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História Disorder - Prólogo: 1919


Escrita por: maybethatstrue1

Notas do Autor


Oi, pessoal!
Esse capítulo é um adicional á história de Jooheon, já que ele sempre vai ser reconhecido por seu sobrenome. Talvez eu dividida essa "sub-história" em quatro partes para explicar a história da avó e mãe de Jooheon.
De longe esse foi o capitulo que mais demorei para escrever, já que ele me exigiu dezenas de sites sobre a história da Coréia e alguns documentários sobre o que aconteceu. Tudo aqui escrito foi baseado em fatos, o que realmente aconteceu. Claro que os personagens são fictícios (menos o Chung e Choe) ,mas todo o enredo tem um fundamento real.
A fanfic, apesar de ser suspense e drama, vai ter muita comédia e um pitaco de romance para variar a história. Sim, vamos ter ships e hot. Nem só de lágrimas uma fanfic se sustenta, não é mesmo? Espero que gostem, já que é minha primeira fanfic no mundo Kpop e a segunda depois de 4 anos na gaveta. Tudo começou com um rascunho pessoal que fiz ao assistir (por 400 vezes) o clipe de all in. Minhas amigas me incentivaram e aqui estou postando Disorder.

Capítulo 1 - Prólogo: 1919


Fanfic / Fanfiction Disorder - Prólogo: 1919

 

 

 

 

1 de março - 1919

-Tem certeza que você quer fazer isso?

-É o meu país, minha história e meu sangue. Nunca tive tanta certeza em toda minha vida.

-Eu sempre vou te apoiar. Te espero na sala. -Kwan sai do quarto  com o rosto aflito.

Kwan, um dos principais líderes do movimento nacionalista coreano, apenas se importava com a segurança das poucas pessoas de sua confiança. As mesmas que restaram após tamanhas perseguições aos liberais.  O cenário é de dor, revolta e união contra a ocupação japonesa sobre o império coreano. De acordo com o plano, os representantes do movimento deviam se encontrar em um restaurante em Seul para assinar a declaração de idependência coreana e ser entregue ao General Governador. Todos estavam receiosos. Qualquer sinal de motim ou vandalismo poderia ter reflexos devastadores sobre o grupo. 

Os sete homens se reuniram na sala. Todos em silêncio, tentando calcular as consequências de um ato tão simbólico e desafiador perante ao governo japonês. Na mesma casa, uma oitava pessoa se encarava no espelho. A boina estava torta deixando aparecer uma mecha de cabelo indevida. A calça lhe vestia de forma desproporcionalmente grande, deixando aparente que não  pertencia ao corpo vestido. "É pelo futuro de meus filhos", pensou. Tudo corre como o planejado, até o momento.

Em pleno século 20, uma mulher se transvestir de homem para defender seu país é a atitude máxima  de rebeldia e coragem. Essa então seria Lee Sook, uma das 33 liberais responsáveis pelo dia que marcou a história coreana. Ao lado de seu marido, Lee Kwan, Sook via o apoio necessário para continuar com sua luta nacionalista.

-Vamos. - Sook aparece na sala. Apreensiva, sentiu seu corpo tremer. Estava fraca.

-Você está bem? -Chung Jae-yong, um estudante visto como caçula do grupo viu as expressões no rosto de Sook.

-Estou. Apenas vamos, por favor. 

Todos se levantam do chão e alisam suas roupas. Após se entreolharem por uns instantes, começam a caminhar em direção a porta sem saber se poderiam sequer voltar a ve-la.

-Espere!  Jae-yong fica. -Kwan, que estava na frente, parou no portal e olhou para trás. 

-Como assim?! Eu me esforcei tanto quanto qualquer um aqui. Eu mereço estar lá! 

-Alguém precisa ficar para administrar caso aconteça algo. Não vou admitir arriscar você a ser morto. Não hoje. -Kwan repete as palavras com amargo, respirando fundo e se concentrando para não chorar. O limbo entre vitória e morte era cada vez mais evidente. 

-EU VOU! NÃO IMPORTA O QUE VOCÊ DIGA! -Uma lágrima escorria em seu rosto. Ninguém no ambiente sabia destinguir se ele estava chorando por revolta ou despedida. 

-Me deixe a sós com ele. -Sook interveu o diálogo prevendo que poderia terminar em briga entrelaçada á tristeza.

-Sook.... -Kwan se recolheu e olhou pro chão.

-Vamos. -Hoseok se adiantou  fazendo com que todos o seguissem.

-Jae... -Sook caminhou em sua direção lentamente.

-Não, Sook. Não tem explicação para essa traição. Eu arrisquei minha vida tanto quanto vocês, isso é muito injusto. -Disse Jae cruzando os braços e virando a cara.

-Estou grávida. 

-Perdão??

-Eu estou grávida. Não contei a ninguém pois ainda estava em processo de aceitação. -Sook confere se não há ninguém por perto para ouvir a conversa.

Jae descruza os braços e olha boquiaberto para barriga de Sook.

Em um conto de fadas, a notícia de uma gravidez pode ser algo mágico e encantador. Em uma realidade como a da Coreia em 1919, isso significa não saber como vai ser o amanhã do seu filho. Sendo a gravidez de uma das principais figuras relacionadas ao grupo revolucionário, também significa não saber o que podem fazer com o bebê. Não confie em militares quando se trata de inimigos, em qualquer circunstância.

-Você já pensou em... -Jae respira fundo e engole seco.

-Óbvio que não vou tirar essa criança.  

-Ok. Não quis ofender.

-Não ofendeu.

-Por que não contou para Kwan?

-Você realmente acha que ele iria me deixar participar da reunião?

-Sook, toda informação é vital. Ele tem que saber.

-Ele vai saber. Depois, quando der. Agora eu preciso que você fique aqui para gerenciar as coisas. Se alguma coisa acontecer a Kwan, precisamos de uma imagem ainda não registrada pelos militares para coordenar o movimento.

-Agora faz sentido. Eu fico em nome do bebê.

-Ótimo.

 

-----

Tensão dividida por 32 pessoas em um restaurante no centro de Seul, conversando em voz alta e fumando.  Muitos que por ali passavam mal sabiam que o dia seria registrado por mortes, guerra e sangue.

-Sooki -Forma carinhosa que Hoseok chamava a Sook- como conseguiu convencer Jae de ficar fora da reunião?

-Falei o mesmo que Kwan, só usei palavras diferentes. -Ela desenhou no suor do copo com gelo que estava a mercê na mesa.

-Por sinal, por que não está bebendo? Sempre foi minha companheira nos copos tortos! -Taeyung, o mais novo na mesa, exclamou em voz alta.

-Deixem Sook em paz. -Kwan cortou o clima com voz áspera.

-Só não estou em clima de festa pré apocalíptica. -Sook olhou para seu colo. Pensou no bebê.

-Pessoal, não acho que vai ser tão catastrófico assim. Pensando que nós vamos enviar uma carta para o governo japones pedindo melhores direitos, no máximo podem apertar mais o racionamento de comida por uns meses. -Taeyung olhou pela janela do segundo andar e observou um aglomerado suspeito de pessoas na praça.

-Seu imbecil! Não estamos brincando! Isso pode gerar mortes e desencadear centenas de prisões de simpatizantes. -June resmungou á ponta da mesa. -Antes de falar imbecilidade pense duas vezes no que estamos trabalhando, porra! Eu não quero perder ninguém daqui!

-Ele chegou! -Um homem gritou no corredor do restaurante cortando a fala de June.

O silêncio invade a sala.

-Choe! -Kwan gritou e fez questão de se levantar, fazendo com que todos a mesa fizessem o mesmo.

-Meu amigo! -Choe Nam-seon abre os braços e caminha em direção a Kwan.

-Que data! Que dia! -Hoseok não se conteve e abriu um sorriso.

-Pois é, meu caro. Você carrega em sua bolsa a nossa ponte para a liberdade! -Taehyung levantou o copo em direção a Choe. -Viva a liberdade!

-Viva! -Todos falam em coro.

-Pessoal, preciso que todos assinem a carta para poder ser entregue. Devemos discutir sobre a forma de entrega e esperar no resultado. -Choe afastou-se do abraço e olhou sério para os rapazes.

-Me dê a carta. Primeiro as damas, certo? -Sook sorriu e estendeu seu braço em direção ao homem.

-Hora, pelas suas vestes, hoje você não é uma dama. -Choe abaixou o olhar para Sook e provocou-a. Tudo com um sorriso em seu rosto.

-Mesmo como homem transvestida sou mais homem do todos nessa mesa. -Sook riu alto e bebeu um pouco de sua água.

-Água? O saquê ambulante está bebendo água? -Choe retirou papéis de sua mochila e entregou devidamente.

-Quero estar lúcida no dia de nossa vitória, querido. Até porquê depois da vitória alguém precisa fazer o papel de mãe sobre essas crianças. -Sook indicou a cabeça sobre Hoseok e Taehyung. 

-Olha, eu sei beber sozinho. Parem de me tratar feito criança! -Taehyung cruzou os braços e fechou a cara.

-Claro que paramos! Depois que você não beber dois copos de saquê e tentar se pendurar na sacada do restaurante. -Hoseok cutucou o braço de Taehyung.

-Você fala isso mas estava tentando se pendurar também! -Taehyung se virou para Hoseok e arregalou os olhos. 

-BELEZA, AS MOÇAS PODEM DISCUTIR DEPOIS! -Kwan gritou encarando a mesa. -Hoje precisamos de concentração, pelo o amor de Deus!

-Calma, querido. -Sook disse olhando para os papéis após assinar uma folha. -Até os mais fortes homens precisam de distração antes da guerra.

-Que poetica. Tá fumando erva? -Yoongi resmungou.

-Resolveu acordar do sono profundo, princesa? -Sook provocou Yoongi.

- Olha só, já te disse que tenho problemas pra dormir. -Yoongi pegou a carta de sua mão e pôs a sua frente.

-Problemas pra acordar, você quis dizer?! -Hoseok disse.

-Cala a boca. -Yoongi sequer moveu um músculo para desviar sua atenção da carta.

-Também te amo. -Hoseok riu.

 

Após todos assinarem a carta, Choe foi entregar a cópia da carta para um mensageiro e assim aguardar a reação japonesa. Duas horas depois, sondas policiais japonesas esvaziaram a rua aos poucos. Após a evacuação das ruas, o grupo percebeu que iria ter confronto policial sobre eles. Kwan e June decidiram que seria melhor se entregarem parcialmente á polícia japonesa antes que eles levassem todos os outros integrantes secundários do movimento. Após a entrega de uma segunda carta anunciando quem seriam os únicos responsáveis pela carta, o grupo se reuniu á porta do restaurante aguardando um representante da polícia para tal diálogo. Ninguém contava que nos prédios em volta dezenas de coreanos se reuniam para defender os 33 homens. 

-A polícia está vindo! -Taehyung gritou da janela do segundo andar.

-Rapazes, espero que nada do que houve aqui seja em vão. -Sook disse escondendo uma mecha que teimava em cair sobre sua testa e respirando fundo. Sentiu uma tontura e teve que se apoiar sobre um poste.

-Sook? -Hoseok olhou ao longe a situação.

-Sook, não fique aqui. Por favor, eu não quero que você sofra. Você sabe do que eles são capazes. -Kwan abraçou-a segurando o choro.

-Kwan... Eu dei meu suor, tempo e vida sobre esse movimento. Se eu morrer hoje, foi por amor á pátria.

-Por favor, eu te imploro! Não sei como posso viver sem você!

-Eu preciso te falar uma coisa. Estive reparando que não estava...

-PESSOAL, ELES ESTÃO AQUI! -June veio correndo por trás do restaurante e apontou para a viela ao lado.

-Como assim? Eles não iam vir pela rua principal? -Yoongi correu atrás de June para ver quantos homens estavam a caminho.

-Eles estão vindo pela principal. -Taehyung apareceu no térreo extremamente sério.

-Que? -Kwan se soltou e olhou para Tae.

-E pela rua de frente também. É um extermínio. -Taehyung forçou seu maxilar e tirou seu casaco. -Hora de guerra injusta. Pelo menos 50 homens no total. Chegam em 5 minutos.

-Todos se unam! Precisamos de um plano de fuga. Podemos tentar invad.. -Kwan tentou falar.

Um plano de guerra seria concluído se dezenas de homens e mulheres  não aparecessem no outro lado da calçada gritando por palavras de paz e apoio ao nacionalistas.

-Encontrei esses raivosos perto da praça. Acho melhor ir pra lá. -Hoseok saiu da pequena multidão e olhou para o grupo.

Chegando lá, o grupo se deparou com pelo menos 200 pessoas em fileiras, prontos para a guerra. Sook sentiu seu coração aquecer. Trabalhadores, a classe inferior aos japoneses, os que seriam esquecidos e macrassados da história estavam prontos para enfrentar e opositor. Ninguém contava com um rapaz magro, de óculos e roupas que por mais pequenas que fossem seriam largas em seu corpo era o centro das atenções. Em primeiro de março de 1919, um estudante Chung Jae-yong leria a carta entregue aos japoneses em voz alta. Cada vez mais pessoas se reuniam na Parque Pagoda, no final foram mais de mil pessoas. Chung apenas sorriu quando viu o corpo magro de Sook entre a pequena multidão inicial. O rapaz fez história.

A polícia chegou e sequer tentou conversar. Foram utilizadas armas, bombas e cacetetes. Sook viu seu marido ser pego pela polícia e pelo menos alguns dentes foram quebrados previamente. Quando Kwan foi preso, June e Taehyung foram os primeiros a defenderem seu líder. Todos foram presos e ninguém soube do paradeiro dos mesmos. A cadeia era invisível do mapa e nunca mais se ouviu falar dos líderes do movimento em vida. Posteriormente, Hoseok protegeu Sook ao ver que Kwan foi preso e ela seria a próxima a ser pega. Chung, do alto de um banco, apontou para Sook e depois gesticulou uma barriga grávida e tentou avisar ao Hoseok.

-Você..... -Hoseok olhou para Chung ao longe e encarou Sook. -Grávida?

-Eu ia contar. 

-Meu Deus... -Hoseok olhou para Kwan ensanguentado sendo amarrado e levado pelos políciais, cena que Sook não conseguiu ver por sua baixa estatura. -Me siga, vou te tirar daqui.

-Não! Eu quero ver Kwan primeiro!

-ME ESCUTA! Você já fez merda em vir aqui grávida! Eu vou te proteger como uma irmã e eu quero que você dê a luz a esse mini saquê que está na sua barriga! Apenas me siga. -Hoseok não pensou duas vezes antes de puxar o braço de Sook e leva-la a um ambiente segura para então pensar em sua fuga. 

 

 

 

 

 

 

 

Após deixa-la, Hoseok voltou para a praça para proteger Chung. Sook nunca soube que os dois fariam parte dos  7.509 mortos no protesto que se alastrou por dias em todo o país. Kwan, June e  Yoongi foram um dos 46.303 presos. Centenas de pessoas morreram. O movimento então deu início ao dia mais importante e sangrento da história coreana. 



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