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História Diário de uma fã - Capítulo quarenta e sete


Escrita por: myprinceshawn

Capítulo 47 - Capítulo quarenta e sete


A manhã de quarta-feira não foi diferente da terça, com a exceção de Guilherme estar menos falante. Provavelmente ainda irritado por eu não estar prestando atenção no que ele me falava. Tentei compensá-lo arrastando-o para o pátio no intervalo – já que estávamos acostumados e passá-lo dentro da sala de aula – e lhe pagando um sanduíche. Eu teria dado um chocolate, mas ele não gostava de doces. E passamos o intervalo inteiro sentados em uma das mesinhas, sentindo os olhares curiosos das pessoas a nossa volta. Era isso que acontecia quando se estudava em uma escola com um número quase insignificante de alunos.

— Todos estão olhando para nós. – Guilherme comentou após algum tempo, ele visivelmente havia voltado ao normal. Apesar de toda aquela armadura de garoto intocável, era fácil agradá-lo.

— Eu percebi. – Disse brincando com o canudo do meu refrigerante. – Provavelmente estão achando que estamos namorando em segredo. – Eu zombei, fazendo-o revirar os olhos. Esse era um dos motivos que me sentia tão bem com Guilherme, ele não me olhava como uma garota.

— Quero que se danem. – Ele deu com os ombros me fazendo rir. Guilherme odiava a todos naquela escola, principalmente os populares, ele dizia que aquilo tinham de beleza, faltava de cérebro e eu sempre me divertia com os seus comentários. Eu não odiava a minha escola, talvez alguns alunos da minha sala me tirassem do sério, mas não podia generalizar. O meu problema sempre foi ser tímida e fechada demais para me socializar facilmente, então acabava sempre deslocada em algum canto. Minha mãe não achava isso normal e tentou várias vezes me levar ao psicólogo. Mas o que ela não entendia era que eu gostava do silêncio e de ficar sozinha com a minha própria companhia, e isso talvez não mudasse com terapia nenhuma.

As últimas aulas foram de biologia, e eu esperava que amenizassem o meu nervosismo. Mas ao contrário disso, a professora resolveu passar um vídeo, me dando a oportunidade perfeita para me perder em pensamentos mais uma vez, não conseguindo prestar atenção nem ao título do filme. Olhava toda hora para o relógio contando os intermináveis minutos que me separavam de Shawn. Estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe que mal conseguia controlar o frio na barriga. Penso que aquela foi à aula de biologia mais longa que já tive, parecia que não ia acabar nunca. Mas então o sinal soou, me fazendo levantar em um pulo da carteira. Só então percebi que cada parte do meu corpo estava atenta aquele sinal, esperando-o como alguém que espera o sol nascer, trazendo-o alegria e esperança para enfrentar mais um dia em busca de seus objetivos. E meu objetivo naquele momento era estar nos braços de Shawn o quanto antes.

Juntei meus materiais de qualquer jeito na mochila e saí da sala antes que todos ao menos tivessem se levantado, dando um até breve para Guilherme e deixando-o para trás. Fui para casa irritada com as minhas pernas por não conseguirem andar mais depressa e aproveitei para ligar para Christina e confirmar mais uma vez nosso plano, estava tudo certo. Ao chegar em casa a primeira coisa que fiz foi subir até meu quarto e pegar a mala que havia escondido embaixo da cama para ninguém ver. Revisei tudo que havia guardado, me certificando de que não estava faltando nada. Não consegui comer naquela tarde, pois meu estômago estava cheio de borboletas de nervosismo. Há essa altura eu já deveria estar acostumada a ver Shawn, mas a cada vez que estava prestes a encontrá-lo era como a primeira vez. O mesmo nervosismo, a mesma ansiedade, o frio constante na barriga e o pensamento de como seria vê-lo novamente, dentre muitas outras coisas impossíveis de serem descritas. Acho que Shawn não era alguém que pudéssemos nos acostumar. O que eu sentia só de tocar no seu nome era algo inimaginável e irracional demais para ser colocado em palavras.

Christina passaria para me pegar às treze e quarenta, eram treze e vinte e cinco e eu me olhava no espelho não gostando do que via nele. Rapidamente tirei a camiseta do Mickey. É claro que eu adorava minhas camisetas com estampas de bichinhos ou desenhos animados, mas não queria que os amigos de Shawn tivessem a impressão de que ele estava saindo com uma criança. Comecei a vasculhar entre minhas roupas, ficando perturbada ao notar que não havia nada no meu guarda-roupa relativamente maduro. Exceto pelos vestidos, mas já estava levando dois na mala e fazia calor demais para ir de calça. Sentei na cama desapontada, nunca havia sequer reparado nisso até então. Precisava pensar em algo, logo Christina chegaria e eu ainda não havia conseguido me vestir. Resolvi olhar no guarda-roupa da minha mãe, mesmo sabendo que não obteria muito sucesso. Minha mãe mantinha tudo sempre muito bem organizado, ao contrário de mim. As roupas eram separadas por cores e tudo era o que podia se chamar de impecável. Penso que herdei essa minha tendência à desorganização de algum antepassado distante, com o único propósito de fazer minha mãe gritar feito louca todos os dias para que eu guardasse as roupas de cima da cama. Procurei algo no seu guarda-roupa, tomando o máximo de cuidado para não desarrumar nada, mas tudo ali era formal demais. Cheio de blazers, terninhos e lenços que ela usava para trabalhar. Quando achei que não me restaria outra solução, além de ir com algumas das minhas t-shirts fofinhas, encontrei uma camiseta branca no meio das camisas sociais. Nela estava escrito The Beatles em letras grandes e pretas. Minha mãe me dizia que na adolescência foi apaixonado pela banda e beijou meu pai pela primeira vez ao som de All you need is love. Beatles era legal, não era o tipo de música que costumava ouvir, mas sempre achei que a maioria de seus apreciadores passavam a imagem de serem pessoas perceptivelmente maduras. Eu me lembro de uma frase na contracapa de um caderno antigo da minha mãe, que achei perdido em uma caixa no sótão, que dizia: Quem dera a vida fosse como uma música dos Beatles; quase perfeita, sempre agradável, às vezes surpreendente, mas nunca decepcionante. Encontrar aquelas coisas me deixava feliz e decepcionada ao mesmo tempo. Feliz por saber que ainda havia restado em minha mãe pelo menos parte desse amor da juventude. E decepcionada, pois ela deveria dar mais algum crédito ao meu amor pelo Shawn, já que ela conhecia pelo menos um pouquinho o que era isso. Mas não podia julgá-la, não sabia exatamente o quão fã minha mãe havia sido, e nem se ela havia sentido o mesmo magnetismo que Shawn exercia sobre mim. Não sabia como eram os outros ídolos, pois antes de Shawn nunca havia me interessado por nenhum cantor, e depois dele seria impossível. Não era preciso conhecer todos os artistas do mundo para saber que Shawn era único, e se tivesse o poder de escolher, escolheria ele quantas vezes fosse preciso.

A campainha tocou dispersando os meus pensamentos, deveria ser Christina. Vesti a camiseta rapidamente, decidindo ir com ela. Desci as escadas correndo e abri a porta da sala.

— Entra aí Chris, estou terminando de me arrumar. – Disse antes que ela falasse qualquer coisa e subi as escadas novamente. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, continuei com o short jeans e coloquei uma sandália rasteira. Fiquei encarando o espelho, ainda não satisfeita com o que via, enquanto Christina me olhava da porta do quarto. Ela foi até o meu porta-joias em cima da penteadeira e começou a vasculhar, tirando de lá um brinco e uma pulseira de pedrinhas azuis e me entregando. Sorri agradecida e coloquei os acessórios. Peguei a bolsa de alça transpassada, a pequena mala vermelha e descemos as escadas enquanto eu tentava controlar o nervosismo.

Já estava saindo de casa quando me lembrei de Rony, e voltei correndo para alimentar o peixe. Achava que ele estava triste desde que levei Harry até a casa de Guilherme, mas deveria ser só impressão minha. Afinal, os betas eram acostumados a ficar sozinhos. Dizem que os animais se parecem com o dono, não é mesmo? Coloquei algumas bolinhas na água e deixei o potinho de ração a vista de Frederico, pois era ele quem cuidava deles quando eu estava fora.


Notas Finais


O capítulo tá bem curto, então se vocês quiserem eu posso postar outro ainda hoje. Comentem aí em baixo! <3


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