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História Do Outro Lado Da Seleção - Decisões


Escrita por: gabibmesq

Notas do Autor


Olá, minhas queridas! 🙋
Como prometido, aqui está mais um capítulo para vocês.
E preparem-se, porque o próximo capítulo será......... Isso mesmo, O BEIJO!!! 💏💑 {Acho que estou mais ansiosa que vocês hahahahhahhaha}
Espero que gostem! Boa leitura! 😘

Capítulo 8 - Decisões


Eu já havia me encontrado com Janelle uma vez. Algo em seu modo de falar no primeiro encontro me lembrou meu pai, e isso me incomodou bastante. Por isso marquei um segundo encontro. Queria dar a ela a chance de tirar esse pensamento da minha cabeça.

Combinamos de caçar naquela tarde. Eu estava com ela no local de treinamento, para ensiná-la a utilizar a arma. Depois dali, iríamos para a caçada. Por enquanto, meu plano estava dando certo. Ela ainda não havia falado nada que me fizesse lembrar de meu pai. Eu a ensinava a utilizar a mira, quando ela perguntou:

- Maxon, posso fazer uma pergunta?

- Claro - respondi tranquilamente.

- Por que ainda mantém aqui algumas meninas que sabe que não têm futuro com você?

O que? De onde ela tirou isso? As meninas que eu sabia que não sentiria nada de especial, eu mandei embora no primeiro dia. Quem ficou, era porque tinha alguma chance.

- Querida, todas que permaneceram aqui têm chances ser minha esposa.

- Ah, pare com isso. Sei que você é um cavalheiro, mas pode ser sincero comigo. Nós dois sabemos que nem todas têm chances com você.

- O que quer dizer? - perguntei. Não gostei do tom de sua fala.

- Vamos, Maxon, você sabe o que quero dizer.

Pensei por uns instantes e constatei:

- Honestamente, não sei, não. Poderia ser mais clara?

Ela respirou fundo, como se estivesse com preguiça de explicar algo tão óbvio. Mas não era tão óbvio assim para mim.

- Tudo bem, vou dar um exemplo. America, a Cinco. Pela sua casta, sabemos que ela não teve educação suficiente para ser uma rainha. Ela não tem postura de princesa e parece ser um pouco explosiva. Fora o fato dela tê-lo pedido para usar calças. Que princesa ela já viu usando calças? Convenhamos, isso é ridículo! Além do mais, não duvido que ela esteja interessada somente nos benefícios da coroa. Por ser Cinco, deve estar adorando as mordomias que o palácio proporciona, pois certamente nunca teve nada disso na vida. Então por que ainda a mantém aqui, se ela não é boa o bastante para você?

Eu não sabia que era possível sentir tanto nojo de alguém até aquele momento. Meus pensamentos anteriores estavam certos: ela era tão superficial quanto meu pai. Talvez até mais. Senti uma raiva imensa me invadir por ela ter falado daquela forma de America. Quem ela pensava que era? Eu não poderia simplesmente ignorar isso. Ela teria que me ouvir.

- Janelle - falei sério, olhando-a fixamente nos olhos, para que ela entendesse muito bem o que eu iria dizer. - Caso ainda não tenha percebido, sou eu quem decide quem é boa o bastante para mim, não você ou qualquer outra pessoa. E quanto a America, você está completamente enganada. Ela tem tanta chance de ganhar esta competição quanto qualquer outra garota aqui. - Na verdade, até mais, pensei. - Ela tem qualidades únicas, que não encontrei em nenhuma outra garota até hoje. E, ao contrário de você, ela se importa com coisas mais importantes que ficar falando mal de outras Selecionadas para mim. Esta Seleção é minha, eu escolho quem sai e quem fica. As meninas que ainda estão aqui, estão porque eu quero. America está aqui porque eu quero. Ela poderia ser Oito, pouco me importa sua casta. O que importa é que eu gosto dela e sei a pessoa maravilhosa que ela é. Mas, infelizmente, não posso dizer o mesmo de você.

Eu havia deixado de lado todo o lance do cavalheirismo. Se minha mãe me visse naquele momento, ficaria decepcionada. Mas eu não conseguiria ficar calado diante de todas as besteiras que Janelle falou de America. Sentia-me na obrigação de defendê-la. Ela não merecia que falassem dela daquela maneira.

- Em nosso último encontro - continuei -, fiquei incomodado com a forma que você falou sobre algumas coisas. Marquei este segundo encontro para que você tivesse a chance de tirar esse incômodo de mim, mas você acaba de aumentá-lo. Não quero como rainha, muito menos como esposa, alguém que julga os outros pela casta. Você teve, sim, chances de ter um estudo melhor que o de America, mas vejo que isso não adiantou muito. Você dá importância a coisas tão banais que me faz querer sair correndo daqui. Pensei que, a esta altura, já teriam percebido que a casta de vocês não faz diferença alguma para mim, porém vejo que me enganei. Mas sabe, Janelle, você estava certa sobre algo. Não devo manter aqui pessoas com quem sei que não tenho futuro algum. É por isso que, a partir de agora, você está fora da Seleção.

- O QUÊ? - as lágrimas começaram a rolar em seu rosto. - Não, por favor, não! Olhe, me desculpe, está bem? Não sei o que deu em mim, não era a minha intenção ofender você ou  qualquer uma das meninas. Por favor, não me mande embora, me desculpe... - implorou, colocando as mãos sobre o meu peito.

Segurei seus pulsos, tirando suas mãos dali. Não queria que ela me tocasse daquela forma.

- Tarde demais para pedir desculpas, Janelle. E não venha me dizer que não teve a intenção de ofender America depois de tudo que você disse. Da próxima vez, pense melhor antes de sair por aí dizendo coisas tão estúpidas.

Ela começou a chorar muito, mas pela primeira vez, não me senti nervoso com essa situação. Eu estava fazendo o que era certo, tinha certeza disso. Ainda que America não sentisse nada por mim, ela era minha amiga. De forma alguma eu permitiria que Janelle ou qualquer outra pessoa falasse dela daquela maneira.

- Arrume suas coisas e se despeça de quem desejar. Cuidarei para que saia logo após o jantar.

Cuspi essas palavras e caminhei de volta para o palácio, furioso, deixando Janelle aos prantos atrás de mim.

 

-*-

 

- Maxon, levante-se.

Acordei com a luz do sol atravessando as cortinas que meu pai acabara de abrir.

- Não quero que demore para descer. Nossa reunião de orçamento começará logo após o café da manhã.

Levantei da cama e caminhei em direção ao banheiro. Pensei que meu pai já tivesse saído dali, mas o ouvi dizer:

- Soube que eliminou uma Três ontem. Espero que tenha tido um bom motivo para fazer isso, enquanto a Cinco ainda continua na competição.

Olhei para ele, indignado com seu comentário inútil.

- Por que essa implicância com America? - perguntei, ressaltando seu nome para que ele parasse de chamá-la de Cinco. - Até onde eu sei, minha mãe era Quatro antes de entrar para a Seleção.

- Correto. Mas sua mãe era muito diferente de todas as garotas que estão aqui hoje. De qualquer forma, espero que saiba o que está fazendo. Se escolher a pessoa errada, sabe que terá grandes problemas - ele me encarou por alguns instantes e se retirou.

Eu sabia o que ele queria dizer com "grandes problemas". Só eu sabia.

Respirei fundo e segui para o banheiro. O dia seria longo.

 

               

No café, avisei às garotas que elas receberiam cartas de seus familiares ainda aquela tarde e que poderiam respondê-los. Todas ficaram felizes com a notícia. America me olhou sorrindo e sussurrou um "obrigada". Sorri de volta e pisquei para ela.

Assim que saí do Grande Salão, fui para a sala de reuniões do terceiro andar. Como se não bastasse toda aquela discussão tediosa sobre orçamentos, o dia estava especialmente quente. Tirei meu paletó, levantei as mangas da camisa e folguei a gravata em meu pescoço, tentando ficar ao menos um pouco mais à vontade naquele lugar. Pedi que uma das criadas levasse um suco bem gelado para mim. Quando ela voltou, ela trouxe o suco e um pequeno pedaço de papel.

- Majestade, uma das senhoritas me pediu que lhe entregasse isto - ela estendeu a mão e eu peguei o bilhete.

 

Vossa Majestade,

Mão na orelha. Quando puder.

 

America.

- Obrigado - falei. - Onde ela está?

- No corredor que dá para o Salão das Mulheres, senhor.

- Obrigado - agradeci novamente e virei-me para o meu pai. - Pai, uma das meninas está chamando por mim. Posso ausentar-me da reunião por alguns instantes?

É claro que, depois de sua fala mais cedo, eu não o contaria quem estava me chamando. Ele fez uma cara feia, mas assentiu. Voltei-me para os conselheiros e os membros dos comitês.

- Com licença, senhores, mas uma das meninas precisa de mim. Volto logo.

Eles fizeram uma reverência com a cabeça e eu corri para encontrar America.

Ela nunca havia me chamado assim. Será que ela estava bem? Será que estava se sentindo mal ou algo do tipo? Meu Deus, será que havia acontecido algo com a família dela? As garotas receberam cartas hoje, será que ela teve alguma notícia ruim?

Comecei a me desesperar e a andar mais rápido. "Quando puder". Era coisa da minha cabeça, ou isso acarretava certa urgência?

Parei na escada e a avistei observando um retrato da família.

- America?

Desci as escadas correndo enquanto ela me olhava paralisada. Agarrei seus pulsos e perguntei:

- Você está bem? O que houve de errado?

America me olhou como se eu fosse louco.

- Nada, estou bem - respondeu.

Finalmente soltei o ar que estava segurando desde que comecei a correr em sua direção.

- Ainda bem. Quando recebi seu bilhete, pensei que estivesse doente ou que algo tinha acontecido com sua família.

- Não, não - ela lamentou. - Maxon, sinto muito. Sabia que era uma ideia idiota. É que não tinha certeza de que você estaria no jantar e quis te ver antes.

- Bem, e para quê? - perguntei, ainda um pouco preocupado.

- Só para ver você - respondeu simplesmente.

Olhei para ela, admirado. Eu ouvi direito? Ela estava com saudades?

- Você só queria me ver? - perguntei, sem conseguir esconder o sorriso.

- Não fique tão chocado - respondeu. - Amigos também passam tempo juntos.

Amigos. Por um momento, esqueci que era isso que nós éramos. Para ela.

- Ah, você está chateada comigo porque estou cheio de compromissos esta semana, não está? - perguntei, fingindo tê-la entendido desde o início. - Não era minha intenção deixar nossa amizade de lado, America.

- Não, não estou brava - esclareceu. - Só estava me explicando. Mas você parece ocupado. Volte ao trabalho. A gente se vê quando você estiver livre.

Pensei na sua proposta e, definitivamente, eu não queria voltar para aquela reunião. Pelo menos, não agora.

- Na verdade, você se incomodaria se eu ficasse alguns minutos? Eles estão fazendo uma reunião de orçamentos lá em cima, e odeio esse tipo de coisa.

Aproveitei que ainda segurava seus pulsos e a arrastei para um sofá no meio do corredor, embaixo de uma janela. Ela soltou uma risadinha quando nos sentamos.

- O que é tão engraçado? - perguntei.

- Você - disse ela, ainda rindo. - É engraçado saber que fica incomodado com o trabalho. O que há de tão ruim nessas reuniões?

- Ah, America! - suspirei, olhando para ela. - Eles só andam em círculos. Meu pai até consegue acalmar os conselheiros, mas é difícil demais fazer os comitês seguirem qualquer instrução. Minha mãe sempre fica no pé do meu pai para que ele dê mais dinheiro para a educação. Ela acha que quanto mais educação todos tiverem, menores as chances de surgirem criminosos, e eu concordo com ela. Mas meu pai nunca é forte o bastante para fazer o conselho retirar verbas de áreas que poderiam passar muito bem com menos recursos. Fico furioso! E como não estou no comando, então minha opinião é facilmente desprezada.

Coloquei os cotovelos no joelho e apoiei a cabeça em minhas mãos. Estava cansado de tudo aquilo. Eu sabia o que deveria ser feito, mas nunca era levado a sério. O que tornava tudo ainda pior, pois eu dava tudo de mim no cargo de príncipe para ter a opinião descartada em um piscar de olhos.

- Sinto muito - ela lamentou. - Mas veja o lado positivo: você terá mais voz no futuro.

America passou a mão em minhas costas, consolando-me.

- Eu sei - dei um sorriso triste. - Digo isso a mim mesmo. Mas é tão frustrante, porque poderíamos mudar as coisas agora se eles ao menos ouvissem.

- Bem, não fique tão desmotivado. Sua mãe está no caminho certo, mas educação não vai resolver nada por si só.

Levantei a cabeça, incrédulo com sua fala.

- O que você quer dizer? - indaguei.

- Bem, comparada à educação com os tutores fantásticos que pessoas como você têm, a educação dos Seis e Sete é uma lástima. Acho que melhores professores e instalações fariam um bem imenso. Mas e o que dizer dos Oito? Não é essa a casta de que faz parte a maioria dos criminosos? Eles não recebem nenhuma educação. Se tivessem um pouco, um pouquinho que fosse, talvez ficassem mais motivados.

Certo, até aí eu concordava com ela. Eu desejava dar educação também aos Oito. Esperei ela concluir o raciocínio.

- Além disso... Você já sentiu fome, Maxon? Não apenas aquela fome antes do jantar, mas fome de verdade? Se aqui não tivesse absolutamente nenhuma comida, nada para seu pai e para sua mãe, e você soubesse que podia pegar um pouco das pessoas que comem mais em um dia do que você vai comer a vida inteira... O que faria se sua família estivesse contando com você? O que faria por alguém que ama?

Encarei-a em silêncio. Eu entendia o que ela queria dizer, entendia que havia pessoas que passavam por dificuldades, mas roubar comida dos outros era inaceitável.

- America, não estou negando que a vida de algumas pessoas seja dura, mas roubar é...

- Feche os olhos, Maxon - ela me interrompeu.

- O quê?

- Feche os olhos.

Fiz uma cara de quem não estava entendendo nada - porque eu realmente não estava - e obedeci. America esperou um pouco até começar a falar.

- Em algum lugar deste palácio está a mulher que será sua esposa.

Sim, pensei. Ela está bem ao meu lado, falando comigo neste exato momento.

- Talvez você ainda não saiba quem ela é, mas pense nas garotas do salão. Imagine aquela que mais ama. Imagine sua "querida".

Naquele momento, lembrei-me da foto na ficha de America. Ela estava tão linda, seu sorriso era tão encantador... Mas a melhor parte disso era saber que ela era ainda mais linda pessoalmente. Mexi minha mão à procura da mão dela, e quando a encontrei, ela a puxou. Abri os olhos e virei-me para ela.

- Desculpe - murmurei.

- Fechados! - ela ordenou.

Dei uma risadinha e a obedeci novamente. Ela era ótima em dar ordens.

- Imagine que essa garota depende de você - continuou. - Ela precisa que a ame, e vocês vivem como se a Seleção nunca tivesse acontecido - sorri diante desse pensamento. Viver com America sem me preocupar com o peso das obrigações de príncipe... - Como se você tivesse caído de paraquedas  no meio do país para bater de porta em porta em busca de alguém, e mesmo assim a encontrasse. Ela seria sua escolhida.

Meu sorriso aumentou. O sonho de ter America como minha escolhida era doce e feliz.

- Ela precisa que você cuide dela, que a proteja. E se chegasse o dia em que não houvesse absolutamente nada para comer, a noite em que você não pudesse nem dormir porque o ronco do estômago dela não permitisse...

- Pare! - arfei.

Levantei-me de uma sé vez, andei pelo corredor e parei com o rosto virado na direção oposta de America. Não podia deixar que ela visse as lágrimas que caíam involuntariamente dos meus olhos. Imaginar America passando fome foi a pior sensação que eu tive em anos. A dor era tamanha que eu mal conseguia respirar.

- Desculpe - America disse com uma voz quase inaudível.

Acenei com a cabeça para mostrar que eu tinha ouvido, mas continuei sem olhar para ela. Discretamente, enxuguei minhas lágrimas, respirei fundo e me virei de volta para ela.

- É mesmo assim? - perguntei olhando em seus olhos.

- O quê?

- Lá fora... Isso acontece? As pessoas sentem fome muitas vezes?

- Maxon, eu...

- Conte a verdade - pedi com a voz firme. Por mais difícil que fosse ouvir aquilo, eu precisava saber o que acontecia fora dos muros do palácio.

- Sim, acontece - respondeu por fim. - Sei de famílias em que pessoas abrem mão de seu prato de comida para dar aos filhos ou irmãos menores. Sei de um menino que foi chicoteado na praça da cidade por roubar comida - essa informação me fez paralisar. - Às vezes, as pessoas cometem loucuras quando estão desesperadas.

- Um menino? - perguntei pasmo. - De quantos anos?

- Nove - ela respondeu sentido calafrios.

Um menino de nove anos sendo chicoteado. Eu tinha treze anos quando meu pai me chicoteou pela primeira vez, e foi uma dor insuportável. Imaginei como teria sido ainda pior para aquele pobre menino. Estiquei minhas costas, como se estivesse sentindo o chicote naquele momento. Um nó se formou em minha garganta.

- E você - pigarreei - já passou por isso? Fome?

America baixou a cabeça, dando-me a resposta que eu temia ouvir.

- Como? - continuei.

Eu sabia que aquela informação me mataria por dentro. Não sabia se estava pronto para ouvir, mas eu definitivamente teria que saber.

- Isso só vai deixá-lo mais irritado - adiantou.

- Provavelmente - concordei sério. - Mas agora estou percebendo o quanto desconheço meu próprio país. Por favor, continue.

America suspirou, sentindo-se contrariada.

- Sofremos muito. Na maior parte das vezes, chegamos ao ponto de ter que escolher se compramos comida e ficamos sem eletricidade. O pior momento foi perto do Natal. Fazia muito frio, então usávamos montes de roupas, mas mesmo assim conseguíamos ver nossa própria respiração dentro de casa. May não entendia por que não podíamos trocar presentes naquele ano. Em geral, nunca há sobras em casa. Alguém sempre quer mais.

Eu estava dando o máximo de mim para não chorar naquele momento. Queria gritar, queria tirar aquela raiva de dentro de mim. Enquanto eu estava aqui com a minha família comemorando o Natal e me empanturrando de comida, America passava fome com a família dela. Isso não era nem um pouco justo. E eu pensando que conhecia o meu país, o meu povo... Na verdade, eu não conhecia nada. Os muros do palácio me cegavam para o mundo lá fora.

- Sei que os cheques que recebemos nas últimas semanas ajudaram muito - America falou, tentando me acalmar. - Minha família sabe lidar muito bem com dinheiro. Devem ter guardado tudo para que dure bastante. Você tem feito muito por nós, Maxon.

America sorriu para mim, mas eu não consegui retribuir o gesto. A tristeza dentro de mim me impedia de fazê-lo.

- Minha nossa - comentei. - Quando disse que só estava aqui pela comida, você não estava brincando, estava? - perguntei balançando a cabeça, decepcionado comigo mesmo.

- É sério, Maxon, está tudo bem. Eu...

Ignorei sua fala e me inclinei, beijando sua testa.

- Vejo você no jantar - falei e saí.

Subi as escadas em direção ao meu quarto. Eu estava decidido a falar com o conselho sobre uma nova repartição de verbas para atender aos necessitados, aproveitaria a reunião de orçamentos para isso. Mas antes, precisava liberar minha dor. Cheguei ao quarto, tranquei a porta e me joguei na cama, com a cabeça voltada para o teto e as mãos em meus olhos. Deixei que o nó na garganta se desfizesse em lágrimas. Chorei muito, chorei como uma criança. Não sabia exatamente por que chorava tanto, mas não conseguia parar. America estava bem, agora ela seria Três e jamais precisaria passar por isso de novo. Mas a imagem dela passando fome e eu ao seu lado sem poder fazer nada era aterrorizante. Eu me odiava por ter pensado que as pessoas não passavam tanta fome assim. Eu ainda precisaria melhorar drasticamente se quisesse ser um bom rei algum dia.

Depois de um longo momento, retornei à sala de reuniões. Pedi a palavra aos conselheiros e apresentei minha mais nova ideia. Alguns concordaram, outros nem tanto. Mas, para minha surpresa, minha sugestão foi aprovada e eu poderia colocá-la em prática ainda naquele dia.

 

 

Meu pai e eu descemos atrasados para o jantar. Quando chegamos, todas já estavam lá, o que era bom para que eu fizesse o anúncio a elas. Elas se levantaram para fazer uma reverência.

- Por favor, senhoritas, sentem-se - pediu meu pai. Logo após, ele deu um beijo na testa da minha mãe e se sentou, enquanto eu permaneci de pé para falar.

- Senhoritas, tenho um anúncio a fazer - anunciei.

Todas me olharam atentamente.

- Sei que todas receberam a promessa de que seriam compensadas por sua participação na Seleção - comecei, com a voz bem firme. - Contudo, houve uma nova repartição de verbas. As Dois ou Três de nascimento não receberão mais sua bolsa. Mas as garotas Quatro e Cinco continuarão a recebê-las, embora num valor um pouco menor a partir de agora.

Algumas pessoas se espantaram com a notícia. Olhei para America e notei sua expressão de dúvida.

- Peço sinceras desculpas por qualquer inconveniente. Amanhã explicarei tudo durante o Jornal Oficial. Acrescento que essa situação é inegociável. Aquelas que tiverem problemas com o novo acordo e não quiserem mais participar da Seleção podem sair após o jantar - falei.

Assim que terminei, sentei-me e retomei a conversa com meu pai.


Notas Finais


É isso, amores!
Chorei legal escrevendo esse capítulo, a dor do Max é a minha dor. 😢
Gostaram do esculacho que ele deu em Janelle? Porque eu gostei muito hahahahah
Ah, e a informação de que Maxon foi chicoteado pela primeira vez com treze anos foi uma invenção minha. Não sei sei foi realmente assim, não tem essa informação nos livros :)
Não deixem de comentar! Beijinhos 😘🍰


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