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História Diário de uma fã - Capítulo quatorze


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 14 - Capítulo quatorze


O dia seguinte amanheceu chuvoso, e meu pai saiu mais cedo da clínica para me levar até a rodoviária. Liguei para Emma enquanto esperava o ônibus e pedi desculpas por não ter ficado mais tempo com ela. A viagem foi tranquila, como prometido, passei a maior parte do tempo escrevendo, enquanto ouvia músicas melosas no iPod. Quando cheguei na rodoviária de Whitby notei que minha mãe ainda não estava lá, apesar de eu ter mandado várias mensagens avisando que eu estava chegando. Peguei o celular e tentei ligar para ela, mas só dava na caixa postal, e em casa ninguém atendia. Só me restava ligar para Frederico.

— Fred a onde você está? – Perguntei assim que ele atendeu ao telefone.

— Saindo do laboratório, por quê?

— Cadê a mãe?

— Não sei, eu estava trabalhando. – Ele disse impaciente.

— Fred vem me buscar?

— Buscar onde?

— Na rodoviária.

— Luíza agora eu tenho um compromisso.

— Fred, por favor! – Choraminguei.

— Liga para a mãe!

— Ela não está atendendo. Fred não custa, por favor! – Eu detestava ficar pedindo as coisas para o meu irmão, mais ainda assim era melhor do que ficar naquela rodoviária esperando minha mãe aparecer.

— Nossa, como você enche o saco garota. Daqui a pouco eu passo aí.

— Obrigada! – Eu disse animada, ele simplesmente desligou o telefone sem responder. Penso que Frederico tinha certa relutância em ser gentil comigo às vezes, mas parei de me importar com isso há muito tempo, quando cheguei à conclusão de que deveria ser da natureza dele ser rabugento.

Quando entrei no carro, Frederico não me disse uma só palavra, e durante a viagem apenas me perguntou como estava meu pai. Não comentei nada sobre Lily e nem dei o beijo que ela havia mandado, ou ele abriria a porta e me empurraria para fora do carro. Não sei se ele teria mesmo coragem de fazer isso, mas era melhor não arriscar. Fred me deixou na porta de casa dizendo que iria na casa de alguém, não prestei muita a atenção, queria entrar no meu quarto e ligar logo o computador para ver o que havia acontecido na minha ausência. Concluí que minha mãe estava em casa, já que a porta da sala estava aberta. Deixei a mala nos pés da escada e subi correndo para o quarto dela para perguntar por que ela não havia me buscado na rodoviária.

A porta estava fechada, e como de costume abri sem bater, me arrependendo um segundo depois. Dei de cara com uma das piores cenas que eu já tinha visto, talvez a pior. Levei a mão na boca subitamente, e pisquei os olhos para ter certeza se estava enxergando direito. De todo o meu final de semana, aquela cena era a única em que eu desejava realmente estar sonhando. Minha mãe estava deitada na cama, mas ela não estava sozinha, ela estava beijando o professor Bortolotto, o meu professor de história. Eu devia mesmo estar sonhando, ou melhor, tendo um pesadelo. Fiquei olhando aquela cena em choque, agradecendo por eles estarem devidamente vestidos, ou precisaria de anos de tratamento psicológico. Eu não sei quanto tempo levou para eles notarem a minha presença, pois tudo aconteceu muito rápido. Mas minha mãe deu um pulo da cama assim que me viu parada na porta com a boca aberta, e ficou mais vermelha do que a cor da sua blusa.

— Luíza, já chegou!

— Eu tentei te ligar. – Eu disse tentando recuperar a calma, enquanto olhava fixo para o professor Bortolotto, que agora estava sentado de costas para mim, sem dizer uma única palavra. – Você tem sorte de o Frederico não ter subido. – Eu disse para minha mãe e saí batendo a porta. Essas últimas palavras soaram menos ameaçadoras do que eu gostaria. Desci a escadas pegando minha mala, e a arrastando para cima sem me importar com o barulho que estava fazendo. Ainda estava em choque, e o que eu sentia era um misto de raiva e ânsia de vômito. É claro que minha mãe já havia tido outros encontros, e eu não a impedia de namorar, afinal, meu pai já era casado. Mas com sete bilhões de habitantes no mundo, ela tinha que escolher justo o meu professor de história? E não era qualquer professor, era simplesmente a pessoa mais insuportável da face da Terra, alguém que conseguia fazer o Frederico parecer um gatinho inofensivo. Coloquei a mala em cima da cama, e a deixei lá. A parte que eu menos gostava em ter que viajar era desfazer as malas, e nesse momento parecia ainda pior. Desci a escada novamente, ainda muito irritada, e fui direto para a cozinha, abrindo a geladeira sem a menor intenção de pegar nada. Por fim, peguei um pacote de biscoito no armário e me sentei na mesa. Tentei me concentrar em todo o meu final de semana e esquecer a cena que eu havia acabado de ver. Só o Shawn poderia me acalmar numa situação dessas, e eu já sentia saudades do seu sorriso bobo que me fazia esquecer o resto do mundo. Debrucei em cima da mesa, encostando a cabeça nos braços, e pensando em como gostaria de um abraço dele agora, aquele abraço quente e confortável, do qual eu não precisasse dizer nada, apenas ficar ali em seus braços, sentindo o seu cheiro doce, que para mim era o melhor cheiro do mundo.

Fiquei ali brincando com o pacote de biscoito ainda fechado, enquanto ouvia vozes na sala. Concluí que Bortolotto havia ido embora quando ouvi a porta da sala batendo, e resolvi voltar para o meu quarto. Estava subindo as escadas quando minha mãe me chamou.

— Que? – Disse me virando para olhá-la.

— Eu só queria conversar com você. – Ela disse se assustando com o meu tom de voz. Vi a expressão de piedade no rosto dela e me senti culpada por falar com ela daquele jeito, afinal, ela era minha mãe, e a última coisa que eu queria no mundo era fazê-la sofrer.

— Depois conversamos, mãe. – Eu disse ao me virar e continuar subindo as escadas. Apesar de não querer fazer nada para magoá-la, não conseguia ignorar aquela cena na minha cabeça.

— Luiza, por favor! – Ela pediu, mas eu continuei indo para meu quarto. Ao entrar abri a mala e comecei a tirar as roupas de dentro, colocando-as em cima da cama. Minha mãe entrou no quarto em seguida e começou a falar que tudo aconteceu muito rápido e que não gostaria que eu tivesse descoberto daquele jeito. Após algum tempo de explicações eu parei de mexer aleatoriamente nas roupas e a interrompi.

— Mãe, você está feliz? – Ela pareceu surpresa com a pergunta.

— Estou. – Ela respondeu desconfiada.

— Então está ótimo! – Ela ainda me olhava desconfiada, eu era uma péssima mentirosa. – Mãe está tudo bem, é sério. – Acrescentei. Ela me deu um meio sorriso e me abraçou. É claro que eu ainda não havia aceitado, não era tão simples assim. Mas eu não era egoísta ao ponto de impedir a felicidade da minha própria mãe, que em todos esses anos só tem me dado coisas boas, como amor e compreensão. Sejamos sinceros, compreensão na maior parte do tempo, mas ainda assim me sentia grata. E se ela havia escolhido o insuportável do meu professor de história como namorado, o mínimo que eu poderia fazer era aceitar, ou pelo menos tentar.

Quando minha mãe saiu do quarto eu continuei a tirar as coisas da mala, e enquanto mexia nas roupas encontrei a jaqueta preta de Shawn bem no fundo. Quase não consegui conter as lágrimas. Ali estava ela, a prova de que tudo aquilo havia acontecido realmente. A abracei o mais forte que eu pude, como se estivesse abraçando o próprio dono, e pude sentir o cheiro doce que ainda estava nela. E junto com ele me veio às lembranças, fechei os olhos e deixei que elas me invadissem. Lembranças de quando Shawn me abraçava e eu podia encostar a cabeça no seu peito, sentindo os seus braços quentes me envolvendo, sem me importar com mais nada no mundo, além de nós dois ali, desejando que aquele momento nunca acabasse. Quando abri os olhos ainda estava no meu quarto gélido e solitário, mas ainda assim tinha as lembranças, e me apeguei a elas como uma criança se apega ao seu ursinho de dormir. Olhei a jaqueta mais uma vez, absorvendo todas as lembranças que ela me proporcionava e a guardei dentro do guarda-roupa, embaixo de um outro casaco preto, que eu quase não usava. Voltei a vasculhar a mala de viagem, e achei a câmera que tinha levado para o show, rapidamente liguei o computador para passar as fotos. Ao abrir o conteúdo da câmera, percebi que havia uma única foto lá, mas não era qualquer foto, era a prova ainda maior do que a jaqueta, de que todo meu final de semana não havia sido fruto da minha imaginação. Coloquei a foto como papel de parede do computador, e fiquei admirando-a. Não me importava se ela deixava aparente a grande diferença entre eu e Shawn, e o quanto eu ficava completamente sem graça perto da sua beleza perturbadora. A única coisa que me importava é que ele estava lá, e eu estava ao seu lado, sendo iluminada pelo seu sorriso. Mais do que nunca me sentia totalmente dependente de Shawn, dependente de tudo que ele era, a ponto de não conseguir seguir em frente sem ter a certeza de que era por ele cada passo que eu dava a diante, sem saber que no final do caminho era ele quem estaria lá. Eu não sabia se o veria novamente, a única certeza que tinha era que o buscaria com todas as minhas forças, sabendo que cada quilômetro percorrido e cada obstáculo superado valeriam à pena quando eu estivesse novamente nos seus braços, sentindo o calor da sua pele, e o pulsar do seu coração, me dizendo que ali estava o meu mundo batendo, e a cada batida significa que eu o amaria cada vez mais.



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