— Vamos ver o que temos aqui... — Diz Dinah enquanto fuça minhas roupas que ela tinha jogado no chão. Permaneço deitada na cama com os olhos fechados, como sempre não tive uma das melhores noites de sono.
— Saiba que você vai arrumar toda essa bagunça.
— Mas o que é isso Lauren? É sério que é isso que você guarda naquele closet enorme? — Diz demonstrando indignação na voz. — Todo mundo já percebeu que você fica bem de preto só acho que já está na hora de você colocar uma corzinha nessa escuridão toda.
— Dinah eu gosto das minhas roupas e o que você tanto procura aí?
— Só estou procurando uma roupa pra você por, você não vai sair do meu lado com esse pijama que já passou do tempo de jogar no lixo.
— Dinah eu não vou sair com você.
— Não estou perguntando nada, agora levanta essa bunda branca daí e vá se arrumar. — Vem até mim e me puxa pelas mãos me fazendo levantar da cama.
— Dinah eu já disse que NÃO.
— Lauren olha pra mim. — Dinah segura meu rosto com as duas mãos. — Eu disse que vou te ajudar, mas pra isso eu preciso que você também se ajude. Não posso mais permitir que você fique trancada nessa casa dia após dia, isso não normal e não é saudável.
— Tiro as mãos dela do meu rosto. — Por fa...
— Por favor digo eu. — Diz Dinah unindo as mãos como se estivesse orando e fazendo cara de coitada.
— Também não precisa fazer essa cara.
— Tá funcionando? — Um enorme bico surge em seus lábios
— Vou me trocar. — Dou de ombros e pego do chão uma camiseta de uma banda, uma calça jeans e minha inseparável jaqueta de couro e sigo em direção ao banheiro.
— Lauren tá fazendo quase 40° graus lá fora. — Ignoro as palavras de Dinah.
— Pega meu coturno preto.
— Não existe nada no seu closet que não seja preto. — Dinah fala como se fosse óbvio e revira os olhos.
É difícil compreender a extensão desse sentimento, na verdade às vezes é difícil compreender o que somos. Não construa paredes a sua volta, pois mesmo que você erga o muro mais alto eu irei escalar pra te tirar dessa prisão que você criou. Porque isso é o que somos e isso é o que temos...
Fiquem agora com a companhia de Bonnie Tyler e com uma das minhas músicas favoritas Total Eclipse Of The Heart.
— Perfeito. — Diz Normani
— Que bom que gostou, eu estou péssima não sei como consegui vir trabalhar hoje. — Digo me espreguiçando.
— Também depois de ter bebido como se o mundo fosse acabar. — Normani solta uma risada sarcástica.
— Nem me lembre disso, nunca bebi tanto na vida. — Falo massageando as têmporas. Preciso da minha cama o mais rápido possível. — Hum Mani você acha que a Dinah vai me ligar mesmo — Pergunto um pouco envergonhada.
— Ela disse que ligaria não disse?— Reponde Normani me entregando um copo com água e um analgésico.
— Mas já se passaram muitos dias e nem sinal dela. — Suspiro.
— Não fica assim, talvez ela não tenha conseguido convencer a maluca. Pelo que ela disse parece que essa tal Lauren está de mau com a raça humana. — Diz Normani tentando me animar.
— Acho que você tem razão, mas mesmo assim eu queria ver se ela está bem. Eu sei que você não entende, na verdade nem eu entendo mas eu preciso ver com os meus próprios olhos. — Falo com um certo tom de desespero.
— Já sei... Porque não manda uma mensagem pra Dinah? — Deixo um sorriso escapar.
— Você acha que eu devo? — Pergunto confusa.
— Por mim você deveria esquecer toda essa história, até mesmo porque não sabemos quem elas são, só sabemos que uma é maluca e a outra anda armada e sinto que vamos nos meter em encrenca. Mas como sei que você não vai viver em paz sem ver essa estranha, então eu acho que você deve sim mandar uma mensagem pra ela.
Era tudo que eu precisava ouvir, ter o apoio da minha melhor amiga é muito importante pra mim e também me encoraja a tomar certas atitudes, vem sendo assim desde que nos conhecemos quando em vim na Rádio Sound Miami apresentar a proposta do meu programa Eclipse Total, quando a Sound Miami aprovou meu projeto eu comecei a trabalhar com Normani que é a Coordenadora de Produção fazia pouco tempo que ela tinha vindo de Atlanta e não conhecia ninguém em Miami então me contou das dificuldades de bancar sozinha a faculdade e o apartamento onde morava, com o tempo ela acabou se tornando minha melhor amiga e como eu queria começar a seguir minha vida sem meus pais me dizendo o que eu tenho ou não que fazer ela me chamou pra dividir o apartamento com ela e eu logo aceitei.
— Normani pega o celular de Camila que estava em cima da mesa perto do microfone e entrega pra ela. — Envia essa mensagem logo antes que eu apague o número dela. — Camila pega o celular da mão de Normani e escreve a mensagem.
(...) Oi Dinah como você está? Aqui é a Camila lembra? Eu quero saber se você já falou com a sua amiga? (...)
— Mani acha que tá bom assim? — Mostra o celular para Normani que está na sua frente do outro lado da mesa.
— Um pouco desesperado. — Camila abaixa os ombros. — Envia isso de uma vez Camila. — Fala Normani já impaciente.
—Pronto enviei. — Suspira apreensiva.
— Agora toma logo esse remédio, 20 segundos pra entrar no ar. — Assento com a cabeça.
— Peter traga alguma coisa bem forte pra gente beber. — Grita Dinah para o barman
— Dinah pensei que você tivesse dito que nós iremos almoçar. — Pergunto esfregando os olhos.
— Está na hora do almoço, então tecnicamente vamos almoçar. — Diz se sentando na minha frente.
— E porque me trouxe nesse bar? Você sabe bem que eu não gosto de vir aqui. Na verdade não sei nem porque eu aceitei saí de casa com você.
— Lauren relaxa um pouco, tira essa jaqueta tá o maior color e você tá precisando pegar um sol tá quase transparente. — Diz mexendo no celular.
— Me sinto melhor com ela. — Falo passando a mão no braço marcado na última noite.
— CARAMBA. — Me assusto com o grito de Dinah que acaba atraindo olhares das pessoas sentadas nas outras mesas.
— Dinah qual é o seu problema?
— Eu tinha me esquecido totalmente dela? — Diz Dinah batendo a mão na testa.
— De quem? — Pergunto sem muito interesse.
— Uma garota que eu conheci há alguns dias atrás. — Fala digitando. — PETER é pra hoje, por acaso você não está esperando eu ir até ai buscar né?. — O barman nega com a cabeça visivelmente assustado com o escândalo de Dinah. Segundos depois as bebidas já estavam em nossa mesa.
(...) Olá Camila é claro que eu me lembro de você.
Então ainda não consegui falar com a Lauren sobre isso. Me desculpe! (...)
Camila abre um enorme sorriso ao ver o nome de Dinah na tela, já fazia 20 minutos que ela estava olhando para o celular aguardando a resposta de Dinah.
— Mani... Mani é ela, ela respondeu. — Fala quase pulando da cadeira de tanta animação.
— E o que ela disse? — Pergunta Normani demonstrando pouco interesse. A empolgação de Camila por essa estranha, deixava ela preocupa com a amiga, pois não sabia que tipo de pessoas eram Dinah e Lauren.
— Ainda não li e se ela não lembrou de mim? — Diz aflita
— Me dá isso aqui. — Diz Normani tomando o celular da mão de Camila. — Hum acho que você não vai gostar muito. — Um bico enorme surgiu no rosto de Camila. — Olha só. — Fala devolvendo o celular pra que Camila pudesse ler.
— Que pena — Antes que Camila pudesse terminar de se lamentar seu telefone apita novamente. — Mani ela mandou outra mensagem.
— Lê em voz alta. — Pede Normani.
(...) Não sei se eu deveria fazer isso mas...
Eu estou com a Lauren no mesmo bar que nos encontramos daquela vez.
Se você for rápida talvez possa encontrar com ela antes que ela comece encher o saco pedindo pra ir embora. (...)
Camila não conseguia explicar o tamanho da sua felicidade ao terminar de ler a mensagem de Dinah. Sua vontade era de se teletransportar para aquele bar onde novamente poderia ver a bela morena dos olhos brilhantes mais apagados que já viu na vida.
— E você está pensando em ir? — Pergunta Normani pouco animada com essa história.
— Não somente estou pensando em ir como eu vou. Quer dizer nós vamos. — Fala Camila com um sorriso rasgado no rosto. — Normani bufa e revira os olhos.
— Pensei que quisesse a sua cama o mais rápido possível. — Fala irônica.
— Mani pega as suas coisas e vamos logo. — Diz afobada arrumando suas coisas.
— Dinah termina isso logo eu quero ir embora. — Falo impaciente.
— Nem chegamos direito. —
— Eu só estou aqui por sua causa. — Lauren lembra Dinah.
— Então continue aqui por minha causa. Prometo que daqui a pouco vamos embora. — Lauren respira fundo e se ajeita na cadeira.
Enquanto isso do lado de fora do bar Camila está em um dilema...
— Espera Mani. — Camila segura o braço da amiga antes que ela possa abrir a porta, pra entrar no var. — Você acha melhor eu prender o cabelo ou deixar solto mesmo? — Normani levanta uma sobrancelha.
— Camila você vai apenas se certificar que a maluca está viva e não pedir ela em casamento. — Camila penteia o cabelo com os dedos. — Se você queria parecer uma modelo pra ela, deveria ter se arrumando na rádio e não na porta do bar.
— Não deu tempo a Dinah mandou eu correr. Será que ela ainda tá aí? — Pergunta apreensiva.
— Quem sabe se a gente entrar você não encontra a resposta. — Normani puxa Camila pra dentro.
— Aí Normani vai devagar.
— Dinah escuta a confusão e olha pra saber o que está acontecendo e avista Camila e Normani na entrada e se levanta pra ir até elas.
— Lauren eu só vou cumprimentar umas amigas e já volto.
— Não demora. — Lauren fala bufando.
— Olha a Dinah tá vindo. — Avisa Normani.
— O que as duas estão fazendo aí paradas? Pergunta Dinah ao chegar perto delas.
— A Lauren ainda tá aí? Eu vim o mais rápido que pude? Ela está bem? Cadê ela? — Camila fala tudo em um fôlego só. — Dinah e Normani levantam as duas sobrancelhas sem entender nada.
— Olá Camila eu estou bem e não precisa se preocupar em me agradecer. — Camila sente seu rosto corando.
— Não liga pra minha amiga é que ela tá um pouco emocionada por poder ver a Lauren. — Camila queria um buraco pra enfiar a cara enquanto Dinah e Normani riam dela.
— Relaxa Camila ela tá bem ali. Vamos lá... — Dinah puxa Camila pela mão e Normani acompanha as duas. A cada passo que dava Camila sentia seu coração batendo cada vez mais forte, estranho sentimento por uma pessoa estranha. Mas era um sentimento bom. Lauren não percebi a aproximação das três pois está de cabeça baixa brincando com o copo de cerveja até que Dinah chama sua atenção.
— Lauren... — Ela levanta a cabeça e seu olhar vem de encontro com o de Camila.
Enquanto Lauren permanece séria Camila apresenta o melhor dos sorrisos. O tempo pareceu ter parado quando seus olhares se cruzaram.
Ela é muito mais bonita do que eu me lembrava e muito mais branca também. Mesmo com os olhos fixos nos dela percebi que ela está toda de preto, seus cabelos lisos e enrolado nas pontas propositalmente bagunçados batem um pouco abaixo dos ombros, a maquiagem pesada realça o verde dos seus olhos e o batom vinho deixa seus lábios extremamente convidativos.
— Essas são minhas amigas Camila e Normani. — Dinah fala apontando pra elas.
— Tanto faz. — Lauren é extremamente seca e volta a brincar com o copo. Camila olhou pro chão e seu sorriso foi morrendo dando lugar pra uma cara de desapontada. Normani ficou fitando Lauren a bela negra não foi nenhum um pouco com a cara da branquela sentada, Dinah ficou incrédula com a reação de Lauren.
Vem meninas sentem aqui com a gente. — Disse Dinah sorridente tentando quebrar o clima chato e foi puxando a cadeira pra elas se sentarem. Dinah sentou ao lado de Lauren enquanto Camila e Normani se sentaram uma do lado da outra. Dinah e Normani perceberam a frustração de Camila. — PETER trás mais bebidas. Grita chamando a atenção do barman.
— Quer ir embora? Normani pergunta disfarçadamente pra Camila que depois do que aconteceu não consegue mais olhar pra Lauren.
— Eu estou bem. — Camila sussurra sem muita convicção.
— E então meninas do que vocês trabalham? Pergunta Dinah quebrando o silêncio incômodo.
— Nós trabalhamos na rádio Sound Miami eu apresento o programa Eclipse Total e Normani é a Coordenadora de Produção. — Camila diz deixando transparecer o orgulho que sentia ao falar do seu trabalho.
— Claro por isso que sua voz não me é estranha então você que é a Camila Cabello. Eu confesso que eu escuto seu programa quando eu estou na fossa. — Dinah gargalha sem nem se importar se suas palavras ofenderam. Camila e Normani acompanham Dinah na risada pois foi inevitável achar graça da sinceramente da loira.
— E você trabalha do que? Pergunta Normani demonstrando muita curiosidade. — Dinah abre a boca pra falar mas Normani responde por ela. — Deixa eu adivinhar... Loira bem vestida que aparentemente vive no bar e ainda anda armada, você definitivamente é da máfia. — Sussurra a última palavra.
— Normani. — Camila cutuca a amiga e Dinah solta uma gargalhada alta chamando a atenção das pessoas em volta.
— Eu até tentei entrar mais a máfia não me aceitou. — As três gargalharam. — Eu sou do FBI bom, na verdade nós duas somos. — Falou apontando pra ela e pra Lauren.
— FBI? — Camila e Normani falam juntas e não conseguem esconder a surpresa.
— Porque a surpresa? Por acaso vocês não cometeram algum crime não é mesmo? — E elas começaram a gargalhar novamente, aparentemente as três se deram muito bem, quem olhasse de fora diriam que elas eram amigas de anos, Lauren permanecia olhando pra baixo brincando com o copo era como se ela nem estivesse ali, vez ou outra Camila olhava para Lauren como se tivesse tentando descobrir o que a garota de olhos brilhantes apagados estava pensando, Dinah conhecia bem a amiga e sabia que a melhor coisa a se fazer era deixar Lauren quieta com seus pensamentos e Normani estava atenta as histórias que Dinah contava.
Lauren parou de brincar com o copo quando de repente a já conhecida sensação de desespero começou a tomar conta do seu corpo, as gargalhadas das três mulheres começaram a ficar cada vez mais distantes, tudo em volta começou a perder a cor e a forma, as lágrimas sofridas já cobriam seu rosto e uma enorme dor aguda surgiu em seu braço, algo quente e molhado saia da sua pela abafada embaixo da jaqueta de couro, Lauren levantou lentamente o seu olhar e seus olhos foram preenchidos pela imagem de um homem segurando no colo a mulher ensanguentada, estava com a cabeça deitada no peito do homem com barba mau feita que aparentava ter 40 anos, a mulher já tão conhecida chorava e suas mãos estavam pousadas na barriga com se a estivesse segurando. Os olhos cinzas da mulher fitavam Lauren e a culpa dentro dela só aumentava seus ossos doíam, quando o homem levantou a cabeça Lauren não conseguiu segurar os soluços aflitos que se misturavam com seu choro, Dinah sacudia e chamava por Lauren enquanto Camila e Normani permanecia imóvel espantadas com aquela cena. Lauren levantou e foi em direção ao banheiro esbarrando em tudo e em todos que estavam pelo caminho. Lauren entrou no banheiro desesperada e trancou a porta, foi até a pia e tirou sua jaqueta revelando o sangue que saia das palavras escritas em seu braço, abriu a torneira e começou a lavar o sangue que estava em sua pele, as lágrimas teimosas continuavam caindo, ela se encurvou ficando com o rosto próximo da torneira e o lavou. Lauren arrumou a postura, apoiou as mãos na pia e ficou observando a água que caia. — Aquele homem era Josh Akim. — Sussurrou para si mesma. O pânico que a envolvia não dava espaço para que ela pudesse raciocinar. Levantou a cabeça lentamente quando ouviu o barulho de algo sendo passado no espelho que estava na parede em cima da pia, algo estava sendo escrito. ME AJUDE embaixo das palavras foram traçadas duas linhas horizontais uma em cima da outra, ao lado foram traçadas seis linhas na vertical e dentro das linhas horizontais foi desenhado a silhueta de uma mulher grávida. Lauren encheu as mãos de água e jogou no espelho e começou a esfregar a superfície com raiva enquanto gritava. — O QUE ESTÁ ACONTECENDO...
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