Era cansativo, eu não poderia negar. Não gostava de colocar aquele terno em especial, sempre me atrapalhava com a gravata e tinha sérios problemas com pontualidade durante as manhãs de sexta, mas não era isso o que tornava o meu emprego insuportável; o meu problema tinha nome e sobrenome e eu odiava pensar que havia os decorado tão rapidamente por culpa de ele ser como era.
Naquela fatídica manhã, eu me atrasei mais do que o comum e, acreditem, chegar ao seu trabalho e encontrar o seu chefe sentado sobre a sua mesa não era a coisa mais agradável do mundo, por mais que daquele ângulo eu pudesse ver as suas pernas marcadas pela calça social pouco levantada, o que também permitia a visão de seus tornozelos. Se qualquer pessoa visse uma cena como aquela teria medo da demissão no mesmo momento, mas não era isso o que eu temia. Respirei fundo antes de fechar a porta de vidro atrás de mim e o encarar. Ali estava o meu pior problema.
— Bom dia, Sr. Jeon. — cumprimentei desgostoso enquanto me aproximava para deixar ao seu lado a pasta de couro a qual eu carregava. Eu percebia o seu olhar sobre mim, desejoso como sempre, e logo rolei os olhos assim que senti sua mão alcançar meu queixo, virando-o para que eu pudesse olhá-lo.
— Por que tantas formalidades, Jimin? Sabe que isso não é necessário.
Ah, céus, como eu odiava quando ele fazia isso. Ele não era um chefe abusivo, não me jogava trabalhos que não conseguia terminar e muito menos me desrespeitava por ser o seu secretário, contudo isso não o impedia de ir além dos limites em alguns quesitos, e por mais que muitas vezes fossem apenas brincadeiras, eu notava em seu olhar o desejo real contido.
Eu trabalhava para a família Jeon há quatro anos, cuidava de todo o necessário para que a empresa continuasse firme e eu amava o que fazia, isso ao menos até o dia que o Jeon mais velho dissera que agora o seu filho, recém-formado no curso de administração, era minha responsabilidade. De início, eu imaginei que tudo seria as mil maravilhas, esperava que ele houvesse aprendido muito com o pai sobre responsabilidade e trabalho bem feito, o que ele realmente aprendera, contudo eu não esperava que ele fosse muito além do que eu aguardava.
Jungkook, apesar de mais novo, era um rapaz muito esperto e um tanto multifacetado, se me permitem dizer. A expressão que eu via em sua face naquela hora da manhã não era a mesma para os homens engravatados que ele reunia em suas reuniões de extrema importância, assim como também não repetia aquele mesmo sorriso para todas as mulheres com as quais se trancava em sua sala as sextas à noite. Por estar sempre em seu encalço – não que eu desejasse isso, é apenas meu trabalho – eu acabei por ver todos os seus lados, até mesmo aqueles que seus pais não conheciam, e como se apenas isso não bastasse, eu também já havia ouvido o que muitas pessoas desacreditariam se vindo daquele homem. Realmente, eu o odiava.
— O senhor tem uma reunião daqui a dez minutos. Sabe como os negociadores chineses não gostam de esperar. — segurei seu pulso para tirar sua mão de meu queixo e não evitei o sorriso zombeteiro assim que ouviu seu murmuro frustrado. — E saía de minha mesa, está amassando os papéis tão importantes que me entregou ontem.
Assim que vi minha mesa livre das nádegas redondas de meu chefe, sentei-me em minha cadeira e me aproximei da superfície de madeira para conseguir ajeitar os papéis que, apesar de não terem amassado, estavam desorganizados. Sabia o quanto ele não gostava do fato de eu ser extremamente organizado com tudo o que havia ali, muitas vezes ele retirava um dos lápis do lugar apenas pelo dom de ser petulante, mas não era como se eu pudesse evitar; um ambiente de trabalho organizado era sinônimo de trabalho bem feito e eu gostava de manter isso independente do dia.
— Não se esqueça do compromisso que tem com seus pais durante o horário do almoço.
— Eu não queria ir.
— Mas deve. Sabe o quanto isso significa para eles.
Ergui o olhar da papelada alinhada para fitar o rapaz assim que ouvi seu celular tocar e mesmo que eu soubesse o quanto ele odiava atender telefonemas, tanto que esta era a maior parte de meu trabalho, o vi retirar o aparelho do bolso da calça; imaginava que ele fosse se retirar para poder atender quem quer que fosse, mas ele sequer leu o nome do contato antes de desligar. Algo não parecia bem, conseguia ver seus músculos tensos sob o terno alinhado, mas contive qualquer pergunta assim que o telefone de minha mesa passou a tocar insistentemente.
Apontei para a porta assim que notei as horas e ignorei o resmungo vindo do mais novo quando ele entendeu o que eu queria dizer. Ele sempre cumpria seus deveres, eu sabia que meus lembretes constantes eram desnecessários, e, por isso, me permiti sorrir um pouco mais abertamente quando o vi acenar através da porta de vidro.
♢♢♢
A manhã passara rápido como qualquer dia e o fato de eu ter adiantado trabalhos apenas contribuiu para minutos a mais junto de Taehyung no horário do almoço. Eu e Tae éramos amigos desde o colégio, onde nos conhecemos aos dez anos de idade por notarmos as personalidades parecidas, e mesmo que trabalhássemos em áreas diferentes – enquanto eu era secretário numa empresa de mídia, ele fazia parte do setor de criação na área de moda de um ateliê – sempre arranjávamos um tempo para conversarmos sobre a nossa rotina e os acontecimentos mais surpreendentes da semana.
Qualquer um que nos visse juntos diria que somos namorados devido a toda a intimidade e carinho que trocamos quando próximos, contudo jamais havíamos passado do limite de melhores amigos, apesar de já termos confessado ter desejado uma vez ou outra quando os hormônios eram mais intensos durante o ensino médio. Eu gostava da relação que tínhamos e sempre me sentia melhor quando estava em sua companhia; ele era como um porto seguro e eu tinha certeza de que não sairia de seus braços tão cedo.
— E como vai Jungkook?
— Por que pergunta? — beberiquei um pouco do café enquanto via o garçom retirar os pratos já sem resquício algum de comida. Eu via o dono dos cabelos vermelhos mordiscar um chocolate meio amargo que recebera e notar a malícia em seu olhar fez que eu me inclinasse sobre a mesa apenas para dar um tapa leve em seu ombro.
— Eu não falei nada!
— Sei o que esse seu olhar significa.
— Ora, o que esperava? Depois do que falou é óbvio que eu queira saber se bagunçou os papéis da mesa dele de nov-
— Taehyung!
Era um fato que eu contava tudo para ele, desde o que acontecia com a secretária da sala vizinha até o que ocorria com a minha vida pessoal, mas existiam momentos em que eu me arrependia amargamente de contar tudo sem ter papas na língua. Era um segredo entre nós, de qualquer forma, e havia acontecido apenas uma vez e sequer tinha ido além do que as batidas na porta permitiram, o que tinha certeza de que era um sinal, afinal, o quanto era errado estar sob a mesa do próprio chefe quando o pai deste estava perambulando pela empresa? Ainda me sentia bobo por isso e mesmo que eu desejasse fingir que jamais acontecera, o filho da família Jeon não parecia permitir.
Recostei-me na cadeira enquanto ouvia as risadas do rapaz e apenas desviei o olhar de seu sorriso retangular que eu tanto amava quando senti meu próprio celular vibrar dentro do bolso da calça. A mensagem de texto recebida fez que eu suspirasse enquanto recebia mais olhares maliciosos de meu melhor amigo, o qual rapidamente descobrira o remetente apenas por notar a reação comum que eu tinha sempre que recebia algo dele.
[text] Jeongukk: Pode voltar do horário de almoço mais cedo?
[text] Jeongukk: Preciso de você aqui.
♢♢♢
Era claro que antes de ir embora tive de lidar com as piadinhas maliciosas e risadas de Taehyung, mas não me permiti reclamar, apenas rolei os olhos vez ou outra enquanto ria junto. Não conseguíamos levar aquele assunto a sério de qualquer maneira, afinal, não era como se algo mais fosse acontecer, ou melhor, como preferíamos brincar, quando aconteceu? Não me recordo.
Desde aquele dia eu não havia me permitido ter maior proximidade com Jeon, não apenas por saber o quanto isso era errado, mas por ter medo de cair novamente em seus braços depois de acabar indo um pouco além de alguns beijos e sentimentos em sua sala no final de um expediente. Ele continuava a tentar ficar mais perto, de qualquer forma, e mesmo que eu adorasse ver sua expressão emburrada quando negava, às vezes, me pegava pensando em como ele ficaria caso eu aceitasse da mesma forma que eu fizera na primeira e última vez em que permiti que ele acabasse comigo psicologicamente. Eu havia sido um imbecil e meu chefe tinha consciência o suficiente para saber o que aconteceria caso ele tentasse repetir o que havia acontecido meses antes.
Quando cheguei às portas da empresa, recebi olhares preocupados que rapidamente eram disfarçados de alguma forma, com um dar de ombros entrei no elevador e apertei o botão para o último andar onde minha sala e a de Jeon se localizavam. Os corredores vazios me deixaram preocupado e apressei o passo assim que vi a distância alguns papéis de minha mesa jogados no chão junto do telefone e mais alguns outros objetos.
Todas as salas dos outros setores do andar estavam vazias, não ver a maioria de meus colegas por ali me fez sentir um breve desespero mesmo sem sequer conseguir pensar no que poderia ter acontecido.
— Jeon? — chamei assim que as portas de vidro fecharam atrás de mim. Apenas três pessoas tinham as chaves daquela sala, no caso eu, Jungkook e seu pai, e como eu duvidava que o mais velho fizesse algo do tipo, logo supus que o remetente das mensagens de texto não estava bem. Não hesitei em bater três vezes na porta de sua sala. — Jungkook? — tentei mais uma vez, dessa vez um tanto mais hesitante do que anteriormente e eu teria levado a destra até a maçaneta se o mais alto não tivesse sido mais rápido.
Com meu pulso envolto por sua mão, fui puxado para dentro da sala de luzes apagadas e cortinas fechadas e assim que a porta se trancara fui empurrado bruscamente contra a superfície de madeira. Por mais que eu não conseguisse ver com perfeição na escuridão, pequenos fachos de luz me permitiam notar o quanto o rapaz parecia destruído e mesmo que eu desejasse perguntar o motivo de vê-lo tão mal, tive qualquer tentativa arruinada por seus lábios que se colaram desesperados aos meus.
Eu amava aquele toque, ademais que odiasse o dono deste – ou quase isso, ninguém era de ferro. Sentir o seu calor novamente me permitiu suspirar durante um breve momento e eu teria ficado ali se não tivesse sentido ambas as suas mãos seguirem rumo ao cós da minha calça, o que me fez parar antes que eu levasse meu contato até seus cabelos.
O empurrei com o máximo de força que eu tinha, minhas duas mãos apoiadas em seus ombros largos enquanto o sentia envolver minha cintura com certa força, deixando ali um rastro dolorido que eu sabia que teria que cuidar mais tarde. Apenas consegui o separar quando seus lábios foram até o meu pescoço, o que logo consegui afastar também, apesar de ter deixado um gemido baixo escapar.
— Jeon o que diabos...?
Independentemente dos rastros de luz serem escassos, consegui notar os olhos inchados e a leve vermelhidão em seu rosto, sinais de que ele havia chorado mais do que deveria; ver o quanto ele parecia arrasado me fez ter vontade de o envolver em um abraço apertado, porém acabei me contendo apenas para que eu pudesse observar melhor a grande sala que parecia ser sido atingida por um furacão. Algumas das esculturas de vidro que ficavam na estante haviam sido jogadas na parede oposta e até mesmo o computador caríssimo estava jogado no chão junto de diversos outros papéis que eu não saberia dizer o que eram.
— Estão exigindo que eu me case. — arqueei uma das sobrancelhas assim que desviei meu olhar para observá-lo, o toque de suas mãos em minha cintura afrouxou o que me deu a chance de sair de perto, contudo não o fiz. Mantive-me ali até que ele continuasse. — Devo me casar ou perderei tudo.
— Se casar? Com quem?
— Isso não importa, Jimin. Eu não vou amar a mulher que meu pai escolher, assim como aconteceu com a minha mãe.
Inclinei levemente a cabeça, confuso pela revelação feita há pouco tempo, e eu teria perguntado sobre isso se meu celular não tivesse vibrado em meu bolso, alertando que uma nova mensagem de texto havia chegado. Pelo moreno estar com as mãos próximas de meus bolsos ele pode sentir a vibração e, por isso, mesmo os vasculhou até encontrar o aparelho, no qual checou a mensagem antes de emitir um grunhido incomodado. Vendo a tela de onde eu estava pude notar o nome de seu pai.
— Quando o casamento acontecerá, Jeon?
— Dois meses. — sua resposta desgostosa me fez notar o quanto ele ficara desconfortável e por notar o quanto ele estava abatido pela situação, permiti-me envolver seu corpo num abraço terno apesar de eu ter certeza que não deveria o fazer.
Ele sempre havia sido o tipo de homem que tem várias mulheres e aproveita os finais de semana em boates de classe alta, o imaginar com apenas uma pessoa era um tanto desconfortável até mesmo para mim que sequer o queria por perto. Ah, não, isso não era ciúmes, isso eu garanto, era impossível que eu fosse amar aquele garoto de alguma forma se eu tinha a certeza de que não valeria a pena me doar para uma pessoa como aquela. Mesmo sendo o homem dos sonhos como muitas revistas diziam nas capas diziam, ele não me passava confiança de forma alguma e era difícil nutrir qualquer sentimento em alguém que eu não confiava, por mais que meu coração muitas vezes dissesse o contrário.
Senti seus braços me envolverem mais uma vez, dessa vez com a única intenção de poder corresponder aos afagos leves que eu dava em suas costas cobertas apenas pela camisa social que ele usava. Ouvia sua respiração rápida e conseguia sentir o quanto tremia, se ele nada tivesse dito eu teria certeza de que ele estava chorando; de qualquer forma, Jungkook não gostava de chorar na frente de ninguém, especialmente em minha frente.
— Se eu me casar, jamais poderemos ficar juntos.
— Perdão?
— Eu te amo tanto, Jimin. — o seu suspiro em meu pescoço fez que eu apertasse entre meus dedos o tecido leve de sua camisa, a qual já deveria estar amassada o suficiente naquele nível para que eu me importasse com seus compromissos de mais tarde. Se eu não ia para o inferno, eu tenho certeza de que Jungkook me levaria até lá. — Tinha certeza de que um dia iríamos ficar juntos.
— Nem tudo é como você quer, Kookie. — sussurrei ao soltá-lo, podendo ver em seu olhar posteriormente o impacto que o simples apelido surtia nele. Antes de eu passar a o odiar, ou tentar, éramos íntimos o suficiente para que eu pudesse o dar apelidos assim como ele também fazia comigo; esses tempos haviam passado de qualquer forma e já não mais importavam os sentimentos que antes eu nutria por aquele rapaz que me fizera de brinquedo como muitas daquelas mulheres com as quais ainda mantinha contato.
Eu sei que você deve estar pensando que formamos um belo casal e somos perfeitos juntos, teve um tempo que eu também pensei o mesmo, mas, como eu já disse antes, eu já vi todas as faces de Jeon Jungkook e não era como se eu não tivesse me decepcionado com mais de uma delas. Taehyung havia me dito diversas vezes que qualquer pessoa pode cometer erros, que pessoas podem mudar por quem amam, mas, diferente de meu melhor amigo, eu sabia que aquele garoto, ou melhor, aquele homem não mudaria de forma alguma. Não cairia em suas mentiras novamente.
— Me solta. — exigi assim que notei que ele tentava de alguma forma me tirar de perto da porta para que fossemos até a mesa onde tudo havia iniciado da última vez. Ele jamais havia ido longe demais, eu não permiti, e tinha noção de que agora ele queria ir além de todos os beijos quentes e carícias ousadas trocadas no ano passado. Meu estômago já borbulhava apenas em pensar na possibilidade de fazer daquela mesa uma bagunça maior; ah, céus, aquele seria definitivamente o meu fim se eu não parasse.
— Só por essa noite, Jimin. Por favor.
— Não, Junkook. Quanto apostou dessa vez para estar tão insistente?
— Por que continua voltando pra isso?
— Porque me machuca, Jeon!
— Então podemos ao menos fingir que nunca aconteceu? Apenas dessa vez, prometo.
Eu deveria ter resistido ao máximo, sabia bem disso a partir do momento que senti seus lábios sobre os meus mais uma vez, mas, sinceramente, não consegui ir contra ao o que meu coração gritava. Assim como ele, tinha a perfeita noção de que jamais poderíamos fazer isso novamente e apenas o pensamento de ficar longe de qualquer olhar desejoso dele me matava; não que eu precisasse dele, não era como se eu não tivesse sido uma brincadeira, uma aposta, entre os seus amigos, mas, naquela tarde, mais do que tudo, eu realmente precisava o sentir para ter certeza de que não desejaria voltar de novo.
As suas mãos a deslizarem por meu corpo trilhavam um caminho de fogo que me marcaria para sempre e seus lábios que distribuíram beijos até meu pescoço foram o estopim para toda a erupção que passou a se formar em meu interior.
Eu o odiava. O odiava por ter ferrado com meu psicológico, com meus sentimentos e também com toda a minha rotina, mas não havia nada que eu amasse mais do que ter a sua presença ali como um prêmio de consolação. Caramba, eu realmente não deveria me contentar com restos de desejos e sentimentos que ainda jaziam em meu coração, mas foi dessas migalhas que me aproveitei assim que tive meu corpo deitado sobre a mesa da sala.
Não importava mais se eu havia o evitado durante mais de seis meses, eu já não ligava para o fato de que minha dignidade estava no chão, meu único foco ali eram as mãos de Jungkook que me despiam e os seus lábios que me marcavam de forma tão intensa que eu tinha convicção de que poderia gravar cada roxo como um presente, uma pequena lembrança apenas nossa.
— Me perdoa, Jiminnie. — o ouvi sussurrar próximo de minha audição assim que sua destra invadiu minhas calças e acabei por me conformar que um gemido seria suficiente como resposta quando os movimentos ali me fizeram sentir mais sensível e amado, algo que já havia sentido antes e que até alguns minutos atrás eram parte do passado que eu não queria relembrar.
Eu poderia dizer que de um momento ao outro fiquei ciente de meus atos e me levantei da mesa decidido a não deixar meus sentimentos gritarem acima da racionalidade, contudo a única coisa que fiz foi o puxar para mais perto e rebolar perto de seu corpo de forma que nossos quadris entrassem num contato maior e mais gostoso do que antes já havíamos sentido em segredo.
Era o que nossa relação havia sido durante todo aquele tempo, um segredo, e por mais que uma câmera ou outra tivesse registrado os nossos carinhos do passado, continuávamos a zelar pelos pequenos atos de paixão como se ninguém pudesse os ver, afinal, tínhamos medo de que alguém ficasse com inveja e roubasse de nós o que gostávamos de compartilhar em silêncio com mãos bobas embaixo das mesas de reunião.
Não o amava, tinha certeza que não, mas durante os movimentos intensos que moviam meu corpo, a única coisa que consegui gemer além de seu nome foi o sentimento que há muito torturava o meu coração e também, logo descobri, o dele. Sim, eu me sentia em uma novela mexicana, aquele poderia ter sido o enredo perfeito ao olhar de qualquer adolescente ou senhora de cinquenta anos apaixonada, mas não era assim que eu nos via; éramos o resultado de um mal entendido que jamais poderia ter uma solução, ou ao menos poderíamos fingir ter a resposta perfeita para a nossa equação durante os dois meses em que continuaríamos sendo um caso privado.
Foi como matar a saudade lentamente. Não permitimos que o ato fosse rápido, não deixamos que o amor passasse batido como acontecia com as mulheres que também já haviam estado nuas sobre aquela mesa, e quando caímos exaustos um sobre o outro já não havia facho de luz que nos permitisse ver os sorrisos mútuos que tomaram conta dos nossos lábios.
Não valia a pena acabar comigo mesmo por ele, eu apenas perdia meu tempo em todas as vezes em que pensava nele antes de dormir, mas vendo toda a confusão que nossos corpos fizeram naquela sala, principalmente agora sobre o sofá de couro que havia ali, tive a sensação de que eu apenas estava sendo cego o suficiente para negligenciar os sentimentos que havia crescido no peito do rapaz que eu negava tanto em corresponder durante meu expediente.
Contudo, acima de tudo, eu sabia que meu horário ali já havia acabado e, mais do que isso, na semana seguinte nenhum daqueles sentimentos poderia se fazer presente, ou ao menos era pelo o que eu rezava para não acontecer.
Deitado sobre o peito de Jeon Jungkook e ao ouvir seu coração acelerado tive a certeza de que não conseguiríamos nos desvencilhar tão cedo, ou ao menos até o meu expediente da semana seguinte acabar.
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