Quando o show acabou eu ainda estava totalmente entorpecida por aquele espetáculo e fiquei olhando hipnotizada para o palco vazio enquanto as pessoas iam saindo do local. Já havia se passado muito tempo desde o fim do show, e eu estava à procura de Tom, quando encontrei novamente Geoff.
— Vem comigo. – Ele disse sorrindo. Mas dessa vez não me puxou pelo braço, e eu o acompanhei pela porta do camarim um pouco confusa e ansiosa. Ainda havia algumas pessoas circulando por ali, e a equipe de Shawn estava passando com cabos e equipamentos. Geoff abriu a porta e me deu espaço para passar, fechando-a em seguida. Então vi Shawn sorrindo para mim, e não resisti ao impulso de sair correndo e pular no seu pescoço.
— Eu disse que seria ótimo! Foi… Maravilhoso! – Disse tentando encontrar as palavras certas.
— Eu estou tão feliz! –Ele disse me abraçando pela cintura, me tirando alguns centímetros do chão.
— E eu estou feliz por você! – Eu disse beijando a sua bochecha. Ele voltou a me pôr no chão, encostando sua testa na minha, como eu havia feito. Tirou uma das mãos da minha cintura e colocou na minha nuca, enroscando os dedos nos meus cabelos. Fechei os olhos e pude sentir seus lábios nos meus, se movendo gentilmente. Senti como se estivesse flutuando, me sentindo segura apenas pelos seus braços me envolvendo. Então ele intensificou o beijo, intensificando também as batidas do meu coração. Eu não me lembrava mais a onde estávamos e nem como havíamos chegado até ali, a única coisa que eu pensava era em nunca mais sair dos seus braços. Então ele rompeu o beijo, e o soltei contrariada.
— Vamos. – Ele disse.
— Eu tenho que procurar o Tom.
— Você vai comigo. – Ele disse sorrindo, provavelmente me achando boba.
— Nós estamos no mesmo hotel?
— Sim. – Ele disse me puxando para fora do camarim, e só então percebi que era muito mais elegante do que o de Oshawa. Ainda havia pessoas passando pelo corredor e eu senti minhas bochechas queimarem quando elas nos lançavam olhares curiosos, já que Shawn estava me puxando pela mão, como costumava fazer. Saímos pelos fundos e já havia um carro esperando lá, Shawn abriu a porta para mim, entrando logo em seguida.
— E o pessoal da banda? – Perguntei assim que a van começou a andar.
— Uns já foram, e outros vão depois. – Ele respondeu vagamente. Então ele pegou minha mão em meu colo e entrelaçou nossos dedos, me causando borboletas no estômago. Assim que chegamos no hotel, o carro estacionou nos fundos e entramos pelo elevador de serviço. Estava feliz por participar da vida de Shawn e saber o que ele fazia quando saía do palco. Ele me guiou até o quarto dele, abrindo a porta para mim. Me sentei na cama, enquanto ele foi direto para o guarda-roupa, e fiquei olhando hipnotizada ele tirar a jaqueta e a camisa, revelando seu peito nu, me causando um estranho frio na barriga. Ele pegou uma camiseta no guarda-roupa, vestindo-a em seguida.
— Ficou bom? – Ele perguntou, se virando para mim.
— Ficou ótimo! – Era uma camisa preta de manga longa. Ótimo era um adjetivo fraco demais, ele estava fabuloso.
— Não, acho que vou passar calor. – Ele disse mais para ele mesmo do que para mim, e continuou a revirar o guarda-roupa. Fiquei sem entender para que toda aquela produção, enquanto ele tirava a camisa preta, colocando outra em seguida, dessa vez azul e de manga curta. – Melhor, não é? – Ele perguntou novamente.
— Você fica lindo de qualquer jeito. – Disse. E era totalmente verdade.
— Boba! – Ele disse rindo.
— Só estou sendo sincera. – Dei com os ombros.
— Vamos então?
— Vamos para onde? – Perguntei desconfiada.
— Você está em Nova Iorque, vamos aproveitar a cidade. – Fiz uma careta para ele. – Não quer ir? – Ele perguntou desconfiado.
— Eu adoraria, mas como você vai fazer para sair?
— Mas eu posso sair, não vou causar tumultuo.
— Não é esse o problema.
— Então qual é?
— Eu não gostaria de algo que é tão nosso fosse parar amanhã em um site de fofocas com uma manchete maldosa. – Ele entortou a boca um pouco e sentou na cama ao meu lado.
— Você tem razão. Eu não queria ter que te submeter a minha vida. – Ele disse olhando para o chão. Peguei o rosto dele com as mãos, e o virei para mim.
— Você não está me submetendo a nada que eu não queira. Mas se podemos evitar esse tipo de coisa, por que não fazer?
— Você está certa. – Ele disse pesarosamente enquanto beijava a minha testa.
— Tive uma ideia! – Disse me levantando.
— Que ideia? – Ele perguntou surpreso.
— Vem comigo. – Eu disse puxando-o para fora do quarto, quase não dando tempo para ele fechar a porta.
Estava batendo o pé enquanto o elevador não chegava, ansiosa para chegar logo ao saguão. Eu tinha uma ideia, e achava que tinha grandes chances de dar certo, só esperava que Shawn concordasse.
Shawn passou o tempo todo me olhando intrigado até chegarmos ao saguão, soltei a mão dele e fui direto para o balcão.
— Sr. Giane – Chamei o homem que estava parado de costas no balcão. Ele se virou rapidamente e veio ao meu encontro sorrindo.
— Posso ajudar?
— O senhor me disse hoje de manhã que teve uma festa a fantasia ontem aqui no hotel.
— Sim, foi uma ótima festa. O problema foi a bagunça que ficou. – Ele disse com os olhos em Shawn que acabara de parar atrás de mim.
— Será que alguém não esqueceu algum acessório de alguma fantasia por aqui?
— Ah claro, no fim da noite eles já não se lembram mais nem do que estão vestindo e deixam tudo espalhado pelo salão.
— E por acaso vocês guardam essas fantasias?
— Se eu não me engano está tudo guardado na dispensa para ser jogado fora depois.
— Então não teria nenhum problema se o senhor me emprestasse alguns, teria?
— Creio que não. Mas para que você iria querê-los senhorita? – Ele perguntou confuso.
— Para o nosso amigo aqui. – Eu disse baixinho, me aproximando dele.
— Ah sim, entendi! – Ele disse piscando para mim, me deixando envergonhada. Provavelmente ele não havia entendido era nada, mas eu não tinha tempo para explicações agora. – Horácio, leva esses dois jovens até a despensa dos fundos, fazendo favor? – Ele pediu para o rapaz que estava passando pelo balcão.
— Para que Sr. Giane? – Ele perguntou desconfiado.
— Não faça perguntas rapaz, apenas faça o que eu te falei.
— Desculpe senhor. Podem me acompanhar. – Ele acrescentou para nós num tom de exagerada formalidade.
— Obrigada Sr. Giane. – Disse para o homem, que sorriu abertamente. E acompanhei o rapaz puxando Shawn pelo braço.
— Eu não vou me fantasiar! – Shawn protestou entre os dentes. Ele parecia mais vermelho do que o normal.
— Não é uma fantasia, é só algum acessório que faça você passar despercebido.
— Eu realmente não preciso dessas coisas para sair.
— Vamos só dar uma olhada, tudo bem?
— OK. – Ele concordou de má vontade.
O rapaz nos indicou a porta da despensa e saiu assim que entramos. Era um quarto pequeno, com algumas prateleiras e vários produtos de limpeza. Eu vasculhava as prateleiras debaixo, enquanto Shawn olhava as de cima a procura das fantasias.
— Achei. – Disse, pegando uma caixa de papelão e colocando em cima de um velho aparador que tinha no canto. Abri a caixa e peguei um grosso cachecol de plumas rosa.
— Vai ficar lindo! – Eu disse colocando no pescoço do Shawn.
— Ah, claro. Para onde eu vou? – Ele zombou e eu ri. Continuei vasculhando e encontrei uma máscara preta.
— Vai ficar ainda melhor com essa máscara do Zorro. – Eu disse colocando-a nele. – Está lindo!
— Não melhor do que essa peruca em você! – Ele colocou uma peruca colorida na minha cabeça rindo, e em seguida um nariz de palhaço. – Pronto, ficou ótima!
— Acho que eu nunca estive tão bonita.
— Realmente esse cabelo ficou muito bom.
— Engraçadinho! – Ele deu risada. — Já que estamos os dois lindos, vamos assim então.
— Será que ainda tem algum circo aberto? Porque é o único lugar a onde vão nos deixar entrar. – Balancei a cabeça rindo.
— Queria ter trazido minha câmera para registrar esse momento único.
— Não seja por isso. – Ele tirou o celular do bolso. – Diga xis! – Ele disse me abraçando, e eu sorri involuntariamente pelo seu sorriso bobo. Ele me mostrou a foto, estávamos realmente muito engraçados, mas ainda assim eu havia gostado muito mais do que a outra. Pois essa não deixava tão aparente toda a nossa diferença física, e os sorrisos estampados nela transmitiam a felicidade que estávamos sentindo nesse momento.
— Ah, perfeito! – Eu disse pegando uns óculos no fundo da caixa, enquanto Shawn tirava os apetrechos que eu havia colocado nele. Os óculos eram grandes, a armação era preta e antiga, e a lente parecia grossa. Coloquei na frente dos olhos e percebi que não tinha grau. – Ele é ótimo!
— Eu não vou usar isso. – Ele protestou enquanto eu colocava os óculos nele.
— Você ficou um lindo nerd! – Disse sinceramente. Não era possível que nem uns óculos fundo de garrafa podia ofuscar a beleza estonteante dele.
— Não, eu devo estar horrível!
— Não, não está. Ah Shawn, por favor, vai ser divertido!
— Divertido para você que não vai precisar usar nada.
— Eu posso usar um também se você quiser. – Disse voltando a vasculhar a caixa.
— Não precisa. – Ele disse me puxando para os seus braços. – O que você não me pede que eu não faça? – Ele disse tirando a peruca da minha cabeça e o nariz de palhaço, colocando-os de volta na caixa.
— Ah é? Então eu posso pedir qualquer coisa? – Perguntei olhando dentro dos seus olhos, sentindo-os queimar nos meus.
— Pode.
— Então me beija! – Sussurrei. Ele sorriu, colocando uma das mãos no meu pescoço, acariciando minha clavícula com o polegar. Eu sentia meu coração bater cada vez mais forte, enquanto ele se aproximava roçando o nariz no meu. Fechei meus olhos e senti seus lábios no meu queixo me causando calafrios. Ele subiu sua boca, encontrando a minha, e mordiscou de leve o meu lábio inferior. Então sua mão que estava na minha cintura me puxou para mais perto dele, enquanto ele me beijava intensamente. Me perguntei se nunca perderia essa sensação de fogos de artifício, e desejava imensamente que não. Apesar de todas aquelas sensações que Shawn me fazia sentir causassem medo no início, eu adorava senti-las, pois eram únicas e eram dele, por ele.
Shawn se afastou e eu fiquei olhando-o por alguns segundos. Como ele conseguia ser tão lindo? Como seus olhos conseguiam ser tão penetrantes a ponto de fazer meu coração querer sair pela boca? Ele me transmitia uma segurança incrível, e me fazia sentir o amor mais lindo que um coração pudesse sentir. Eu poderia chamá-lo de anjo, mas preferia chamá-lo de ídolo.
— Vamos então? Jake deve estar esperando.
— Ele vai com a gente?
— Não é tão fácil assim se desvencilhar dele. – Ele disse rindo.
— Tudo bem. – Dei com os ombros. Pelo pouco que havia falado com Jake ele parecia ser uma boa companhia. Shawn me puxou até o saguão, parando em frente a recepção e pegando o celular no bolso.
— Onde você está? – Ele disse após alguns segundos com o telefone no ouvido. – Ok, desce aqui para o saguão que eu estou esperando. – E desligou, arrumando o cabelo no espelho a nossa frente. — Eu ainda estou reconhecível! – Ele disse fazendo uma careta.
— É verdade. – Disse pensativa.
— Espera um minuto. – Ele disse saindo.
— A onde você vai?
— Lá no quarto, se o Jake chegar diz que eu já volto. Assenti e ele saiu pegando o elevador.
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