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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta e nove


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 69 - Capítulo sessenta e nove


Assim que voltei para a sala de espera a recepcionista me garantiu que ninguém havia aparecido ali. Me sentia aflita sem notícias. Eu não sabia quanto tempo havia se passado desde o momento em que ele me dissera que Luan estava bem e que estava dormindo. Parecia ter passado dias desde então, pois as horas naquele hospital parecia se arrastarem cada vez mais devagar. Voltei a sentar na mesma poltrona e foi desse jeito que passei várias outras horas de aflição. Eu sabia que deveria estar com fome e sono, mas não conseguia sentir absolutamente nada, conseguia apenas me preocupar cada vez mais com Luan.

Estava com a cabeça apoiada nos joelhos enquanto abraçava minhas pernas dobradas sobre a poltrona quando senti uma mão no meu ombro. Levantei a cabeça rapidamente pensando ser o pai de Luan, mas era Frederico.

— Até que enfim te achei. – Ele disse ao se sentar. – A mãe está enlouquecendo atrás de você e seu celular só cai na caixa postal.

— Eu desliguei. – Disse sem vontade. – Você não deveria estar trabalhando?

— Que horas você acha que são agora?

— Não faço ideia. – Admiti. Havia relógios no hospital, mas eu preferia não ficar encarando-os e me torturando a cada lento segundo que passasse.

— Você está bem? – Ele perguntou preocupado. Eu balancei a cabeça negativamente.

— Vamos para casa. Você precisa dormir, está horrível.

— Obrigada, mas pode ir. Eu vou ficar.

— Não vai adiantar em nada você ficar aqui parecendo um zumbi. – Ele protestou.

— Eu preciso vê-lo.

— Você poder ver ele amanhã.

— Não… você não entenderia Fred. – Disse desistindo de tentar explicar.

— Talvez eu entenda melhor do que você imagina. – Ele disse e eu o olhei confusa. – Eu só… penso se fosse com a Cristina.

— Não posso sair daqui. – Disse baixinho.

— Tudo bem, eu fico aqui com você. – Olhei para ele surpresa, mas ele não parecia estar brincando.

— Você sabe que não precisa, não sabe?

— Sei.

— Então, por quê?

— Por que apesar de tudo, você é a minha irmãzinha, e o meu dever é cuidar de você.

— Obrigada. – Disse um pouco sem reação.

— Não agradeça, é isso que os irmãos fazem, não é? Protegem uns aos outros. – Ele deu com os ombros.

— Acho que é. – Disse respirando fundo enquanto olhava para o chão, mas até mesmo o ar parecia me cortar por dentro.

Encostei a cabeça no braço de Frederico, o que foi estranhamente confortável, e ficamos quietos por algum tempo até ele quebrar o silêncio.

— É verdade então?

— O que?

— O que todos os jornais estão dizendo.

— Não tive tempo de assistir televisão, Fred. – Disse como se fosse óbvio demais.

— Sobre você e o Luan Santana.

— Eles estão dizendo isso? – Levantei a cabeça subitamente. Não era possível que eles haviam descoberto.

— Não exatamente. Eles dizem que o Luan sofreu um acidente aqui na cidade e que ele estava acompanhado de uma garota misteriosa. Considerando você aqui e o tanto de repórter que tem lá fora… – Ele parou de falar ao notar o meu pânico. Oh céus, eu já deveria imaginar que a imprensa não deixaria isso quieto. Mas respirei fundo e tentei me acalmar.

— Você sempre foi muito inteligente Frederico. – Disse por fim, pois ele ainda estava esperando uma resposta.

— Nem sempre, na maioria das vezes eu fui um idiota.

— Acho que é de família. – Dei com os ombros.

— Eu não consigo entender uma coisa.

— O que?

— Por que você nunca disse? Por que nunca jogou na minha cara todas as vezes que disse que ele não te conhecia?

— Você não acreditaria.

— Provavelmente não.

— Mas esse não foi o único motivo. Há coisas que você não precisa gritar ao mundo, você precisa apenas senti-las. O que tenho ou tive com o Luan era nosso e de mais ninguém. Não me importava de ouvir todos os dias as suas críticas, pois eu sabia a verdade e era só isso que eu precisava.

— Acho que eu te devo um pedido de desculpas.

— Não precisa.

— Precisa sim, eu fui um idiota. Agora o mais sensato a fazer é te pedir desculpas.

— Desculpas aceitas então. — Dei com os ombros.

— Obrigado. — Eu sempre sonhei com o momento em que Frederico tivesse que engolir cada uma das palavras que ele disse sobre Luan, mas naquele momento eu não estava com cabeça para dizer nada a ele. Dizer que tudo aquilo que ele dizia machucava. Que as pessoas não têm ideia do quanto podem ferir o coração de um fã com uma simples palavra. Ser fã é muito difícil, você tem que acreditar nos seus sonhos quando ninguém mais acredita.

Eu sofri por muito tempo, fui machucada várias vezes pelas palavras e falta de fé das outras pessoas. Mas agradeço a deus por ter confortado o meu coração todas as vezes, por ter me dado força e coragem, através de um garoto, um menino de aspecto simples e sorriso encantador, que me ensinou que nada é impossível para o coração de uma fã. Que pegou os meus sonhos nas mãos e os guardou, e desde então vem realizando cada um deles. Eu sei que ele é um anjo, ou talvez um príncipe encantado, mas ainda assim eu prefiro chamá-lo de meu Luan.

Voltei a encostar a cabeça no ombro de Frederico, e o silencio se abateu mais uma vez. Ele parecia confuso e mergulhado em seus pensamentos, eu não sabia se isso era apenas uma fase ou um lado do meu irmão que eu ainda não havia conhecido, mas resolvi não questionar.

— Sabe Fred. – Quebrei o silencio novamente. – De todas as coisas que você me disse, em uma delas você tem razão.

— Qual?

— O Luan realmente não é como a mídia passa, ele é muito melhor. – Frederico não disse nada, mas o senti respirar fundo. Eu estava surpresa, não esperava que ele pudesse entender tão rápido, mas a mudança dele após ter se apaixonado era indiscutível. Penso que o amor mude as pessoas, pois foi exatamente assim que aconteceu comigo, desde o momento em que conheci Luan, que meus olhos o virão pela primeira vez, ele transformou a minha vida, ele a coloriu e a enfeitou. E é assim que tem feito desde então. Talvez essa seja mais uma daquelas coisas sobre o amor em que você não precisa entender, pois elas acontecem sem que você ao menos perceba. Fechei os olhos e me deixei perder em pensamentos. Já estava acostumada a fechar os olhos e ver Luan, e assim era a forma mais fácil de tê-lo ao meu lado.

— Ela está dormindo? – Ouvi uma voz perguntar e abri os olhos rapidamente, encontrando o pai de Luan parado a minha frente.

— Não, só estava com os olhos fechados. – Disse me endireitando. – E o Luan?

— Ela acordou e quer te ver. – Senti meu peito se inflar de felicidade, finalmente iria vê-lo. Iria ter certeza de que ele estava bem para finalmente meu coração parar de doer um pouco que seja. Olhei para Fred e ele assentiu.

— Eu te espero. – Ele disse, e eu levantei rapidamente. Segui o Sr. Amarildo pelo corredor e ao virar à esquerda pude ver o restante da família de Luan sentados em dois bancos há uns seis metros, e congelei no lugar. Estava ansiosa para ver Luan, mas também estava com certo medo, então fiquei parada apenas olhando-os.

Roberval havia se juntado a eles e era o único que me olhava. O Anderson conversava alguma coisa com a Dagmar, enquanto a mãe de Luan estava encostada na parede de olhos fechados. Sr. Amarildo virou para trás e me viu ali parada. Ele balançou a cabeça para mim e eu respirei fundo, voltando a andar. Parando em frente a porta de número sete, da qual ele a abriu me dando espaço para passar.

Eu gostaria de ter hesitado ao segurar a maçaneta, gostaria de ter respirado fundo mais uma vez e me preparado psicologicamente para aquele momento. Mas não houve tempo. Eu apenas entrei no quarto e o vi deitado na cama. Meu coração pareceu despedaçar, como se várias lâminas em chamas estivessem sendo transpassada pelo meu peito.

Luan parecia dormir tranquilamente, mas havia uma faixa enrolada na sua cabeça, arranhões por várias partes do corpo e alguns ferros na sua perna suspendida. Eu não sabia qual dor era pior, não saber se ele estava bem ou vê-lo daquela maneira. Concluí que vê-lo machucado era pior do que qualquer coisa que eu já pude sentir. Eu preferia que me cortassem, que me retalhassem ao vê-lo sendo machucado. E o que mais me doía era saber que a culpa de tudo era minha, que a culpa do meu menino estar ferido naquela cama era inteiramente minha. Assim que a porta se fechou atrás de mim ele abriu os olhos. Aqueles olhos castanhos que sempre me entorpeciam, me deslumbravam e me tiravam da realidade. Me aproximei devagar, ainda olhando nos seus olhos e sentindo o buraco no meu peito arder em chamas de dor por vê-lo daquele jeito.

— Oi. – Ele disse fracamente.

— Oi. – Eu disse encostando de leve a minha mão na sua, tinha medo de tocá-lo, tinha medo de machucá-lo ainda mais.

— Meu pai disse que você estava aí fora. — Ele disse com dificuldade.

— Como você está?

— Já estive melhor. – Sua voz saia baixa e entre cortada. Seus lábios se puxaram no que pareceu ser uma tentativa de sorrir e meu coração acelerou no peito. Mas não como normalmente, dessa vez era por dor, pois doía absurdamente. Era como se eu o tivesse impedido de sorrir. Aquele sorriso que transformava e mudava vidas. Não importava quantos sorrisos eu visse por toda a minha vida, o dele sempre seria o mais bonito e o que eu precisaria para ficar bem.

— Me desculpa, a culpa foi minha, eu sou uma idiota. – Eu disse desesperadamente, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Não diz isso, a culpa não foi sua. – Ele disse ainda fracamente. Ele virou a sua mão devagar, apertando de leve a minha e eu a entrelacei na dele. Estava um pouco inchada, mas continha o mesmo calor e irradiava a mesma segurança que sempre sentia quando a pegava. – Não chora, eu estou bem. – Ele disse me olhando intensamente, seus olhos castanhos me fitando com preocupação. Preocupação aquela que eu não merecia.

— Eu tive tanto medo de te perder. Eu nunca iria me perdoar se o pior acontecesse com você por minha culpa. – Disse roçando de leve o seu rosto com a ponta dos dedos. Como era doloroso vê-lo daquela maneira.

— Não pensa assim. Se o pior acontecesse, eu iria te olhar lá do céu ou de onde quer que eu fosse.

— Anjos como você tem um lugar garantido no céu. – Disse olhando nos seus olhos profundos.

— Você me vê melhor do que eu realmente sou. – Ele falava com dificuldade, mas eu conseguia entender perfeitamente cada palavra. Senti as lágrimas queimarem o meu rosto e as limpei com as costas das mãos.

— Você é quem tem que começar a se enxergar direito. Eu sei quem você é, e não só eu, mas também cada um dos seus fãs, que seriam capazes de dar a vida por você se fosse preciso. Pois eu tenho certeza que cada um deles preferiam estar aí nessa cama no seu lugar, do que te ver assim. Como eu prefiro.

— Não diz isso. Eu nunca permitiria que você ou qualquer um dos meus fãs passassem por nada de ruim por mim. – Então seus olhos se encheram de água e uma lágrima rolou deles, partindo meu coração.

— Não chora, por favor. – Eu supliquei, apesar de não conseguir parar de chorar por nenhum minuto. Ele apertou a minha mãe de leve e tentou levá-la até seu rosto, mas não conseguiu.

— A vocês eu só desejo felicidade. Ver o sorriso no rosto de cada um dos meus fãs é maravilhoso. Tudo o que eu mais queria era poder tirar todo o sofrimento que sei que eles passam por minha causa. – Ele falou pausadamente.

— Não é por sua causa. É pela saudade, pela distância. Mas você… você só traz felicidade.

— Ainda assim.

— Todo mundo sabe o quanto você ama seus fãs e o quanto se preocupa com eles.

— Eu tenho tanto medo de perdê-los.

— Você nunca irá perdê-los. Todos aqueles que te amam de verdade vão estar ao seu lado, aconteça o que acontecer.

— Vocês são a minha vida. É por vocês que eu lutei cada segundo, e continuo lutando para levantar o quanto antes dessa cama, para continuar fazendo meus shows e levando minha música para todos eles.

— Eu sei. – Disse beijando a sua mão. – Não precisa falar mais, você já está fazendo muito esforço.

— Eu estou bem, só estou sonolento. – Eu ia dizer que devia deixá-lo dormir quando o Sr. Amarildo abriu a porta.

— Vamos? – Ele disse para mim. – O médico disse para deixarmos ele descansar. – Eu assenti.

— Fica bem, ok? – Disse para Luan, ainda segurando a sua mão.

— E você vai para casa descansar também.

— Não preciso. – Disse. Não queria ter que me afastar tanto dele.

— Faz isso por mim. – Ele pediu.

— Tudo bem. – Disse derrotada.

— Prometo estar aqui amanhã. – Ele disse, e eu sabia que ele não se referia a sair do hospital. Mas preferi fingir que fosse, pois, a dor no meu peito estava começando a me sufocar novamente.

— Promete que não vai fugir no meio da noite?

— Vou fazer um esforço. – Ele falou, e pela primeira vez no que pareceu ser muito tempo, eu sorri.

— Então está bem. Posso te pedir uma última coisa antes de ir?

— Pode.

— Cuida bem da minha vida, ela é muito importante para mim.

— A sua vida? – Ele perguntou confuso.

— Você. – Eu sussurrei ao debruçar sobre ele e beijar a sua testa. Ele me olhou de um jeito carinhoso que sempre fazia quando mexia no meu cabelo e tentou sorrir. – Até amanhã. – Eu disse com o coração na mão.

— Até amanhã. – Soltei a sua mão contrariada e me afastei. Sr. Amarildo ainda estava segurando a porta e nos olhava quieto. Antes de sair me virei para olhar Luan por uma última vez.

— Eu amo você. – Sussurrei.

— Eu também. – Ele disse fracamente, antes de fechar os olhos. Senti como se meu coração estivesse sendo arrancado do peito e ficado naquela sala assim que atravessei a porta. Tentei dar um meio sorriso para o Sr. Amarildo, mas logo encontrei os olhos da mãe de Luan em mim. Eles não pareciam mais severos e sim preocupados, e uma onda de culpa me invadiu.

— Obrigada. – Disse baixinho para o pai de Luan, e saí segurando as lágrimas.

Frederico ainda estava sentado na recepção quando eu saí do corredor, e levantou ao me ver. Assim que o alcancei minhas pernas vacilaram, como se tudo que estava sentindo tivesse caído sobre a minha cabeça, fazendo até o ar a minha volta ficar pesado demais para que eu pudesse suportar. E eu teria caído no chão se não fosse Frederico me segurar. Ele passou um braço pela minha cintura e praticamente carregou o meu peso até fora do hospital.

Assim que descemos as escadas notei um amontoado de mais ou menos umas doze pessoas. Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo naquela hora, mas para mim pareceu estar tudo em câmera lenta. Alguém apontou em minha direção e todos olharam para mim, e no momento seguinte eu estava cercada de microfones e flashes fotográficos me cegando completamente. Eles falavam rápido e ao mesmo tempo, e eu não conseguia distinguir nenhuma palavra, a não ser o nome de Luan. Mas já estava acostumada a ouvi-lo e a reconhecê-lo há quilômetros de distância que fosse.

Fiquei congelada no lugar sendo engolida por jornalistas famintos por notícias e esclarecimentos, para poder estampar a capa de alguma revista de fofoca, e tornar público aquilo que eu e o Luan fazíamos o possível para esconder. Senti dois braços me envolverem completamente e me arrastarem para longe dali. Foi só quando Frederico me colocou no banco do carro e afastou os fotógrafos bruscamente que eu percebi o que estava acontecendo. Como eles descobriram? E agora o que eu faria? Como seria a vida de Luan depois que ele saísse do hospital? Eles não o deixariam em paz, sei que não. 

Estava desesperada. Fiquei algum tempo pensando, e segurando o choro enquanto olhava as ruas pela janela a caminho de casa. Então algo me ocorreu. Eles podiam ter descoberto da mesma forma que aquele policial, pela recepcionista do hospital. Mas seria falta de profissionalismo, não seria? Mas ela não havia simpatizado comigo de toda forma. Oh céus, ela acha que sou namorada do Luan! Por que eu não desmenti? Por quê? Encostei a cabeça nas mãos completamente aflita.

— O que foi? – Fred perguntou.

— Estou tentando entender como descobriram que a tal garota misteriosa era eu.

— Isso era questão de tempo Luiza. Eles descobrem tudo, são pagos para isso. – Fiz uma careta e encostei a cabeça no vidro da janela, tentava não desmoronar, mas estava devastada por dentro. Sabia que as coisas não seriam fáceis para mim e Luan a partir daquele momento. Mas eu havia tomado uma decisão, e por mais que doesse absurdamente, cada vez mais parecia ser a coisa certa a se fazer.



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