História Diário de uma Vampira - Apenas se afaste... - Cinema☆

[...]

Mas quem esse idiota pensa que é para tirar meus fones? O encaro indignada com a ação.

 -Quem você pensa que é? - Pergunto incrédula.

 -Olhe bem pra mim, não se lembra? - Diz ansioso. 

 -Você só pode ter ficado maluco. - Digo apertando mais forte meu nariz, tentando impedir a entrada daquele cheiro em meus pulmões. 

 -Por que você é tão estranha? - Perguntou rindo fraco. -  Olha, esse tempo todo eu esperei que você viesse até mim para explicar sobre aquele dia… Mas como você não veio, eu tive que vir até você. - explica.

 -Aigo! Do que esse louco está falando agora? - Minha voz saiu mais fina, pelo fato de que ainda estou tapando meu nariz.

 -Você não se lembra? - Perguntou irritado, retirando minha mão do meu nariz.

 -Não! - disse,  levando minha outra mão livre ao meu nariz.

 Nesse momento iniciamos uma pequena disputa, eu apertava meus dedos em meu nariz, impedindo-me de inalar  que seu cheiro, e ele retirava minha mão. 

 Até que eu me irritei, e me afastei com as duas mãos no nariz.

 -O que você quer? Você é um stalker? - elevo minha voz.

 -Stalker? Eu? - gargalhou exageradamente. - Não me faça rir! A única stalker/estranha aqui é você. - apontou seu dedo para meu rosto. - não quero ficar bravo com você, eu vim aqui com boa vontade para te ouvir. Pode dizer! - respira fundo.

 -Eu hein, está louco? Não nada pra te dizer. - respondo me afastando dele.

 -Tá ok, eu vou falar, você deve ser muito tímida. - sorriu convencido. - Pode dizer eu vou ouvir sua declaração de amor. Eu não costumo fazer isso com as outras meninas, mas para você vou abrir uma exceção, só porque você está mexendo com meus pensamentos. - corou.

"Mais que idiota, eu não estou apaixonada por você, só quero beber seu sangue até a última gota!-penso."

 -Eu hein, agora eu vi que você é maluco mesmo. - sorri fraco. -  Não estou apaixonada por você, eu nem te conheço. 

 -Espera. Você não me conhece? - Perguntou com indignação.

 -Não, e nem quero! Só por favor, finja que eu não existo… E me ignore! - peguei meus pertences em cima do banco, e logo caminhei para longe daquele garoto do cheiro bom.

 -Como vou te ignorar? Se você está em todos os lugares … - Ouço ele sussurrar.

[...]

 Logo o sinal para as aulas finais tocou, e voltamos para a sala de aula. 

 Percebo que Tae ficou nervoso durante todas as aulas, ele mal falava comigo. 

Estava desconfortável as olhadas fulminantes e maliciosas de Hoseok, toda vez que eu o olhava, ele mordia seu lábio inferior ou mandava alguma piscadela. 

 Aquilo já estava incômodo, talvez Tae tenha percebido isso e por esse motivo estava me ignorando.

 Eu ainda não entendo por que Hoseok e Tae não ficam juntos. Por mais que eu não queira me envolver, acabo totalmente no meio deles. 

 Mas hoje no cinema, darei algum jeito para que esses dois fiquem juntos. Dou um meio sorriso pensando nessa possibilidade, e penso em, quanto Tae ficaria contente. 

 Me surpreendo com o sinal das aulas finais tocando. Guardo meus materiais. E vejo Tae e Hoseok me esperando.

 -Mi Na! Vamos deixar nossos materiais no armário da escola? - Tae pergunta sem me olhar.

 -Sim. - Concordo. 

 -Está animada? - Hoseok diz, e quando  me aproximo, passa seu braço pelo meu ombro. 

Hoseok olhava para os garotos a nossa volta, tive a impressão de que ele me exibia.

 Somente sorri fraco, me soltando de seu braço. 

 Depois de guardar os materiais no armário e sair da escola, caminhamos por pouco tempo até o cinema, era bem perto dali. O caminho foi silencioso, apesar de Hoseok estar colado em mim, ele não desgrudava os olhos de Tae, que por sinal estava mais triste do que o normal. Eu já não aguentava mais ver Tae assim.

Por mais que eu não queira me envolver, Tae tem se tornado alguém especial para mim. E descobri que detesto sua expressão tristonha. 

[...]

 -Bom, eu vou comprar os ingressos, e vocês a pipoca. Espero vocês na entrada do cinema. - Hoseok diz indo até a bilheteria.

 Eu e Tae caminhamos em silêncio até a fila da pipoca. Respiro aliviada, por estar longe da presença de Hoseok, mas Tae ainda continua da mesma forma.

 -Tae? Está tudo bem? - Pergunto buscando seu olhar.

 -Uhum… - Murmurou concordando com a cabeça.

 -Hum… - resolvo não insistir 

Depois que compramos a pipoca, fomos até o ponto de encontro com Hoseok. 

Então quando o mesmo apareceu, Tae abriu seu enorme sorriso quadrado, seus olhos chegavam a brilhar. Ele foi até Hoseok e entrelaçou seus braços com os dele. 

 -Você demorou Hobi! - Disse manhoso.

 -Eu sei, desculpa meu Anjo. A fila estava grande, esse é um ótimo filme. - Hoseok sorri e acaricia as bochechas de Tae.

Os dois pareciam estar presos, em um mundo só deles. E diferente o jeito que Hoseok me olha, e o jeito em que olha para Taehyung. 

 Olho para os lados procurando algum lugar para me esconder, os dois estão tão distraídos que nem um deles notaria minha falta, me afasto lentamente.

 -O que está fazendo Mi Na? Vamos entrar, a sessão está para começar! - Hoseok indica a porta, com um grande número 3.

 -Ah! Claro, eu já estava indo. - Sorri desajeitada.

 Quando entramos na sala do filme, eu espero os dois se sentarem, para que eu me acomode. 

Tae e Hoseok se sentam, eu me direciono para me sentar ao lado de Tae, mas sou puxada por Hoseok para me sentar ao seu lado. 

 Recebendo um olhar de reprovação de Tae, eu me sento na poltrona indicada.

 -Eu convidei você para um encontro, então vamos fazer isso direito. Ok? - Hoseok sussurrou em meu ouvido.

 Me sinto mais nervosa do que o normal, fico mexendo em meus dedos descompassadamente, mostrando meu desconforto. 

Sinto a mão de Hoseok, grande e quente cobrir minhas, por sorte estou com elas embrulhadas na manga do casaco. 

Tenho que evitar seus contatos invasivos.

 Olho para o mesmo e o vejo sorrir amavelmente para mim. Percebo também, que sua outra mão, está entrelaçada com a mão de Tae.

 O filme  começa e para minha surpresa, era um filme violento contra vampiros. 

Um filme que cultuava a violência contra os denominados “Monstros da sociedade”. Aquilo estava muito irritante, as cenas pareciam bem reais. Os gritos de lamúria dos vampiros estavam me enlouquecendo. 

Precisava sair dali, ou eu teria problemas em controlar minha raiva.

 -Preciso sair por um minuto, já volto! - avisei.

 -Eu vou com você! - prontamente Hoseok diz, soltando-se das mãos de Tae.

 -Não, não! Fique, por favor. Eu já volto. É rápido. - Sem esperar resposta, corro para longe daquela sala.

 Meu estômago estava revirado, só de imaginar que aquilo pode ter acontecido com meus pais.

 “Esses humanos são os verdadeiros monstros da sociedade.-penso.” 

[...]

Depois de me certificar que eu estava longe o bastante, consigo respirar tranquilamente. 

 Para aquele lugar eu não volto mais. 

Resolvo dar uma volta ao redor do cinema. Vejo que próximo ao local, tem uma cafeteria com uma placa de: 

 Precisa-se de cantores ambientes.

Não precisa ter experiência.

 Contratação imediata. 

 Entro e vou direto à uma pessoa com o uniforme do lugar.

 -Oi, eu gostaria de fazer o teste para está vaga.  -Falo com a moça sorridente que estava na estrada da cafeteria, apontando para a placa.

 -Claro, só que o dono não está no momento. Você pode vir aqui amanhã às 17:00 horas? - A atendente responde.

 -Sim, obrigada! - Sorri animada.

 Um trabalho, é tudo que eu preciso agora.  Vou me livrar do casamento com Yoongi,  e cuidar do Kookie sozinha. Não preciso de um vampiro como ele ao meu lado, posso muito bem me virar sozinha.

[...]

Horas depois...

 Olho o relógio, e percebo que já está quase na hora do filme terminar. 

Vou até a saída do cinema. Afinal seria deselegante da minha parte, sair daquela forma sem dar explicação, não posso levantar suspeitas ainda. 

 Vejo as pessoas saindo felizes e comentando sobre como o filme foi bom.

 Todos “vampiro fóbicos”. Reviro meus olhos e procuro por Hoseok e Tae. 

 -Mi Na? Onde você esteve? - Tae pergunta,  pela primeira vez no dia, sorrindo animado para mim.

 -Eu quase fui te procurar, mais o filme estava muito bom sabe. - Hoseok diz, trocando olhares quentes com Taehyung, o mesmo ficou com suas maças do rosto coradinhas. 

 -Desculpe, eu estava me sentindo mal, então resolvi caminhar um pouco aqui fora, acabei perdendo a hora de voltar. - explico.

 -Tudo bem, se sente melhor agora? Quer que eu compre algum remédio? - Hoseok pergunta preocupado.

 -Não, está tudo bem. Eu só queria mesmo avisar vocês, eu já vou indo embora. - Me despeço, virando-me de costas para eles.

 -Espera Mina, nós vamos com você. - Tae diz.

 -Não precisa, eu vou sozinha. - respondo. 

 -Jamais! Você não estava bem até agorinha, eu e Tae vamos te levar para casa. - Hoseok segura a mão de Tae possessivamente, enquanto caminha até meu lado.

 Somente deixei que os dois fizessem isso. Logo eu comecei a caminhar mais lentamente. 

Tae e Hoseok conversavam animados em minha frente. Até que o assunto do filme surgiu.

 -O filme foi fantástico, eu queria poder fazer aquilo com essas criaturas nojentas. - Hoseok diz eufórico.

 -Aigo! Mais você é um Ogro mesmo, pra que fazer isso? Só deixe eles no canto deles. - Tae empurra levemente o ombro de Hoseok. 

 -Eles merecem morrer, é isso que penso. - Hoseok responde.

Prendo minha respiração.

 -Alguns não fazem mal, na verdade a maioria deles. - Tae defende.

Eu não deveria ter esperado eles. 

 -Você seria amigo de um vampiro? - Hoseok pergunta arqueando uma de suas sobrancelhas. 

 -Hum… - Tae pensa - Não sei, mas eu não o trataria com intolerância. Eu acho que ignoraria. 

Meu coração estava acelerado.

 -Credo Tae! Eles comem, ou bebem sei lá, seu sangue. - Aponta para a pele de Taehyung. -  Eles comem o que você tem, eles são monstros que podem te matar. 

 -Alguns não são assim, hoje em dia temos até alguns vampiros ajudando com seus “dons” ou “ super poderes” sei lá como eles dizem. - Tae explica.

 Aquele assunto estava revirando novamente meu estômago, humanos preconceituosos. 

Depois nos classificam como “monstros da sociedade” mas na verdade eu pergunto, que é o verdadeiro monstro?

 -E você, o que acha sobre os vampiros Mi Na? - Hoseok para em minha frente.

 Esse é um dos momentos em que eu odeio ser vampira, odeio ter meus poderes, odeio ter que decidir isso.

 Estávamos em frente à uma construção, à cima das cabeças de Hoseok e Taehyung, havia uma pilha de tijolos suspensas no ar por um guindaste. 

 Ouço lentamente cada fibra de aço de romper, e os tijolos levemente se moverem. Olho para os meninos a frente e penso. 

Se escolher os salvar, logo eles perceberam que eu sou uma vampira, irei me revelar. 

Se eu não os salvar, eles morreram com certeza. Vários tijolos caindo nessa altura em cima de suas cabeças, eles não terão chances sozinhos.

E agora?

 “Salvar, ou não salvar?” 

 “Eles são preconceituosos e odeiam vampiros, por que salva-los.” 

 “Eles são seus amigos, acima de tudo. Salve-os.”

 Internamente, meus pensamentos brigam entre si. 

E sem muito tempo para pensar, eu corro em uma velocidade não humana na direção dos meninos à minha frente. 

Empurro-os, e os mesmos caem no chão livre do perigo. 

Porém não fui tão rápida a ponto de me livrar de alguns dos tijolos. 

 Uma grande nuvem de poeira me cercou, dificultando a visibilidade das pessoas. 

Mesmo em meio aquela névoa de poeira eu pude ver as expressões confusas dos garotos.

 Assim que a poeira se dissipou, Tae correu em minha direção. 

Eu tinha muitos machucados, e provavelmente um ombro quebrado, aquilo estava realmente doendo muito.

 -Mi Na? Você tá bem? - Se abaixa em minha frente, e tenta tirar alguns tijolos de cima de mim. - Meu Deus! Hoseok me ajuda aqui, ela está muito machu… - Engoliu sua frase, ao ver os ferimentos menores se curar sozinhos.

 -Ta-Tae, saí daí… - Hoseok diz amedrontado.

 -N-Não… Essa… Não! - Tae sussurra paralisado em minha frente, logo Hoseok o puxa para longe de mim.

 Por um momento observo os dois fugindo, fugindo de um monstro. 

Humanos podem ser muito patéticos na hora de mostrar seus medos.

 Percebo que as pessoas logo me encaram ao passarem na rua, algumas com pena, outras repudiando-me, mas nem uma se prestou a ajudar-me. 

Eu não posso andar toda rasgada e ensanguentada na rua, sem contar que meu ombro direito e agora meu quadril, estão muito doloridos. Preciso esperar minha recuperação total, para buscar ajuda.

Então, com dificuldades, me escondo na própria construção que por sinal estava vazia.

 -Malditos operários, é só dar a hora de embora que eles somem, nem sequer dão ao trabalho de checar se está tudo em ordem. - resmungo entre meus gemidos de dor.

 Deito-me em cima de alguns sacos de cimento, esperando meu corpo se curar esperar nutrem repouso. 

Eu precisava tanto ver aquela família de doidos nesse momento.

 [...]

 Algumas longas horas depois…

 Sou desperta por um cheiro incomum, um tanto familiar.

Um cheiro que eu conheço bem, Taehyung.

Ouço passos lentos e cuidadosos se aproximar, meus instintos de vampira dão sinais, eu estou com fome. 

 Tae ainda não me achou, porém eu já o encontrei, consigo ver perfeitamente sua expressão apavorada. 

 Com um movimento rápido fico em sua frente. Gemi baixo de dor, pois meu corpo ainda não estava recuperado.

 -Taehyung… Ah! - levei minha  mão ao meu ombro. - O que faz aqui nessas horas… - Meu tom de voz mudou, ameaçadoramente eu estava encurralando Taehyung.

 -E-Eu vim te trazer isso… - Me estende uma sacola.

Seu cheiro de baunilha misturado a sensação de medo, está me entorpecendo só consigo ver e pensar em suas veias pulsando em minha frente. 

 -Que? Por que? - tombo a cabeça de lado, confusa. - Não está com medo? Afinal eu sou um monstro não é mesmo? - forço meus olhos piscarem,  para me distrair com outra coisa que não seja as veias de Taehyung.

Minha visão ficar turva, e logo meus caninas coçam em minha gengiva, prontos para serem liberados.

 -Eu sei que não me machucaria. -Sussurrou, e posso ver que está tremendo.

 -Como pode ter tanta certeza? Eu posso sentir seu medo daqui. - Disse desviando meu olhar de Tae.

 -Você acabou de me salvar. - Ele diz com a voz embargada pelo choro. - E-Eu fiquei cuidando para te ver voltar para casa, e-e como você não apareceu, eu fui até sua casa pegar uma roupa e vim correndo te procurar, pensei que estaria machucada. - Respira fundo, abaixando sua cabeça.

Preciso controlar meus instintos, não sou uma selvagem, nem muito menos um monstro.

Me aproximo de Tae, e pego a sacola que ainda estava estava em suas mãos. 

 -Obrigada! - sussurrei.

 -Não me agradeça, se vista e vamos embora, você deve estar com fome não é? - Tae sorri fraco. 

 Concordo com a cabeça, e vou me trocar. 

 Depois de alguns minutos eu saí ao encontro de Tae. 

 -Consegue caminhar? - Tae pergunta. 

 -Sim. - Respondi segurando o gemido de dor.

Andamos devagar, pela calçada em um silêncio reconfortante. Senti que Tae voltou a ser meu amigo, mesmo depois de saber que sou vampira.

 -Afinal, você vai se casar? - Tae quebra o silêncio.

 -Não porque? - Pergunto confusa.

 -Quando fui em sua casa, sua mãe disse que estava ocupada bordando seu enxoval de casamento, e pediu para que eu fosse até seu quarto pegar o que precisasse. - Diz confuso, tombando sua cabeça para o lado.

Esqueci-me completamente sobre Yoongi. 

 -Ah! I-Isso… - sorri constrangida. - Não liga pra ela não, ela tem demência, e as vezes não diz coisas certas. 

 -Ah! É isso então. Por isso que ela furava o próprio dedo e te chingava, e logo depois ria descontrolada. - diz pensando.

 -É, isso mesmo. Não leve a sério o que ela diz.

 Durante o caminho de volta, fomos conversando coisas aleatórias, sem tocar no assunto sobre vampiros. 

Tae me surpreendeu hoje, eu esperava outra atitude dele em relação a isso. 

Apesar de que ainda me sinto estranha perto dele, na verdade sinto como se tivesse conhecido ele de verdade agora.

 Sem segredos.   

Continua...