História Dominated (Revisão) - Rude, intimidador e grosseiro

Quando finalmente entrei na sala de Jared, pude perceber que ainda estou sozinha, o que só podia ser uma boa notícia. Não sei se eu queria discutir sobre o vexame de minutos atrás, porque eu tenho certeza de que em algum ponto de nossa convivência ela ia querer falar sobre isso, e mais uma vez eu sofreria a humilhação calada.

 Algo em cima da minha mesa chama a atenção, é uma enorme pilha de documentos, com uma careta frustrada, me aproximo da intimidante pilha de papéis que poderia ser facilmente uma maquete de algum arranha céu. Em cima do amontoado de documentos, há um papel dobrado em três. Vindo de Jared eu não sei o que esperar, então abro o bilhete com cautela.

“ Aqui estão todos os documentos que quero prontos para hoje. 

Acho que já sabe o que fazer com eles,

Não me importa o tempo que leve.

Quem sabe talvez eu até diga que você foi uma boa funcionária

Quando eu te dispensar depois do seu período de teste.

Sr. J.Leto"

Depois de um minuto inteiro eu ainda estou olhando fixamente para o bilhete, sem conseguir acreditar em como ele pode ser rude, intimidador e grosseiro sem nem estar presente ou sem que eu ao menos escute a sua voz. Minhas bochechas queimam e eu sinto que o dia de hoje vai ser impossível.

Dou uma breve olhada para a pilha de trabalho que vai custar o resto da tarde e provavelmente uma parte da minha noite de hoje e volto a olhar a caligrafia do bilhete. Eu até imaginei que Jared teria uma letra cursiva e elegante como a de Shannon, mas sua letra não passa de algumas linhas finas, retas e apressadas. Não que fosse algo como um garrancho, mas ainda sim, nada sofisticada.

Ficou óbvio que ele está tentando me testar, ver se eu aguento a pressão de trabalhar com ele, e bem, eu nunca fujo de um desafio.

Eu estava prestes a fazer uma dança vencedora de qualquer prêmio quando terminei de digitalizar e enviar o relatório sobre a última pasta em cima da minha mesa.

Ás vezes — enquanto eu esperava o computador carregar — eu tentava pensar em táticas e fórmulas úteis para que eu consiga passar por essa provação que é trabalhar com o Sr. Leto que parece ser o demônio favorito do Diabo, mas nenhuma delas parecia ser boa o suficiente para usar. Então eu também tentava enfiar na minha cabeça que eu não preciso carregar esse peso enorme de ficar culpada pelo o que aconteceu na hora do almoço, eu não falei nada demais. Mas é difícil me desprender do sentimento que a minha estadia nessa empresa está correndo contra o tempo.

Arrumo a pilha calculadamente em cima da mesa de Jared. Eu até penso em escrever algum bilhete dizendo algo aparentemente inofensivo e profissional, com milhares de acusações e pressupostos assim como ele fizera, mas eu não posso abusar da minha sorte. Ainda mais quando ele nem colocou os pés na sala hoje, tornando o meu imenso trabalho ser um pouco mais calmo. Mesmo que eu sempre olhasse para a porta, como se estivesse esperando que ele entrasse com a nuvem gelada que parece haver em cima dele para me assombrar.

Olho as horas no computador e quase dou um pulo. Era quase oito horas da noite.

Com uma vontade afobada para ir embora, desligo o computador e pego a minha bolsa, saindo com passos largos da sala. Pela segunda vez no dia eu me sinto como se estivesse mais uma vez no ensino médio.

A aluna que mal consegue esperar o fim da detenção. Porque essa é a sensação que trabalhar com ele me traz. E ainda estou no meu primeiro dia.

Não é nenhuma surpresa ver que todos os poucos funcionários desse setor não estão aqui, nem ao menos Claire. O expediente acabou pelo menos a duas horas, então eu finalmente vejo algum sinal de vida sentado em uma das poltronas que parecem ser ultra confortáveis da recepção.

— Achei que eu tivesse me distraído e que você tinha ido embora, Alexandra. — Meu olhar se arrasta até a voz que será a nova protagonista dos meus pesadelos.

Jared está sentado com um notebook de última geração no colo, sua expressão não é das piores, mas está longe de ser simpático. Vomito um sorriso mortificado, sem saber o que dizer. Seguro a alça da minha bolsa com mais força, como se a minha ansiedade pudesse ser extravasada com esse ato.

Eu não consigo acreditar que o filho da puta ficou aqui fora esse tempo todo me vigiando, engulo em seco antes de proferir qualquer sílaba. É claro que a situação toda é uma armadilha.

— Precisa de mais alguma coisa, Sr. Leto? — Tento soar a mais solícita e simpática o possível.

— Nada que você possa me dar, Srtª Hall, pode ir para casa. — Murmura com os olhos mais turvos de repente. Então eu não entendo do que diabos ele está falando, mas não me repito, receosa que ele invente outra tarefa.

— Tudo bem então, tenha uma boa noite Sr. Leto. — Forço mais um sorriso amarelo antes de andar depressa até o elevador.

O caminho da empresa até a minha casa foi preenchido pelo stress do dia e do trânsito, sendo aliviado em parte, apenas pelo som do rádio que passava por sorte, uma das minhas músicas favoritas.

Se antes eu tinha certeza de que Jared estava me testando, agora eu tenho uma certeza irrevogável. Pois bem, eu serei a funcionária exemplar, só espero que eu consiga passar o tempo de teste sem nem ao menos cometer um erro realmente estúpido. Agora a coisa toda mudou de ser apenas uma porta para a minha carreira, para se tornar uma guerra de dignidade.

[...]

Antes mesmo de fechar a porta de entrada do meu apartamento, ouço o telefone berrar na sala. Com um suspiro corro para atendê-lo.

— Estou tentando falar com você o dia inteiro, quer me matar do coração? — Eu não precisei nem ao menos falar alguma coisa antes de Emma começasse a disparar palavras rápidas.

— Oi para você também que ficou trabalhando até às oito horas da noite. — Resmungo me jogando no sofá e tirando os saltos com a mão vazia.

— Acho que isso responde a minha próxima pergunta: Como foi o seu primeiro dia de trabalho?

— Como pode ver, foi uma droga. — Suspiro. — O cara é um cretino arrogante que literalmente está me desafiando a passar pelo período de teste, ao que parece ele tem certeza de que eu não vou conseguir.

— Uau, foi tão ruim assim? — Sua risada me fez abrir um sorriso. Eu já sinto falta dela.

— Foi, e pra ajudar eu beijei Shannon no elevador, sem querer. — Fecho os olhos, esperando suas próximas palavras.

— Sem querer? — Repete incrédula. — Por acaso o elevador quebrou e com a força do impacto você caiu de boca em cima da boca dele e então em busca de ajuda sua língua encontrou a dele?

— Emma, por favor. — Reviro os olhos, mesmo que ela não possa ver. — Eu estava nervosa com o meu primeiro dia de trabalho, sem saber o que esperar e ele veio para cima de mim e foi só. 

— Não estou te julgando, inclusive acho que você perdeu muito tempo até fazer mesmo isso, eu já disse que ele sempre foi louco por você e que é um bom partido, mas mesmo assim, os Leto são problema.

— Eu sei, mas eu não acho que seja uma boa ideia levar o que quer que isso seja a diante.

— E porque não? A não ser claro que você esteja pensando em sair com o Rick, porque eu te apoio nisso também.

— Aposto que apoia. — Solto uma risada cansada. — Mas eu tinha até me esquecido dele, meu dia não teve nem espaço para pensar no que eu vou comer hoje à noite.

— Como você consegue não pensar em um pedaço de sonho como o Rick? Você não é deste mundo.

— Mudando de assunto, como foi o seu primeiro dia de trabalho em DC?

Silêncio.

— A empresa aqui é enorme e bonita assim como a de Miami Tenho uma sala enorme só pra mim e um monte de funcionários que trabalham sob o meu comando, o meu apartamento é incrível e eu tenho até um carro esporte. As pessoas aqui são bem legais — Quando Emma começa a tagarelar sobre esse tipo de coisa, eu tenho certeza de que está desviando da pergunta que fiz.

— Que ótimo! Mas como foi o seu dia?

Dois suspiros depois, ela ainda parece relutante.

— Foi normal, mas eu sinto saudades de casa, eu sei que não fazem nem dois dias que eu fui... Mas vai passar.

— Só isso?

— Claro que é Alex, não seja paranoica. — Bufa e eu tenho certeza de que não é só isso, mas também não quero pressioná-la. — O que você vai fazer com Shannon? — A pergunta de um milhão de dólares.

— Não tenho ideia, Claire o chamou para sair com a gente no fim de semana, talvez eu vá e o faça entender que não quero nada com ele, talvez eu também chame o Rick, sabe como é, para me ajudar a mostrar para ele que eu estou em outra.

— Ótima ideia, assim você quebra o coração do pobre-rico Shannon e ainda por cima dá falsas esperanças para outro cara gostoso. — Cada palavra que sai de sua boca é preenchida com uma dose alta de sarcasmo.

— Não sei por que eu ainda conto as coisas para você. — Murmuro. — E quanto seu misterioso ex, falou com ele?

— Aham. — Bingo! Acertei o motivo de tanto desânimo.

— E...?

— Nada demais, brigamos, brigamos e brigamos. Desliguei o telefone na cara dele na hora do almoço e ele ficou me mandando mensagens mal humoradas o resto do dia.

— Não tem ninguém por aí que preencha o espaço que ele deixou?

— Ainda não, mas pretendo achar alguém logo.

— É assim que se fala, só não vai arrumar outro homem problema, não quero ter que cometer um assassinato.

— Eu não vou, prometo. — Sinto o seu sorriso do outro lado da linha. — Falando no diabo... Ele está me ligando, nos falamos depois Alex, boa noite.

— Boa noite Emms, e não dê muita moral pra esse cara. Ele se tornou ex por um motivo.

— Pode deixar. — É a última frase que ela solta antes de desligar o telefone.

Com os meus músculos tensos e meu corpo dolorido implorando por um banho quente, uma xícara de chá e uma cama quente, vou até o banheiro, tentando a todo custo esvaziar a minha mente de qualquer coisa ligada ao meu chefe ou ao meu ex-chefe.

Eu estava exausta e tudo o que preciso é dormir.