Harry POV
Dia seguinte...
Acordei com uma dor horrível no corpo, abri os olhos devagar e mudei minha visão do teto para o berço de Maya, ela estava respirando calmamente com os seus pequenos olhos fechados. Sorri ao vê-la e depois esfreguei as costas das mãos nos olhos, e devagar me levantei da cama, fui até o berço para olhá-la mais uma vez, toquei seu rosto macio, e em questão de segundos a imagem de Elisa veio em minha mente. Hoje será o enterro dela e ontem quando cheguei do hospital, chorei horrores e ainda tenho vontade de chorar. Depois de contar aos pais de Elisa o que acontecera, pedi para John buscar meu carro no hospital, pois eu estava sem chão e acabaria cometendo uma loucura. Eles ficaram horrorizados e não é pra menos, eles amavam Elisa e ela era a única filha deles, a única criança que eles tiveram.
Depois de pensar tudo isso, fui até o banheiro e assustei-me quando me vi no espelho, com os olhos inchados e totalmente vermelhos. Tomei um banho e coloquei roupas brancas, eu não iria todo de preto, preto não era a cor de Elisa. Deanna contratou uma babá para ficar com Maya apenas por hoje, pois não havia ninguém para ficar com ela.
Desci as escadas e vi Deanna e John sentados no sofá e surpreendi-me ao vê-los de branco. Fui até a porta que agora batia e recebi a babá. Ela aparentava ter seus 50 anos, voz doce e calma, rosto angelical e cabelos grisalhos. Falei algumas coisas importantes para ela e depois de cumprimentar os pais de Elisa, ela subiu até o quarto, parei em frente à televisão desligada e olhei-os.
― Tivemos o mesmo pensamento na escolha das roupas. – comentei sorrindo fraco.
― Preto não era a cor de Elisa! – Deanna falou e eu assenti.
Avisei a babá que já estávamos indo e entramos o carro.
Depois de ouvir o padre falar o que sempre fala nos enterros, todos jogaram rosas brancas em cima do caixão, ali estava presente amigos de Phoenix, James, Kim, os pais de Elisa, eu e alguns parentes de Elisa que eu não fazia questão de conhecer agora. Mas algo ali chamava minha atenção, uma pessoa que eu ainda não sabia quem era, porque o mesmo se encontrava atrás de uma árvore de grande porte que ali tinha. A pessoa estava toda de preto, e com um capuz acima da cabeça, dificultando minha visão para o seu rosto ou qualquer outra característica visível.
Após todos se despedirem e eu limpar as ultimas lágrimas que insistiam em cair, fui atrás da pessoa que ainda estava atrás da árvore, quanto mais eu andava em direção a ele – sim, é um homem –, mais ele se distanciava e deixava cair algo no chão. Então quando eu cheguei consideravelmente perto dele, o mesmo começou a correr, não fui atrás, estava cansado demais para isso. Quando cheguei ao local onde ele estava, pude ver pétalas de rosas vermelhas no chão.
Pétalas de rosas vermelhas
Saímos do cemitério e fomos direto para casa, os pais de Elisa terão que ir embora amanhã, tudo isso estava mexendo com a cabeça deles e sei que o momento é difícil e ficar onde Elisa viveu a maior parte da vida e morreu era pior ainda. Eu entendo o lado deles. Ao sentar-me no sofá, senti algo faltando naquele lugar, olhei para todos os lados e parei minha visão em cima da mesa de centro. O diário de Elisa não estava ali. Andei pela casa procurando por ele e por fim fui perguntar a babá se ela havia pegado ou visto.
― Senhora Caster, por acaso a senhora viu um diário em cima da mesa de centro na sala? – perguntei vendo-a dar banho em Maya.
― Não senhor, quando desci depois que vocês saíram, não havia nada na mesa de centro. – respondeu.
― Só Harry, e tem certeza que não havia nada ali? – perguntei mais uma vez, sorrindo ao ver Maya abrir os pequenos olhos.
― Tenho certeza sen... Harry. Não havia nada ali e ninguém entrou aqui enquanto vocês estavam fora. Eu juro! – respondeu.
― Tudo bem. – sorri e desci para pegar meu celular e ligar para Deanna, talvez ela tenha pegado o diário.
Depois de três toques, fui atendido.
― Harry? Algum problema? Maya está bem? – perguntou ela aflita da outra linha.
― Tudo sim Deanna, mas é que o diário de Elisa sumiu, já procurei por toda parte e perguntei a babá se ela tinha pegado, mas nada do diário. Então pensei que você pegou para ler e esqueceu-se de me falar.
― Não Harry, eu não peguei o diário de Elisa, e nem John. Você não guardou no seu quarto?
― Não Deanna, o diário estava em cima da mesa de centro. Quando terminei de ler a ultima pagina, o deixei ali em cima e ele estava ali na hora que saímos para o enterro. Não mexi nele depois disso.
― Tente procurar onde você não o guardaria, sempre da certo comigo.
― Ok, obrigado. Vocês tem me ajudado muito esse mês. Não sei como agradecer por tanta força que estou recebendo de vocês. – falei me sentando no sofá.
― Eu que tenho que agradecer por ter feito minha filha feliz e ter me dado uma neta linda e maravilhosa, não sei o que seria de Elisa sem você. Você realmente foi um anjo na vida dela e tenho que te agradecer muito por tê-la feito feliz, dado amor e carinho pra ela enquanto estávamos em Atlanta. Nunca nos esqueceremos da pessoa que mais marcou a vida da minha filha, você agora e antes também faz parte da nossa família Harry, e quando precisar, saiba que tem nosso apoio em qualquer coisa. Você faz parte da nossa família e sempre será assim, se você se sentir sozinho, ligue ou se comunique conosco, que iremos fazer o possível para que você fique bem. Elisa se foi, mais deixou dois presentes maravilhosos na nossa vida, e John concorda comigo. Sempre estaremos ao seu lado, Harry.
***
No meio do dia descobri que Zayn estava de volta, aquilo me assustou, não esperava que ele voltasse logo agora. Eu estou prestes a lhe fazer uma visita, conversar o porquê ele foi para Bradford do nada... Sei que não tenho nada haver com isso, mas depois que Zayn viajou, muita coisa aconteceu, aquilo estava estranho e eu estou prestes a procurar respostas para as minhas perguntas, muitas perguntas, muitas respostas.
Horas depois...
Agora é a hora que tirarei todas as minhas duvidas, pedi para que a babá ficasse só mais um pouco com Maya, pois não poderei levá-la e os pais de Elisa estão resolvendo alguns problemas deles. Sai de casa a caminho da casa de Zayn, ele ainda está morando na mesma casa. Bati duas vezes e quando me preparei para bater a terceira vez, a porta é aberta fazendo-me fitar Zayn com um belo sorriso no rosto. Não sei o porquê da felicidade.
― Olá Harry, quanto tempo. – falou Zayn ainda sorrindo e estendendo a mão para que eu entrasse, assim fiz. ― Fiquei sabendo o que aconteceu com Elisa, eu sinto muito. – enquanto ele falava, eu analisava cada parte de sua casa, ela estava bastante diferente desde quando éramos amigos, virei para vê-lo e o mesmo continuava sorrindo. A morte de Elisa não parece tê-lo afetado.
― É, Elisa se foi. Mas me deu algo lindo, minha filha. – exclamei.
― Não tive a chance de vê-la, quem sabe qualquer dia desses, já que agora somos amigos.
― Ficou triste em saber que Elisa morreu? – indaguei.
― Sim, você sabe o quanto ela significou para mim. Sofri muito ao saber que ela já não estava mais conosco. Eu queria ter ido ao enterro, mas o tempo não me favoreceu.
― Pare de mentir, eu te vi no enterro. Você estava lá! – exclamei andando pela sala e parando ao ver uma foto de Elisa na estante onde fica a televisão. A mesma foto que tinha na estante da nossa casa.
― Do que você está falando Harry? Eu estava em Bradford.
― Porque você tem uma foto da Elisa na sua estante? E onde você a pegou? – o fitei.
― Já faz muito tempo que tenho essa foto. Desde que Elisa pertencia só a mim e você não estava no caminho. – virei-me, eu sabia que ele estava mentindo, só estou guardando suas respostas para usá-las contra ele mais tarde, enquanto Zayn falava coisas que meu subconsciente não fazia questão de ouvir, fitei a parede branca daquela sala, por quê? Elisa estava ali, parada me olhando. Seu olhar estava encantador, seu semblante totalmente feliz e ela conseguiu sorrir mais ao me ver, sorri em resposta e então ela aponta seu dedo para alguma coisa atrás de mim, sigo o seu olhar e me deparo com o diário de Elisa bem escondido na estante e em cima, pétalas de rosas vermelhas. Quando a olhei de novo, ela não estava mais lá. Eu entendi seu recado, ela estava me mostrando quem realmente era Zayn.
― Onde você estava todo esse tempo? – perguntei indo em sua direção vagarosamente e arregaçando a manga da minha blusa.
― Eu estava em Bradford Harry, já te falei. – exclamou ele com uma calma fora do normal.
― É melhor você falar a verdade Zayn, é você que ‘ta fazendo essa porra de pétalas vermelhas? Ou esse amigo indesejável também te visitou e ainda trouxe o diário de Elisa para você?
― Do que você está falando Styles? Bebeu algo antes de vir pra cá? – indagou Zayn.
― Eu ‘to falando dessa merda aqui! – fui até onde vi as pétalas e o diário e os peguei, joguei as pétalas no chão e mostrei o diário para ele.
― Eu nem sabia que isso estava ai! – exclamou arqueando as sobrancelhas.
― Ah claro, vieram voando de avião! – falei com raiva colocando o diário no sofá. ― Eu não quero imaginar que você... – suspirei o fitando. ― Foi você que mandou aquele conjunto de bebê? E não se atreva a mentir pra mim, se não...
― Se não o que? Vai me bater Styles? – ele alterou sua voz. ― E já que estamos jogando as cartas na mesa. Vou te dizer a verdade porque ora, ela já morreu mesmo. – disse rindo, cerrei os punhos. ― Fui eu sim que mandei aquela caixa para vocês, que enfeitei a cama de vocês. E achei ótimo Elisa ter morrido, nos sabíamos mesmo que ela não iria aguentar e mais uma coisa, eu contribui na morte de Elisa, sabia?
― Como assim? – perguntei sem entender.
― Antes de você ir até o hospital dizer para ela ir embora se quisesse, eu mexi em alguns aparelhos que a estavam fazendo respirar. Agora não sei se ela morreu por minha causa, ou porque realmente ela quis ir. – ele riu.
― Como você teve... – minha voz falhou e se esgotou. Senti meu rosto ferver de raiva e rancor, olhar para Zayn estava me dando nojo.
― Como tive coragem? Tendo caro amigo, se ela não fosse minha, não seria de ninguém. – e por fim riu, debochando da minha cara, eu vou o fazer engolir essas palavras. Ou eu não me chamo Harry Edward Styles.
Fui até a cozinha passando por ele e peguei a maior faca da cozinha. Voltei para a sala segurando firme a faca. Ao me ver portando aquilo, Zayn deu um pulo para trás e seu semblante passou de feliz para totalmente desesperado.
― Calma Harry, podemos conversar como pessoas civilizadas.
― Quem disse que eu não estou sendo civilizado Malik? É bom saber que você “matou” Elisa... – coloquei a faca em minha frente, virando-a e a olhando. ― É ótimo saber disso. E pensar que antes você era meu melhor amigo e eu confiava em você de uma forma inexplicável. Pena que as coisas mudaram né? Triste isso. – dei um passo para frente.
― Harry, eu fiz isso para o nosso bem.
― Nosso bem Malik? Acho que não. Enfim, não vamos demorar com isso, estou a fim de usar essa faca da melhor forma possível.
― Harry... – ele chegou mais para trás, encostando-se à parede.
― Cala a sua boca, que agora vamos resolver isso. Para o nosso bem.
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