História Do lado de lá. - O início do fim.

  Já faz dez anos. E eu sempre tenho os mesmos pesadelos, a minha mãe, o sonho da quela noite, o bilhete. Sem falar que me tornei uma pessoa problemática, ante-social. Passei por cinco famílias até a atual. A Bárbara e o Antônio me aceitaram bem, insistiram mesmo quando viram que eu só queria sair correndo dali. Eles até que são legais.
Esse foi o meu último ano na escola, o verão acabou, e a manhã é o primeiro dia do terceiro ano, que vou passar em um internato. Velho, e fedendo a mofo. NOSSA! Que legal.
-Daraaaaa! Acorda mana! - falava a Meggie, a filha mais nova do casal que me adotou. - tá na hora.
Ela parecia irritantemente mais animada que eu, então eu falei chateando a garota: -Sai pirralha! Quem vai embora sou eu e quem parece mais animada é você. Eu, em? -ela faz um bico de choro e logo em seguida eu a abraço e bagunço seu cabelo. - vou sentir sua falta, em fedelha? - ela assente.
Termino de me arrumar, o mais esdrúxula que posso. Olho para a Bárbara e digo: -ou é isso ou eu nem vou. E então eu a vejo estender as mãos em forma de rendição e caímos na risada.
Ponho todas as malas que arrumei dentro do porta-malas e saímos para o que seria o fim da minha vida social. Não que isso afetaria, eu nem tinha uma mesmo.
-Mãaae, já chegamos? - dizia Meggie pela milionésima vez.
Começo a observar a estrada e observar o que faz parecer que estamos dentro de uma nuvem. Não seria nublado, e sim uma nuvem transformando a linda paisagem que eu podia perceber, em um cenário de filme de terror, um dia cinza e chuvoso.
-Chegamos! - dizia Bárbara parecendo mais animada que eu, também.
-Qual o problema de vocês? Eu que to indo pra prisão e sou a única que não to achando legal? Falei debochando.
-Ei filha, tu sabe que vai ser bom pra você trocar de ares. Lembra o que o médico te disse?
Apenas faço que sim e saio do carro. Bárbara sai do carro para me ajudar com as malas, me da um beijo na testa e diz: -Se cuida, tá? Ta com o bilhete ai?-Faço que sim com a cabeça. Você se cuida também.
- Te amo.
E assim eu segui rumo a minha nova vida.
-Eu também.