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História Diários do Steve - Perdido


Escrita por: Opalablue

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 2 - Perdido


Fanfic / Fanfiction Diários do Steve - Perdido

Oi. Meu nome é Steve.

Na última noite, um fenômeno estranho me fizera perder a consciência.

Quando finalmente a recobrei, senti a claridade bater com tudo no meu rosto. Mas não era o brilho artificial da cidade grande, ou as luzes de uma sala de hospital.
 

Era o brilho quente do sol.

Me sentei na grama e esfreguei os olhos. Onde diabos eu estava?

Eu não fazia a mínima ideia de que lugar era aquele, pois, onde eu morava, não havia nenhum local como esse. Se parecia com um bosque. Talvez quente de mais. Mas definitivamente um bosque. As árvores me cercavam por toda parte, parecendo seguir algum tipo de padrão. Todas elas eram muito semelhantes. Aliás, tudo aqui era muito semelhante, como se fossem distribuídas de propósito.

Levantei-me e pus-me a andar em busca de uma saída, talvez uma explicação. Poderia estar em coma? Eu esperava que sim. Seria ótimo... dormir, e nunca mais acordar. Após algum tempo andando por um caminho tortuoso dentre os troncos, percebi uma neblina estranha tomando conta do local. Sei que o mais sensato a se fazer seria voltar para não me perder — como se eu já não estivesse perdido — mas eu vi uma silhueta. Se parecia com uma figura humana.

Com uma pontada de esperança, comecei a correr na direção dela. Mas algo me fez parar abruptamente. Esse algo, seria a cena que vi logo em seguida:

Uma segunda figura saiu de seu esconderijo de detrás das árvores. A mesma correu na direção da silhueta que eu pretendia me comunicar. E então, ecoou o barulho metálico de duas lâminas lutando arduamente. Esse era o som que eles faziam, mas a imagem que era vista era completamente diferente. A silhueta apenas se defendia sem dificuldades, mesmo que a segunda avançasse com toda a sua força pra cima dela.

No momento seguinte, um deles fora desarmado. O som da luta havia cessado, dando lugar ao barulho nojento de ossos sendo partidos e sangue espirrando. Um grito abafado de dor —ou de susto— fora ouvido antes do silêncio se propagar por completo.

A silhueta havia acabado de atravessar uma lâmina no corpo daquela pessoa.

 

Me coloquei a correr em disparada na direção oposta, buscando escapar daquela neblina. Por várias vezes eu tropecei e me dei de cara com as árvores, tamanho foi meu desespero pra fugir.

Eu preciso muito sair daqui.

 

Desesperado de mais pra prestar atenção no meu próprio trajeto, não percebi quando me aproximei de um barranco. O resultado foi o mais óbvio: eu rolei que nem um pedaço de merda colina abaixo, parando apenas ao atingir algo sólido que havia se partido bem nas minhas costas.

Gemi de dor e encarei com frustração a coisa que eu havia atingido, mas eu logo esqueci a raiva quando eu vi um tronco de árvore partido ao meio. As raízes continuavam presas à terra, e os galhos com suas folhas pairavam ali, flutuando no ar enquanto o "meio" da árvore estava quebrado em vários pedaços no chão. 

Encarei perplexo enquanto as folhas eram lentamente carregadas pelo vento, formando a imagem mais bizarra que eu já vira.

Eu estava drogado. Só podia estar.

Me levantei e percebi que o sol já estava se pondo no horizonte. Isso me deixou um pouco preocupado, pois eu não fazia ideia de como poderia me proteger durante a noite.

À minha volta eu só encontrava árvores pra toda parte, e isso estava começando a me aborrecer. Não havia nem uma pequena gruta onde eu poderia me esconder.

Me aproximei das cascas da árvore que eu estilhaçara. Peguei o maior pedaço que tinha ali, ainda preso a uma grossa camada de madeira. Parecia resistente de mais pra ser quebrado dessa forma, com meu peso. Seriam todas as coisas desse lugar frágeis de mais?

De repente ouvi um zunido perto do ouvido. Em seguida, havia uma flecha presa no pedaço flutuante do tronco de árvore. Ela havia passado a poucos centímetros do meu rosto. Quando me virei, me deparei com um esqueleto humano completo, dos pés a cabeça. Inexplicavelmente, ele conseguia se manter de pé mesmo sem ter nenhum órgão ou músculo. Mais do que apenas se manter em pé, esse esqueleto também vestia cotas de malha leves, carregava uma aljava com flechas e portava um arco de madeira básico.

De uma coisa eu tinha certeza: eu não podia estar na Terra.

Ele preparou outra flecha e a atirou em mim, sem sequer se dar o trabalho de mirar propriamente. Por puro reflexo, eu levei a casca de madeira ao rosto. A flecha se prendera nela, mas a casca se estilhaçou em minhas mãos momentos depois.

Antes que o esqueleto tivesse tempo de preparar outra flecha, eu fiz tudo o que me era possível no momento: correr.

Corri até alcançar um lago espaçado. Do outro lado da margem na qual me encontrava, vi um grupo bem grande de humanoides caminhando. Pelo cheiro, pelo tom esverdeado de pele e membros faltando, diria que eram zumbis. Todavia, o comportamento deles não dizia isso. Eles pareciam conscientes de si. Todavia, manteria distância.

Os ossos do esqueleto faziam muito barulho quando ele se movia, então eu sabia que ele se aproximava rapidamente em minha direção. Como eu não podia ir para a outra margem, continuei a seguir para o norte, esperando não me deparar novamente com a neblina.

Eu havia me esquecido completamente do barranco pelo qual eu tinha rolado mais cedo, e percebi que ter de subi-lo ia me atrasar. Apesar disso, eu parecia não ter muita escolha. Me agarrando em plantas rasteiras, subi a colina o mais rápido que eu pude, o que infelizmente pra mim, não era rápido o suficiente.

O esqueleto me alcançou, e eu apenas senti a dor excruciante de quando a flecha zuniu pelo ar e atingiu a minha panturrilha esquerda. Ao menos, eu já estava quase no topo quando ele me atingiu, caso contrário eu não seria capaz de terminar o caminho até o fim e provavelmente voltaria rolando para a morte certa.

Apesar da escalada ter terminado, eu não conseguia me levantar pra correr. Eu literalmente me arrastava pra longe do barranco, esperando que a dor fosse diminuir por conta da adrenalina.

Após um tempo, percebi que o esqueleto não me perseguia mais. Algo o fizera recuar ou desistir.

Me arrastei até os pés de uma árvore e me encostei nela, ofegante. A dor se tornara pior agora que eu estava quieto e "fora de perigo". Olhei para a minha perna e me deparei com uma flecha que felizmente—ou infelizmente—não havia atravessado completamente ela.

Eu não tinha ideia do que fazer com esse ferimento.

E então, vencido pelo cansaço, deixei que meu corpo à mercê da sorte, adormecendo e confiando que ela me permitira acordar mais uma vez.

 

Quando despertei, eu estava em outro local completamente diferente. Me encontrava na frente de uma majestosa mansão, com colunas de pedra branca, árvores podadas em formatos padronizados e diversas estátuas colossais. O jardim principal da mansão contava com diversas plantas secas e o local era empoeirado e de aparência mal cuidada, porém, não completamente abandonada, já que era possível ver luzes vindas de seu interior.

Me aproximei da porta gigantesca de madeira maciça e a empurrei. A porta rangeu quando aberta, causando um ruído que provavelmente ecoara por toda a mansão.

 

Já no salão principal, a mansão tinha outro aspecto. Haviam diversas estantes abarrotadas de livros sem títulos em suas lombares, bem como sofáres, divãs, quadros, plantas (vivas), um lustre aceso no teto bem como outros artigos de luxo. Uma escadaria dupla — que contava com tapete vermelho e tudo — levava aos andares superiores, e por algum motivo, eu segui esse caminho, como se algo me chamasse.

 

Me deparei com um corredor onde quadros que retratavam a guerra e o amor (como eu sabia disso, não sei)—dois polos distintos, na minha opinião — estavam sendo exibidos. Me arrepiei quando percebi que alguns deles retratavam um homem bizarramente parecido comigo, com exceção de seus olhos. Eles eram totalmente brancos.

De qualquer forma, nesse corredor havia portas e até mesmo, outros corredores. Eu entrei em um desses outros corredores onde haviam duas portas, sendo que uma delas estava entreaberta. E eu sabia que tinha que entrar ali.

 

Aquele cômodo era bem simples: uma cama, um armário, uma escrivaninha e uma cadeira giratória de aparência confortável que era de longe o objeto mais extravagante do quarto. Eu comecei a vasculhar, procurando embaixo das camas e revirando as dezenas de moletons no armário, buscando algo que eu não sabia ao certo o que era, mas que sabia que deveria estar ali.

 

Acabo, enfim, por encontrar algo interessante na gaveta da escrivaninha. Era um caderno com capa de couro marrom. As folhas já amareladas pelo tempo continham escrituras numa linguagem que eu não sabia que era capaz de compreender. O título do livro era "Persson", e tudo indicava que se tratava de um diário.

Mas eu não tivera a chance de me aventurar pela vida privada do dito cujo. Sem que eu notasse, alguém adentrara o quarto e sorrateiramente se aproximara de mim, enterrando uma espada nas minhas costas, atravessando meu peito.

Eu tentei gritar de dor, mas não conseguia. O som ficara entalado na garganta enquanto o sangue quente escorria formando uma poça no chão.

 

E então, eu despertei pra valer.

 

Tossindo e um pouco tonto, eu não fazia ideia do que tinha acabado de se passar naquele sonho. Que maneira desagradável de se acordar.

 

Olhei para o céu e percebi que o sol já se encontrava bem alto no céu. Eu tinha dormido de mais.

Mas qual era o ponto em se preocupar com as horas? Eu estou sozinho num lugar completamente estranho e ferido. Tavez eu nunca mais saia de debaixo dessa árvore. Eu posso até estar me decompondo aqui mesmo e só não me dei conta disso ainda.

 

De repente, um barulho familiar chegou aos meus ouvidos. Era o estrondo causado por um tiro de arma. E ele se repetia, ficando cada vez mais alto.

Me pus de pé com dificuldade, tentando não quebrar a flecha e piorar ainda mais minha situação. Olhei em volta, procurando pra ver se encontrava alguma coisa. Mas eu não iria ver nada. A neblina começou a tomar o bosque com tanta rapidez que eu mal conseguia ver o sol direito, como se estivesse nublado.

 

E então, surgindo dos confins de sei-lá-onde, surgiram duas figuras num embate a uma velocidade que, a prinrípio, foi difícil de acompanhar. Mas a medida que eles avançavam, pude distinguir suas formas.

Identifiquei o portador da arma como sendo um garoto que aparentava ter quinze anos. Não havia nada de muito especial pra se reparar nele, exceto o sobretudo bege e o chapéu de mesma cor, que faziam ele parecer um rip-off de Sherlock Holmes. Já o outro cara...

Ele era exatamente igual a mim.

Eram os mesmos cabelos castanhos bagunçados, mesmas feições e aparentemente o mesmo porte físico (ok, talvez um pouco melhor). Até mesmo a escolha das roupas se assemelhava a algo que eu de fato usaria.

Mas seus olhos eram brancos, e brilhavam como duas lanternas.

E brilhando junto de seus olhos, havia uma espada de dois gumes feita de um material azulado e quase translúcido, que reconheci como sendo diamante.

 

O garoto atirava no "meu clone", o errando em todos os disparos. Sua velocidade era tão alta que ele não podia ser humano. Simplesmente não podia.

As balas que ele não fazia questão de desviar eram CORTADAS pela espada, o que era muito maneiro. Mas eu estava torcendo pra que o outro cara vencesse, porque eu não conseguiria lidar com o Sonic na condição em que me encontrava.

 

Em determinado momento, meu clone parou de se mover, parecendo atordoado. Pelo o quê, eu não sei, pois o outro não havia sequer o arranhado.

Vendo uma chance, o garoto atirou uma, duas, três, quatro vezes nele até seu corpo cair imóvel no chão. Depois disso, ele ainda atirou mais algumas vezes —pra ter certeza, vai que.

 

Ele estava morto. E agora?

 

Bom, era aí que eu me enganava. O meu clone simplesmente evaporou no ar como se ele fosse mera ilusão. A neblina começou a dispersar, e eu não consegui deixar de associar uma coisa à outra.

O garoto recarregou a arma e caminhou em minha direção. Eu gelei, com medo de que o próximo a sofrer pelos seus disparos fosse eu mesmo. Quase que confirmando meu medo, ele aponta a arma pra minha cabeça. E eu, tentando manter um pouco da minha dignidade, fiz questão de encará-lo nos olhos e parecer destemido. Mas ora, onde estava a dignidade em morrer nas mãos de um pirralho? Dos quinze ele não passava. Certeza. Ficava mais evidente agora que eu via sua expressão desconfiada estampada na sua cara de bebê.

 

Como que se quisesse me lembrar que eu estava falando com uma ameaça em potencial, ele questionou em bom tom:

 

—Quem é você e de onde você veio?

 

—Sou Steve.—Respondi, receoso por não saber ao certo responder a segunda pergunta. Quer dizer, eu ainda estava na Terra? Se ainda estávamos, ele ia encarar isso como deboche? —Eu não faço ideia de que lugar é esse.

 

Ele ponderou.

 

—Estamos em Minecraftia, no Overworld. Esse bosque onde estamos é chamado Spawn de Idiotas.

 

Minecraftia. Me parece familiar, mas não faço ideia de onde eu ouvira esse nome antes. De qualquer forma, não consegui não achar que ele estava tirando uma com a minha cara, pelo nome do lugar.

 

—Por que "Spawn de Idiotas"?—Indaguei, não conseguindo me conter por me sentir levemente ofendido.

 

—Por que é daqui que idiotas como você e eu surgem todos os dias.—Explicou, abaixando a arma e suavizando a expressão.—Veio da Terra, não veio?

 

—Isso mesmo!—Confirmei, animado com a menção da Terra, pois isso eliminava a hipótese de que eu estava ficando louco. Apesar de que agora novas perguntas haviam surgido, era bom finalmente saber onde eu estava.

Ele olhou pra baixo, reparando então no ferimento lamentável que eu tinha, que agora me causava vergonha. Quer dizer, eu era bom com brigas. Com brigas onde ambos estão DESARMADOS e não correm numa velocidade que deixaria Flash orgulhoso. Mas esse cara parecia lidar com isso com tanta naturalidade que eu me senti meio envergonhado do meu completo fracasso.

 

—Senta aí. Eu vou arrumar isso.

 

Obedecendo, me sentei encostado na árvore. Ele ficou de joelhos de frente pra mim, retirando algumas coisas de dentro do casaco que agora que eu reparara, era cheio de bolsos.

Pra me abstrair da dor de ter uma flecha puxada pra fora do seu corpo e rasgando a sua carne, tentei puxar assunto com ele pra descobrir mais um pouco sobre o lugar onde eu estava preso.

 

—Então...você tem alguma ideia de como viemos parar aqui?—Perguntei.

 

—Existem hipóteses.—Ele respondeu.—Mas nada confirmado.

 

—Que hipóteses?

 

—Olha, eu não sou a melhor pessoa pra te explicar isso. Eu acho que é complicado de mais pra você entender agora.

 

Silêncio.

 

—...Ei, ontem durante a noite eu vi um esqueleto.—Contei.—E foi ele que fez esse estrago na minha perna.

 

—Eu imaginei.—Ele disse.—Pode ir se acostumando. Por aqui isso é bem comum. Tem até piores do que esse. Zumbis e Esqueletos não são tão problemáticos porque queimam no sol.

 

Por um momento eu olhei pra cima, me sentindo grato pelo calor do sol pela primeira vez na vida. Ele provavelmente me poupara a vida de alguma forma.

 

—Que tipos de monstros piores do que esse tem por aí?—Questionei.

 

—Ah, um monte.— Respondeu, pausando quando ele removera enfim a flecha da minha perna, fazendo com que eu tivesse de conter um grito de dor.—Desculpa. Tem os Creepers, que explodem...tem as aranhas que escalam paredes e entram nas casas...algumas inclusive são venenosas, mas elas são mansas durante o dia...ah, e é claro, os Enders. Eles são os piores de todos.

 

—Por quê?

 

—Ora porquê...eles são muito altos, possuem garras e dentes afiados e podem se teleportar...eles já são perigosos normalmente, mas se você olhar nos olhos deles...

 

...

 

—O que acontece?—Insisti pela resposta, incomodado com a pausa desnecessária.

 

—Eu não tenho certeza. Mas eles ficam furiosos, e então não há mais como escapar. É matar ou ser morto.

 

Engoli em seco tentando imaginar um monstro desses. Esperava não ter a infelicidade de topar com um por aqui. Como será que seriam os olhos deles? Será que eram desconhecidos porque todas as pessoas que os viram morreram? Isso com certeza não devia me deixar inspirado.

 

—Certo, eu terminei aqui.—Anunciou, analisando com satisfação o trabalho que tinha feito.

 

—Obrigado.—Agradeci. A dor agora havia se reduzido a quase nada, e eu sentia que podia me erguer propriamente e agir por conta própria.

 

—Então. Você vem?

 

—Ir?—Perguntei, confuso.— Ir pra onde?

 

—Ainda dentro desse bosque—Começou—há uma aldeia. É de lá que eu vim. Você pode vir comigo pra lá...ou se preferir pode continuar vagando pelo bosque.

 

—Hm...eu até que estou indo bem nessa coisa de ir vagando por aí...mas já que você insiste, eu vou te acompanhar.—Respondi, me levantando.

 

—Certo. Então vamos, só não ande muito devagar.—Tendo dito isso, ele nem me esperara. Já saiu em direção ao norte. E eu claro, "corri" pra alcança-lo,

 

—A propósito, qual é seu nome?

 

—Nathan.

 

—É um prazer, Nathan.

 

—Hm.

 

...

É por isso que eu odeio a convivência com seres pensantes.



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