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História Diário de uma fã - Capítulo trinta e três


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 33 - Capítulo trinta e três


Como prometido Shawn me ligou assim que chegou em Toronto, me garantindo que estava bem, e só então eu consegui dormir. A semana começou conturbada com as notas das provas bimestrais, eu não havia sido um sucesso em nenhuma, mas até então estava tudo normal. Na quarta-feira o professor Bortolotto começou a distribuir as provas no fim da aula, enquanto eu terminava de copiar a matéria da lousa.

— Srta. Villar, vem aqui um instante. – Ele chamou. Me levantei e fui até a mesa dele de má vontade.

— Sim, professor.

— As suas notas estão muito ruins, se a senhorita não melhorar, eu serei obrigado a falar para a sua mãe te deixar sem internet.

— Fazer o que? – As palavras dele não estavam fazendo muito sentido.

— Você passa muito tempo atrás daquele cantorzinho e deixa de estudar.

— Isso não é da sua conta, e o senhor que não ouse colocar isso na cabeça da minha mãe! – Eu estava completamente alterada, ele não tinha esse direito sobre mim.

— Se está prejudicando suas notas é preciso cortar. – O tom de voz dele continuava calmo e contido, o que me tirava ainda mais do sério. Quem era Bortolotto para dizer o que eu devia ou não fazer? Ele não tinha o direito de julgar se Shawn atrapalhava ou não meus estudos. Eu não tolerava nem que Frederico que é meu irmão falasse algo de Shawn, quanto mais alguém que eu mal conheço e já não suporto.

— Não se mete na minha vida. Você é o namorado da minha mãe, mas você não é o meu pai! – Ele nunca iria chegar nem aos pés do meu pai, e o fato de ele querer substituí-lo me irritava completamente.

— O que está acontecendo aqui? – A orientadora perguntou aparecendo na porta, e só então eu percebi que estava gritando.

— Nada, Sra. Goulart. – Disse Bortolotto, e eu voltei para o meu lugar ainda indignada.

Estava no meu quarto quando minha mãe chegou na quinta-feira balançando uma folha na minha frente, que rapidamente reconheci ser minha prova de história. Ouvi horas de sermão enquanto desejava matar Bortolotto lentamente. Contei para Shawn assim que ele me ligou, e ele me disse para ter um pouco mais de paciência que logo as coisas se ajeitariam. É fácil para ele pedir paciência, não era ele que tinha que lidar com seu professor de história insuportável enfiado na sua casa todos os dias.

Estava sentada no sofá no sábado, rabiscando a última folha do caderno da escola. Bortolotto estava assistindo ao jogo de futebol, e eu queria poder tirar o controle remoto da mão dele. Mas provavelmente minha mãe gritaria comigo, e eu ouviria mais uma hora de sermão. Ela havia retirado a minha internet, alegando que eu estava ficando louca por causa do Shawn. Mal sabe ela que a internet é o que menos importa agora. Não posso culpá-la por pensar assim, pois ela não sabe o que está se passando. Mas ela deveria saber que meu amor pelo Shawn não é influenciável por falta de internet. Não é algo que ela, nem eu mesma possa mudar. Porém eu já estou acostumada com as pessoas me criticando, e não estou falando somente de Frederico. Algumas pessoas criticam o meu modo de olhar meu ídolo, dizem que é errado tratar um ser humano com tanta devoção, e não entendem o amor de uma fã que é capaz de chorar pelo seu ídolo. Eu não sei dizer se isso é errado, e também desconheço a razão. Mas o meu amor pelo meu ídolo é algo que vai além do entendimento e palavra nenhuma consegue explicar. E por mais que tentem, esse é um sentimento que ninguém nunca vai conseguir tirar de mim.

A porta da sala se abriu, e Frederico entrou, mas ele não estava sozinho. Sendo puxada pela mão, logo atrás dele, estava uma moça de cabelos compridos, olhos grandes e sorriso bonito. Eu estranhei a cena, afinal, ela nunca havia acontecido antes. Eu me lembro quando trouxe Matheus em casa, e Frederico fez um escândalo. Me pergunto se trouxesse o Shawn aqui o que ele faria.

— A onde a mãe está? – Fred perguntou.

— Na cozinha. – Ele saiu deixando a moça sem graça na sala. – Senta aí. – Falei apontando para o sofá, e fechando o caderno em seguida.

— Obrigada. – Ela disse ao se sentar ao meu lado.

— Meu nome é Luiza. – Estendi a mão, estava achando a cena muito engraçada.

— O meu é Christina, mas pode me chamar de Cris. – Ela disse apertando a minha mão. – Ouvi falar muito de você, Luiza.

— Eu imagino… Com certeza muito mal.

— Ah não, ouvi falar bem.

— Não precisa ficar com vergonha, eu conheço o meu irmão. – Ela sorriu timidamente, e em seguida houve um silêncio constrangedor entre nós. – Adorei o seu cabelo! – Elogiei tentando puxar assunto. Eu nunca fui muito boa em “fazer sala” a alguém, mas o cabelo dela era realmente bonito.

— Obrigada, o seu também é lindo. Sempre quis deixar as pontas onduladas assim.

— O segredo é muito baby liss.

— Sério? Achei que fosse natural.

— Não, brincadeira. É natural sim, e não fica liso de jeito nenhum.

— E o meu não fica enrolado. – Ela me parecia bem legal, comecei a me perguntar o que uma garota assim estaria fazendo com o meu irmão. – O Frederico está demorando na cozinha.

— Você está nervosa, não é?

— Um pouco.

— Eu me lembro quando fui conhecer os pais do meu ex-namorado, não sabia nem a onde colocar as mãos.

— É exatamente assim que eu me sinto! – Ela deu um sorriso nervoso.

— Vocês estão juntos há quanto tempo?

— Não tem nem um mês! – Ela disse como se mal acreditasse nas próprias palavras.

— E ele já te trouxe aqui? – Perguntei surpresa, descobrindo o motivo da bipolaridade recente de Frederico.

— Então, te juro que foi ele quem insistiu.

— Nossa! Ele deve ter gostado mesmo de você, porque ele nunca trouxe nenhuma outra garota em casa.

— Sério? Ele me disse que já teve outras namoradas.

— Teve, mas nunca trouxe elas aqui.

— Que responsabilidade a minha então! Será que a sua mãe vai gostar de mim?

— Vai adorar! – Sorri tentando acalmá-la. Frederico entrou na sala com minha mãe.

— Mãe, essa é a Christina, minha namorada. – Disse ele.

— Prazer, senhora Villar! – Christina estendeu a mão.

— Por favor, me chama de Elena. – Disse minha mãe apertando a mão da garota. – Desculpa a demora, estava com as panelas no fogo. Você fica para o jantar, não é querida?

— Se não for incomodar…

— Claro que não, será um prazer! Ricardo, vem cumprimentar a moça! – Bortolotto até agora estava no canto do sofá em silencio, olhando para a televisão, provavelmente deslocado.

— Prazer, eu sou o Ricardo. – Ele disse ao se levantar e estender a mão para Christina.

— Ele é o meu…

— Namorado da minha mãe e meu professor de história. – Frederico interrompeu minha mãe. Ele ainda não havia aceitado muito bem o namoro deles, mas isso já era previsto, Frederico era cabeça dura, e baseado na rejeição dele com Lily depois de quase dois anos, ia ser difícil ele aceitar o professor Bortolotto. – Vou te mostrar meu quarto. – Fred saiu puxando a namorado pela escada, enquanto minha mãe me olhava rindo da cena.

— Vou para casa, amanhã eu volto. – Disse Bortolotto.

— Tem certeza? – Perguntou minha mãe enquanto o beijava rapidamente. Abaixei os olhos, fingindo mexer no caderno que ainda estava em minhas mãos. Eu não poderia dizer que gostava do namoro dos dois, na verdade eu detestava tanto quanto Frederico. Mas se minha mãe estava feliz, eu não iria fazer nada para atrapalhar.

— Tenho sim. – Bortolotto disse ao sair. Ele não se despediu de mim, nem eu o dirigi a palavra. Tem sido assim desde a nossa briga na escola.

— Me ajuda a arrumar a mesa? – Perguntou minha mãe para mim.

— Claro. – Me levantei, colocando o caderno de lado, e a acompanhando até a cozinha.

— Parece que seu irmão finalmente tomou jeito. – Minha mãe comentou enquanto eu colocava os pratos na mesa.

— Só espero que ele não afugente a menina com a sua chatice.

— Da algum crédito a ele.

— Vamos ver no que vai dar. – Dei com os ombros.

Terminei de arrumar a mesa, e fiquei olhando minha mãe terminar de cozinhar. Estava com dó da Christina quando provasse a comida dela, mas pelo menos ela não estava preparando comida congelada. Desci as escadas do quarto de Fred, para chamar ele e Christina. Bati uma vez na porta do quarto e abri. Christina levantou do colo de Fred no susto, corando de vergonha.

— A mãe está chamando vocês para jantar. – Eu disse segurando o riso e fechando a porta em seguida.

O jantar parecia tranquilo, todos se sentaram à mesa como uma família feliz, e Frederico mal conseguiu disfarçar a alegria ao ver que Bortolotto havia ido embora.

— Quando vai levar a Christina para conhecer seu pai, Fred?

— Não sei, mãe. – Frederico fez uma careta.

— Tudo bem, nós podemos esperar. – Disse Christina.

— Você tem que parar com essa rejeição boba com a mulher do seu pai.

— Eu não suporto aquela mulher! – Ele disse entre os dentes.

— Ela nunca te fez nada Frederico. – Insistiu minha mãe.

— Não vamos falar sobre isso agora, não é? – Eu me intrometi na conversa.

— Como vocês se conheceram? – Perguntou minha mãe mudando de assunto.

— A Chris começou a fazer estágio no laboratório. – Fred respondeu.

— E você deu moral para esse garotão? – Perguntou minha mãe para ela.

— Ele é insistente. – Ela admitiu.

— É difícil resistir a esses olhos verdes. – Disse Frederico.

— Convencido! – Christina disse sorrindo para ele. Fred a olhava com um cerco brilho diferente nos olhos, o mesmo brilho que às vezes eu via nos olhos do Shawn quando ele me olhava. Só de lembrar aqueles olhos senti borboletas no estômago. Eu queria tanto poder vê-lo agora, poder saber o que ele estava fazendo, o que estava pensando, se estava pensando em mim.

O resto do jantar foi agradável. Christina nos contou que havia se mudado há pouco tempo de Nashville, no Tennessee, pois havia sido aceita na Durhan College em Whitby, e agora dividia um apartamento com uma colega da faculdade. O mousse de chocolate que eu havia feito naquela tarde, serviu como sobremesa, para salvar o bife com gosto de isopor queimado da minha mãe, enquanto eu e Frederico contávamos nossos planos de carreira. Minha mãe queria que Fred fosse advogado assim como ela, mas ele insistia em querer ser jogador de hóquei ou baterista de uma banda. Eu não me arriscava em contrariá-lo, me lembro do dia em que ele discutiu com Bortolotto, que tentou inscrevê-lo em um curso de verão.

— Eu já disse que eu não quero fazer direito! – Gritou Fred.

— Frederico você tem que seguir uma carreira estável como a da sua mãe.

— Quem é você para se meter na minha vida?

— Eu sou o seu professor!

— Você é meu professor lá na escola. Aqui dentro você é só o namoradinho da minha mãe, e não tem o direito de escolher o que eu devo fazer da minha vida.

— Que futuro você acha que vai ter como jogador de hóquei?

— Melhor do que terminar como a droga de um professor mal-amado, descontando seus fracassos nos alunos dentro de uma sala de aula! – Respondeu Frederico, fazendo com que Bortolotto se virasse e saísse sem dizer nada.

Mas agora Fred disse que talvez pensasse em outras possibilidades, assim que Christina nos contou que estava preparando uma viagem de intercâmbio de um mês pela Europa quando acabasse a faculdade. Contei a ela que havia tentando intercambio também para a Europa, e acabamos a noite tomando um chocolate quente sentados todos no tapete da sala.

No domingo minha mãe foi almoçar na casa do Bortolotto e eu fiquei jogando banco imobiliário com o Frederico e a Christina. Eu não consegui ganhar nenhuma vez, mais ainda assim foi divertido. Ela era realmente bem legal e Frederico estava mais sociável do que eu já havia visto nesses dezessete anos.

Quando contei para Julia na segunda-feira sobre o namoro do Frederico ela surtou e ficou dizendo que ele não podia ter feito isso.

— Julia, o Frederico é livre. – Disse confusa.

— O Frederico era para ser meu! – Ela falava indignada.

— Você sabe que o Fred só te vê como irmã. – Eu não sabia o que falar, ela estava completamente revoltada.

— Mas nós não somos irmãos! Agora você vai apoiar esse namoro?

— Eu não estou dizendo nada. Mas a garota é ela legal, você gostaria dela. – Disse esperançosa.

— Eu nunca iria gostar de alguém que me roubou o Frederico. Mas agora você tem uma nova amiguinha, não é? – Fiquei surpresa com a reação dela.

— Larga de ser idiota, Julia! Você queria que eu fizesse o que?

— Nada. – Ela disse emburrada. – Só espero que esse namoro não dure. – Não falei nada para não desapontá-la, mas tendo visto como Frederico estava, eu achava que dessa vez seria diferente.



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