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História Do Outro Lado Da Seleção - O primeiro beijo


Escrita por: gabibmesq

Notas do Autor


Olá, minhas leitoras lindas!! 🙆
Gostaria de agradecer a todas que favoritaram e acompanham fielmente a fic, seus comentários são lindos e eu fico muito feliz com eles! 😍😙
Finalmente, chegou o momento tão esperado: o primeiro beijo Maxerica narrado por Maxon! 💃👯🎉🎊💏
Eu estava bem ansiosa por esse capítulo, comecei a escrever alguns trechos dele desde o início da fic, porque queria que ficasse à altura do que todas esperávamos. É claro que eu não sou nenhuma Kiera Cass, então não ficou perfeito como teria sido se ela escrevesse. Mas apesar disso, eu gostei muito do resultado. Espero que vocês gostem tanto quanto eu!
Agora chega de espera. Boa leitura! Não deixem de ler as notas finais 😘

Capítulo 9 - O primeiro beijo


Fanfic / Fanfiction Do Outro Lado Da Seleção - O primeiro beijo

- Boa noite, senhoritas - falei com as meninas, que já estavam posicionadas em seus lugares para o início do Jornal Oficial.

- Alteza - elas responderam em coro.

O estúdio estava especialmente decorado naquela noite. A entrevista com as Selecionadas era aguardada por todo o povo.

- Como sabem, farei um breve anúncio e depois chamarei Gavril. Será uma boa mudança: é sempre ele que me chama! - eu ri, e todas riram em resposta.

Olhei para America e, por um segundo, esqueci o que tinha que falar ali. Não conseguia ver sua roupa, pois ela estava um pouco escondida, mas o sorriso em seu lindo rosto fez o trabalho de me deixar sem fala. Mas a pausa foi tão curta que acho que passou despercebida. Retomei a minha fala:

- Sei que algumas de vocês talvez estejam um pouco nervosas, mas não há motivo. Por favor, sejam vocês mesmas. As pessoas querem conhecê-las.

Olhei para America novamente, ciente de que não precisaria me preocupar com ela quanto a isso. Se havia algo que se destacava em America era sua sinceridade.

Desejei sorte às garotas e caminhei até o palanque. Eu estava um pouco nervoso também, pois era a primeira vez que anunciaria algo tão importante no Jornal Oficial. Mas tratei logo de respirar fundo e acalmar meus nervos. Logo que acabou o hino nacional, tomei o microfone e comecei:

- Boa noite, senhoras e senhores de Illéa. Sei que esta é uma noite empolgante para todos nós. O país finalmente conhecerá melhor as vinte e cinco mulheres que ainda participam da Seleção. Não imagino como expressar minha animação por poderem conhecê-las. Estou certo de que todos haverão de convir que qualquer uma dessas jovens incríveis seria uma líder e uma futura princesa maravilhosa.

Sempre que eu ouvia ou proferia as palavras "futura princesa", a imagem da ruiva de olhos azuis vinha à minha mente. Parecia um pouco injusto com as outras garotas, mas não era algo que eu pudesse controlar.

- Mas antes disso - continuei -, gostaria de anunciar um novo projeto em que estou trabalhando e que tem muita importância para mim. O contato com essas damas expôs-me ao vasto mundo fora deste palácio, um mundo que raramente posso ver. Contaram-me sobre a bondade incrível e a escuridão inimaginável que existe nele. Por meio de minhas conversas com essas mulheres, abracei a importância das massas além destes muros. Despertei para o sofrimento de alguns membros das nossas castas inferiores, e pretendo fazer algo quanto a isso.

"Precisaremos de pelo menos três meses para nos preparar adequadamente, mas por volta do Ano-Novo todos os Departamentos de Serviços Provinciais oferecerão assistência alimentar. Qualquer Cinco, Seis, Sete ou Oito poderá ir a um deles no fim da tarde para se servir de uma refeição nutritiva e gratuita. Por favor, permitam-me dizer que essas mulheres que vemos aqui sacrificaram total ou parcialmente sua compensação a fim de ajudar a custear esse importante projeto. E, embora essa assistência talvez não possa se prolongar para sempre, vamos mantê-la o máximo que pudermos. Penso que nenhum grande líder pode deixar as massas passarem fome. Illéa é majoritariamente composta por castas inferiores, e acho que desprezamos essas pessoas por tempo demais. É por isso que dou um passo à frente e peço a outros que se juntem a mim. Pessoas da Dois, Três, Quatro... as estradas pelas quais dirigem não se abrem sozinhas. Suas casas não se limpam por mágica. Eis sua oportunidade de reconhecer a verdade e fazer uma doação ao Departamento de Serviços Provinciais local."

Fiz uma pausa. Queria olhar para America, para que ela visse minha gratidão por ter feito com que eu enxergasse tudo isso. Mas eu não podia virar-me para ela naquele momento. Continuei.

- Vocês nasceram abençoados. É hora de reconhecer essa bênção. Terei mais informações conforme o projeto avançar. Queria agradecer a atenção de todos. Mas agora passemos ao verdadeiro motivo de todos estarem em frente à TV hoje. Senhoras e senhores, Gavril Fadaye!

Apontei para ele com as mãos e o som das palmas invadiu o estúdio. Arrisquei uma olhada rápida para America e notei que ela limpava algumas lágrimas. Sorri ao ver que ela tinha gostado do meu projeto.

- Muito obrigado pela apresentação, Majestade! - Gavril agradeceu tomando meu lugar. - Muito bom! Se essa história de príncipe não der certo, o senhor pode pensar em um emprego na televisão.

Dei um gargalhada e caminhei para sentar-me ao lado dos meus pais. Meu pai não estava com uma expressão muito satisfeita, mas ignorei isso. Eu estava satisfeito.

- Estou tão orgulhosa de você, querido - minha mãe sussurrou, dando-me um beijo na bochecha.

- Obrigado, mãe - falei no mesmo tom. - Também estou feliz com esse novo projeto.

Ela sorriu e voltou-se para Gavril.

- Povo de Illéa - Gavril começou -, temos um presente para vocês! Esta noite veremos cada uma dessas jovens por dentro. Sabemos que estão mortos de vontade de conhecê-las e de saber como está seu relacionamento com o príncipe Maxon. Por isso, esta noite... vamos apenas perguntar! Comecemos pela senhorita - ele conferiu suas fichas - Celeste Newsome, de Clermont!

Celeste saiu de seu assento na fileira do alto e desceu as escadas de um modo bem sinuoso, enquanto as outras garotas a aplaudiam. Não dava para negar que ela era uma mulher extremamente atraente. E o fato dela saber e aproveitar-se disso tornava tudo ainda mais... complicado.

Durante sua entrevista, notei que Celeste parecia se inclinar propositalmente para que as câmeras filmassem seu decote. Para ser sincero, isso não me surpreendeu. Ela piscava para mim a toda resposta que dava. Muitas de suas respostas me fizeram rir. Gostei dela ter deixado transparecer seu lado divertido. A entrevista de Bariel foi bem parecida com a de Celeste, tirando o fato dela não ser tão divertida assim. E tirando também o fato de, em um determinado momento, ela ter tentado lamber os lábios de forma atraente, sem muito sucesso. Precisei me concentrar muito para não rir.

Em geral, as meninas se saíram muito bem. Algumas eram bem tímidas, como Tiny e Amy, então ficaram um pouco mais nervosa que as outras. Mas eu sabia que seria pedir muito que elas se sentissem à vontade em sua primeira aparição na TV. De qualquer forma, elas não deixaram de ser graciosas.

Marlee estava bem empolgada. Eu adorava seu jeito espontâneo e divertido. Não era à toa que ela era uma das favoritas do povo. Mas eu me sentia um pouco culpado por vê-la tão animada e saber que não conseguia vê-la como mais que uma amiga. Eu me sentia horrível por isso.

Gavril perguntava a todas se elas eram a garota que gritou comigo. Imaginei como America ficaria quando chegasse sua vez e ela tivesse que confessar que foi ela. Na verdade, eu estava ansiando por esse momento. Ele perguntava também o que elas achavam de mim, e quase todas diziam que eu era simpático; exceto por Celeste, que disse que eu era bonito, e Bariel, que disse algo como "ele tem um poder silencioso". Bariel era bem estranha às vezes. Ele também perguntou a algumas se eu já as beijara, e elas, é claro, disseram que não.

- Mas o senhor ainda não beijou nenhuma delas? - perguntou indignado.

- Elas estão aqui há apenas duas semanas! - rebati. - Que tipo de homem você pensa que eu sou? - perguntei em um tom brincalhão, tentando esconder meu incômodo com o assunto "beijo".

Depois de Samantha, finalmente chegou a vez de America. Ela se levantou e caminhou em direção a Gavril, dando-me a oportunidade de, finalmente, vê-la por inteiro. America estava estonteante. Usava um vestido vermelho que acentuava as curvas de ser corpo e brilhava com a luz do estúdio. Por um segundo, esqueci como fazia para respirar. Só então notei que ela era a única de vermelho ali. A maioria das meninas, estranhamente, usavam tons diferentes de azul. Isso fez com que ela se destacasse um pouco mais, e eu gostei muito disso.

America se sentou e logo me olhou por cima do ombro de Gavril. Ela parecia um pouco nervosa, então dei uma piscadinha para passar-lhe mais confiança. Ela sorriu com o gesto.

- America Singer - começou Gavril. - Nome interessante o seu. Há alguma história por trás dele?

Gavril começou muito bem a entrevista, eu também tinha essa curiosidade. Na verdade, não sabia por que ainda não havia perguntado isso a ela.

- Sim, de fato - America respondeu tranquila. - Eu chutava muito durante a gravidez. Minha mãe disse que carregava uma lutadora na barriga e por isso me batizou com o nome do país que tanto lutou para se manter unido. É estranho, mas devo reconhecer que ela acertou: nós duas vivemos brigando.

Gavril deu risada, e eu o acompanhei. Era a cara de America brigar com a mãe.

- Parece que ela é uma mulher enérgica - comentou Gavril.

- Ela é. Herdei boa parte de minha teimosia dela.

- Então você é teimosa? Um pouco geniosa?

Comecei a rir ainda mais. America havia acabado de se entregar sem saber. Com certeza Gavril captou a mensagem. Estava me segurando para não soltar uma gargalhada ali.

- Às vezes.

- Então por acaso não seria a garota que gritou com o príncipe?

Já era. Deus, me ajude a me controlar!

- Sim, fui eu - America confessou depois de um suspiro. - E minha mãe deve estar infartando neste exato momento.

- Faça-a contar a história toda! - gritei para Gavril. America me mataria, eu tinha certeza. Mas eu não perderia aquela oportunidade por nada.

Gavril olhou para mim e depois de volta para America.

- Ah! Qual é a história toda? - perguntou curioso.

America me olhou com uma expressão engraçada e respondeu:

- Senti um pouco de... claustrofobia na primeira noite e fiquei desesperada para sair. Os guardas não me deixaram passar pelas portas. Eu estava a ponto de desmaiar nos braços de um deles quando o príncipe chegou e mandou que abrissem as portas.

- Humm... - Gavril inclinou a cabeça para o lado, interessado na história.

Ouvindo-a contar a história daquela forma, parecia que eu havia sido seu heroi daquela noite. Adorei isso.

- Sim - America prosseguiu -, e depois o príncipe ainda me seguiu para ver se estava tudo bem comigo... Mas eu estava tão nervosa que quando ele abriu a boca, eu basicamente o acusei de ser vaidoso e superficial.

Explodi em gargalhadas. Ouvir a história da boca de America era simplesmente sensacional. Meus pais também riram, a história ainda era desconhecida para eles.

- Ela te chamou de superficial? - minha mãe sussurrou chocada, mas ainda rindo um pouco. - Quanta ousadia!

- Para você ver - comentei, enxugando minhas lágrimas depois de tanto rir. - Ela não tem medo algum de ser sincera.

- E ele a perdoou? - Gavril perguntou quando parou de rir.

- Por incrível que pareça - America deu de ombros.

Mal sabia Gavril que aquilo não havia sido nada perto da joelhada que ela me deu na coxa. Mas essa história eu deixaria só entre nós.

- Bem, agora que os dois fizeram as pazes, que tipo de atividade têm feito juntos? - Gavril retornou às perguntas padrão.

- Geralmente andamos pelo jardim. Ele sabe que gosto de passear ao ar livre. E nós conversamos.

Meus encontros com America eram simples, mas andar com ela pelo jardim era mais agradável que fazer qualquer outra atividade com as outras garotas. Sua companhia era o suficiente para mim.

- Parece muito relaxante - Gavril comentou. - Você diria que o jardim é sua parte favorita do palácio?

- Talvez - America sorriu. - Mas a comida é divina também, então...

Ri diante de sua resposta. America gostava mesmo da comida.

-Você é a última Cinco na competição, certo? Acha que isso diminui suas chances de ser a próxima princesa?

- Não! - America respondeu sem hesitar. Fiquei impressionado com sua resposta tão direta.

- Nossa! Quanta convicção! - Gavril disse animado. - Então você acha que vai vencer?

Sim!

- Não, não - America contrariou meus pensamentos. - Não é isso. Não me julgo melhor que as outras meninas aqui. É só... Não acho que Maxon faria isso, que desprezaria alguém por causa de sua casta.

Maxon. Várias pessoas exclamaram surpresas ao ouvir America me chamando assim, sem qualquer formalidade diante de todo o país. Mas eu só conseguia sorrir por ver que America já me conhecia ao menos um pouco melhor que as outras.

America me olhou preocupada ao perceber o que acabara de fazer, mas o sorriso em meu rosto a fez ficar mais tranquila, apesar de ainda estar um pouco corada.

- Ah, parece que você realmente ficou íntima do príncipe. Diga-me, o que você acha de Maxon?

Gavril não facilitava as coisas, ele era do tipo que gostava de colocar lenha na fogueira. Mas ele perguntou o que eu sempre quis saber. Sempre quis saber o que America achava de mim de fato. Eu sabia que ela ao menos gostava da minha companhia, caso contrário não passaria tanto tempo conversando comigo. Mas eu não sabia o que ela achava de mim. Como príncipe, como homem. America me olhou antes de responder, provavelmente notando meu olhar que suplicava por uma resposta sincera. Eu queria mais que um "ele é simpático e bonito". Eu queria uma resposta de verdade. E foi o que ela me deu.

- Maxon Schreave é a síntese de todas as coisas boas. Será um rei fenomenal. Ela deixa garotas que deveriam usar vestido saírem por aí com calça jeans e não se zanga quando alguém que não o conhece o julga de uma maneira completamente errada.

America falou tudo isso olhando para mim. Senti meu coração acelerar. Então ela olhou para Gavril e continuou:

- Quem se casar com ele será uma mulher de sorte. E não importa o que me acontecer, será uma honra ser sua súdita.

America me olhou, e eu a olhava fixamente. Engoli em seco, impressionado demais com suas palavras. Eu só queria correr e abraçá-la ali mesmo, na frente de todos. Não podia acreditar que ela havia falado para todo o país coisas tão boas sobre mim. Não podia acreditar que ela realmente achava aquilo de mim. America baixou os olhos.

- America Singer, muito obrigado - Gavril concluiu, satisfeito com sua resposta. - A próxima é a senhorita Tallulah Bell.

Acompanhei America com o olhar até ela chegar ao seu assento novamente. Esperei que me olhasse, mas ela não o fez.

 

-*-

 

Se alguém me perguntasse o que as meninas falaram depois de America, eu passaria por uma situação bem constrangedora. Eu simplesmente não consegui prestar atenção em mais nada depois de sua fala. Era como se tivessem me tirado do estúdio e me levado para um lugar completamente diferente. Mais especificamente, o jardim onde nos conhecemos, ou o sofá onde tivemos nossa última conversa. Só o que me lembro é de olhar para America o tempo todo, esperando que ela me olhasse de volta para ver que eu mexia na orelha, mas ela parecia estar evitando este ato. Mas é claro que isso não impediria que eu fosse vê-la mais tarde. Nada impediria que eu fosse vê-la mais tarde.

 

-*-

 

Durante o caminho para o quarto de America, eu só conseguia pensar em suas palavras no Jornal Oficial.

"Maxon Schreave é a síntese de todas as coisas boas."

"Quem se casar com ele será uma mulher de sorte."

O que isso significava? Será que ela havia mudado de ideia? Será que ela... queria ser minha esposa? Esse pensamento me fez parar por um segundo e arrepiar da cabeça aos pés. Eu havia conseguido conquistá-la? Assim, tão rápido?

Voltei a andar. Não, não era possível. Claro que não. Ela ainda era apaixonada pelo seu ex-namorado secreto. Deu para ver em seus olhos quando me contou toda a história. Aquela história que me intrigava tanto... Como ele foi capaz de abandoná-la? Como foi capaz de trocá-la por outra? America era única! É claro que eu estimava muito todas as outras garotas, tinha um grande carinho por cada uma, mas nada além disso. Já America...

America mexia comigo de maneira diferente, especial. Ela me fazia enxergar o mundo de outra forma. Me fazia crer que a esperança que eu tinha no início da Seleção valeu a pena. Quando eu a via, sentia um frio gostoso na barriga. Quando fazíamos nosso código, eu sentia entre nós uma conexão extremamente forte. Quando me olhava nos olhos, eu sentia meu corpo flutuar. Quando sorria, era como contemplar o mais belo paraíso. E se esse sorriso era causado por mim, eu me sentia o mais terno dos homens. Eu pensava nela o tempo todo e sabia que isso não era normal. Tudo isso sem mencionar o desejo constante que eu tinha de beijá-la, mas o fato de nunca ter feito isso antes, com mulher alguma, me travava. Estava convicto de que queria que meu primeiro beijo fosse com ela, mas queria que fosse no momento perfeito. O meu medo era que esse momento jamais chegasse.

Mas se ela não nutria sentimentos por mim, então por que disse tudo aquilo para todo o país ouvir? Por que fez questão de falar coisas tão boas a meu respeito? Será que ela realmente pensava tudo aquilo, ou só estava querendo passar uma boa imagem minha para as pessoas, depois de revelar ter dito que me achava vaidoso e superficial?

O que estava acontecendo comigo afinal? O que eram todas essas perguntas e sentimentos? Por que estava tão ansioso para encontrá-la? Aliás, por que eu sempre queria encontrá-la? Por que sentia que não precisava mais procurar por uma esposa? E a pior de todas as perguntas: o que eu falaria com America, agora que já estava na porta de seu quarto?

Depois de alguns minutos pensando, resolvi que iria demonstrar a ela meus sentimentos. Só não sabia exatamente como. Parei de pensar, antes que mudasse de ideia.

Respirei fundo. E de novo. E de novo, dessa vez ainda mais fundo. Então bati na porta.

Rapidamente, America a abriu. Vê-la mais uma vez, linda daquele jeito, fez meu coração acelerar. Isso já estava ficando repetitivo. Mas percebi que ela estava sozinha novamente, o que não era muito seguro para ela. Então resolvi começar com esse assunto.

- Seria muito bom você ter uma criada aqui durante a noite - comentei, disfarçando meu nervosismo.

- Maxon! - exclamou, nervosa. - Sinto muito mesmo. Não queria chamar você pelo nome na frente de todos. Fui tão idiota.

Sério? Eu nem me lembrava mais disso. Depois de tudo que ela disse...

- Você acha que estou bravo por isso? - perguntei, fechando a porta e entrando no quarto. - America, você me chama pelo nome o tempo todo. Uma hora ia escapar. Gostaria que tivesse sido em um ambiente mais reservado - comentei com um sorriso malicioso -, mas não vou pegar no seu pé por isso.

- De verdade? - perguntou.

- Claro, de verdade.

- Ai, eu me senti tão idiota hoje à noite. Não acredito que me fez contar aquela história! - ela me deu um tapinha no braço.

- Mas foi o melhor momento da noite! - exclamei. - Minha mãe ficou muito impressionada. No tempo dela, as garotas eram mais reservadas que Tiny, e aí você vem e diz que me achava superficial... Ela não se conformava.

Andamos pelo quarto e paramos na sacada. A noite estava incrivelmente linda. As estrelas tinham um brilho intenso, mas deixavam que a lua cheia fizesse seu espetáculo. Uma brisa suave batia em minha pele, trazendo com ela um delicioso aroma das flores no jardim, quase tão bom quanto o perfume de America. Quase. Parecia ser uma noite preparada especialmente para aquele momento.

- Bem, fico feliz que você esteja tão impressionado - America comentou passando os dedos pelo parapeito.

Sentei-me no parapeito e soltei:

- Você é sempre impressionante. Acostume-se a isso.

Um pequeno silêncio se formou. Eu queria perguntar-lhe tantas coisas... Resolvi começar com o que mais me impressionou naquela noite.

- Então... o que você disse... - eu não sabia exatamente como falar aquilo. Minha falta de experiência com mulheres era bem notável às vezes.

- Que parte? - America perguntou. - Quando chamei você pelo nome, quando disse que brigava com minha mãe ou quando sugeri que a comida era minha motivação?

Ri de sua maneira de falar.

- A parte sobre eu ser uma boa pessoa... - esclareci.

- Ah, o que tem?

Ela parecia não esperar que eu fosse perguntar por isso. Abaixou a cabeça e mexeu no vestido, corando um pouco.

- Admiro que você queira soar sincera, mas não precisava ir tão longe - falei diretamente, esperando que ela me mostrasse qual foi sua real intenção com aquela fala.

America ergueu a cabeça e me olhou, incrédula.

- Maxon, não fiz aquilo pelo programa. Se você tivesse me perguntado um mês atrás qual era minha opinião sobre a sua pessoa, minha resposta teria sido bem diferente. Mas agora conheço você de verdade. Você é tudo o que eu disse. E mais.

Então ela realmente pensava tudo aquilo de mim. E fez questão de mostrar seus pensamentos a todo o país. Não pude conter um pequeno sorriso.

- Obrigado - agradeci por fim.

- Ao seu dispor - ela respondeu.

"Quem se casar com ele será uma mulher de sorte."

As palavras vieram novamente à minha mente. Na verdade, o sortudo seria eu se conseguisse conquistá-la. Queria eu ter tido a sorte que teve seu ex-namorado. Limpei a garganta.

- Ele também será um homem de sorte - comentei, descendo do parapeito e caminhando para o lado de America.

- Hein? - perguntou confusa.

- Seu namorado. Quando ele cair em si e implorar seu perdão - dizer isso doeu em algum lugar do meu peito.

America riu e declarou:

- Ele não é mais meu namorado. E deixou bem claro que terminou comigo.

Ela tentou esconder, mas pude notar uma pontada de esperança em sua voz.

- Impossível - contrariei-a. - Ele deve ter visto você na TV e se apaixonado mais uma vez. Embora, na minha opinião, você continue a ser areia demais para o caminhãozinho dele.

Eu não conhecia aquele rapaz, mas vendo America tão fantástica daquele jeito, eu sabia que era difícil que ele fosse à sua altura. Pensando bem, eu não sabia de ninguém que fosse à sua altura.

- A propósito - prossegui -, se você não quiser que eu me apaixone, não pode ficar assim tão linda. A primeira coisa que farei amanhã será mandar suas criadas costurarem um saco de batata para você usar.

America me deu uma cotovelada.

- Cale a boca, Maxon.

Acho que ela não estava percebendo minhas pequenas cantadas. Mas eu não iria desistir.

- Não é brincadeira - constatei. - Você é bonita demais para o seu próprio bem. Quando sair, vamos ter que mandar alguns guardas para acompanhá-la. Nunca sobreviverá sozinha, coitada - franzi a testa, fingindo estar com pena.

- Não posso fazer nada - America suspirou. - Não pedi para nascer perfeita - ela se abanou com as mãos, como se estivesse cansada de ser tão linda.

E, nossa, como ela era linda.

- É, não acho que seja possível evitar - falei, dessa vez sem tom de brincadeira. Aquilo era uma verdade que devia ser levada a sério.

America se virou para olhar o jardim, enquanto eu continuei a observá-la com atenção: seus cabelos ruivos em um contraste perfeito com sua pele clara e seus magníficos olhos azuis, o pequeno sorriso em seus lindos lábios; tudo isso banhado pela luz da lua, que iluminava com esplendor seu rosto divino. Sua beleza era surreal. Esse cenário me fez lembrar do momento em que vi seu rosto naquela primeira noite no jardim... A sensação era a mesma: uma palpitação estranha no peito, como a luz de uma lareira ou o calor da tarde. Algo nela me atraía intensamente, como um ímã que exercia sobre mim sua força máxima. À medida que me aproximava dela, meu coração parecia querer saltar do meu peito, procurando mais espaço para fazer sua dança. Ele batia em um ritmo exagerado, e eu achava impossível que ela não estivesse ouvindo. Eu não conseguia tirar os olhos dela. E ela pareceu perceber, pois se virou para me olhar também, com a expressão um pouco curiosa. Foi  nesse momento, seus olhos - e lábios - tão próximos dos meus, que senti que precisava, de alguma forma, liberar toda essa carga elétrica que percorria pelo meu corpo, todo esse sentimento que fluía pela minha alma.

Então a beijei.

 

"[...]

O teu olhar me desmonta inteiro

E o teu sorriso é o sol verdadeiro

Deixa eu te conhecer

Me diga quem é você

[...]

A tua voz não sai da minha mente

E o meu desejo é seguir em frente

Deixa eu te conhecer

Me diga quem é você

A nossa história pode ser tão bela

Até os anjos vão sonhar com ela

Deixa eu te conhecer

Me diga quem é você

 

Quero um amor que resista o tempo

Uma verdade pra abraçar pra sempre

Caminhada de bons sentimentos

Um coração que me entende

Eu quero colo, eu quero carinho

E o meu carinho eu quero te dar

Eu já andei muito tempo sozinho

Por favor, deixa eu te encontrar..."

  


Notas Finais


Se precisarem de mim, estarei aqui no chão morrendo. x.x
E aí? Gostaram? Não gostaram? COMENTEM, PELO AMOR DE DEUSSSS 😱
Sério, gente, a opinião de vocês é essencial. Não sejam leitoras fantasmas! 😁
Ah, o nome da música no final é Pra Sempre - Thiago Grulha.
Beijinhos e tortinhas! 😘🍰


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