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História Diário de uma fã - Capítulo três


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 3 - Capítulo três


As aulas de quinta-feira passaram devagar, cada segundo de espera até sábado parecia uma eternidade. Quando soou o sino do intervalo, saí em direção ao pátio com Julia, como de costume.

— Algum progresso com a sua mãe?

— Nada, acho que não vai adiantar mesmo.

— Ah Julia, você não podia perder esse show.

— Eu sei, eu fico triste por não poder ir também.

- Não fica assim, eu te trago um autógrafo.

— Obrigada, tomara que você consiga entrar no camarim. — Ela cruzou os dedos.

— Tomara. Amanhã já vou, nem acredito!

— Vai dar tudo certo, você vai ver. — Julia disse me abraçando.

— Olha que cena mais linda, a caipira e a roceira. — Falou uma voz atrás de nós. Me virei para olhar.

— O que você quer, Marion? — Marion era uma garota ruiva da minha sala, a quem eu fazia o máximo para ignorar.

— Nada, só estava olhando essa emocionante cena no corredor. — Ela passou por nós acompanhada de Letícia e Juliana, duas garotas que mais pareciam empregadas de Marion do que amigas, e se virou logo em seguida.

— A propósito, vai ao show sábado?

— Claro, não perderia por nada.

— Que ótimo, pois eu não vejo a hora de reencontrá-lo. — Ela sorriu me provocando.

— Então nós nos veremos lá.

— É claro que você me verá, no camarote, ao lado da irmã dele. — Ela me olhou dos pés à cabeça e saiu andando.

— Eu tenho vontade de arrancar todos os cabelos dessa menina. — Eu disse cerrando os punhos.

— Vou estar no camarote ao lado da irmã dele! — Julia disse imitando a voz de Marion.

Eu detestava aquela garota, ela era empenhada em acabar com a minha vida desde quando comecei a namorar Matheus, e mesmo depois que terminamos, ela não me deixou em paz, foram dois anos e oito meses de tortura, e eu me pergunto constantemente quando chegará o dia em que ela irá se cansar. Desde que ela descobriu que eu sou fã do Shawn que não para de jogar na minha cara que conheceu ele, e até virou amiga da irmã dele. Não posso negar que isso me afetava de certa forma, eu nunca tinha conhecido o Shawn, nem a Aaliyah. Mas por diversas vezes me peguei sonhando acordada em estar namorando o Shawn e sair para fazer compras no shopping com a irmã dele. Marion sabia disse e se divertia com a situação.

— E aí já escolheu a roupa que vai usar? — Julia perguntou quando chegamos às mesinhas no pátio.

— Claro, escolhidas a dedo.

— E nem me falou nada?

— Vai à minha casa hoje à tarde e eu te mostro tudo.

— Está bem, você volta quando?

— Segunda-feira à tarde. — Disse enquanto separava as jujubas pela cor, para comer primeiro as rosas.

— Vai perder dois dias de aula?

— Sim, acredite não foi nada fácil conseguir que a minha mãe concordasse.

— Ela está sendo bem legal. — Disse Julia me roubando as jujubas amarelas.

— É, está sim. Quem não está sendo nada legal com isso é o Frederico.

— Lá vem você implicar com o seu irmão! — Julia revirou os olhos.

— Eu não implico com ele, ele é quem implica comigo. Você acredita que ele não quis me levar até a rodoviária?

— Por que não quis?

— Simplesmente não quis. Deve ser porque minha mãe não quis comprar outra chuteira para ele e está me dando dinheiro para ir ao show.

— Ele está certo, direitos iguais a todos.

— Certo nada, ele trabalha, pode comprar a própria chuteira.

— Ele trabalha meio período no laboratório, não ganha muito.

— Mas eu mereço, ele não.

— Mudando de assunto, eu vi o site do Shawn, e ele não vai ter show na sexta, nem no domingo.

— Eu vi, ele merece descansar!

— Você acha possível ele ficar domingo por lá?

— Eu não tinha pensado nisso. Em todo caso, Oshawa é grande, vou me concentrar em ver ele no show, é mais fácil.

— É verdade.

Após o sinal, voltamos para a sala e as últimas aulas foram ainda mais demoradas em meio às provocações de Marion.

Julia passou na minha casa mais tarde para me ajudar a arrumar a mala, e aproveitei para ligar para o meu pai, para perguntar se estava frio, apesar de ele dizer que não, resolvi levar um casaco para prevenir. 

 

 

Tive que esperar uma hora na rodoviária, pois minha mãe só podia me levar a caminho do trabalho, e Frederico se recusou a fazer essa gentileza. Aproveitei para ligar para Emma, minha amiga do fã-clube, que mora em Oshawa.

— Fala! — Ela me atendeu com a voz sonolenta.

— Bom dia flor do dia! — Disse animada.

— Isso são horas, sua louca?

— Deus ajuda quem cedo madruga, já ouviu falar?

— Ah fala sério! — Ela riu.

— Você não devia estar na escola agora?

— Você não ligou para me fiscalizar, não é? — Ela zombou.

— Não, liguei para perguntar se está tudo certo para amanhã à noite!

— Tudo certo comandante! — Eu ri.

— Vou pegar o ônibus daqui a pouco, e em mais ou menos três horas eu chego aí.

— Está forte hein!

— E a senhora está bem engraçadinha para o meu gosto! — Ela riu.

— Então está tudo certo, você me liga quando chegar?

— Ligo.

— Então agora pode me deixar dormir?

— Tudo bem dorminhoca, sonha com o Shawn, eu deixo!

— Com certeza eu vou sonhar!

Ainda estava rindo quando desliguei o telefone. A viagem foi demorada e cansativa, mas os fones de ouvido ajudaram. Meu pai já me esperava na rodoviária quando eu cheguei.

— Seja bem-vinda! — Ele disse ao me abraçar.

— Que clichê pai, mas é bom te ver! — Ele me ajudou a colocar as malas no carro. Meu pai era bem jovem, e na maioria das vezes estava bem-humorado. Lembrava muito o Frederico, exceto pelos olhos que não eram claros e os cabelos que já estavam ficando grisalhos.

— Como estão a sua mãe e o Fred?

— Estão bem, mandaram beijos.

— Que bom, manda outro a eles.

— E como está a Lily?

— Está bem, está te esperando em casa, a Roberta também está muito animada para o show.

— É um grande show!

— Faz tempo que você não vinha para cá.

— Desde o seu aniversário.

— É verdade, abriu um shopping perto de casa, a Roberta pode te levar lá se quiser.

— É uma boa, faz tempo que não sei o que é um shopping. Adoro Whitby, mas não há muito o que se fazer lá.

— Mas isso nunca foi um problema para você.

— Pai você saiu de Whitby eu tinha quinze anos, eu não saia muito.

— E agora mudou alguma coisa?

— Não. — Eu admiti sorrindo.

— Você sempre foi muito caseira, ao contrário do seu irmão.

— O Frederico sempre teve mais amigos.

— Você não tem muitos amigos porque não quer, é uma menina linda, simpática, educada…

— Pai!

— O que? — Ele olhou para mim.

— Menos!

— Mas é verdade!

— Estou satisfeita com a amizade da Julia e das meninas do fandom.

— Fandom?

— É, do Shawn. São fã clubes.

— Ah, o garoto que vai cantar aqui amanhã.

— Ele mesmo.

— E essas meninas moram em Whitby?

— Não, conheço elas pela internet.

— Cuidado Luiza, na internet tem muita gente que mente e só quer se aproveitar de você.

— Eu sei pai, relaxa que elas são de confiança. — Finalmente chegamos à casa do meu pai, mais dois minutos daquela conversa e eu piraria. Eu sabia que agora ele começaria a falar de todos os riscos de conhecer alguém pela internet, e que ninguém é de confiança. Eu não o julgava, ele ficava apenas preocupado. Desci do carro rapidamente pegando minha mala com a ajuda do meu pai. A casa era elegante, com um jardim na frente e muitas janelas. Lily estava esperando na sala quando entramos.

— Luiza que bom te ver! — Ela disse me dando um rápido abraço.

— Oi Lily, como vai?

— Bem, e a sua mãe e o Frederico? — Ela sempre era gentil, e fazia de tudo para agradar, e tanto eu, quanto a minha mãe éramos legais com ela, mas ainda assim era estranho para mim.

— Estão bem, mandaram beijos. — É claro que Frederico não havia mandado nada, mas eu não precisava desapontá-la.

— Manda outro para eles. Quer comer alguma coisa?

— Não, já comi. Minha mãe encheu a minha bolsa de salgadinhos e refrigerantes.

— Ah sim, mas se sentir fome tem torta no micro-ondas e bolo na geladeira.

— Tudo bem, obrigada. — Ainda estava parada no meio da sala, não podia negar que me sentia um pouco desconfortável ali.

— A Roberta está no quarto, se quiser ir lá falar com ela, deixa que seu pai leve as malas para você.

— Vou sim. — Sai da sala enquanto meu pai pegava minha bagagem. Bati na porta do quarto de Roberta.

— Entra. — Abri a porta, e ela estava sentada no computador ouvindo música.

— Olá. — Eu disse meio sem graça, não conversava muito com ela.

— Luiza, já chegou! — Ela veio me dar um abraço. Com seus cabelos cacheados e sobrancelhas perfeitamente arqueadas, ela parecia bem melhor do que da última vez que eu a vi.

— Cheguei agora mesmo.

— Senta aí. — Ela disse apontando para a cama enquanto voltava para o computador. O quarto de Roberta não era grande, mas era bonito, com vários pôsteres de bandas na parede e os móveis escuros.

— O que você está fazendo? — Perguntei.

— Só olhando alguns sites. — Ela deu com os ombros.

— A equipe do Shawn postou alguma coisa?

— Não, nada de novo. — Fiquei olhando as fotos no porta-retratos em cima da penteadeira, era uma criança no colo de um homem dos olhos e cabelos negros.

— É seu pai? — Perguntei apontando para o porta-retratos.

— Sim.

— Ele mora aqui em Oshawa?

— Ele morreu quando eu tinha dez anos.

— Oh, sinto muito. — Percebi que nunca havia perguntado ao meu pai sobre o ex-marido de Lily.

— Tudo bem, já faz tempo.

— Ele era um homem bonito. — Disse ainda olhando para o porta-retratos.

— Era sim, e um bom pai também. — Ela disse também olhando para a foto. — Mas então, eu combinei com uma galera de ir ao show amanhã, você vai com a gente ou já tem companhia?

— Eu vou com uma amiga, mas podemos ir todos juntos.

— Ótimo!

— A propósito, vou ligar para ela. — Disse ao me levantar e sair.

Entrei no quarto ao lado, onde minhas malas estavam. Meu pai havia feito um quarto na casa para quando eu ou o Frederico viéssemos visitar. O quarto era decorado com cores claras para agradar a nós dois, apesar do Frederico apresentar certa resistência em vir para cá, ele ainda não havia aceitado muito bem o fato de meu pai ter se casado de novo, tornando assim a convivência complicada.

— Já chegou? — Emma atendeu rapidamente.

— Oi dorminhoca, até que enfim levantou!

— E você não dorme não?

— Dormir é para os fracos! — Ela riu.

— Vai vir aqui hoje?

— Não sei, vai que meu pai está certo e você é um velho tarado disfarçado de adolescente.  — Eu zombei.

— Ah claro, quero abusar de você! — Nós duas rimos. — Ele disse isso?

— Não, só ficou falando dos riscos de conhecer alguém pela internet.

— Ele está certo.

— Sobre você ser um velho tarado?!

— É, sobre isso também! — Eu ri.

— Me diz a onde fica a sua casa. — Peguei minha agenda na bolsa e comecei a fazer rabiscos conforme ela foi explicando. 



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