Ayato:
Assim que a maldita porta abriu foi como um vento de liberdade e morte vindo em nossa direção, respiro fundo recuperando todo o fôlego que perdi preso nesse maldito lugar.
Com um grito de guerra começamos a atirar na cabeça de cada zumbi que vinha para cima de nós, a cada “fileira” mal enfileirada de zumbi que destruímos, andamos um pouco, sem poder parar um segundo de avançar para não perder espaço, é como uma briga pelo espaço. Se nós não avançamos, eles nos encurralam por isso precisamos avançar sem parar.
Estamos nos saindo bem, quando menos esperamos já conseguimos sair daquela sala onde possui a câmara, continuamos seguindo pelos corredores, a cada corredor que estamos andando é mais uma distância percorrida até a liberdade dessa maldita fortaleza.
Passamos por um monte de militares, o seu desespero é eminente, tiros para o céu sem razão alguma –mas no meio do desespero, deve ter alguma razão para eles-, mordidas que separam a carne do corpo, as parede estão tingidas de vermelho assim como o chão, meus pés parecem estar afundados em sangue que não sei se é de zumbi ou se é de pessoas.
Olho para o lado vendo Kou de uma maneira que nunca o vi antes, como um selvagem, está se virando perfeitamente e recarregando com uma rapidez inexplicável, “Meu loiro finalmente aprendeu” penso orgulhoso.
Assim que todos precisávamos recarregar, todos parávamos e nos virávamos com facas até voltar a dar tiros, a perfeita sintonia que entramos foi perfeita para tudo dar certo. Quem vê pensa que treinamos anos para fazer isso, mas é só fruto do desespero mesmo.
Acabamos passando por alguns setores cheios de civis normais, vejo coisas que realmente me deram uma extrema dor e um pingo de arrependimento, idosos sendo devorados sem nenhuma chance de defesa, maridos tentando proteger suas esposas a qualquer custo e mães tentando proteger seus filhos sendo devoradas no lugar deles na intenção falha de protegê-los, pois estes eram devorados logo em seguida.
Crianças, muitas crianças sendo totalmente devoradas, seus rostos sendo totalmente deformados; alguns militares estão atirando nelas para que não tenham que sofrer... Cruel...
Entramos na ala hospitalar, um corredor bem grande com uma janela bem grande levando a um quarto iluminado cheio de... bebês, tive que me concentrar para não errar os tiros ao ver uma enfermeira atirando na cabeça de recém nascidos, outros bebês chorando vermelhos e provavelmente morrendo de medo de toda a confusão que está acontecendo, outros... sendo... devorados...
-SE CONCENTREM! NÃO DEIXEM ISSO ABALAR VOCÊS! – Shuu grita.
Pelo meu bem, pelo bem de Kou e de meus irmãos; paro de prestar atenção nas atrocidades acontecendo em minha volta apenas atirando em cada zumbi ao nosso caminho.
Se tornou impossível não perceber o tamanho do desespero dos civis assim que um tubo de ventilação arrebentou fazendo um monte famílias caírem deles. No meio do desespero, as pessoas até se enfiaram nos tubos tentando fugir, buscando uma chance a qual elas nunca teriam, mesmo se conseguissem sair desses malditos corredores, como sairiam de uma Fortaleza Aérea?
Tivemos que passar por cima dos corpos vivos ou mortos das pessoas que caíram do céu pois estavam em nosso caminho, algumas até tentaram segurar nosso tornozelo implorando ajuda.
-Por favor, levem só a minha criança! – Uma mãe implorou a Reiji desesperada.
A resposta de Reiji foi a mais cruel possível, porém necessária: ele chutou a cabeça da moça com toda a força voltando a atirar nos zumbis.
Balanço minha cabeça de um lado para o outro me desligando de qualquer coisa que possa me abalar emocionalmente. A ultima coisa que preciso é me desconcentrar e botar tudo a perder, talvez tenhamos perdido toda a nossa humanidade e senso de solidariedade aqui, mas o que importa não é isso, o que está importando agora é a nossa sobrevivência, é em como sairemos daqui.
Infelizmente temos que passar por cima de tudo para termos a nossa liberdade.
O pesadelo finalmente acaba quando no fim de um corredor tem uma luz, quando chegamos na bendita luz consigo sentir o sol na minha cara e finalmente me vejo livre de tantos zumbis, quer dizer, ainda tem zumbis aqui na área de decolagem, aliás aqui está até um pouco pior.
-Porra já tinha esquecido como é a luz natural. – Raito comenta colocando uma mão em cima dos olhos para poder enxergar melhor ao redor.
Têm lugares pegando fogo, aeronaves pegando fogo, zumbis por toda parte, pessoas correndo de zumbis e atirando na cabeça deles.
-EI! EEI! AQUI! – Ouço uma voz, olho na direção dela vendo Subaru e Shin atirando de cima de um jato.
Corremos em direção ao jato o mais rápido que conseguimos com eles nos ajudando a subir, Shuu, Reiji, Ruki, Kanato, Kou e Yuuma sobem, assim que Yuuma estende a mão para Raito somos parados por uma voz que parecia mais um trovão.
-SEUS MALDITOS!
Karl aparece do nada com dois seguranças ao lado.
-Acham mesmo que podem sair desse jeito depois de terem feito o caos se espalhar por toda a minha Fortaleza?!
-Olha... – Raito abre a boca para retrucar, mas Subaru levanta a mão pedindo silêncio.
-Deixe-o comigo, subam no jato e voem.
O que deixar o Subaru aqui? Não! Ele esteve comigo todo esse tempo, desde o começo, eu não posso abandoná-lo!
Raito o obedece aceitando a mão de Yuuma, olho para Subaru sem acreditar que ele realmente quer ficar aqui.
-Ayato! Confia no Subaru! – Raito grita de cima do jato que já está começando a decolar e estende a mão para mim.
Subaru me lança um olhar travesso piscando para mim e sorrindo de maneira mais travessa ainda como se fosse uma criança prestes a aprontar algo.
Shuu e eu pegamos duas snipers o mais rápido que conseguimos dando um tiro na cabeça de cada segurança, mesmo assim a cada metro que nos distanciávamos de Subaru, mais a culpa crescia em minha cabeça.
Do nada Subaru pega uma arma e ouço seu grito ecoar por todo o céu.
-ISSO É PELA MINHA MÃE E PELOS MEUS IRMÃOS, SEU TARADO DE MERDA!
Logo em seguida ele atira na cabeça de Karl.
-Saiam da frente! – Raito fala com urgência jogando uma corda para Subaru lá embaixo.
Kanato atrás dele, amarra a corda em algum lugar do avião, Subaru pega a corda e começa a voar junto conosco só que pendurado.
-AGORA, SUBARU! – Raito grita.
Subaru se segura na corda com apenas uma de suas mãos e com a outra faz algo que a Fortaleza inteira explode, mas tipo ela INTEIRA MESMO!
Como um espetáculo de cores de fogo, todos ficamos com a boca aberta perante toda a explosão.
-Vamos puxá-lo agora. – Raito instrui.
Todos nós começando por Raito lá no fundo começamos a puxar Subaru para dentro, na ordem de Raito, Kanato, Ruki, Kou, Shuu, Reiji, Yuuma e eu. Não foi nada fácil puxá-lo para dentro já que a corda começou a balançar um pouco e do nada parecia que tinha um peso a menos puxando a corda junto conosco, com muito esforço conseguimos colocar Subaru para dentro. A porta que estava aberta para puxarmos Subaru, fechou fazendo com que todos ficassem seguros lá dentro.
Abraço-o com força, aliviado por ele ter se salvado junto com a gente, Shuu também vem para o abraço aliás nós 3 moramos juntos por muito tempo, eles são meus irmãos que eu mais sou próximo.
-RAITO! – Ouço Yuuma gritar, olho na direção do grito na hora gelando.
Raito está sentado no chão encostado em uma das paredes do jato muito pálido, ofegante e com a mão em cima de o ombro.
-Raito! – Corro em sua direção. – O que aconteceu?
Raito não fala nada apenas tenta tirar sua camisa sem sucesso, Kanato o ajuda com o mesmo ar preocupado que eu, é revelado então um belo de um ferimento sangrento.
-O que foi isso?! – Reiji pergunta espantado.
-Karl... Heinz.... – Ele fala com dificuldade. – Ele atirou em mim.
-Quando?! – Kanato pergunta.
-Antes de eu ir resgatar vocês...
Raito olha para Subaru tremendo e sorri de canto.
-Olha só, dessa vez não foi você que me deu um tiro. – Ele comenta lembrando de quando Subaru atirou nele no supermercado. – Você me vingou até. – Raito ri de leve logo se contorcendo um pouco por causa do ferimento, sua respiração ofegante faz parecer que ele está se esforçando para se manter acordado.
Shuu corre até onde Shin está controlando o jato, pergunta onde está o kit primeiros socorros, sem demorar pega o kit e uma garrafa de álcool, Reiji pega tudo da mão dele imediatamente.
-Isso vai doer. – Reiji avisa jogando um monte de álcool da ferida.
Pensei que os olhos dele iriam lacrimejar por causa da dor como foi na primeira vez que ele levou um tiro, mas ele não fez nada além de virar o rosto para o outro lado e contorcer o rosto inteiro numa careta de dor. Yuuma não sai do lado dele pegando seu rosto com delicadeza forçando-o a olhar para ele como meio de acalmá-lo.
-E-Ei, Subaru! – Raito vira para Subaru de novo. – Conseguimos, formamos uma bela dupla seu albino azedo.
Subaru sorri de canto para ele rindo um pouco.
-Me agradeça por ter te acostumado a levar tiros. – Subaru brinca.
-A bala... – Reiji começa. – Eu posso tirá-la, mas não tenho os instrumentos certos para isso, vou ter que tirar na mão, isso vai doer muito, não se mexa.
Raito virou a cara e fechou os olhos esperando a dor, doeu em meu coração ver tudo sem poder fazer absolutamente nada por ele... Realmente doeu... Subaru e Shuu são os irmãos que eu mais sou próximo, mas Kanato e Raito são os que mais me importo, eu lutei muito para tê-los ao meu lado, não quero perder nenhum dos dois.
Reiji desinfeta as mãos usando o álcool e tira a bala de Raito que não faz nada além de uma careta e desmaia. Ele, de fato, se tornou muito mais forte depois de levar tanto tiro.
-Então... – Shin sai da cabine e dá de cara com Reiji enfaixando Raito. – Mas que diabos...
Ruki explica tudo o que aconteceu para ele.
-Oh meu deus... – Shin fala preocupado.
-Não precisa se preocupar com ele, ele está em boas mãos. – Yuuma retruca violentamente, ele está com Raito no colo, deu seu casaco para ele vestir e se aquecer.
-Eu só ia perguntar onde querem descer... No aeroporto ou...
-O mais longe possível, por favor. – Shuu pede parecendo exausto.
-Até onde o combustível deixar. – Reiji complementa.
=;=Quebra-tempo=;=
Depois de muito tempo voando –tipo, dias- finalmente pousamos em cima de um prédio de uma cidade desconhecida, mas que de acordo com o GPS fica bem próxima de cidade de zonas rurais o que é ideal para nós que queremos ficar longe das cidades grandes que possuem ainda mais zumbis e riscos.
-Finalmente longe desse jato! – Kou comenta se despreguiçando.
-É aqui que nós recomeçamos. – Falo segurando sua mão.
Subaru está um pouco atrás de nós observando a grande imagem que tem daqui de cima de uma cidade totalmente destruída com um olhar atento já estudando o local. Ruki está ao lado do Kanato olhando para ele de um jeito que –acho eu- só eles entendem. Reiji está ajudando Raito por mais que o mesmo insista que não precisa de ajuda, junto com Yuuma ao lado dele insistindo para que ele aceite toda a ajuda possível, Shin observa de longe com um pouco de tristeza no olhar e Shuu observa tudo à distância, tenho certeza que prestando mais atenção do Reiji.
-Bom... Eu sei que passamos por muitas coisas antes de chegar aqui, muitas confusões, intrigas e acabamos de sair do que pareceu ser uma guerra, vimos coisas horríveis, atrocidades e tivemos que fazer algumas também, mas vamos continuar seguindo sem desistir, um dia a carne desses bichos irá apodrecer e eles irão simplesmente deixar de existir, teremos que sobreviver do jeito que pudermos e com certeza juntos iremos conseguir. – Shuu diz sorrindo.
-Claro que vamos! – Falo animado. – Como o Raito disse: É viver ou viver! Chegamos tão longe, não podemos desistir ou morrer, vamos continuar vivendo ou não nos chamamos Sakamaki e Mukami!
Nesta hora Kou me abraça sorrindo para mim, Reiji abraça Shuu, Yuuma abraça Raito e até mesmo Ruki está abraçando Kanato enquanto Shin está observando tudo de longe.
-AAAH! QUE MELAÇÃO! – Subaru fala alto enquanto ri. – Gente, não precisamos de discurso para ter certeza que iremos viver. – Ele olha para Shin com um sorriso sacana. – E você, Tsukinami, nem pense em fugir, você está com a gente agora!
-Ok, então iremos viver... OU NÃO NOS CHAMAMOS SAKAMAKI, MUKAMI E TSUKINAMI!
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