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História Diário de uma fã - Capítulo onze


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 11 - Capítulo onze


Quando o sol já estava bastante alto, Shawn resolveu que era hora de voltarmos para a casa e irmos almoçar. Dona Maria já estava terminando de pôr a mesa do almoço quando entramos. Ele insistiu para que ela almoçasse com a gente, mas ela recusou, alegando que tinha muito o que fazer ainda. Enquanto almoçávamos, Shawn me contava sobre a vida dele, e era como se dentro de mim existisse uma necessidade de absorver cada detalhe dele, assim tornando-o cada vez mais parte de mim.

Assim que terminamos de almoçar, ele me levou para dar uma volta pela casa, afim de me mostrar a propriedade.

— Nossa, meu pai ia amar isso aqui. – Eu disse me referindo ao vasto jardim que havia na lateral.

— Ele gosta de flores?

— Adora. Flores e animais.

— Hum. E o que ele faz?

— Ele é veterinário.

— Faz sentido.

— Se o conhecesse teria certeza disso.

— E como é o nome dele? – Shawn perguntou enquanto continuávamos andando pela grama, entre as árvores.

— Marcos Villar.

— Nunca ouvi falar.

— Ele trabalhou por muito tempo em Whitby, mas recentemente se mudou para Oshawa, e montou um consultório por lá.

— Entendi. E sua mãe?

— Elena Villar. Advogada. – Acrescentei quando vi que ele ia perguntar, ele riu.

— Profissões bem diferentes.

— Meus pais são muito diferentes um do outro, você não faz nem ideia.

— Dizem que os opostos se atraem.

— Talvez. – Dei com os ombros enquanto olhava a grande clareira a nossa a frente.

— Você não guarda nenhuma mágoa por eles terem se separado?

— Não, não vale a pena. Eles estão mais felizes assim, e eu estou feliz por eles. Na verdade, eu nem sei como eles deram certo por tanto tempo!

— Talvez eles se gostassem muito, assim suportando as diferenças.

— Acho que sim, mas no fim as diferenças vencem. – Eu disse pensativa, me referindo mais a mim e ao Shawn, do que meus pais em si. – Mas acho que grande parte da culpa foi pelo casamento forçado. – Disse tentando mudar a direção dos meus pensamentos.

— Como assim?

— Meus pais se casaram muito novos, meu pai tinha dezenove anos e minha mãe vinte e um. Eles se conheceram na faculdade, e poucos meses depois minha mãe engravidou do Fred, e eles se casaram às pressas.

— Mas eles foram obrigados a se casar?

— Mais ou menos. Pelo que eles que contaram, meu avô, por parte de mãe pressionou eles a se casarem. Mas a minha avó, mãe do meu pai, não queria deixar de jeito nenhum.

— Mãe ciumenta…. Conheço essa história! – Ele disse rindo.

— E meu pai ainda era o filho mais novo.

— Mas no fim eles acabaram casando então.

— Sim, eles disseram que se gostavam também.

— E você acha que esse amor acabou? – Ele perguntou enquanto contornávamos uma casinha de pedra.

— Não acho que amor se acabe.

— Como assim?

— Ou se ama para sempre, ou nunca se amou.

— O que houve com eles então?

— Eles se gostavam. Gostar e amar são sentimentos distintos.

— E como distingui-los?

— É como eu disse, amor não passa como se fosse uma gripe, amor permanece. Mas eu acho que você sente quando é amor, porque quando eu digo que amo você, eu tenho certeza absoluta disso. – Ele desviou o olhar, olhando para algum lugar ao longe, e eu pensei que havia falado demais.

— Eu gosto da sua maneira de pensar. — Ele disse finalmente me encarando novamente. — Chegamos. — Anunciou ao pararmos na frente do que parecia um celeiro.

— Não sabia que estávamos indo a algum lugar em especial.

— Claro que estávamos. — Ele sorriu de canto, abrindo a porta do local.

O celeiro era como uma velha casa de máquinas, bagunçado e cheio de peças de motores espalhadas. Ao lado havia dois quadricíclos vermelhos estacionados. Shawn foi até um deles, pegando a chave e me passando um capacete. Observei enquanto ele montava na moto, colocando o outro capacete e me estendeu a mão.

— O que? — Perguntei desconfiada.

— Vamos.

— Eu não sei pilotar essa coisa. — Disse enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Você não vai pilotar. — Ele pegou minha mão me puxando. — Vem. — Subi no veículo com a ajuda dele, colocando o capacete em seguida.

— Só não nos mata, por favor. — Disse baixinho enquanto me endireitava, apertando a sua cintura. Ele riu alto, uma risada gostosa que alegrou tudo a sua volta.

A medida que nós íamos andando pelos terrenos da propriedade, eu ia me acostumando com a adrenalina. O vento fazia cócegas no meu rosto, em contraste com o calor que irradiava da pele de Shawn. A sensação de estar ali com ele, vivendo aquele momento, era maravilhosa.

Não sei quando tempo ficamos dando voltas pelo local, eu gostaria de ficar o dia inteiro ali, com os braços a sua volta, mas meu corpo já estava cansado quando finalmente paramos na sombra de uma das árvores. Shawn desceu, me ajudando em seguida. E sentamos em baixo da árvore.

— Aqui é um bom lugar. – Ele comentou.

— É uma ótima sombra. – Concordei.

— Tive uma ideia. – Shawn disse mais para ele mesmo do que para mim.

— Que ideia? – Perguntei intrigada. A essa altura já estava ciente de que quando ele tinha uma ideia eu devia me preparar psicologicamente para ela.

— Fica aqui! – Ele disse se levantando.

— Que? – Eu perguntei sem entender nada.

— Fica aqui, eu já volto! – Ele disse montando no quadriciclo novamente.

— O que você vai fazer? Shawn! – Mas foi inútil, ela já havia saído em direção a casa. Fiquei olhando enquanto ele se afastava, até desaparecer entre as árvores. Sem ter alternativa, encostei a cabeça na árvore, e comecei a pensar em tudo que estava acontecendo. Depois de algum tempo rindo sozinha, perdidas em lembranças recentes, concluí o quanto era difícil acreditar que tudo aquilo estava realmente acontecendo, e que se fosse um sonho eu o aproveitaria o máximo que eu pudesse. Resolvi não pensar em mais nada, e somente absorver todas as coisas boas que aquele lugar me proporcionava, da forma como Shawn havia me dito. Comecei a reparar como o céu ficava lindo nesse tom de azul celeste, formando um contraste perfeito com o verde abundante das árvores e da grama. Ali daquela árvore eu tinha uma pequena vista ao longe da represa, a onde eu fiquei observando algumas aves voando raso sobre as águas azuis. Estava tão distraída que mal percebi Shawn voltar. 

Olhei assustada, e ele já estava descendo do quadriciclo com uma grande cesta na mão.

— Não acredito nisso. – Eu disse surpresa ao perceber do que se tratava.

— Não gostou? – Ele parou no lugar, me olhando desconfiado.

— Eu adorei! – Ele sorriu.

— Dona Maria fez tudo muito rápido, parece até que tudo já estava preparado.

— Você dá muito trabalho para ela, sabia? – Eu disse enquanto ajudava ele a estender a toalha xadrez no chão.

— Você não sabe como ela está feliz por eu ter trazido uma garota para cá. Ela me encheu de perguntas agora.

— Que perguntas? – Quis saber, corando levemente.

— Deixa para lá. – Ele disse sorrindo enquanto terminávamos de colocar as coisas de dentro da cesta na toalha. Em maioria eram frutas e bolos, mas havia também compotas de doces e pães.

— As pessoas te paparicam sempre assim? – Perguntei enquanto nos sentávamos um de frente para o outro.

— Ninguém me paparica! – Ele protestou enquanto pegava um pedaço de bolo.

— OK então! – Eu disse encerrando o assunto e puxando o pratinho com morango para perto de mim. Eu sabia que ninguém conseguia resistir a um sorriso sequer dele, e paparicá-lo era o mínimo que todos faziam, porém, ele nunca iria admitir isso. – Quer? – Perguntei me referindo aos morangos.

— Quero. – Ele estendeu a mão para mim, mas eu a ignorei, levando o morango direto na boca dele. Ele abriu a boca para morder e eu puxei o morango.

— Isso não vale! – Ele protestou sorrindo. Eu dei com os ombros. Brinquei com ele e o morango por mais umas duas vezes, até que ele segurou a minha mão e mordeu o morango de uma vez.

Ficamos conversando sobre histórias das nossas vidas, e ele me contou coisas de camarins e os presentes mais inusitados que havia ganhado de fãs. Eu ria de cada história, era engraçado ver tudo isso do ponto de vista dele. Após algum tempo o assunto parecia ter acabado, e ficamos num silêncio constrangedor enquanto ele tentava fazer uma pirâmide de uvas, e eu o observava.

— E você pretende fazer o que? – Ele perguntou quebrando o silêncio, e desistindo da pirâmide após a terceira ter desmoronado antes do fim.

— Como assim?

— Você me contou o passado dos seus pais. E os seus planos para o futuro?

— Eu sempre quis fazer um intercâmbio, conhecer outro país, outra cultura. Mas fora isso, eu pretendo me formar em pediatria.

— Leva jeito com crianças então?

— Parece que sim.

— E fora isso, por que quer fazer?

— Não tenho um motivo específico. Sempre gostei de crianças, apesar de não conviver com nenhuma. Quando eu era mais nova, eu falava para a minha mãe que queria que ela engravidasse novamente.

— E ela não queria?

— Não, ela já operou. Daí depois que eu entendi o que isso significava, comecei a insistir para que ela adotasse um bebê.

— E ela não quis também?

— Não, minha mãe já não tinha mais tempo para cuidar de uma criança, e depois que ela e meu pai se separaram, ficou ainda mais difícil.

— Faz quanto tempo que seus pais se separaram?

— Vai fazer três anos. Eu tinha quatorze na época, e faço dezessete, mês que vem.

— Ah é? Que dia?

— Dia dezoito.

— Dezoito, eu vou me lembrar.

— Vai nada!

— Vou sim.

— Não vai, sua memória é péssima.

— Você realmente me conhece viu.

— Conheço, e sei o quanto o senhor é desligado. – Toquei a ponta do nariz dele com o dedo indicador.

— Ainda bem que eu tenho ajuda.

— O Andrew não vai te lembrar o dia do meu aniversário.

— Mas quem falou em Andrew? Tecnologia, baby! – Ele tirou o celular do bolso.

— Ah, que sorte a minha então! – Zombei enquanto ele anotava na agenda. 



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