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História Diário de uma fã - Capítulo dez


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 10 - Capítulo dez


Após o café da manhã, Shawn pegou o violão do sofá, pendurou nas costas e saiu me puxando em direção aos fundos da propriedade.

— Vou te mostrar o verdadeiro motivo de eu vir aqui, mas você não pode olhar até o momento certo. – Eu concordei.

Andei em silêncio ao seu lado por um caminho de paralelepípedos cercado por árvores, até chegar ao que parecia ser uma grande varanda com alguns sofás e bancos de madeira. Ele parou na minha frente, segurando as minhas duas mãos.

— Olha pra mim. – Ele pediu. Eu já estava olhando. – Para os meus olhos, não desvia a atenção, vai valer a pena.

Estava nervosa. Não tanto pela curiosidade em saber o que ele queria me mostrar, mas sim pela profundidade do seu olhar no meu. Eu não queria estragar a sua surpresa, mas como era difícil sustentar aquele olhar tão penetrante. E ao mesmo tempo, era como um ímã que me puxava em sua direção, me deixando imersa. Eu não podia olhá-lo, mas tampouco, conseguia desviar os olhos dele.

Ele fez um movimento com os pés para abrir a porta que estava a suas costas e começou a andar para trás, me puxando devagar, sem nunca quebrar o contato visual. Estava tão concentrada, que só percebi que ele havia parado quando quase bati com o rosto eu seu peito. Ele sorriu e soltou as minhas mãos, segurando meu rosto em seguida. Meu coração acelerou, esperando o que viria a seguir. Shawn colocou um mecha do meu cabelo atrás da orelha e foi se aproximando lentamente, quase como uma tortura. Meu corpo todo tremia. Eu me lembrava da noite passada, do gosto da sua boca, o calor da sua pele na minha, e eu queria tanto sentir aquilo novamente. Eu ansiava por isso.

Então ele colou a boca no meu ouvido e disse quase num sussurro.

— É de tirar o fôlego. – Eu já estava sem fôlego. E saiu da minha frente, para que eu pudesse enxergar o local. Demorei alguns segundos para entender que ele não iria me beijar, e não consegui evitar me sentir um pouco magoada. — Você não gostou? – Ele perguntou surpreso.

Pisquei duas vezes tentando clarear a minha mente e me livrar dos efeitos que ele tinha sobre mim, e a percepção do que estava a diante foi quase como um soco no estômago. Ele estava certo, a vista era de tirar o fôlego.

— É incrível. – Eu disse, olhando em volta. Nós estávamos em uma ribanceira com muitas flores e árvores, e lá embaixo havia uma represa. Tudo era muito verde em contraste com a água extremamente azul, e o céu tão claro que chegava a ser quase branco. Parecia uma pintura.

— A natureza é inacreditável. – Ele comentou. Eu só assenti. Não conseguiria encontrar nenhuma palavra melhor para descrever aquela visão. Inacreditável, era isso que ela era.

Shawn entrelaçou a sua mão na minha e tentou me puxar em direção a água, mas eu continuei parada no lugar. A paisagem era maravilhosa, mas de jeito nenhum eu não iria correr o risco de cair dali. Ele sorriu novamente e me estendeu a mão.

— Vem, eu te seguro.

Foram apenas quatro palavras, mas naquele momento se tornaram a minha combinação de palavras favoritas. Como era possível quatro palavras me fazerem esquecer o medo de altura, segurar em sua mão e descer por aquele chão inclinado? Parecia loucura, mas foi exatamente isso que aconteceu.

A represa parecia um grande lago, com uma pequena plataforma de madeira, nela havia dois barcos vazios. As pessoas provavelmente usavam aquele lugar para pescar. Mas esse não era o caso do Shawn. Ele apenas sentou no fim do tablado, o violão apoiado nos joelhos, encarando a água. Me juntei a ele.

— O que você normalmente vem fazer aqui? – Ele ajeitou o violão no colo e começou a dedilhar suavemente.

— Eu só observo. E tento me conectar à natureza. Paisagens como essa me inspiram.

— Para compor músicas? – Ele assentiu.

— Para isso, e para a vida em geral. Às vezes, na correria do dia a dia, a gente deixa de prestar atenção na beleza das coisas. Você pode olhar um cenário como esse sem enxergá-lo realmente, mas quando você presta atenção nos detalhes, ele se torna ainda melhor.

Shawn desviou a sua atenção para mim. Provavelmente se perguntando por que eu estava tão quieta. Estava apenas absorvendo as suas palavras, enquanto escutava aquela melodia quase sussurrada. Seus dedos percorriam as cordas sem ele ao menos perceber. Como se tocar fosse tão natural quanto respirar, como se o instrumento fosse uma extensão das suas mãos.

— Você faz isso parecer tão fácil. – Admiti.

— O que? Tocar? – Eu assenti. – É fácil. Apenas uma sequência de notas decoradas.

Eu balancei a cabeça.

— Não é disso que eu estou falando. Você não toca simplesmente. Você sente a música, e nos faz sentir também. É como se você tocasse o nosso coração, metaforicamente.

Ele sorriu timidamente, as bochechas ficando vermelhas.

— É legal ouvir isso. Eu penso que você pode conhecer todas as técnicas do mundo, mas para conseguir tocar um coração, é necessário colocar o seu também, em tudo aquilo que você faz.

Eu queria dizer o quão incrível ele era e fazê-lo entender que a sua forma de pensar era maravilhosa. E que era ainda mais maravilhoso poder ouvi-lo dizer todas aquelas coisas. Mas eu apenas sorri de volta.

— Quer tentar tocar? – Ele perguntou.

— Eu não saberia nem como segurar um violão.

— Eu te ensino, vem cá. – Shawn se aproximou e fez sinal para que eu sentasse entre as suas pernas.

Ele passou os braços pela minha cintura, posicionando o violão no meu colo.

— Você precisa segurar dessa forma. – Disse no meu ouvido, e eu senti sua respiração no meu cabelo, fazendo meu coração palpitar. – Você coloca esses dedos nessas cordas aqui.

Assenti devagar e tentei me concentrar, o que era muito difícil, pois eu estava ciente de cada parte do seu corpo que agora tocava o meu. E o misto de sensações, os arrepios de medo e de prazer me invadiam, me fazendo querer sorrir e chorar ao mesmo tempo. Era incrível o que ele me causava, as coisas que ele me fazia sentir, e quando eu achava que finalmente estava me acostumando, bastava um sorriso dele ou um toque das suas mãos, para fazer meu coração saltar do peito, e as minhas pernas tremerem a ponto de quase não conseguir ficar em pé.

Ele me falava o que eu tinha que fazer e mostrava quais cordas eu precisava pressionar. Ele era realmente muito bom nisso.

— Com essa mão você vai dedilhar as quatro últimas cordas. 

— E agora o que eu faço? — O encarava meio confusa.

— Agora você toca. Assim. — Ele segurou na minha mão, indicando como deveria fazer.

— OK então, mais fácil do que eu imaginava.

— É que eu sou bom professor. — Ele riu no meu ouvido.

         Passamos assim quase toda a manhã. A maior parte do tempo, era ele quem fazia quase todo o trabalho, mas me parabenizava mesmo assim.

— Consegui! — Gritei ao finalmente concluir a sequência de notas sem a ajuda dele.

— Parabéns, você aprendeu o seu primeiro acorde. Estou orgulhoso! — Ele disse rindo e me abraçando por trás.



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