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História Diário de uma fã - Capítulo trinta e dois


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 32 - Capítulo trinta e dois


A semana começou conturbada com o início das provas bimestrais, e com tudo que estava acontecendo era difícil me concentrar. Ainda assim creio que não teria problemas, pois já sabia quase tudo das matérias. Estava estudando quando Shawn me ligou na terça, mas desligou rapidamente dizendo que não queria me atrapalhar. E apesar de eu ter protestado ele insistiu que não queria ser o causador de uma nota baixa. Como se ele precisasse, eu conseguia fazer isso por conta própria. Na quarta-feira foi a prova do Bortolotto, e eu quase tive uma síncope quando virei a folha. Deveria ter umas quarenta questões, todas dissertativas e nada do que eu estudei. No final havia uma pergunta valendo quase metade da prova, que eu não fazia ideia de qual era a resposta. Estava indignada, eu havia estudado todos os capítulos, pulando apenas as observações embaixo das figuras. Mas que tipo de pessoa tiraria perguntas de observações e rodapés? Mas é claro, estamos falando de Bortolotto. Na sexta-feira, estava arrumando minhas coisas para ir embora quando Matheus parou em frente à minha carteira.

— Oi Matheus. – Disse surpresa, não havia falado com ele desde o meu aniversário.

— Oi Luiza, tudo bem?

— Tudo sim. Algum problema? – Perguntei enquanto ele continuava parado me olhando.

— Amanhã é aniversário do meu pai.

— Ah é verdade. – Eu sempre fui muito boa em guardar datas, mas ultimamente estava com a cabeça cheia de coisas demais para me lembrar.

— Então, ele vai fazer uma festa. Bom, não é bem uma festa, é mais uma comemoração. E pediu para te chamar. – Fiquei olhando para ele ainda mais surpresa, não sabia o que dizer. Não queria me aproximar de Matheus, nem decepcionar Shawn. Não que fosse acontecer alguma coisa, mas se Shawn se sentia incomodado eu não iria ficar dando motivos. Mas ainda assim o senhor Alencar sempre foi muito simpático comigo, e eu gostava muito dele.

— Claro. – Disse, pois ele continuava me olhando intrigado. Decidi que ficaria só algum tempo, o suficiente para não magoar o pai de Matheus, nem deixar Shawn desconfiado. – Tem algum problema se eu levar a Julia comigo?

— Nenhum.

— Está bem então.

— Quer que eu te busque?

— Não, não é necessário.

— Tudo bem, começa as sete.

— OK. Até amanhã as sete. E agradece seu pai pelo convite.

— Está bem. – Peguei as minhas coisas e saí da sala, e ele me acompanhou até o portão.

Fui para casa sozinha, já que Julia havia saído mais cedo para ir ao dentista. Entrei em casa pensando no que deveria fazer, não estava nos meus planos ir em uma festa e agora teria que comprar um presente. Liguei para minha mãe e pedi para ela comprar qualquer coisa no horário de almoço e ela disse que se desse tempo compraria, pois estava cheia de trabalho. Passei o dia inteiro no computador, graças a Deus as provas haviam acabado. E minha mãe voltou mais tarde trazendo uma caixa de chocolate toda enfeitada.

— Chocolate, mãe? – Perguntei surpresa.

— Não sabia o que comprar Luiza, e estava sem tempo. Todo mundo gosta de chocolate.

— Mas o Seu Valdir é diabético!

— Então compra você alguma coisa amanhã. – Ela disse indo para o quarto dela. Já vi que teria que me virar sozinha.

Liguei para Julia e combinei de irmos ao centro no outro dia cedo para procurar alguma coisa. No ano passado havia dado um avental de churrasco para ele, mas era sempre Matheus que me ajudava com os presentes, e agora estava perdida sem saber o que comprar. Não poderia nem cogitar a possibilidade de pedir ajuda para Shawn, pois tinha medo da reação dele ao saber que eu estava atrás de um presente para o pai de Matheus. Não que isso tivesse algum problema, mas ele ficava meio estranho em relação a isso. Acho que também ficaria assim em relação a ex-namorada dele, e me sinto imensamente grata de ele não dizer absolutamente nada sobre ela. Liguei para meu pai e pedi para ele me ajudar, ele sugeriu coisas como artigos esportivos, e disse que se eu ficasse com dúvida era para escolher um vinho, pois era elegante e não teria como errar.

No sábado eu e a Julia pegamos carona com a minha mãe para o centro e passamos a manhã inteira andando entre as lojas a procura de alguma coisa, vimos desde canecas a camisas, mas resolvi optar pelo vinho, já que não fazia ideia do que escolher. Escolhi um vinho branco em uma caixa de madeira, e achei bem bonitinho até os enfeites e o laço. Fui para sorveteria com Julia tomar milk shake enquanto esperava minha mãe sair da palestra que ela estava participando.

Não estava muito animada em sair, mas não faria desfeita. Então assim que cheguei em casa fui escolher a roupa que usaria. Escolhi um vestido azul, sem me importar que já haviam me visto com ele. Como não estava com Shawn, não precisaria usar salto, então peguei um sapato baixo, uma bolsa e a pulseira que a Lily me deu.

Frederico iria sair à noite, e pedi para que ele nos deixasse na festa, pois seria caminho, e ele concordou para minha surpresa.

Julia estava fantástica num vestido rosa e sandálias de salto cromado, e até a deixei sentar no banco da frente do carro com a esperança de Frederico reparar, mas ele pareceu nem notar.

— Ficou boa essa roupa, Fred? – Ela perguntou assim que ele estacionou em frente à casa de Matheus.

— Oi? – Ele disse distraído. – Ah, está legal!

— Que bom! – Ela disse ficando vermelha e saindo do carro.

— O que foi isso? – Perguntei para ela dando risada.

— Nada. – Ela respondeu suspirando. Revirei os olhos e toquei a campainha. Não que eu não quisesse que minha melhor amiga namorasse meu irmão, mas Julia parecia não notar que Frederico a via como uma irmã. Talvez uma irmã menos chata, mas uma irmã. Foi Matheus quem atendeu o portão e pediu para que entrássemos. Não havia muitas pessoas na festa, cumprimentei algumas conhecidas e me dirigi para o senhor Valdir, que estava na churrasqueira.

— Luiza, há quanto tempo! – Ele disse sorrindo.

— Como vai seu Valdir? – Cumprimentei meio sem graça, o abraçando. – Parabéns.

— Obrigada. – Ele disse enquanto eu o entregava o vinho. – Não precisava de presente, filha.

— Imagina. Eu espero que eu senhor goste. – Eu disse enquanto ele abria a caixa, mas fui interrompida por uma senhora me abraçando.

— Luiza querida, que bom te ver! – Era a dona Tereza, a mãe do Matheus.

— Ah, olá dona Tê! – Era assim que as pessoas a chamavam.

— Está bonita.

— Obrigada, a senhora também.

— Imagina, querida. Não é à toa que o Matheus só falou de você todo o tempo que estávamos no Brasil.

— Ah. – Disse completamente envergonhada.

— Mãe! – Matheus protestou.

— O que foi querido? Só estou falando a verdade. – E o resto da noite foi assim, dona Teresa me puxando para lá e para cá me chamando de nora, por mais que eu dissesse que eu e Matheus éramos só amigos agora.

Seu Valdir pareceu adorar o vinho e disse que o guardaria para uma ocasião especial. Quando consegui me desvencilhar dos pais de Matheus, me sentei com Julia em um canto, e ela disparou a falar de Frederico, de como ele era lindo e que ele havia reparado a roupa dela. Fiquei aliviada quando a noite acabou e seu Valdir nos levou para casa.

Uma música estava tocando muito longe, e eu conhecia aquela voz. Eu buscava aquela voz e ela se aproximava cada vez mais de mim, ficando cada vez mais audível. Eu queria ouvi-la, ela me fazia bem, e agora ela estava ainda mais perto.

Acordei assustada com o celular tocando, olhei o número no identificador e meu coração palpitou ao ver que era ele.

— Oi. – Atendi sonolenta.

— Posso te ver? – A voz de Shawn soou estranha do outro lado. Sentei na cama tentando olhar a hora no relógio na parede.

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntei um pouco atordoada pelo sono.

— Não, só preciso te ver.

— A onde você está?

— Aqui perto. Pode me encontrar daqui a pouco?

— Posso, claro.

— Obrigado.

— Te vejo daqui a pouco então. – Desliguei o telefone preocupada. Lavei o rosto, ajeitei o cabelo e saí correndo. Quando cheguei a sala foi que percebi que ainda estava descalço e de pijama. Voltei para o meu quarto depressa, troquei apenas a calça do pijama por um jeans, coloquei um casaco por cima da blusa, peguei os sapatos e saí apressada. Congelei no topo da escada ao ver uma luz acesa, me abaixei assim que vi Frederico saindo da cozinha. Esperei até que ele desaparecesse nas escadas e desci até a porta da sala tomando cuidado para não fazer barulho. Já estava acostumada com aquela rotina, mas era mais propensa a desastres quando estava nervosa.

Não haviam pessoas nas ruas, mesmo sendo sábado à noite, ou melhor, domingo de manhã, estava tarde demais para ter alguém circulando por ali. Cheguei à pequena praça vazia e me sentei no mesmo banco de sempre enquanto esperava ansiosa. Não demorou muito tempo até que eu pudesse ouvir seus passos, me virei e o vi vindo em minha direção. Como todas as outras vezes, Shawn vestia uma blusa de frio cinza. Me levantei sorrindo para ele, mas dessa vez ele não sorriu de volta, e alguma coisa na sua expressão fez o meu sorriso congelar e minhas pernas tremerem. Ele parou a alguns centímetros de mim e ficou me olhando sem dizer nada. Com um movimento rápido ele me abraçou, e eu retribuí o abraço um pouco assustada enquanto ele me apertava cada vez mais forte. Foi só então que percebi que ele estava chorando e suas lágrimas caiam no meu ombro, molhando meu casaco. Senti um aperto no coração, estava totalmente sem reação. Shawn estava ali chorando nos meus braços e eu não sabia nem o que dizer.

— O que houve? – Perguntei baixinho. Ele me soltou enxugando as lágrimas com as mangas da blusa enquanto sentava no banco.

— Não foi um bom show. – Ele respondeu enquanto eu sentava ao seu lado.

— Foi a plateia? O que eles fizeram? – Perguntei enquanto enxugava as lágrimas que ainda caíam dos seus olhos. Como era doloroso vê-lo assim.

— Não foi culpa deles. – Ele parecia arrasado e isso me cortava o coração. – Mas não foi culpa minha, eu fiz o que eu podia, eu juro. – Sua voz saia desesperada e as palavras atropelavam umas às outras.

— Calma, me conta o que houve.

— Por favor, não me pergunta nada agora, só me abraça. – Ele deitou no meu colo, as lágrimas rolando pelo seu rosto em meio aos soluços, enquanto ele abraçava a minha cintura. Acho que a coisa mais difícil que uma fã pode suportar é ver o seu ídolo chorar. É como se uma parte do seu coração fosse arrancada, e a cada lágrima derramada é como uma lâmina sendo enfiada no seu peito. Quando dói no meu ídolo, dói muito mais em mim, porque quando as pessoas o machucam, elas estão machucando também meu coração, minha vida e o meu mundo. E eu estava abraçando o meu mundo naquele momento, para que ele não desmoronasse nos meus braços. Eu precisava ser forte, precisava acalmá-lo, mas vê-lo naquela situação havia me devastado por dentro, e a minha vontade era sair correndo e dar um soco em quer que tenha deixado ele assim.

Eu nunca pensei que um dia iria vê-lo nessa situação, o seu sorriso foi sempre o que me deu forças e agora na ausência dele eu precisava continuar forte para protegê-lo de todos que o faziam mal. Eu gostaria de poder defende-lo de todas as coisas ruins que existem no mundo e dizer que eu sempre estarei aqui para ajudá-lo, para que ele possa continuar levando a felicidade para todos por onde passa.

— Quer conversar sobre isso? – Perguntei algum tempo depois de ele parar de chorar. Ele balançou a cabeça negativamente.

– Tudo bem. – Disse enquanto me curvava e beijava a sua testa delicadamente. Me sentia completamente incapaz, eu queria poder tirar toda aquela dor que ele estava sentindo. Queria poder sofrer no lugar dele, para não vê-lo assim, para não ter que sentir meu coração despedaçar e meu mundo desmoronar, me fazendo perder o chão.

— Eu estou aqui só molhando a sua blusa. – Ele disse após um longo silêncio doloroso.

— Você pode molhar a minha blusa o quanto quiser. O bom é que já economiza água para lavar! – Ele sorriu. Como era bom ver aquele sorriso novamente, era como se renascesse algo novamente dentro de mim. Como se eu finalmente sentisse o chão sob meus pés, após passar muito tempo caindo em um buraco negro.

— Obrigado por estar aqui, e ter me dado o abraço que eu tanto precisava. – Senti meu coração batendo mais forte com aquelas palavras.

— Essa fala é minha. – Disse fingindo indignação. E ele sorriu novamente. Queria poder eternizar aquele sorriso para ele nunca mais sair do seu rosto, pois era ele que despertava tantos outros espalhados pelo mundo. Passei a maior parte da noite em silêncio enquanto eu mexia no seu cabelo, e sua expressão já estava melhor quando ele disse que teria que ir embora. Fiz ele prometer que me ligaria quando chegasse, não queria deixá-lo, mas ele sorriu me encorajando. E então o deixei naquela praça com o coração nas mãos.



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