escrita por: AuroraYumi

Capítulo 4 - Capítulo IV - Vizinho


Fanfic / Fanfiction Destinados - Capítulo IV - Vizinho

- Merda! – Angel esbarrou a perna machucada em um carrinho. Estava praticamente dormindo em pé.

Ela estava sozinha no corredor do supermercado, já estava perto do horário do estabelecimento fechar, mas Carl tinha pedido que arrumasse as prateleiras de uma das seções, porque um dos arrumadores havia faltado naquele dia. Sua perna doía, estava fazendo um esforço para que Carl não notasse que mancava levemente e começasse a fazer perguntas.

Naquela manhã ele havia notado que ela estava abatida e perguntara se estava tudo bem. Angela se limitou a balançar a cabeça positivamente, mas sabia que o motivo era por não ter dormido o suficiente. Estava paranoica demais com os barulhos dos carros que passavam na rua, acordava a cada mínimo ruído do lado de fora da casa. Dormira no sofá da sala, com medo de que alguém entrasse enquanto estivesse no quarto. Seu corpo estava dolorido, sua perna latejava por conta da ardência, e por isso, tivera que juntar suas forças restantes para pedalar até o trabalho. E trabalhar não foi tão fácil: sua mente estava cheia das cenas do que tinha acontecido na noite anterior e do fragmento de sua memória que tinha, finalmente, aparecido. Estava cansada demais para raciocinar direito e várias vezes tinha dado o troco errado para os clientes. Até mesmo agora, que organizava os enlatados, não conseguia colocá-los na ordem correta.

- Marca verde com marca verde, marca vermelha com marca vermelha. – Repetiu em voz alta para que lembrasse a ordem. Pegou a pequena escada para alcançar a prateleira mais alta, já que seus 1,63 metros de altura não permitiam alcançá-la. Até mesmo subir aquela quantidade mínima de degraus fazia sua perna doer. Fechou e abriu os olhos e respirou fundo. Arrumou o que tinha que arrumar e preparou-se para descer os degraus, mas seu tênis escorregou em um deles e quase caía com as costas no chão, mas duas mãos fortes seguraram sua cintura. Virou-se devagar para não cair novamente e encontrou, não Carl, mas sim um homem totalmente diferente.

Os olhos azul-acinzentados com uma mancha castanha ao redor de cada íris eram de hipnotizar. Os cabelos lisos e castanhos eram compridos até metade do pescoço e ele tinha o rosto mais bonito que Angel já tinha visto na vida. O rosto triangular, a boca pequena, além do leve sorriso que fez aparecer covinhas naquela pele clara, o tornava perfeito. De repente aquelas feições não lhe pareceram estranhas. Já tinha visto ele em algum lugar, só não se lembrava onde.

- Você está bem? – Ele perguntou com a voz grave que fez Angel sair do estado de transe.

- Oh! Sim, estou. – Sorriu, sem graça por ter ficado olhando para ele com adoração. – Obrigada.

- Já posso retirar as mãos? – Suspendeu as sobrancelhas.

- Hã? – Se distraíra de novo com aqueles olhos coloridos que olhavam para ela. Angel olhou para baixo e lá estavam aquelas mãos grandes que quase se fechavam em sua cintura fina. Balançou a cabeça positivamente e ele retirou-as.

- Você não me parece muito bem, Angela. – Ele disse.

- Eu estou bem sim. – Ela sorriu e depois franziu as sobrancelhas. – Como o senhor sabe o meu nome? – Desceu os degraus com cuidado, já que sua perna latejava. Ele era muito alto, tão alto que a fazia se sentir uma anã, além de ser musculoso.

- O crachá. – Ele apontou para a identificação bordada no colete da empresa. – Meu nome é Derek.

- Oh... Claro! – Pegou a mão estendida em sua frente e cumprimentou-o. Seu rosto corou de vergonha. - Como sou idiota... -Murmurou. Ele deu um risinho abafado. – Eu acho que o conheço de algum lugar. – Angel comprimiu os olhos azul-violeta, viu ele endurecer a mandíbula definida.

- Acho que não. – O tom de voz ficou mais sério e Angel sentiu um calafrio na espinha.

- Deve ser só impressão minha. – Deu um sorriso. – Posso ajudar em alguma coisa? – Perguntou.

- Não, já peguei o que precisava. – Suspendeu a cesta. – Tchau, Angela. – Ele acenou, enquanto ia embora. Alguma coisa na voz dele lembrava alguém.

- Tchau. – Acenou de volta.

Os olhos de Derek eram pura raiva. Seu corpo tremia da cabeça aos pés. A sensação da cintura daquela mulher terrível ainda estava em suas mãos. Os olhos azuis-violeta dos quais ele se lembrava muito bem. Foram dois anos analisando cada passo dela dentro da prisão, juntando informações do que tinha acontecido naquele dia horrível do acidente fatal de sua filha e sua esposa. Ele queria esquecer, queria deixar toda essa história no passado, mas simplesmente não conseguia. Principalmente depois de saber que Angela estava bêbada durante o acidente. Ela havia matado o seu mundo e agora mataria o dela. Saiu do supermercado com aquele rosto de anjo na mente. Mas, para Derek, Angela não tinha nada de bondoso dentro de si.

- Você vai implorar para voltar para prisão. – Falava consigo mesmo dentro do carro, enquanto dirigia para a sua nova casa naquele país. – Angela, eu juro que você vai pagar por tudo o que fez. – Pisou no acelerador e chegou até a rua em que moraria. A mesma rua onde Angel morava, a casa ao lado. Tinha feito de tudo para que os donos se mudassem dali, tinha dado uma boa quantia em dinheiro para que eles fossem embora. E como o mundo gira ao redor do dinheiro, eles aceitaram a proposta e fizeram as malas em poucos dias. Derek era médico, assim como a maioria das pessoas em sua família, eram ricos e bem-sucedidos. O que, depois da morte das pessoas que ele mais amava, não fazia a mínima diferença para ele. Não se importava com mais nada, a não ser com o sofrimento que causaria para a assassina. Revelaria quem era no dia seguinte, em qualquer oportunidade que tivesse.

Colocou o Range Rover prateado na garagem e entrou naquela casa bonita e vazia. O restante dos móveis chegaria no dia seguinte, teria um longo domingo pela frente, já que teria que arrumar tudo sozinho. Tomou um banho, escovou os dentes e se deitou na cama de casal do quarto principal, um dos únicos móveis que já estavam na casa. Fechou os olhos e dormiu um sono pesado.

Angela acordou cedo no domingo com um barulho insuportável de uma furadeira.

- Eu quero dormir! – Olhou o horário no pequeno e velho relógio que ficava no criado-mudo, ao lado da cama. Eram sete da manhã. Colocou o travesseiro no rosto e abafou um gritinho. Ela se levantou, já que não conseguiria dormir novamente com aquele barulho. Calçou as sandálias, colocou um casaco e saiu da casa para identificar de onde o som vinha. A origem do barulho provinha da casa ao lado, era possível ver móveis e caixas do lado de fora. – Ué... Vizinhos novos? – Murmurou para si mesma. Desceu os poucos degraus que separavam o patamar da sua casa da rua e reuniu toda a coragem para ir lá pedir que seus novos vizinhos fizessem um pouco menos de barulho. Tocou a campainha da casa branca e bonita que tinha vidros de cores azul, amarela e roxa nas janelas e porta de entrada. Ouviu a furadeira parar e os passos de quem quer que fosse que estivesse lá dentro. Quando a porta se abriu, teve uma grande surpresa.

- Em que posso ajudar? – Era o cara que tinha a ajudado na noite anterior. Ele estava mais bonito que antes, sem camisa, apenas com uma bermuda jeans e com gotas de suor escorrendo pelo peitoral musculoso.

- Oh! Olá! – Angel estava com as bochechas em brasa e não entendia o porquê.

- Algum problema? – Derek disse, sem demonstrar emoção. Sua vontade era de apertar aquele pescoço delicado e fino dela. Mas, se controlou e tentou manter uma expressão que não denunciasse sua raiva.

- O senhor poderia fazer um pouco menos de barulho? É que ainda é bem cedo... – Sorriu. Lembrou que tinha acabado de acordar e que estava parecendo uma louca: os cabelos negros e lisos estavam bagunçados, as olheiras ao redor dos olhos.... Colocou algumas mechas ao redor das orelhas, tentando disfarçar.

- Claro, Angela. – Forçou um leve sorriso. Angel também sorriu, mas pelo menos o dela era verdadeiro.

- Obrigada. – Seus olhos focaram nos olhos coloridos e intensos. Depois de alguns segundos olhando-o fixamente, imagens bagunçadas vieram a sua mente: neve caindo, asfalto, uma sombra com a silhueta de uma pessoa, sangue...

 Abriu os olhos e percebeu que encarava o teto. Mas, não era o teto de sua casa e sim, o teto de outro lugar. Estava deitada em um sofá macio, levantou-se de prontidão e encontrou Derek sentado em uma poltrona a sua frente, lendo o jornal do dia.

- Se sente melhor? – Dobrou o jornal para vê-la melhor. Ele já estava vestido e tinha os cabelos molhados penteados para trás.

- O que aconteceu? – Angel massageou as têmporas, ignorando a pergunta dele. Sua cabeça latejava, a dor na perna nem incomodava tanto.

- Você desmaiou. – Disse.

- Ah... – “Fez papel de idiota”, pensou. – Que horas são? – Sentia-se confusa.

- Onze horas. – Derek analisava as reações dela. Angela sabia dissimular bem. Ele não fazia mínima ideia de que ela era realmente aquela garota confusa e sensível que demonstrava. Para Derek, tudo não passava de um fingimento.

- O quê?! – Se levantou do sofá. – Desculpa incomodar, eu... – Interrompeu sua fala para notar o que havia em cima da mesa de centro. Eram jornais ingleses que continham sua foto estampada nas capas, as manchetes gritantes em negrito que falavam sobre o acidente. Ela pegou um deles e olhou para Derek, que a encarava com raiva. Ele se levantou e a diferença de altura entre os dois a fez tremer de medo. – Q-q-uem é você?

- Derek King. – Ele suspendeu uma das sobrancelhas quando a viu dar um passo para trás. Tinha ficado com o rosto pálido e os grandes olhos arregalados. – Agora você lembra?

- Meu Deus... – Deixou o jornal cair no chão. Seu corpo estava paralisado e não conseguia sair do lugar. – O marido dela...

- Surpresa, Angela Rivers. – Derek deu mais um passo e de repente todo o ar foi sugado dos pulmões dela. 



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