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História Diário de uma fã - Capítulo trinta e cinco


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 35 - Capítulo trinta e cinco


Já estava com os olhos vendados quando senti o carro voltar a andar e parar novamente alguns minutos depois. Ouvi a porta abrir, então a mão macia de Shawn me puxou para fora e me guiou enquanto eu andava devagar, pois estava me sentindo desconfortável por não enxergar absolutamente nada. Andamos alguns poucos passos até que ele parou. Levantei a mão tentando tatear algo e o senti na minha frente.

— Chegamos? – Perguntei.

— Chegamos. Só um minuto. – Ouvi ele falar algo com alguém e o chão começou a se mover. Antes que eu pudesse gritar, ele passou a mão pela minha cintura. – Calma, é um elevador. – Disse baixinho.

Eu só assenti. Quando o elevador parou, ele me guiou para fora e pude ouvir o barulho de chaves e uma porta abrindo.

— Só mais alguns passos. – Disse, e eu o acompanhei, cada minuto mais ansiosa.

Percebi que ele parou atrás de mim, pois senti suas mãos nos meus ombros, e então ele tirou a venda dos meus olhos. Pisquei algumas vezes e então percebi que estávamos no alto de um prédio. – Bem-vinda a minha casa! – Ele disse abrindo os braços.

— Sua casa? – Perguntei surpresa.

— Onde eu normalmente moro. – Ele riu.

— Nós estamos em Toronto, então? – Perguntei, me aproximando da sacada de vidro. A vista era maravilhosa. Um mar de prédios nos cercando por todos os lados, mas o mais impressionante era as luzes. Um milhão de luzes em contraste com o céu escuro. Era como se a cidade estivesse viva bem na nossa frente. Era o lugar mais bonito que eu já tinha visto, e eu poderia ficar pra sempre ali, apenas olhando e sentindo o vento roçar de leve a minha pele, tudo na mais perfeita sintonia.

— Sim. E aquela é a torre da CN – Shawn disse, apontando.

— É incrível. – Eu estava sem palavras.

Olhei em volta, para na varanda do seu apartamento, que provavelmente ficava na cobertura do prédio. Podia ver uma grande piscina ali, uma parte da sala pela porta de vidro aberta e ao lado, uma mesa redonda. Nela havia pratos, taças e talheres, e estava enfeitada com guardanapos e velas brancas. Me aproximei, observando mais de perto. Ele parecia ter planejado tudo nos mínimos detalhes, fazendo parecer novamente que eu havia caído em um dos meus sonhos. Na verdade, nenhum sonho que eu pudesse ter poderia passar a emoção e a alegria que era estar ao lado dele.

— Que lindo! – Disse me virando para Shawn, enquanto ele colocava umas sacolas em cima da mesa. – O que é isso?

— Nosso jantar.

— Jantar? – Perguntei surpresa. Shawn retirou o conteúdo das sacolas, colocando-os sobre a mesa. Havia dois hambúrgueres e duas porções de batata frita.

— Sim. Eu gostaria de ter cozinhado alguma coisa, mas... – Ele parecia um pouco sem graça.

— Não, está perfeito. – Garanti, ajudando ele a arrumar tudo nos pratos. E realmente estava. Eu não mudaria absolutamente nada naquela cena, era muito melhor do que um dia eu poderia sonhar.

Me sentei em uma das cadeiras enquanto observava Shawn tentar ascender as velas, sem obter sucesso por causa do vento.

— Deixa assim, já está lindo. – Sugeri.

— Eu devia ter previsto isso. – Ele disse fazendo uma careta e depositando um fósforo na pilha de palitos já acesos num canto da mesa.

— Está ótimo assim. – Disse sinceramente.

— Mas eu queria que tudo saísse perfeito. – Ele choramingou.

— Você tem razão, não está perfeito. Esta melhor, muito melhor! – Eu disse e ele sorriu, fazendo meu coração dar um solavanco. Acho que eu nunca me cansaria de vê-lo sorrir, poderia ficar ali por horas só admirando-o sem que ele precisasse dizer uma única palavra.

— Está com fome?

— Não.

— Mas acho melhor comermos logo, porque eu tenho a impressão que já está meio frio.

— E adoro assim. – Eu disse pegando uma batata, tentando tranquiliza-lo. Ele se preocupava à toa, pois eu amaria qualquer coisa que ele fizesse. — Você comprou isso em Whitby?

— Em Toronto. Eu provavelmente deveria ter trazido para casa antes, mas estava ansioso para de buscar. – As bochechas de Shawn ficaram vermelhas quando ele disse isso, e eu sorri para ele.

— Eu fico feliz que você não tenha esperado. – Eu disse, concentrando a atenção no meu hambúrguer.

— Ah, já ia me esquecendo.

— O que?

— Já volto. – Ele disse se levantando e entrando no apartamento.

Continuei admirando aquela mesa, pensando em como ele conseguia ser tão perfeitamente surpreendente, até ele voltar trazendo dois milk-shakes.

— Eu espero que você goste de milk-shake de morango, mas se não gostar...

— É meu favorito. – Interrompi, e ele sorriu aliviado. – Do que é o seu?

— Doce de leite. – Ele disse, me estendendo o copo para experimentar. Estava um pouco mais congelado que o normal, mas ainda assim incrível.

— E brindaremos a que?

— Com milk-shake? – Ele perguntou rindo.

— E por que não?!

— Acho que podemos brindar à luz da lua, que está tão linda hoje. — Olhei para a lua nova que até então havia me passado despercebida, pois o único brilho que me chamava a atenção era o que vinha dos seus olhos.

— A luz da lua então. – Eu disse erguendo o meu copo.

— A luz da lua. – Ele repetiu também erguendo o dele e encostando de leve no meu. – Que ela nos traga cada vez mais surpresas.

— E que sejam boas.

— Se depender de mim serão. – Ele disse olhando dentro dos meus olhos, me fazendo corar levemente.

Voltei a olhar para o meu prato que não havia nem tocado, e peguei o hambúrguer com a mão, enquanto ele fazia o mesmo.

— Pra quê os garfos? – Quis saber.

— Eu... não pensei muito sobre isso. – Ele deu com os ombros e eu sorri balançando a cabeça.

Enquanto comíamos Shawn me contava de quando ele se mudou para Toronto, já que antes ele morava com a família em Pickering, e como era ficar sozinho naquele apartamento enorme.

— E por quanto tempo vamos ficar aqui?

— Por quê? Você já quer ir embora? – Ele perguntou intrigado.

— Não, claro que não. – Disse rapidamente. – Na verdade, eu não queria ir embora. – Admiti.

— Então podemos ficar aqui a noite inteira. Só eu, você e a lua. – Senti calafrios com as palavras dele. Apesar de não querer ter que sair dali nunca mais, não era tão simples assim.

— Você não tem juízo. Eu estudo, esqueceu?

— Não esqueci, e tenho muito juízo sim. Prometo que você estará lá amanhã. – Pensei por algum tempo e concluí que cada momento ao lado de Shawn era único e eu teria que aproveitá-los ao máximo, pois seriam as melhores lembranças que eu carregaria pela minha vida inteira.

— Só um minuto. – Pedi enquanto procurava meu celular dentro da bolsa e digitava uma mensagem para Christina.

 

"Chris não vou dormir aí hoje. Por favor, não me faça perguntas e eu te explico tudo amanhã!"

 

Não sabia como explicaria, mas não queria pensar nisso agora.

— Pronto. – Disse a Shawn que apenas me observava.

— Simples assim?

— Nem tanto, mas não vamos pensar nisso agora.

— OK então. – Ele disse se levantando e indo a cozinha novamente, voltando algum tempo depois com uma garrafa na mão.

— Achei que fosse você que não me deixava beber.

— Mas esse vinho praticamente não tem álcool. – Ele abriu a garrafa sem muito esforço e serviu pela metade as duas taças que estava carregando. Me entregou uma e me puxou para a beira da piscina, levando o vinho junto. Nos sentamos ali e ficamos por algum tempo em silêncio admirando o céu.

— Uma estrela cadente. – Disse Shawn.

— Cadê?

— Ali. – Ele apontou para o meu lado direito.

— Não vi. – Eu disse fazendo bico. – Você fez um pedido?

— Fiz.

— E o que você pediu?

— Não posso te dizer, ou não vai se realizar.

— Dizem que as estrelas cadentes são anjos enviados a Terra.

— Sério?

— Não sei. Dizem que eles se tornam humanos como nós, mas ainda assim diferentes. Pois eles têm a missão de transformar a nossa vida e nos trazer felicidade. Dizem que eles perdem o brilho, mas o brilho interno se mantém eternamente. Penso que foi assim que você nasceu! – Disse olhando para Shawn e ele sorriu envergonhado.

— Boba. Eu não sou nenhum anjo.

— Você é. Você é o meu anjo e o de milhões de pessoas espalhadas pelo mundo.

— É tão bom ouvir isso.

— Se há três meses alguém me dissesse que eu estaria aqui agora, olhando esse céu estrelado, com você ao meu lado, eu diria que essa pessoa estava completamente maluca.

— Seria tão irreal assim?

— Seria. – Eu assenti. – Como a vida nos surpreende, não é mesmo? Às vezes eu penso em como será o meu futuro daqui há alguns anos. Eu só espero terminar o Ensino Médio, concluir uma faculdade, e ter o meu próprio consultório.

— Você será uma ótima pediatra.

— Obrigada! E eu quero ser a pediatra dos seus filhos hein!

— Com certeza você será.

— Quando eu tiver filhos, eu penso em ter primeiro um menino, porque apesar das brigas com o Frederico, ele sempre me protegeu.

— Os homens têm esse instinto protetor com as irmãs.

— Eu espero ser uma boa mãe também.

— Apesar do meu trabalho, eu quero ser um pai participativo. Quero buscar ele na escola sempre que possível, levar para jogar bola, ensinar a tocar violão, e repassar tudo aquilo que meu pai me ensinou.

— Já pensou que legal, que nem aquelas cenas de filmes, você vai buscar seu menino na escola, e ele vem correndo e pula no seu colo?

— É exatamente assim que eu imagino.

— Eu quero que meus filhos possam se abrir comigo quando tiverem algum problema, e que minha filha me conte quando tiver o primeiro namoradinho.

— Nem me lembra dessa parte. Eu provavelmente vou ser um pai ciumento, quando nossa menininha arrumar o primeiro namorado eu vou querer até a ficha criminal do garoto. – Eu sorri. — Não ri, é bem sério!

— Não foi por isso que eu sorri.

— Foi pelo quê?

— Você disse nossa menininha! – Ele sorriu timidamente corando as bochechas.

— Eu já volto. – Ele disse envergonhado enquanto se levantava.

— Tem uma caneta e um pedaço de papel? – Perguntei.

— Acho que sim, vou olhar. – Ele disse indo em direção a cozinha.

Enquanto estava ali sozinha, olhando a lua e ouvindo o barulho dos carros lá embaixo, fiquei pensando nas vezes em que sonhei com esse momento. Parecia tão irreal, tão fora da minha realidade. Me lembro das vezes que olhei para essa mesma lua e pedi para que ela me trouxesse ele, para que meu coração parasse de chorar a sua ausência. E a única coisa que me confortava era saber que a onde quer que ele estivesse, estávamos embaixo do mesmo céu, e o brilho da lua que incansáveis vezes me via chorar brilhava para ele também. E enfim a lua havia cumprido a sua promessa de trazê-lo para mim, nos reservando ainda mais um pouco da sua beleza, para tornar esse momento ainda mais perfeito.



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