História Dominated (Revisão) - Um é bom, dois é pouco, três é demais, quatro é o que?

Desde segunda-feira, essa semana foi simplesmente a única desde  que trabalho aqui em que fui trabalhar com um sorriso no rosto e sem um peso nos ombros, simplesmente pelo fato de saber que agora eu não estava em teste e também porque o meu não tão querido chefe não estaria no escritório me fazendo ficar toda tensa.

Houveram algumas situações constrangedoras, com certeza, como ficar muito tempo com Shannon em algumas reuniões, onde com sua insistência e energia, me fazia com que eu me pegasse comparando qual dos dois irmãos era pior companhia, infelizmente, tive que concordar com o meu subconsciente, Jared é pior. Shannon insistiu em me levar para jantar na segunda, para comemorar o meu novo cargo, eu aceitei de má vontade, mas acabou sendo até divertido. Na terça-feira, foi a vez dos meus novos colegas me levarem para um bar, para comemorar e na quarta-feira, Rick me levou para sair também. Ou seja, quase não tive tempo para me afogar em sentimentos nada proativos.

Evitei contar para Rick toda a situação que envolveu a súbita oficialização do meu cargo, pois sei que ele usaria isso para provocar ainda mais o meu chefe, que consequentemente, me provocaria uma demissão. Mesmo com a semana agitada, Claire conseguiu me arrastar para um shopping, de um modo que eu pudesse comprar o maldito vestido perfeito.

Normalmente eu não gasto muito tempo para comprar nada, eu simplesmente gosto e compro, sem enrolação. Mas o fato de querer fazer com que Jared me visse como uma mulher competente, nos fez passar três horas andando até achar o vestido que eu usaria. Nada muito casual, nem muito ousado, nem comportado demais.

Então, quando eu finalmente decidi sobre o vestido, tive certeza de que seria ele.

Com certeza está longe de qualquer outra coisa que eu fosse vestir, mas isso é um bom sinal certo? Significa que pelo menos pode ser que Jared ache que eu estou à altura da empresa.

— Pronta? — Eu mal consigo esconder o meu entusiasmo por Emma ter vindo  para a festa, ela tinha chegado junto com o nosso prestigiado chefe.

— Eu acho que sim. — Respondo conferindo o meu reflexo no espelho pequeno mais uma vez antes de sairmos do carro. A festa toda está sendo feita em um dos maiores espaços de evento de Miami, parece que os Leto resolveram não economizar dinheiro. Conforme passamos pela enorme entrada de vidro, pode-se perceber que o salão está mais arrumado do que o normal, com algumas peças que se sobressaem,  como uma pequena exposição.

— Parece que eles sabem mesmo como dar uma festa. — Emma brinca enquanto andamos por entre a fila de multimilionários bem vestidos e bem acompanhados. — Eu acho que deve até ter alguma celebridade aqui. — Exclama impressionada. Todos os funcionários convidados poderiam entrar por um local exclusivo, assim não teriam que enfrentar a fila.

— Emma, o que diabos uma celebridade ia fazer em uma festa de aniversário de uma empresa?

— Celebridades ou são casadas ou outras celebridades ou então com empresários, pense um pouco Alex. — Nossas risadas elétricas chamam atenção de alguns dos nossos companheiros de trabalho, que parecem animados por estar em um evento dessa magnitude sem precisar pagar por nada.

— Pensando bem, até que faz um pouco de sentido. — Anuo com a cabeça quando finalmente colocamos os pés dentro do salão. Paro por um segundo. Isso aqui é ainda mais elegante do que parece por fora. Não está completamente lotado, porque o salão é grande, mas a quantidade de pessoas bebericando champanhe e conversando entre si é realmente impressionante.

— Ah minha nossa, eu não acredito. — Sigo as orbes arregaladas de Emma, encontrando o motivo de toda a expressão embasbacada. — Um é bom, dois é pouco, três é demais, quatro é o que? — Balbucia baixo, de modo que apenas eu ouça.

Vindo em nossa direção estão Jared, Shannon, Rick e mais um homem lindo de olhos azuis e incríveis cabelos pretos. Todos os quatro estão imensamente apetitosos, vestidos com ternos caros que parecem cair neles como luvas. E eu nem acredito que me referi ao meu chefe como "apetitoso", não, me recuso a pensar nele como uma pessoa normal. Jared é o oposto de normal, é um tirano, isso sim. Mas é inegável que ele realmente está vestido para a ocasião. 

Eles param algumas vezes, o que faz o trajeto deles ser demorado o suficiente para que eu conseguisse beber toda a taça de bebida que Emma havia me dado.

— Senhorita Hall, quero que conheça Ian Bennett, um dos nossos sócios mais importantes. — Jared me apresenta ao deus grego que parece achar graça em alguma coisa que eu não entendo. Gentilmente Ian pega a minha mão, em um breve cumprimento.

— A senhorita Hall tem um nome? — Ele levanta uma das sobrancelhas naturalmente arqueadas, por pouco me fazendo esquecer das pessoas presentes.

— Alexandra. — Tento soar o mais confiante que consigo. Lembrando-me que conquistei meu lugar aqui

— Prazer em conhecê-la, Alex. — Quase ronrona o apelido. E volta a sorrir, mais uma vez como estivesse no meio de uma piada particular.

— Ian, quanto tempo! — É claro que Emma já o conhece, e pelo jeito, conhece bem porque ele até ganha um beijo no rosto. Jared não parece feliz com a situação, então eu suponho que ele não vá com a cara de Ian, assim como ele não vai com a cara de mais ninguém.

Bem, azar dele.

Aproveito o tempo que Ian rouba a cena para cumprimentar Rick e Shannon, que também parecem estar dispostos a levar um tiro do que ficar do lado um do outro. A hostilidade parece ser o prato principal de toda a festa.

Negócios, negócios, simpatia à parte.

Não demora muito até Jared começar a me guiar por entre a multidão, me fazendo conhecer todos os nossos possíveis investidores, sócios e qualquer um que seja interessante na opinião dele. Pelo motivo óbvio de fazer contatos para a minha própria carreira, eu sigo animada com um belo e grande sorriso assim que eu conheço alguém ou então sou apresentada para um figurão.

O humor do meu chefe parece intacto, nada muito bom, mas também ele não parece azedo como sempre. Talvez ele só não queira ser grosso com quem não mereça. Ou talvez seu bom humor dependa do nível de influência da outra pessoa. Outra hipótese pode ter a ver com as taças de champanhe que ele tomou durante toda a noite, embora ele não me pareça o tipo de homem que seja facilmente influenciado pelo álcool.

Por incrível que parece, passamos a noite toda trocando palavras amenas, o que eu achei que era coisa inexistente em seu vocabulário. Muito sutilmente para que eu tenha percebido, as luzes do salão diminuíram e a música foi trocada para algo mais dançante. Embora seja uma festa de trabalho, já tem algumas pessoas dançando. 

— Me acompanha? — Me viro confusa para Jared e sua mão estendida. Sei que a minha expressão beira a incredulidade quando eu finalmente saio do transe e pego a sua mão. Ele junta os nossos corpos de maneira automática. Uma de suas mãos desce para a base da minha coluna e a outra está segurando a minha mão. 

Timidamente, descanso a minha mão vazia em seu ombro e então começamos a nos mover pelo salão. Muitas pessoas olham em nossa direção, porque ele sempre chamaria atenção. É o dono da festa e mais do que isso, ele se comporta como tal.

Parece que estou fazendo alguma coisa ilegal estando tão próxima assim dele. Se fosse com qualquer outra pessoa do salão, seria apenas uma dança amigável, coisa normal já que estamos em um baile de aniversário, mas quando se trata de Jared, sempre parece algo terrível, até as coisas mais simples, como se pisar em ovos perto dele fosse inevitável.

Estamos tão próximos que pela primeira vez, posso sentir o seu perfume com mais calma. Eu sabia como era, mas quando se chega mais perto, o aroma parece ter vários aspectos que eu não tinha reparado antes. Como é possível um perfume ser diferente assim? De longe uma coisa, de perto outra completamente diferente, será que ele reflete a personalidade de Jared?

— Tome cuidado com o Ian, ele não é confiável. — Murmura e antes que eu possa perguntar o motivo de ele ter resolvido começar justo com essa frase, posso vê-lo dançando muito sensualmente com Emma em um dos giros que damos pela pista de dança.

— Porque fica tão perto dele se sabe que ele planeja alguma coisa contra você?

— Porque você tem que conhecer o inimigo, Senhorita Hall. — Aproveito para revirar os olhos já que eu sei que agora ele não está olhando. O cara faz tudo parecer como um jogo, quando na verdade, tudo é tão mais simples do que isso. — Aliás, não tive tempo de dizer: Belo vestido.

Sinto as minhas bochechas esquentarem assim que as palavras saem por sua boca. Solto um sorriso debochado que ele também não vê.

— Eu sei. — Respondo mantendo a voz impassível. Se ele quer jogar um jogo, que seja. Ele nos afasta, de modo que nossos olhares se encontram. Pela segunda vez ele sorri. Não mostra os dentes, mas ainda assim continua sendo perturbador vê-lo sorrir. Bem, é perturbador e sexy.

Não, ele não é sexy.

Jared Leto é um tirano maligno que adora ver o sofrimento alheio.

— É impressão minha ou você está corada? — Aquela maldita sobrancelha se arqueia antes mesmo de terminar de falar. Engulo em seco, sentindo a minha bochecha queimar em resposta. Oh, droga.

— Provavelmente. — Admito sem me deixar abalar. — Todos os martínis e champanhes costumam fazer isso comigo. 

Isso parece enganar Jared, já que sua expressão arrogante se dilui um pouco, de um jeito que eu consigo resgatar a minha autoconfiança que está perdida em algum lugar do chão.

— Deveria pegar mais leve então. — Sua expressão debochada volta à tona, e parece gritar “já que você é fraca”.

— É sábado e isso aqui é uma festa.

— Nós dois nunca estamos de folga. — Assinala com presunção e antes que eu possa rebater o que quer que isso tenha significado. Ele estica o braço, me impulsionando para dar um giro. — Nem mesmo hoje. — Sussurra no meu ouvido quando voltamos a nos aproximar. Os pelos da minha nuca se eriçam com esse ato.

— E qual é o meu trabalho hoje? — É a minha vez de levantar uma sobrancelha, sei que estou sendo mais desafiadora do que o planejado, mas é como se agora ele abrisse uma brecha para que eu pudesse ser eu mesma, mesmo em poucas palavras.

— Você já fez o suficiente. — Diz por fim, assim que o último acorde da música toca, ainda ressoando nas caixas de som. Franzo o cenho, mais uma vez sem entender o que ele diz. Seu olhar é assustadoramente duro, mas percebo rapidamente que não é direcionado a mim.

Discretamente, movo o pescoço de forma que posso ver que Emma está quase se fundindo com Ian, que por sua vez, não parece nada infeliz de estar recebendo toda essa atenção. Obviamente tudo isso está sendo observado por algumas pessoas, que é exatamente contraditório a tudo o que a empresa prega: elegância e discrição. Continuo observando por mais alguns instantes e capto o olhar desafiador e debochado que Emma lança à Jared. “O que você vai fazer a respeito?” é o que toda a sua cena parece gritar.

Até onde eu sei Emma e Jared sempre se deram bem, e também sei que Jared não aceita ser burlado no próprio jogo. Por isso, me desespero quanto ao futuro da minha melhor amiga.

— Com licença. — Ele murmura baixo, sei que sua voz sai nesse tom porque ele mal consegue controlá-la. Parece com alguém perigosamente perto de um homicídio. Tento dar o primeiro passo em direção à Emma e impedir que qualquer catástrofe aconteça, mas alguém é mais rápido e segura o meu braço.

— Achei que não conseguiria te achar sozinha.  — A voz de Rick alcança os meus ouvidos e me viro com um sorriso forçado. A adrenalina pulsa em minhas veias, porque eu sinto o cheiro de problema.

— Pois é, tem sido uma noite tumultuada.  — Respondo enquanto ele enlaça a minha cintura, iniciando outra dança. Quase faço uma careta, mas sei que assim é o único jeito de poder vigiar os acontecimentos sem me intrometer e acabar sendo demitida.

Enquanto eu e Henrick começamos a nos mexer sob o chão de mármore, meus olhos ficam atentos ao momento em que Jared começa a dançar com Emma. Até então parece algo inofensivo, isso se você não olhar atentamente. Os dois parecem discutir um com o outro em sussurros, mal movimentando os lábios com uma rapidez que só pode significar uma briga.

Rick está falando alguma coisa que eu não ligo, eu só aceno com a cabeça distraidamente, enquanto tento adivinhar o que exatamente está acontecendo. O rosto de Jared fica vermelho vivo e dessa distância é difícil ter certeza, mas parece que a veia grossa em seu pescoço parece tremer. Emma engole em seco e se cala, acho que percebe que foi longe demais.

Os dois trocam um olhar incógnito antes de pararem a dança e ela o seguir, não sem antes os dois me olharem. Com o susto de ter sido pega no flagra, viro o rosto imediatamente para Rick, minhas bochechas parecem voltar a queimar.

— O que aconteceu? — Minha virada de rosto, aparentemente chamou atenção dele, já que agora seus olhos varrem o salão em busca de algo anormal.

— Eu não sei.  — Dessa vez sou sincera, deixando toda a curiosidade transbordar em uma expressão perdida.

Minha mente parece lutar entre ficar aqui e ir atrás de Emma e ver se ela está bem.