História Doce Esquizofrenia - Jungkook

Estava nervoso, ansioso ... levantei mais cedo que o habitual, era meu primeiro dia de trabalho no hospital, doutor Connor havia me ligado ontem para me contar, contei ao Taehyung e o mesmo me disse para ir protegido, caso fosse acontecer algo comigo, fiquei meia hora encarando o espelho, peguei um pouco da base e pó compacto da minha mãe, calma, foi apenas para cobrir o acontecimento da noite anterior, quando meu pai me presenteou com um soco na boca ... antes eu não ficava com muitas cicatrizes, a não ser uma que tenho em minha bochecha, que aconteceu quando eu era pequeno, aprontei e levei um belo corte no rosto, e agora que tenho algumas em minhas costas, que nunca vão sair, ao contrário da que eu tenho em minha bochecha que é de um momento da infância que não volta mais, aquelas em minhas costas, eram de um momento ruim da minha vida [...]

Terminei de me arrumar, e pedi para que Taehyung me levasse ao hospital ...

 

– Boa sorte cara – Taehyung falou quando parou o carro em frente ao portão do hospital –

– Obrigado

– Nervoso? Porque eu ficaria

– Um pouco ...

– Eeei, tem um negócio manchado aí – ele apontou para o canto da minha boca – espera, isso é ... – chegou mais perto – isso é base de rosto?

– O quê? Porque eu usaria base de rosto? – fiquei receoso –

– Isso é base de rosto sim – ele afirmou – isso tudo é para vim trabalhar é?

– Deixa eu ir, antes que eu te dê um soco – sai do carro –

– Depois me fala dessa base aí, quero o nome – mostrei o dedo do meio á ele, e o mesmo riu arrastando o carro –

 

~

Cheguei na sala do Doutor Connor, e ele não estava, fiquei esperando, até que ele apareceu ...

 

– Bom dia doutor – falei assim que ele chegou –

– Bom dia Jungkook, como está? – entramos na sala –

– Bem e o senhor?

– Cansado ... tive plantão ontem, mas estou bem, preciso que você me faça um favor

– O que o senhor quer que eu faça?

– Daqui a pouco – ele olhou em seu relógio – meu paciente vai vim, mas antes preciso que você vá ao almoxarifado do hospital e pegue na mão da moça de lá as fichas de todos os meus pacientes

– O senhor sabe qual paciente vem hoje? Não quer que eu veja em sua agenda?

– Não, o dia de hoje eu sei bem quem é – ele falou e eu apenas afirmei com a cabeça e sai do consultório –

 

~

Depois de muito esperar pela minha vez, visto que tinha muita gente lá conversando com a moça do almoxarifado

 

– Olá, bom dia – ela me falou simpática e sorrindo –

– Olá, bom dia ... – retribui o sorriso – o doutor Connor me pediu para vim pegar as fichas dos pacientes dele

– Ah você é o rapaz que está trabalhando com ele, não é? Primeiro dia?

– Sim, sou eu ... e sim, primeiro dia

– O que está achando? – perguntou procurando em algumas pastas –

– Até agora, ta tudo tranquilo

– Você se acostuma rápido, aqui está, são esses – ela falou me dando uma pasta e alguns papéis soltos –

– Obrigado

– Por nada – sorriu –

 

Voltei para a sala do doutor, com as pastas nas mãos, olhei em meu celular e já eram 08:30 da manhã [...]

 

– Desculpe a demora doutor, tinha muita gente – falei entrando na sala com os papeis, olhei e ele já estava com paciente, pensei em sair da sala, foi quando vi o seu paciente, era o Jimin –

– Tudo bem, venha aqui ... vou te apresentar, Jimin, este é o Jungkook – o doutor falou, e ele me olhou estranhamente, na verdade, como se tivesse me reconhecido de algum lugar, dei um meio sorriso simpático, e estendi minha mão, mas não sei se ele gostou muito, já que o mesmo olhou para minha mão e depois olhou para o doutor –

– Sou o Jimin – ele falou depois de um longo tempo, quando abaixei minha mão envergonhado –

– E eu sou o Jungkook – falei, por fim –

 

O doutor perguntou se ele ficaria chateado se eu permanecesse na sala, e ele disse que não, eu pensei que ele ficaria receoso pela minha presença, mas pareceu está normal, me sentei em uma cadeira afastado dos dois, e comecei a tentar organizar aqueles papéis, e não prestar muita atenção na conversa ... vi que Jimin estava meio perdido nos pensamentos, ouvi ele dizer que as vozes em sua cabeça te disseram coisas sobre o doutor Connor, e pensei no quanto deve ser bizarro e assustador saber que tem vozes em minha cabeça me dizendo coisas o tempo todo, voltei a olhar para os papéis, quando ouvi ele gritar alto: – NÃO! NÃO GOSTA!

 

Olhei imediatamente para os dois, e vi o doutor ir para seu lado

 

– Tudo bem, tudo bem ... – ele o abraçou, alisando seus cabelos – 

 

* * *

Depois que a consulta do Jimin terminou, levaram ele para o pátio, enquanto eu permaneci na sala

 

– O doutor gosta muito dele né? – perguntei entregando os papéis á ele –

– Quem?

– Do Jimin

– Ah, sim, sim ... Jimin é como um filho que eu nunca pude ter, Jungkook – ele me chamou – Leve esses papéis ao consultório da doutora Kang, por favor

– Esta bem

– Você tem aula hoje?

– Sim, estou estudando pela tarde agora

– Depois que você entregar os papeis, pode ir embora, só deixa organizado o resto da minha agenda

– Ok – falei saindo da sala –

 

Esqueci de perguntar ao doutor onde era o consultório, burro! Me xinguei mentalmente, agora eu teria que ir procurar por meio daquele hospital imenso, pensei em voltar e perguntar ao doutor Connor , mas desistir, o problema era que eu não fazia ideia de onde era o consultório, mesmo com o papel nas mãos, eram muitos corredores, muitas salas, pelo o que percebi, tinham médicos especialistas para cada tipo de coisa, junto a psicólogos também, depois de ficar rodando o hospital todo perdido, decidi me informar na recepção da entrada

 

– Com licença – pedi ao passar por alguém, quando estava seguindo em direção ao outro lado do hospital – Ah ... – olhei e era o Jimin, ele estava vindo pelo corredor da entrada, mas o que ele estava fazendo ali? – Jimin, seu nome né? o que faz aqui perto da entrada? – perguntei sendo um tanto curioso –

– O doutor Connor mandou você me vigiar?

– O quê? Não, não – perguntei confuso pela sua pergunta, será que ele está cismando comigo? –

– Porque está mentindo? – ele me perguntou olhando em meus olhos –

– Mas eu não estou mentindo, olha, eu só estou perdido – tentei sorrir sem graça alguma, não queria que ele saísse assustado –

– O que faz aqui? Se não está me vigiando? – ele me perguntou –

– Eu estou perdido, tinha que ir ao – olhei na pasta que segurava – é meu primeiro dia aqui ...

– Você é paciente?

– Não, eu estou trabalhando com o doutor Connor, eu estava na sala, você não lembra?

 

Ele ficou em silêncio durante alguns minutos, e do nada gritou – eu não sou burro!

 

– O que? – perguntei achando que ele tinha falado comigo, ou para mim –

 

Então Jimin, começou a encarar algo atrás de mim, fiquei com medo de me virar para trás e ver o que ele tanto encarava, talvez ele estivesse encarando o nada, eu não estava com medo do Jimin, mas eu não estou acostumado com as pessoas ficarem olhando para o além, e ouvir vozes ... foi ai que Jimin me encarou, e se aproximou, fiquei nervoso e tentei recuar, mas ele chegou próximo ao meu ouvido e disse: Cuidado!

O olhei assustado, quando no mesmo instante ele me puxou para mais perto de si, como se algo fosse acontecer, e realmente aconteceu, olhei para trás quando ouvi gritos e as pessoas se aglomerando, um paciente havia enfiado um lápis no braço de um enfermeiro que tinha passado por trás de mim, tentei não entrar em pânico ao ver que se não fosse o Jimin, aquele lápis estaria enfiado no meu braço, logo dois enfermeiros levaram o paciente pelo braço, enquanto ele ainda se debatia no chão e o enfermeiro ferido foi levado para a enfermaria [...]

Olhei para o Jimin enquanto ainda me recuperava do susto, e ele apenas me encarava

 

– Obrigado – falei, respirando fundo –

– As pessoas daqui não sabe o que fazem, nunca ande sem olhar ao seu redor – ele chegou mais perto de mim, e sussurrou – cuidado ao andar por aqui, eles não gostam de pessoas ruins ...

 

Encarei o Jimin, tentando entender o que ele quis dizer com “eles não gostam de pessoas ruins” era difícil saber se ele estava falando comigo, ou com suas vozes

– Jimin – um enfermeiro se aproximou de nós – vamos almoçar? Venha – ele falou e encaminhou o Jimin para sair dali, enquanto andava ele olhou para trás, ainda me encarando, e eu continuei parado no mesmo lugar –

 

* * *

11:15 AM

 

– Heey, Jungkook – ouvi a voz do Hoseok assim que entrei no café, quando sai do hospital –

– E ai ...

– Você me parece sério, o que aconteceu?

– Quase levei uma furada no braço, com um lápis

– Com um lápis? Espera aí – ele se afastou, e eu me sentei em uma mesa, depois de uns minutos, o mesmo voltou e se sentou na mesa também – tenho alguns minutos de descanso, mas então, como assim?

– Um paciente do hospital, eu estava de costas, e se não fosse o Jimin, eu teria levado uma furada mano, com um lápis – eu ainda não estava acreditando naquilo –

– Jimin, é o seu amigo do hospital?

– O quê? Não, ele é paciente de lá também

– Então, um paciente te salvou de outro paciente?

– Sim, bizarro né? Mas foi isso que aconteceu ... e o melhor, fui agradecer ao Jimin, e ele me disse que era para eu ter cuidado ao andar pelo hospital, agora eu vou ficar apavorado de andar no meu trabalho – olhei para o Hoseok e vi o semblante de uma risada se formar em seus lábios – eu sei que você quer rir, pode rir – e ele não esperou que eu fechasse minha boca, e soltou uma gargalhada –

– Você fala como se fosse o fim do mundo – falou ainda rindo –

– E não é? Fico nervoso só de pensar que amanhã, alguém pode querer enfiar um garfo na minha mão, ou uma caneta na minha perna

– Hoje foi seu primeiro dia?

– Sim, só imagina

– Calma, tem muitos dias pela frente – ele riu e eu o encarei sério, depois não segurei o riso –

– Falando sério agora, o pior é que não posso largar o estágio, mesmo eu podendo levar uma furada a qualquer momento

– É estágio da faculdade?

– Não, eu só preciso de dinheiro – o olhei –

– Omo, e foi procurar logo em um hospital psiquiátrico?

– Fazer o quê? Foi o único que consegui, se eu soubesse tinha vindo aqui pedir para o seu chefe te demitir, para eu ficar no seu lugar

– Eu iria te agradecer e te desejar muita boa sorte – rimos, e meu celular apitou, com um sms do Taehyung –

 

Nova mensagem:   Kim Taehyung (2)

 

 "Vem pra faculdade hoje? Já peguei nossos ingressos"

 

Lembrei do festival da faculdade que se aproximava, se eu não fosse, Taehyung me mataria, ele sempre ficou muito empolgado quando rolava esses festivais, na verdade, era só uma festa que os formandos da faculdade faziam para arrecadar dinheiro para a formatura deles, eu não me interessava muito nesses festivais, podia não parecer, mas eu sempre fui mais reservado, logo veio outra mensagem do Kim, ele e sua mania de nunca mandar todo o contexto em uma mensagem só, abri

 

  "Ganhei três ingressos em uma promoção, não sei o que fazer com o outro, quando puder, me liga"

 

– Acho que já tenho que voltar – Hoseok falou, se levantando da mesa – você vai pedir algo?

– Sim, um sanduiche para levar ... Hoseok – o chamei – vai rolar um festival da minha faculdade, é dos formandos para arrecadar dinheiro, e qualquer pessoa pode ir, a gente tem um ingresso a mais, ta afim de ir?

– Ir com você e o Taehyung?

– Sim, digamos que não temos muitos amigos – sorri sem graça –

– Ok, eu vou sim, com certeza, é que dia?

– Eu não sei – ele riu e eu ri também – é porque eu não ligo muito para isso, eu acho que é semana que vem, Taehyung que sempre quer me carregar pra essas coisas, e eu nunca sei o dia de nada, ele só me avisa

– Pega meu número com o Taehyung, e me avisa que dia é

– Taehyung tem seu número?

– Tem ... pede a ele – ele falou e sumiu a dentro no café –

 

* * *

Universidade de Seul                            13:30 AM

 

– VOCÊ O QUÊ?? – Taehyung gritou no meio do campus, enquanto estávamos indo para a aula, minhas aulas eram pela manhã, mas por conta do estágio, passei para a tarde, e as de Taehyung ainda eram pela manhã, mas ele pagava matéria pela tarde três vezes na semana –

– O que foi?

– Você chamou o Hoseok pra ir com a gente? – ele parecia explodir –

– Chamei, ele é um cara legal, qual o problema?

– Você deveria ter avisado, o ingresso é meu

– E quem mais que você ia chamar com esse 3º ingresso? Porque amigos aqui na faculdade a gente não tem, só é eu e você

– Eu chamaria qualquer pessoa – ele continuou nervoso, o olhei –

– Qual o problema com o Hoseok? Eu achei que você era amigo dele, até o número dele você tem

– Número do Hoseok?

– É, ele falou ... e depois me passa, porque tenho que avisar a ele que realmente é semana que vem

– Eu só tenho o número dele porque ... aquele amigo que eu falei, me passou de resenha, e eu esqueci de apagar – se tinha uma coisa que Kim Taehyung sabia fazer muito bem, era mentir, mas eu sempre sabia quando ele estava mentindo –

– Tá, só me passa depois – falei andando para minha sala –

– A gente ainda não terminou essa conversa – ele falou alto, para que eu ouvisse –

– Você parece a minha mãe falando assim – me virei para ele, já distante –

– Eu não vou dar o ingresso a ninguém!

– Não tem problema, eu dou o meu a ele – falei e entrei na sala –

 

[...]