História Diary of a Dead Girl - Let It Go

Harry POV

Já se passaram 10 dias, 10 cansativos e tensos dias sem Elisa ao meu lado, sem tê-la presente. Maya já está em casa e como prometido pela Doutora Grace, ela trouxe uma enfermeira para me ajudar a cuidar de Maya como ela deve ser cuidada. Tenho aprendido rapidamente a colocar roupa nela, dar a mamadeira que contém leite de outras recentes mães e também aprendi a dar banho, o que convenhamos não é um bicho de sete cabeças. Os pais de Elisa estão indo dia sim dia não no hospital visitar a filha deles. E eu, bem... Eu não apareci naquele hospital desde o dia que me avisaram que talvez Elisa não voltasse do coma. Eu não aguentaria vê-la deitada em uma cama de hospital sem respirar normalmente, os aparelhos que estão a ajudando a viver e lembrar-me disso, fazia com que minhas mãos ficam tremulas e meu pensamento avisar-me do pior. Medo, esse sentimento me predomina. A enfermeira irá embora daqui três dias, pois precisa voltar para o hospital, e eu não hesitei em sua decisão, ela precisava trabalhar e eu poderia cuidar bem da minha própria filha. Deanna, mãe de Elisa, passou aqui minutos atrás para ver sua neta, ela ficou encantada com Maya e chorou ao lembrar-se de sua filha, pois Maya tem características visíveis de Elisa.

5 dias se passaram

Então finalmente chegou o dia, o dia em que verei Elisa impossibilitada de qualquer movimento, pensar isso fazia com que as partículas em meu corpo, se remexessem desesperadamente. Senti meu rosto esquentar quando entrei dentro do carro, os avós de Maya ficaram com ela para que eu possa ir até o hospital. Desejaram-me força, e eu preciso, de muita.

Abri a porta ao desligar o carro já dentro do estacionamento do hospital, o tranquei e fui até o andar de cima, identifiquei-me para que a moça da recepção deixasse que eu entrasse na sala de Elisa e assim ela fez, fui autorizado e indicado até a sala. Respirei pegando todo ar possivel e o liberando logo em seguida, olhei para a maçaneta e meu cérebro fez com que minha mão pulasse de dentro do bolso da calça e alcançasse a maçaneta. Contei até 10 e abri a porta fitando o chão e totalmente aflito, entrei virei-me para fechar a porta, depois de fechar procurei por uma cadeira sem parar para olhar Elisa. Achei a cadeira e fui até ela, a puxei para mais perto da cama e pela primeira vez depois do parto, pude olhar Elisa.

Seu rosto pálido e sua boca num tom claro de lilás chamou minha atenção. Ela não tinha cor e seu cabelo já não tinha mais brilho como antes. Lágrimas rolavam e não importei-me em limpá-las, eu só quero viver esse momento em que sinto-me fraco e oprimido. E que talvez, seja o último. Antes de as palavras saírem de minha cabeça, comecei a pronunciá-las.

― Oi amor, que saudade de ouvir a sua voz, saudade de sentir seu toque, saudade de quando você dizia que me ama e corava quando eu dizia o mesmo. Saudade de tudo que vivemos juntos, confesso que antes eu não tive coragem de vir aqui te ver, confesso que eu não aguentaria te ver nessa situação e não fazer alguma coisa para te ajudar, e bem... – suspirei. ― Agora tomei coragem o suficiente para estar aqui, e te ver do jeito que eu mais temia te ver, nunca me senti assim. Tão sem forças para te tirar desse lugar e dessa situação... E ah... Tivemos uma filha linda, nossa Maya é maravilhosa. E toda vez que a olho, lembro de você e isso me deixa em pedaços. Eu só queria que você voltasse Lisa, só queria te ouvir dizer mais uma vez que me ama. Eu não consigo mais não te ter presente, me sinto sozinho e impotente... E antes de te dizer o que realmente eu vim fazer aqui, vou te dizer algumas coisas... Vou cantar algumas partes de músicas, partes que representam o que acontece agora e o que eu sinto, mesmo o resto da letra, não fazer muito sentido! – ri. ― Como em When I Was Your Man diz, “tolo demais para perceber que eu deveria ter lhe comprado flores e segurado sua mãos, deveria ter te dado as minhas horas quando tive a chance, ter levado você a todas as festas, porque tudo o que queria era dançar.” – cantarolei. ― Em A Thousand Years, “Eu morri todos os dias te esperando. Não tenha medo. Eu te amei por mim anos, e te amarei por mais mil.” – cantarolei novamente. ― E será assim Lisa, eu vou te amar eternamente, até que minhas forças acabem. – suspirei pesadamente, deixando escorrer pelo meu rosto lágrimas. ― E em It Will Rain, “Porque não haverá luz do sol se eu te perder, amor”. E não haverá Elisa, mas agora Elisa, eu decidi o que quero. Não vou te obrigar a ficar, nem pedir inúmeras vezes que você volte, Maya foi o presente que você me deu, e eu cuidarei dela... Sozinho. Não quero que você fique presa aqui Elisa, então se quiser ir... – mais lagrimas já se faziam presente em meu rosto e minha voz embargada. ― Se tiver que ir, vá! Não se prenda aqui só porque eu ou sua família estão pedindo, meu amor, sei que não vou conseguir viver bem sem você, mas entenderei se você quiser ir. Eu sempre estarei com você, nunca se esqueça disso. Porque, no meio dos meus erros, meu acerto foi você. – então sem esperar por aquilo, sinto a mão de Elisa apertar a minha, arregalei os olhos em direção a nossas mãos agora como uma só e depois olhei em seus olhos, eles continuavam fechados, mas agora, os aparelhos apitavam em outro ritmo e som. Medico e enfermeiras apareceram abrindo a porta rapidamente e vendo o corpo de Elisa, uma enfermeira afastou-me de Elisa e meu olhar ainda fitava seus olhos fechados, senti seus dedos passarem em minha mão enquanto a enfermeira tirava-me de lá. Eu sabia o que iria acontecer, eu a deixei ir, e ela se foi... Ela decidiu ir. ― Eu te amo e te amarei eternamente Elisa. – essas foram minhas ultimas palavras dentro daquela sala.

Sai do hospital sem rumo, ouvi vozes me gritarem, mas não me importei, continuei a caminhar sentindo a brisa tocar meu rosto e bagunçar meu cabelo. Avistei um banco e decidi sentar, meus olhos fitavam o chão como se ele fosse a coisa mais interessante do momento, sinto lágrimas rolando, as lágrimas que significam todo o sentimento que agora se faz presente em mim, o sentimento de saudade é o que mais se destaca agora. Deixá-la ir foi uma escolha difícil, foi algo que não consigo explicar. Talvez eu tenha errado em deixá-la ir, talvez não. Eu não sabia ao certo o que fazer e tudo que consegui dizer foram aquelas palavras, palavras que agora rodopiam pela minha cabeça sem hesitar. Toco a mão na qual a minutos atrás Elisa tocara e pude sentir novamente o seu macio toque em uma fora de Adeus... Adeus... Nunca imaginei que tudo isso aconteceria, que nossa vida virasse um barco cheio de acontecimentos prestes a afundar. Agora estou sozinho nesse mundo, com uma filha que já não tem mais a presença da mãe. Que coisa não? Mas de uma coisa eu tenho certeza, Maya foi o melhor presente que Elisa me deu. E não deixarei que nada de ruim aconteça com a minha pequena, cuidarei dela como sei que Elisa cuidaria. E essa mulher maravilhosa, e que amei intensamente, sempre estará presente no lugar onde poucos conseguiram chegar, no meu coração.

*E ninguém a matou, ela só decidiu ir, e eu entendo.

E então nós continuamos felizes nesse pequeno, mas perfeito pedaço do nosso para sempre.

Eu aqui, e ela... Onde está.