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História Diamonds - I'm a cool girl.


Escrita por: ameliat_

Notas do Autor


Deus, eu não ia fazer isso. Mas estava hoje em uma vibe dançante junto com as senhoritas Mandy e Luana, e terminei prometendo reformar essa fic. E é à elas a quem dedico essa reforma de uma fic que eu nem gostava mais. Amo vocês. VIVA A V ♥
Pra quem já leu, eu mudei uma coisa que vai mudar a história inteira. Hihi. <3

Capítulo 1 - I'm a cool girl.


I'm a cool girl, ice cold, I roll my eyes at you.

— Tove Lo em Cool Girl

 

Novembro, 2015.

 

No fim do corredor, eu observava os fotógrafos e repórteres se acotovelarem por um pouco da atenção dela. Com um carinho explícito, ela tentava distribuir sua simpatia para todos os presentes. Sorria e acenava alegremente, sem se importar com toda a gritaria ao seu redor.

Se algum dos meus amigos me flagrasse ali, gargalharia. Eu tinha certeza. Mas, mesmo sabendo de todas as futuras chacotas, continuei ali, observando-a dentro de um vestido verde lodo que delineava seu corpo. Seus cabelos loiros estavam mais curtos que da última vez que eu a vira, e estavam presos em um coque frouxo, e revelava os traços delicados do seu rosto.

Os olhos azuis e os lábios bem desenhados. Eu nunca a vira tão arrumada. Mas, não era minha imagem preferida dela.

Inspirei profundamente e fechei os olhos enquanto minha mente viajava em lembranças.

Lembrava-se dela em pé na minha cama, vestida com uma camiseta de banda desgastada que ela achara no fundo do meu armário, segurando uma tigela de cereais, com os lábios encrespados, enquanto me pedia para que passássemos a manhã na cama.

Suspirei.

Sentia saudades dela. Saudades do seu cheiro adocicado no meu travesseiro, dos seus pés descalços passeando pelo meu ateliê e me enchendo de perguntas. Sentia falta das suas mãos passeando pelo meu rosto e me dizendo o quanto gostava de quando eu arqueava as sobrancelhas.

De como ela, antes de dormir, fechava todas as janelas do meu apartamento, dizendo que nunca sabia de onde poderia surgir um assaltante, mesmo que eu morasse no último andar de um prédio de vinte e sete andares.

Mas, principalmente, sentia falta da sua voz preenchendo a sala enquanto seus dedos deslizavam sobre o meu piano.

Abri os olhos e logo fui confrontada com a realidade, ela estava no tapete vermelho, diante de fotógrafos, com admiradores que gritavam por seu nome, enquanto eu, estava escondida no fundo do corredor.

Eu não era ninguém. Era apenas a garota do fundo do corredor.

Observei enquanto uma garota de cabelos curtos castanhos passou as mãos pela sua cintura, cochichando algo em seu ouvido que a fez sorrir instantaneamente.

De onde eu estava, senti todos os meus órgãos reclamarem de um ciúme latente e logo ordenei que ficassem quietos, eu não tinha direito a nada.

Minha melhor amiga já havia me informado sobre a garota nova, era sua nova namorada e empresária, segundo Nicky, havia sido ela quem descobrira seu talento e o levara ao mundo. Aquilo me fez sentir um pouco de inveja também.

No mesmo instante, achei que vomitaria.

As perguntas surgiram a minha mente quase imediatamente, ela também cantava em seu apartamento no começo da manhã, ou cozinhava enquanto dançava alguma canção do rádio. Ela também inspirava as novas canções?

No mesmo instante, senti um braço me puxar pela cintura. Virei para ver quem era imediatamente e encontrei a minha melhor amiga com a mesma expressão que sempre tinha quando me censuraria por algo. E eu sabia o que era.

Eu precisava seguir em frente. Eu sabia. Mas, como faria aquilo com ela diante de mim, com aqueles olhos azuis tão pertos de mim?

Sabia que aquilo aconteceria quando eu voltasse da África, mas achava que estava pronta para encontrar com ela sem sentir meu coração derreter dentro do peito. O que diabos tinha acontecido comigo? Dois anos antes, eu era uma garota divertida, imprudentemente feliz, segurando uma taça de champanhe enquanto beijava garotas desconhecidas com meu coração de gelo. Não estava perdidamente apaixonada por alguém que podia sequer lembrar-se de mim. Ou pior, podia me odiar.

Suspirei mais uma vez, pedindo a qualquer santo para me ajudar.

 

— Devia ir falar com ela – fora a primeira coisa que Nicky dissera.

— E dizer o que exatamente? – rebati – Espere, deixe-me tentar – me endireitei e fiz meu melhor tom sarcástico – Oi, querida Piper. Lembra-se de mim? Eu parti seu coração no ano passado. Então, depois que parti seu coração, tentei me redimir com o mundo e fiz trabalho voluntário na África por um ano, acabei de voltar. Ainda gosto de você, aliás. Quer terminar com essa sua namorada que mais parece o clone do Justin Bieber e ficar comigo?

 

Nicky fez uma careta.

 

— Sabe o que é pior? Não sabia que você conhecia o Justin Bieber.

 

Involuntariamente, eu soltei uma risada.

Nicky sempre me arrancava as mais sinceras risadas, ela sempre sabia que ponto tocar para me fazer rir ou chorar.

Não lembrava de algum momento da minha vida sem que ela estivesse nele. Nossos pais eram amigos de banda, enquanto meu pai era o vocalista de uma banda de rock famosa, o pai de Nicky era o baixista e sempre foram os mais próximos da banda. Não era surpresa que as filhas dos dois fossem como irmãs.

Não conhecia ninguém no mundo que me conhecesse melhor do que Nicky. Ela soubera quando eu comecei a gostar da primeira garota antes de mim, soubera quando eu fiquei com meu coração partido pela primeira vez.

Aquele um ano que eu passara na África havia sido a primeira vez que nos separávamos por tanto tempo, e mesmo assim, ela tinha ido me visitar duas ou três vezes. Fora daquele jeito que eu terminara naquela festa aquela noite.

Era o jantar anual da banda do meu pai, eles leiloavam quadros caros em nome de instituições beneficentes e todos os magnatas e famosos sempre estavam presentes. Imaginando que Piper estaria, eu vesti um pijama e planejara passar minha noite vendo alguma série na televisão, na verdade, passaria um documentário interessante sobre a vida das abelhas. Mas Nicky surgira com um vestido nas mãos e me proibindo de ficar em casa.

Dissera que estaria comigo, mesmo que minha ex-namorada e nova cantora famosa, ela não deixaria que eu me torturasse com aquilo.

Mas ali estava eu, torturada.

Virei para Nicky, prestes a fazer algo, porém, percebi que ela mudara de expressão. Seu olhar estava cheio de nuances das quais eu ainda não conseguira capturar.

De reflexo, eu virei para saber o que a tinha capturado daquela forma, e então eu a vi.

Piper atravessava o corredor de braços dados com a namorada, sorrindo enquanto a observava falar algo. De repente, ela virara para a frente e então seus olhos se encontraram com os meus.

Era a primeira vez que ela me via em um ano. A primeira vez que me via depois do nosso trágico e controverso término.

Seu sorriso desfez imediatamente e sua expressão era indefinível.

Por outro lado, eu sabia o que eu sentia.

Malditas borboletas no estômago.

 

 

Janeiro, 2013.

 

Quando eu era criança, a mãe de uma das minhas amigas do colégio me dissera que eu tinha sorte por meus pais serem casados, segundo ela, a maioria dos pais não conseguia ficar juntos quando passavam muito tempo separados, que um dos sempre acabava se apaixonando por outra pessoa.

Eu me desesperara.

Cheguei em casa aos prantos, e busquei os braços calorosos da minha mãe. Entre soluços, perguntei se ela e meu pai se separariam por ele estar sempre viajando com a banda naquelas turnês intermináveis.

Mas ela sorriu, e com carinho colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, me dizendo que não se separaria do meu pai porque o amava perdidamente e ele também a amava, pessoas que se amavam não se separavam, mesmo distantes. Segundo ela, o amor era o sentimento mais poderoso do mundo e curava tudo.

Dois meses depois, enquanto minha mãe acompanhava meu pai em uma turnê da banda, uma fã do meu pai rompeu a barreira de segurança e atirou na cabeça dela, diante de centenas de repórteres. E claramente, sua lápide demonstrava que o amor não a curara.  

Meu pai jamais se recuperara daquilo. Ele observou o amor da sua vida, morrer nos seus braços, tão rapidamente quanto ele havia se apaixonado por ela.

Desde aquele dia nós dois mudamos. Meu pai decidira se dedicar a sua carreira integralmente, assim evitava pensar nela e eu parara de acreditar no amor.

Por aquele motivo, eu fugia do amor. Enquanto observava minhas melhores amigas sofrerem depois de um término, eu ficava feliz com meu coração de gelo, acreditando que tinha sorte por não acreditar naquele sentimento falido.

Vivia bem, meu pai era um astro com uma fortuna e eu a filha única. Todas as noites, eu estava em festas, imoderadamente bêbada, sempre com garotas diferentes. Tinha boas e fiéis amigas de quem eu podia confiar.

Nunca namorava. Não tinha nascido para aquilo. Eu era livre.

Naquela noite, eu tinha ido a uma festa com Nicky, e duas das nossas amigas, Tracy e Laura.

Nicky e eu tínhamos bebido tanto, que mal nos aguentávamos em pé. Cambaleavamos pela rua, cantarolando alto qualquer música pop da moda.

Tracy estava de braços dados comigo, enquanto procurávamos outro lugar para beber, uma vez que a festa que estávamos havia esgotado a diversão.

Na verdade, Tracy e eu tínhamos um relacionamento estranho. Ela gostava de ficar comigo e eu gostava de ficar com ela, mas isso geralmente acontecia quando eu estava bêbada.

Não que eu estivesse desesperadamente apaixonada, como sempre, não estava. Mas me divertia com ela, e aquilo era o mais próximo que eu tinha de gostar de alguém. Mesmo assim, ficávamos com outras pessoas, sem reclamações.

Estávamos chamando um táxi na rua, quando minha melhor amiga anunciou a ideia que mudaria minha vida.

 

— Já sei aonde vamos! – ela falou, sem conter o riso bêbado – conheci esse lugar na semana passada e mudou a minha vida.

 

Sem esperar nossas respostas, ela indicou ao motorista do táxi o lugar que iriamos.

Porém, assim que chegamos à rua do lugar que Nicky dissera, notei que tínhamos saído completamente da nossa zona de conforto. A rua estava deserta e alguns mendigos esquentavam as mãos em uma fogueira improvisada na esquina.

Ouvi Tracy resmungar, mas não prestara atenção. Nicky nos conduzira a um estabelecimento totalmente diferente do que estávamos habituadas.

O bar tinha um balcão velho e atrás dele, um homem com camiseta de hibiscos conversava animadamente com uma mulher e uma garçonete.

Nas mesas, tinham alguns casais gays conversando, mas ninguém que eu conhecesse, e eu conhecia muita gente naquela cidade.

 

— Como diabos você conheceu esse lugar? – perguntei me direcionando para minha amiga.

— Me agradeça depois, Vause – respondeu com sua voz rouca.

 

Sentamos em uma das mesas vazias e logo a única garçonete soltou a conversa animada e veio nos atender.

Ela era morena e baixinha, devia alcançar meus cotovelos, mas parecia ser simpática além de bonita. Ela colocou um cardápio empoeirado sobre a nossa mesa.

 

— Você por aqui de novo – ela sorriu para Nicky – É Nicky, não é?

— Isso... Lorna, não é?

— Sou – ela balançou os ombros – e trouxe amigas. O que as senhoritas vão querer?

— Sabe, Lorna... – Nicky se inclinou na mesa – eu estava pensando se aquela moça loira vai cantar aqui hoje.

— Piper? – perguntou – Ah sim! Ela só foi beber água, já volta.

 

Tracy e Laura passaram os dedos sobre o cardápio, com nojo claro em suas expressões.

Tentei não olhar para a garçonete simpática, estava com vergonha pela atitude das duas. Então vi a mulher que antes conversava com o homem e a garçonete no balcão se aproximar.

 

— Olha quem voltou – ela dissera.

— Boo! – Nicky quase gritou, pulando em cima dela em um abraço.

 

A mulher que Nicky chamava de Boo se sentou em nossa mesa a convite da minha amiga e olhos de Tracy correram irritados para a cena.

Embora eu gostasse de fazer sexo com Tracy, sua personalidade me irritava. Ela era como uma típica garota rica, nunca estava disposta a sair do seu pedestal, porque acreditava que estava acima dos outros. Era filha de um empresário famoso, com uma rede de empresas bem sucedidas. Tínhamos nos conhecido na escola, ela costumava ser a garota mais bonita e com mais pretendentes, continuava com o mesmo rosto de modelo, cabelos loiros e olhos castanhos, mas, Tracy tinha consciência de sua beleza e a usava para conseguir o que queria.

Contudo, para mim, a beleza de Tracy era tão óbvia que me entediava.

 

— Olha só – Lorna chamara Nicky – ela voltou.

 

Olhei para o pequeno palco improvisado, e observei uma loira endireitar o microfone.

Ela estava usando saltos enormes e um simples vestido vermelho, mas ainda assim, parecia deslumbrante.

Imediatamente, ajeitei meus óculos para observá-la melhor, ela tinha olhos extremamente azuis e boca bem desenhada.

Os cabelos eram na altura dos ombros e estavam para trás, revelando ainda mais seu rosto.

Rapidamente, me endireitei na cadeira para prestar atenção no que ela cantaria ao mesmo tempo em que o homem de camisa de hibiscos foi sentar-se no piano no canto do palco.

 

— Essa canção é sobre garotas festeiras – ela apresentou do microfone, dando uma risadinha.

 

Foi então que entendi ao que Nicky se referia quando disse que eu agradeceria depois. Assim que a voz da garota preencheu o lugar, eu senti que ela tinha me prendido de alguma forma.

Ela tinha uma voz rouca, mas extremamente afinada. Algo tão único que eu não conseguia compará-la a nenhuma outra cantora que conhecia, e eu conhecia muitas cantoras, inclusive pessoalmente.

A música eu também não conhecia então presumi que era uma composição dela. Falava sobre uma garota que bebia e ia para festas para preencher um vazio existencial. Mas era bem escrita, bem feita.

No fim, ela sorriu e agradeceu os aplausos.

A garçonete simpática, Lorna imediatamente a chamou para nossa mesa.  A garota endireitou os cabelos e caminhou até onde estávamos. Senti que estava arfando.

 

— Oi, Boo – ela cumprimentou, simpática então virou-se para Nicky – e você... Eu te vi aqui na outra noite...

— Nicky – ela disse

— Nicky! – repetiu – e trouxe amigas.

— Ah sim, essas são Tracy, Laura e minha melhor amiga, Alex Vause.

 

A garota cumprimentou Laura e Tracy com um aceno e virou-se para mim.

 

— Vause é o sobrenome de um dos meus cantores favoritos.

 

Sorri imediatamente.

 

— Provavelmente é meu pai.

— Você não pode ser filha de Paul Vause – ela riu e então parou quando percebeu que eu falava sério – Oh meu Deus! Lorna, temos celebridades no bar, vai buscar aquele champanhe.

 

Lorna sorriu e saiu em direção ao bar.

 

— Você canta muito bem – elogiei – devia estar se apresentando em estádios lotados e não nesse bar...

 

Imediatamente notei Boo e Nicky fazerem uma careta e percebi que tinha cometido uma gafe.

A garota jogou os cabelos para trás e voltou-se para mim, com desprezo nos olhos.

 

— Alex, não é? Sou Piper. Sabe esse bar? Ele pertence ao meu pai – informou – não é como os bares que você e suas amigas ricas frequentam, com certeza, mas eu prefiro muito mais cantar muito bem aqui e tratar as pessoas como seres humanos do que desdenhar dos outros como suas amigas estavam fazendo com minha irmã. Faça-me um favor – ela se inclinou até onde eu estava sentada – não volte aqui. Estou bem melhor sem sua audiência. No mais – virou-se para Nicky – você é sempre bem-vinda, querida.

 

Dizendo aquilo, ela saiu.

Ao mesmo tempo, sem entender o que acabara de acontecer, Lorna surgira com a garrafa de champanhe.

 

— Acho que tenho que ir embora, acabei de ser expulsa. – eu disse, como piada, enquanto colocava meu casaco.

 

Lorna suspirou.

 

— Perdoe-a, ela não é como as outras garotas.

 

Naquele momento, eu não entendia o que ela quis dizer, mas logo saberia. Piper tinha um segredo, um segredo que a fazia ser diferente de todas as outras garotas que eu conheceria na vida. 



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