História Dominated (Revisão) - Só espero que consiga domar a fera

 Um pouco antes do meio dia eu tinha terminado de examinar tudo o que Emma tinha deixado para mim e me sentia preparada o suficiente para a reunião que viria em seguida. Em seu total são um compilado de informações necessárias para o meu trabalho no futuro além da agenda de compromissos e eventos do Sr. Leto e minha a partir de agora.

— Pode ir almoçar, quero você de volta em uma hora. — A voz de Jared rasgando o silêncio me fez quase pular da cadeira de susto.

Então, em silêncio e com o coração na boca, pego minha bolsa, jogo meu casaco nos ombros e parto em direção à porta. Eu preciso de uma estratégia para evitar Shannon, ficou claro que eu me deixei levar, eu só não entendo porque depois de tanto tempo eu resolvi cometer um deslize justo agora. Eu estava indo tão bem. Claro que ele vai ver isso como um sinal verde enorme e brilhante para avançar nessa situação que obviamente já foi longe demais.

Assim que saio da sala, Claire também já está pronta, aparentemente apenas me esperando.

— Você desistiu e pediu demissão ou um milagre aconteceu e ele deixou você sair no horário certo no seu primeiro dia? — Ela sussurra baixo com um sorriso arteiro nos lábios pintados de um rosa pálido. 

— Não foi assim com Você? — Não posso dizer que isso me surpreendeu, Jared Leto não parece ser o tipo de chefe que os funcionários gostam.

— Não, ele pediu comida e comemos em um silêncio mortal na mesa dele, e ainda fiz duas horas a mais depois do meu expediente.  — Claire parece se lembrar do evento com uma mágoa raivosa, e não é para menos. — O que ele tem de extraordinariamente bonito ele tem de extraordinariamente tirano.

 — Acho que já aprendi isso.

Não posso evitar uma risadinha cúmplice com ela enquanto entramos no elevador.

— Ao que parece, Shannon é o oposto do irmão, certo? — Olho para ela antes de responder, à procura de algum indício de que ela sabia o que havia acontecido ou então do interesse desconcertante de Shannon, mas ela não mostrava nada a não ser curiosidade. Parece que eu estou oficialmente paranoica.

— Ele é exatamente o oposto, ele sempre tentou entender o que acontecia com todo mundo. — Dou de ombros. De repente eu queria mesmo voltar a trabalhar para Shannon, o meu chefe, não o homem sem limites que me beijou no elevador, mas acho que ele não saberia distinguir as duas coisas e além do mais, a minha oportunidade de carreira com Jared é  o ápice da sorte.

— Sem querer soar intrometida, porque resolveu trabalhar com Jared se o irmão dele parece ser tão bom?

— O mundo dos negócios é mais perto do meu emprego dos sonhos do que a administração, sinto que posso crescer mais aqui.

— Entendo, só espero que consiga domar a fera. — Assinala enquanto paramos em alguns outros andares, o pequeno espaço se enchendo depressa.

— Bom Claire, eu também.  — Rimos em uníssono.

Ela manda mensagens incessantemente e não demora muito até alguns conhecidos dela entrarem no elevador. Trocamos apenas alguns “oi” porque a situação está tão claustrofóbica que eu não consigo nem ao menos reparar em seus rostos.

Um tempo maior do que eu considerei normal, finalmente estávamos no quinto andar, mais conhecido como o restaurante. Respiro fundo, aliviada por estar um pouco menos apertada, porque aqui não estava menos lotado.

Muitas pessoas preferem não perder tempo indo a algum outro lugar e escolhendo gastar menos dinheiro, tempo e combustível descendo alguns andares no elevador e uma fila grande — porém rápida — no restaurante daqui.

Meu alívio, como de tantas outras vezes, não dura muito mais tempo.

— Vai almoçar aqui hoje, Alex? — A voz amigável de Shannon alcança meus ouvidos ao mesmo tempo que sua presença alcança minha linha de visão.

— Pois é, estou com colegas. — Olho bem em suas orbes acastanhadas, deixando claro que não estou desacompanhada e muito menos com vontade de conversar com ele. Seu olhar passa para Claire e seus amigos. Ele abre aquele sorriso que nunca vem acompanhado por boas ideias.

— Por favor, vamos sentar comigo, meu irmão vai almoçar com sócios de qualquer maneira. — Dá de ombros. Olho para trás, constato então, que sou a única desanimada com a coisa toda. Claire e todo mundo está quase pulando como um punhado de pipoca na panela de óleo quente. Almoçar com um dos donos da empresa parece um belo prospecto para eles.

— Será um prazer, Sr. Leto. — Claire toma a iniciativa, quase me empurrando para se meter no lado dele, mas no momento, não posso achar isso mais conveniente, então enquanto andamos até a mesa exclusiva dele, fico para trás dando um sorriso tímido para o pessoal que nos acompanhava.

— Só Shannon, por favor.

Eram apenas quatro pessoas. Três garotas, que eu já havia visto. Uma loira de mais ou menos um vinte e três anos com um sorriso simpático e roupas justas, e duas morenas, uma de cerca quarenta anos, cabelos pretos e pele bronzeada, com o corpo que realmente dá inveja e a outra um pouco mais magra e mais nova, com os cabelos cacheados castanhos mais claros e os olhos de um negro impressionante. O outro era um rapaz loiro. Muito quieto na mesma proporção que era atlético, mas o jeito de andar e o modo descarado de olhar o traseiro da morena mais velha, deixa claro que ele apenas tem uma paixão e provavelmente quer parecer mais sério.

Conforme andamos até a mesa, tenho a sensação de ser jogada de volta ao colegial e estar indo me sentar na mesa dos populares porque, todos os olhos estão em nós. É difícil ignorar a mistura de repugnância e irritação que passa por minhas veias enquanto me sento, mas mesmo assim, encaro o cardápio em silêncio.

— O que vai querer? — Shannon murmura, para a minha surpresa, perto demais. Sua cadeira está mais perto da minha do que o certo nessa mesa redonda e me pergunto pelo seu tom de voz se ele fala mesmo da nossa comida.

— O prato do dia

Minha pequena frase sai entrecortada e me estapeio mentalmente. Eu sei que o meu cérebro está tão inativo quanto o de uma pessoa em coma. Aparentemente o gato dos  Leto comeu minha língua.

Todos nós mergulhamos em uma conversa amena sobre a empresa e notícias da atualidade, e inclusive  acabo sendo convidada para ir a uma das noites de amigos na sexta-feira à noite em um bar que eu não conheço, até Shannon foi convidado. Ele prometeu pensar, e eu também. Quando ele tivesse uma resposta então eu também teria. Álcool e Shannon não parecem como uma boa combinação.

Até o meio do almoço decorei o nome dos meus novos colegas. Jason, eu descobri que não é o único homem que normalmente vive saindo com o grupo de Claire, mas a maioria deles trabalham para Jared, então também estavam fora hoje, mas que se eu fosse no sábado ia conhecê-los, e muito provavelmente amá-los.

Cameron, a loira eu sei que é a secretária de algum dos — não tão — grandes da empresa, eu já conhecia ela. As duas morenas eu já tinha visto, mas nunca soube seus nomes. A mais nova se chama Lana e é estagiária no setor administrativo, apesar de sua aparência, ela é realmente muito inteligente e esforçada. Leona, a mais velha, tem um cargo mais elevado, talvez se não fosse por Shannon, o mais elevado da mesa. Ela é a negociadora sênior da empresa. Por algum motivo, ela foi a pessoa com quem eu mais conversei.

Depois de comermos uma sobremesa qualquer, a primeira a quebrar mais uma vez o silêncio é Claire.

— É verdade que Alex se transferiu mesmo, ou você a expulsou do seu setor? — Ela brinca, apoiando o queixo nas mãos, fitando com interesse Shannon. Ele ri, obviamente deliciado pela atenção.

 — Isso é verdade, eu nunca a demitiria, era a minha melhor funcionária. — Se vira para mim, piscando. Me remexo em desconforto quando todos os olhares da mesa pairam mais uma vez sobre mim.

— Aposto que Jared diria a mesma coisa sobre você, caso você mudasse de setor. — Murmuro para Claire que agora olha para baixo, todos em silêncio, exceto por Shannon que tem um sorriso divertido.

— Sobre Claire talvez, agora sobre você Srtª Hall... Não tenho tanta certeza. — Tenho a impressão de que o sangue que corava o meu rosto meio segundo atrás simplesmente fugiu do meu rosto com a voz dele. — Falando nisso, vou precisar que fique até depois do seu expediente aqui comigo.

— Sim senhor. — Respondo com a voz baixa, ainda sem me virar para encará-lo. Aparentemente ele vai embora, porque todo mundo parece voltar à postura normal. Quero gritar com eles por não terem me avisado.

— Relaxa, poderia ter sido pior. — Jason tenta aliviar a minha carranca. Eu já estava desconfortável o suficiente por ser o meu primeiro dia de trabalho, Jared em meio expediente já estava longe de ser o chefe do ano, e depois dessa, tenho certeza que só vou ficar até tarde como se isso fosse algum tipo de castigo.

— Não acho que poderia. — Confesso baixo, olhando para o relógio no meu celular. Apenas dez minutos até o fim do meu horário de almoço. A sensação de estar engasgada com meu coração parece aumentar e começo a desejar que o prédio  em chamas, só para  não subir até o último melhor.  Talvez sendo o diabo, como parece, Jared continue trabalhando mesmo assim. 

— Vamos indo? — Claire propõe me olhando com compaixão. Acho que ela me entende. Pelo menos não tive que almoçar na ilustre companhia dele. Assinto com a cabeça e todos começam a se levantar. Enquanto caminhamos até a fila para os elevadores, Shannon consegue sutilmente se aproximar.

— Se precisar conversar sobre hoje, pode me ligar, tudo bem? — Murmura baixo perto do meu ouvido e eu fico levemente confusa.

— Sobre o meu primeiro dia de trabalho com seu irmão ou sobre o incidente do elevador? — Rebato em um sussurro de volta para ele. Nossos olhares se cruzam por um instante e ele dá mais um sorriso sereno. Será que esse homem não se irrita nunca?

— Sobre o que você quiser. — Pisca para mim enquanto entramos no elevador presidencial. Segundo Jared, sou autorizada a ir e vir por ele quando eu bem entender, Claire confirmou, ela também usa esse elevador às vezes, mas pelo visto, não agora.

Com um sorriso ela se despede brevemente, sendo acompanhada pelos meus novos colegas enquanto eles embarcam no outro elevador.

Pelo menos dessa vez o elevador está cheio e eu não corro o risco de repetir a pane no meu cérebro e acabar aos beijos com o meu ex-chefe mais uma vez. Infelizmente o elevador fica praticamente vazio até chegar ao último andar.

Então eu apenas suspiro de alívio quando Shannon dá o primeiro passo para sair quando para no seu andar.

Há algumas pessoas no pequeno espaço comigo então ele apenas acena com a cabeça, me poupando de qualquer piadinha que eu sei que provavelmente faria se estivéssemos caso eu estivesse sozinha. Mas sei que esse gesto significa muito. Significa que ele está me dando um tempo para pensar.

E caramba, como eu preciso pensar.