Harry POV
Acabei dormindo ali na sala de espera, eu não iria para casa sem levar minhas duas meninas para casa. Uns dos médicos vieram me avisar que Elisa não teve uma melhora e nem piorou, ela estava como ontem e aquilo fez com que minhas forças se esgotassem. Minhas pálpebras estavam pesadas e pedi a Deus que tudo aquilo fosse um pesadelo, eu não poderia perder Elisa, não agora. Nos agora temos uma filha e ela estava tão feliz por isso, só de imaginar que talvez ela não vá poder ver mais uma vez nossa filha, meu coração se aperta e se quebra em pedaços. Eu não irei aguentar perder Elisa. Não vou. Sou despertado dos meus devaneios quando vejo um médico se aproximando.
― Senhor Styles? – perguntou o Dr.
― Sim, sou eu. O que aconteceu? – respondi e perguntei me levantando rapidamente.
― O Senhor pode me acompanhar? – assenti, e logo o Doutor estava andando em direção ao corredor, fui atrás. Ele parou em frente a uma sala e entrou na mesma, fiz o mesmo e ele fechou a porta.
― Porque me trouxe aqui? Aconteceu algo com Elisa ou com minha filha Doutor?
― Sente-se! – falou enquanto se encostava a uma mesa.
― Porque me sentar Doutor? Diga-me o que aconteceu? – eu já estava eufórico e com o coração a mil.
― Só direi se o Senhor se acalmar e sentar-se! – então me sentei.
― Agora diga... – minhas mãos suavam. Meu coração batia rapidamente.
― O Senhor vai ter que ser forte.
― Por quê? – indaguei me levantando. ― DIGA DOUTOR!
― Elisa tem grande chance de não voltar do coma, ela está piorando. – O que?
― E-Elisa? O Senhor está brincando né? Isso é uma piada, como a minha... – não consigo imaginar minha vida sem Elisa, meu coração só faltava sair da boca de tanto bater, minhas mãos e pernas estavam trêmulas, e lágrimas escorriam pelo meu rosto sem parar.
― Eu sinto muito, mas ainda quero falar algo...
― O QUE MAIS ACONTECEU? A MINHA FILHA? ELA ESTÁ BEM?
― Sua filha está ótima, o que quero falar é sobre Elisa... Só quero que o senhor fique ciente que faremos o possível. Mas a melhora só vai depender dela. E também, ela pegou uma infecção no parto.
― INFECÇÃO? EU NÃO POSSO VIVER SEM ELA – gritei. ― EU NÃO VOU CONSEGUIR, ELA É TUDO PRA MIM! – fui para cima do Dr.
― Eu sei o que o senhor está sentindo, mas infelizmente a manter nos aparelhos é o máximo que podemos fazer.
― Eu não quero imaginar viver sem Lisa – falei calmo, virando de costas para o Doutor e pegando um vaso que havia no canto da sala. ― PORQUE ISSO ESTÁ ACONTECENDO COMIGO? – gritei jogando o vaso na parede e jogando a cadeira na qual eu estava sentado aos ares.
― Tenha calma Senhor.
― CALMA? – perguntei me virando para fitá-lo. ― VOCÊ QUER QUE EU TENHA CALMA DEPOIS DE SABER QUE POSSO PERDER MULHER DA MINHA VIDA? QUER QUE EU TENHA CALMA? – exclamei sentindo minhas pernas bambearem, logo eu estava no chão, com o cabelo bagunçado e o rosto encharcado, meus olhos a essa altura já estavam vermelhos de tantas lágrimas que ali saíram, logo os soluços vieram, e a partir dai, não controlei as lágrimas que saiam. Tudo estava acabado.
― Nós estamos fazendo de tudo por ela, Elisa está em ótimos cuidados, peço que o Senhor se acalme.
― Não consigo. – exclamei olhando para ele. ― Eu só quero ela de volta, quero elas nos meus braços, quero estar com ela vendo nossa filha crescer... – levantei-me.
― Senhor...
― QUE MERDA DE SENHOR, SENHOR É QUEM TE PARIU SEU INÚTIL! – falei jogando o computador que estava na mesa, na porta, já não sabia mais se chorava, gritava ou acabava com qualquer objeto daquela sala.
― Quebrar as coisas também não irá trazê-la de volta! – exclamou o Dr.
― MAS PELO MENOS VAI DIMINUIR A ENORME RAIVA QUE TENHO DESSA MERDA QUE VOCÊ É, DA MERDA QUE É ESSE HOSPITAL, NÃO VOU DEIXAR QUE MATEM A MINHA FILHA! – exclamei enquanto saia da sala em busca ao berçário, mas antes que pudesse achá-la, senti fortes braços me puxarem para trás. ― ME SOLTEM, EU QUERO A MINHA FILHA, EU VOU TIRAR ELA DAQUI, EU QUERO A MINHA FILHA!
― Não grite, os bebês vão acordar! – falou um homem que me segurava e que pelo jeito era segurança.
― EU SÓ QUERO A MINHA FILHA, QUERO MINHA ELISA, EU A QUERO COMIGO! – exclamei chorando e caindo no chão, olhei para os lados e todos me olhavam, uma mulher chegou perto de mim e se agachou a minha frente.
― Eu sei o quão difícil é ver a pessoa que você mais ama nesse estado, ainda mais pela fatalidade do caso que sua mulher sofreu. E sobre a sua filha, ela está sobre cuidados de muitas enfermeiras e agora estará mais ainda, não vamos deixar que nada aconteça com ela, isso podemos prometer, mas é melhor que o senhor a deixe aqui, pois nós sabemos como cuidar de uma recém nascida, e o Senhor é pai de primeira viagem, percebi, e não saberia cuidar do jeito que ela precisa ser cuidada.
― Eu quero minhas meninas comigo. – falei em meio aos soluços.
― Eu sinto muito mesmo, tentaremos o possível, e se for por nós, os aparelhos ficaram ligados até que sua amada volte a respirar sozinha, mesmo que durar meses.
― Minha vida acabou. Eu nem pude dizer a última vez que a amo, tudo que eu queria era que ela estivesse bem, que ela estivesse sorrindo ao saber que ela teve uma filha linda, ela nem pelo menos conseguiu sentir nossa filha em seus braços direito. – digo ainda soluçando e agora chorando mais do que antes, apoiei minhas mãos na cabeça e gritei, para que todos ouvissem o quão grande a dor que estava em meu coração.
― Sua vida não acabou, você ainda tem a Maya, ela ainda tem você. Então vamos fazer o seguinte, eu vou pedir para o Doutor liberar sua filha dias antes da data normal que ela voltaria, e eu posso, claro se não for incomodar, pedir para alguma enfermeira ficar na sua casa cuidando dela e te ensinando a como cuidar dela. Ai quando ela ver que você está pronto, ela vai embora. O que acha? – a olhei e assenti, não consegui ao menos sorrir pelo seu carinho por alguém que nem conhece. ― Agora se levante e vá para casa, ou se quiser fique aqui para esperar os pais dela chegarem. Mas antes, você já viu sua filha? – ela perguntou, seus cabelos eram loiros e iam até os ombros, pude ver seu jaleco com um nome, Doutora Grace.
― Só quando ela nasceu, mas logo me tiraram da sala, pois a mãe dela tinha sofrido uma parada cardíaca... – respirei pesadamente e as lágrimas que tinha cessado, voltaram com força total.
― Então venha comigo, eu vou mostrá-la para você! – ela disse se levantando e me levantei também.
― Mas Doutora ainda não temos autorização do médico responsável para que ele veja sua filha. – falou uma mulher que como estava vestida, era uma enfermeira.
― Já cometemos erros demais, acho que o mínimo que podemos fazer, é mostrar sua filha a ele. Que isso não seja um problema Meredith.
― Claro que não, desculpe-me Doutora. – ela assentiu e pegou minha mão para que a acompanhasse, fomos prosseguindo em um longo corredor, e ela parou em uma sala que havia muitos berços, pediu que eu fizesse silêncio quando entrássemos, assenti.
Entramos e ela me levou até certo berço todo rosa e com um bebê lindo que estava dormindo, era Maya, minha Maya. Seus pequenos olhinhos estavam fechados, estava de touca rosa, roupinha rosa e sapatinhos e luvinhas também rosas. Lembro bem quando sua mãe me mostrara aquele conjuntinho e a imaginava com ele. Senti um aperto no coração e toquei suas pequenas mãozinhas, tão pequenas e frágeis, seu rosto era tão delicado e suas bochechas rosadinhas e fofas. Tudo que queria era poder apertá-las e sentir minha filha o mais perto de mim possível. Então infelizmente a Doutora me despertou dos meus pensamentos ao falar que deveríamos sair da sala, olhei pela última vez minha princesa e pela primeira vez depois de receber a noticia que sua mãe poderia não voltar a respirar mais, eu sorri.
Olhei para o Doutor responsável pela "morte" de Elisa e dirigi a ele minhas últimas palavras.
― Eu quero voltar aqui e saber que minha filha e minha mulher estão bem, caso contrário, eu acabo com a sua vida.
***
Fiquei ali sentado na “sala” de espera, esperando pelos pais de Elisa, minhas pálpebras estavam pesadas e estava lutando para não dormir. Quando ouço uma mulher me chamar, era Deanna, mãe de Elisa.
― Harry! Que bom te ver, viemos o mais rápido possível! Mas não estávamos achando táxi! – disse Deanna me abraçando e eu não conseguia retribuir. ― Bom, cadê minha filha? E minha netinha?
― Ela... – respirei fundo e minhas mãos começaram a suar.
― Ela o que Harry? CADÊ A MINHA FILHA?
― Acalme-se, por favor. É melhor a Senhora se sentar, vocês dois se sentarem. – eles sentaram e eu me acalmei ficando em frente a eles. ― Elisa deu a luz a Maya ontem, mas infelizmente ela teve uma parada cardíaca depois de dar a luz a ela. Ela está ligada a aparelhos, porque ela não consegue respirar sozinha. – eles se levantaram e disseram não em uníssono, a mãe de Elisa começou a chorar desesperadamente, e o pai tentava acalmá-la.
― NÃO NÃO NÃO NÃO! MINHA ELISA NÃO, ELA ESTÁ BEM, MINHA FILHA ESTÁ BEM.
― Eles estão tentando o possível para trazer Elisa de volta.
― NÃOOOOOOOO, EU QUERO A MINHA FILHA! – ela gritava olhando para todos os lados, tentou correr para o corredor, mas as enfermeiras e alguns seguranças a seguraram e ela caiu no chão. Ela estava ali, deitada no chão chorando como se ela tivesse perdido o mundo, e ela talvez perderia. O pai de Elisa ainda tentava acalmá-la, mas acabou se sentando ao chão, encostado na parede, chorando como a mãe. Sentei-me, aquilo estava me matando, vê-los desesperados estava me matando.
― Cadê minha netinha? – perguntou a mãe de Elisa ainda no chão, agora me olhando.
― Ela está bem, Maya está saudável e seu estado é ótimo. Ela está bem... Agora vocês precisam se acalmar. – falei levantando-me e indo até eles, pedindo, por favor, que eles se acalmassem e levantassem.
***
Depois de ter conseguido acalmá-los, Deanna e John – pais de Elisa – pediram para que eu voltasse para casa, meu estado é deplorável e estou parecendo um zumbi. Acabei aceitando a proposta deles, os dois irão cuidar de tudo sobre Elisa e todos os papéis de Maya também. Não estava com cabeça para cuidar desses detalhes. Entrei no meu carro e dirigi até a casa de Elisa. Fiquei longos minutos dentro do carro com a cabeça apoiada no volante e chorando como nunca. Não conseguia acreditar que tudo isso está acontecendo, que poderia perder Elisa a qualquer momento na melhor parte das nossas vidas. Ela não poderá cuidar de Maya como tanto desejava e isso me matava aos poucos. Sai do carro e o tranquei, destranquei a porta da sala e entrei, meus olhos percorreram toda a sala e observei cada detalhe, a casa estava em silêncio.
Tudo estava intocável como havíamos deixado antes, coloquei seu diário na mesa de centro e olhei para todos os lados, na esperança de ouvi-la me chamar, ou de simplesmente ela aparecer. Subi as escadas indo até o quarto, o abri e nada, ela não estava ali, e eu já talvez poderia me acostumar a não tê-la presente, mas era difícil aceitar o fato de que minha Elisa... Ahh... Joguei-me na cama, e logo o seu cheiro adentrou minhas narinas, fechei os olhos ao sentir seu cheiro doce, minhas mãos ansiavam tocá-la como nunca antes, sentia-me numa batalha naval, na qual eu era uma bomba, e se me tocassem, eu explodia. Meu rosto esquentou e ali estava eu, chorando mais uma vez. Sofrendo mais uma vez. A procurando aonde nunca mais vou achá-la, mais uma vez.
Vazio, era como eu me sentia. Levantei-me da cama, e fui atrás de seu diário, o encontrei ali mesmo onde deixei, o peguei e abri na última página, aquelas palavras pareciam ter sido escritas agora mesmo, mas eu sabia quando elas foram escritas, eu a vi escrevendo bem aqui, minutos antes de dar a luz a nossa filha, ver aquelas palavras estava me deixando curioso. Suas últimas palavras a mim.
Aqui estou eu, deitada em uma cama de hospital só esperando para que minha filha queira sair de meu ventre. Nunca imaginei que chegaria a esse ponto, de ter uma filha, de ter uma família, anos atrás essas duas coisas eram impensáveis por mim, ter uma família nunca foi um sonho, achava que poderia viver muito bem sozinha ou com apenas um namorado, mas não com um ser humano em meu ventre. E hoje todas aquelas coisas impensáveis por mim, viraram o que sou, mãe. Mãe de uma linda menina, que ainda não tive chance de vê-la formada, meses atrás ouvi seu coraçãozinho bater, que coisa mais adorável, eu poderia ter ficado ali a ouvindo por muitos anos. Ver e sentir seu pequeno pézinho chutando minha barriga era algo sem explicações, e tudo isso já estava perfeito, mas só poderia estar completo com o amor da minha vida, o pai da minha princesa, Harry. Quem diria que aquele garoto que quando conheci só pensava em pegar garotas, hoje seria pai, não um pai qualquer, o pai da minha filha, pai da nossa pequena. Que coisa hein? Mas o que mais me deixa inquieta nesse meio todo é saber se vou poder colocar laçinhos no cabelo dela, se vou poder ouvi-la gritando MAMÃE por todos os lados, se vou poder tirar foto de todos seus aniversários até que ela se tornasse uma mulher. Acho que essa vai ser a função de Harry, pois agora o que eu mal sei, é se vou acordar, depois de fechar os olhos.
E ela não acordou.
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