História Don't Belive in Fate. - Only Three Questions.

POV Samantha
Depois de uma segunda quase estressante, eu não via a hora de chegar em casa. Joy, minha chefe estava me encarregando de muitos projetos dos clientes britânicos desde a última semana.
Seriam necessários mais que bons projetos para me fazer sair de NY!
Com as mãos abarrotadas de pastas dos projetos para análise bati a porta do carro na garagem e segui para o elevador subterrâneo. Depois de equilibrar as coisas para chama-lo entrei assim que a porta abriu e antes que eu chegasse ao nono andar meu equilíbrio se desfez quando eu lia uma das pastas que agora estavam no chão junto com as outras. Sussurrei alguns palavrões enquanto ajuntava os papéis e logo percebi outro par de mãos me ajudando.
—Pensei que os editores de hoje lidassem com arquivos digitais. —A ruiva debochou me entregando a última pasta.
—Eu ainda sou adepta do bom e velho papel. —selei nossos lábios e sai.
—É claro quem se importa com as árvores não é mesmo?
—Tudo bem ativista do Greenpeace, há quanto tempo está esperando? — Estávamos a minha porta e eu fiz um sinal para que ela pegasse as chaves— Bolso pequeno.
—Uns dez minutos eu acho.
—Só isso? Eu deveria ter enrolado mais.
Ela ria ironicamente enquanto entravamos. Elliza raramente vinha sem avisar e quando o fazia era sempre mais tarde, a julgar pela bolsa ela não tinha vindo para dormir o que ela confirmou logo em seguida:
—Eu não vou ficar passei apenas pra te trazer isso pessoalmente. —Ela me entregou o envelope azul Royal recém-tirado da bolsa.
Sentamos no sofá e assim que abri, meu nome, em letras douradas e elaboradas no alto do cartão, chamou a atenção. Tratava-se de um convite para a festa de aniversário e premiação da W's Advertising na próxima Quarta.
—Convite em papel timbrado hein, quantas árvores você acha que foram necessárias Para isso?
—Por mim seria tudo por e-mail, mas o Sr. Warren tem oitenta anos e age como se estivesse no século passado.
—Então posso esperar algo bem formal.
—Bastante. Desculpe por entregar em cima da hora, mas tive problemas com a última leva de convites.
—Tudo bem, O que é essa premiação?
—Uma espécie de melhores do ano, sem querer me gabar, mas minha equipe de criação só na categoria desenvolvimento não perde há três anos.
—Ok. —beijei seu rosto— Estarei lá para aplaudi-la.
O celular de Elliza tocou e ela suspirou antes de atender.
—Oi Hell... Na Sam... Não... Já estou indo ok?
—O que estão aprontando dessa vez?— perguntei depois que ela desligou.
—Vestidos, ela vai ser apresentada oficialmente como diretora geral de criação publicitaria e está surtando mais que o normal.
—Imagino, ela só fala nisso a semana inteira.
—Então deve imaginar o que nós, que trabalhamos com ela todos os dias, estamos passando. —Eu sorri e assenti
—Vejo que está levando a sério essa história de boxe. —Ela falou apontando para o par de luvas jogadas no canto da parede junto com os tênis.
—Alguém anda pegando no meu pé para fazer exercícios.
—Eu estava tentando convencê-la a correr comigo e não a ficar dando soco nas coisas com um monte de caras.
Eu fiz uma careta.
—Um dia eu te levo nas aulas e você vai ficar surpresa.
—hm, tenho que ir.
—Volta pra jantar comigo?
—Eu não sei quanto tempo vai demorar, mas se der eu venho ta bem? —Ela falou ajeitando a bolsa no ombro.
—Ok. —Sorri
Antes que ela se levantasse eu a puxei para um beijo demorado e nada gentil, ela levou as mãos ao meu rosto correspondendo do mesmo modo. Eu sabia que ela adorava meus beijos (quase) inesperados, pois parecia sempre esperar que eu os fizesse. Ela sorria quando nos separávamos.
—Isso é só um incentivo pra você voltar.
—Vou me esforçar, nem que seja só pra dormir com você. —Ela me beijou, dessa vez apenas um selinho e saiu.
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Ela não veio para jantar, mas me deixou por dentro da escolha dos vestidos me mandando inúmeras fotos, perdi a conta de quantos vestidos elas tinham experimentado.
Iríamos juntas a um evento formal da agência e eu seria sua acompanhante. Talvez significasse alguma coisa ou talvez nada. Eu tentava não pensar no nosso “relacionamento” muito menos tocar no assunto já que Elliza parecia ler minha mente e fugia até dos meus olhares mais reflexivos. Imaginava que seus últimos relacionamentos não foram experiências muito boas porque das inúmeras vezes que como quem não quer nada eu toquei no assunto “namoro” ela desconversou, riu e até mesmo ignorou. Eu realmente tentava entender o que se passava naquela cabecinha blindada. Ela já tinha me deixado bem claro que não se importava em estar com alguém do mesmo sexo, adorava isso, apesar de não se rotular. Andar de mãos dadas e nos beijarmos em público não parecia incomoda-la mais, também não ficamos com outras pessoas desde que nos conhecemos e estávamos apaixonadas o que dificultava ainda mais entender o porquê dela fugir de um relacionamento sério já que basicamente vivíamos em um.
Apaixonadas...
Eu sabia o que sentia por ela e era mais do que paixão, já Elliza era difícil dizer, sabia que ela gostava de mim mesmo que não dissesse uma palavra sobre, eu sabia que ela sentia algo. Eu notava nos seus olhares sutis, nos sorrisos, na irritação quando alguém dava em cima de mim e até no jeito que me abraçava dormindo, como se quisesse me manter ali para sempre. Como eu disse eram gestos sutis, Elliza era doce e carinhosa mesmo que não demonstrasse com frequência, e a julgar pelo modo como cresceu isso já era muito, mas nos carinhos que trocávamos era onde ela mais se mostrava. Nos toques, nos abraços, nos beijos... Quando nossos lábios se tocavam o mundo desaparecia, não só pelo desejo e calor que nos aplacavam, mas pela química e sintonia que nos envolvia, muitas coisas nos fazia diferentes uma da outra, mas quando nos conectamos era como se fôssemos uma só e era isso que mantinha minha esperança.
“Estou saindo de casa” foi a última mensagem.

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Quarta

POV Elliza
—Hell não fique chateada, não tem muito tempo que foi promovida, como achou que já seria indicada com os melhores diretores? Você vai ser apresentada como diretora geral e isso é bem melhor que uma placa para a estante. —Tentei anima-la durante o almoço após conferirmos as listas dos indicados pra cada categoria.
—Mas bem que eu gostaria de uma placa de honra com meu nome. —Amber suspirou remexendo a salada e eu a cutuquei. — Ai... Ah com certeza no ano que vem você será indicada Hell.
—Pode ser, mas você vai me fazer o favor de ganhar as quatro placas está me ouvindo? —Ela falava apontando o garfo de plástico na minha direção. —Jeferson Maison do atendimento. ¬—ela fuzilava o homem sorridente mesas à frente. — Não sei como ele conseguiu ser indicado em cinco categorias e você e o Benjamin tem a obrigação de não deixar que ele leve uma se quer.
A guerra entre o pessoal do atendimento e os demais departamentos era mais antiga que minha própria chegada à empresa.
—Ok até porque sou eu quem vai julgar não é? —sorri ironicamente— Hell eu já estou surpresa por meu nome aparecer quatro vezes naquele quadro e a única categoria que me importa é a de desenvolvimento.
—O que tem essa categoria? — Amber perguntou rindo depois de Hellen revirar os olhos.
—É apenas a categoria que ela roubou de mim. —Ben respondeu antes de mim se juntando a nós na mesa.
—Eu não roubei nada, como estava dizendo antes, não faço parte da mesa julgadora.
—Sabe Amber. —ele me ignorou— Antes dela entrar para os “Mentes Livres” eu e minha equipe éramos os favoritos. E se eu fosse ela não me acharia muito, esse ano ela está sozinha.
Eu não estava me achando, na verdade estava bem nervosa, queria muito o prêmio, mas recebê-lo pela primeira vez sem a Hellen me dava certo medo, trabalhamos juntas por tanto tempo desde as duplas de criação e depois na direção de todo o andar, não tinha dúvidas que ela era a principal responsável pelos prêmios que ganhamos. Era ela quem sempre fazia o discurso de agradecimento e eu apenas dizia os nomes, e de agora em diante seria tudo comigo.
—Sem receios Ben, mas a ala fotográfica já perdeu o seu posto há muito tempo. —falei e Hellen bateu palmas.
—Com certeza ela vai se sair muito bem. —ela apertou minha mão. —Agora você senhor Benjamin Oliver, se perder para o Maison eu te mato. —Ela o ameaçou e todos demos risada.
—E ai Liza, está nervosa? — ele perguntou depois deixando as brincadeiras de lado.
—Muito. —confessei
O celular vibrou sobre a mesa com uma mensagem de Samantha. Na verdade uma foto de seus pés com lindas sandálias de salto prateadas e cheias de brilhantes na parte da frente. Combinavam perfeitamente com os pés de princesa. Com a foto a mensagem: “Olha o que encontrei na Madison”.
“São lindas, mas eu não acredito que está fazendo mais compras sem mim Sam”.
“Já disse que verá tudo de noite, nos encontramos lá as oito certo?”
“Tudo bem, eu estarei lá mais cedo, me avise quando chegar”.
Samantha estava fazendo um belo mistério sobre o que iria vestir e eu não estava preocupada apenas curiosa, sabia que de qualquer forma ela estaria linda. O que realmente me preocupava era o tempo e o nervosismo, eu iria fazer a abertura do evento junto com James o diretor de Mídia o discurso era dividido e intercalado entre os dois, ou seja, não tinha como fugir. Hellen tinha contratado uma pessoa para cuidar dos nossos penteados e maquiagem em sua casa e eu teria que chegar antes das seis. Para completar eu não iria conseguir sair tão mais cedo como eu planejava. Era dia de festa, mas a agência não parou e durante a última reunião eu queria mesmo perguntar ao Sr. Warren porque diabos a festa tinha que ser na data exata em vez de jogar para o fim de semana, mas fui a primeira a sair assim que a reunião acabou feliz por sair ao menos quinze minutos mais cedo.
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As sete eu fui liberada por Jody, a moça que fez minha maquiagem e eu quis abraça-la quando vi o resultado. A sombra escura abaixo dos olhos e as pequenas espinhas que ganhei com o estresse dos últimos dias tinham sumido como magica dando lugar a uma pele perfeita, lábios contornados e meus olhos pareciam até mais azuis com a sombra destacada e os cílios postiços.
Os elogios de Amber e Hellen apenas confirmavam o que via no espelho. Não tínhamos muito tempo então rapidamente tirei o vestido da capa e o vesti. A peça era esplendida um autêntico Lanvin, sempre me vesti bem, mas nunca fui ligada em marcas, e na ultima semana graças a Hellen e Amber tudo que ouvi falar foi de Gucci, D&G, Lanvin, Catier entre outros, as duas encheram minha cabeça, mas ao ver o resultado eu não me arrependi.
O longo num tom azul escuro, o famoso azul Lanvin, com alças finas. Nas costas, um decote profundo e duas correntes douradas uniam as alças com um pingente de brilhantes no meio dando um charme final, além da fenda nada discreta sob minha perna esquerda alcançando quase o meio da coxa quando eu andava.
—Se tivesse uma categoria para os looks da noite, você realmente estaria nela. —Hellen falou em seu magnífico Dior vermelho.
—Todas nós baby. —falei estendendo meu sorriso a Amber que ajeitava a parte de trás do Lanvin preto tão decotado quanto o meu.
Depois que Jody arrumou meu penteado com estilo desarrumado nós saímos, o táxi já estava a nossa espera.
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Eram oito horas em ponto quando olhei, pela última vez, mandei outra mensagem para Samantha pedindo que ela avisasse a Amber quando chegasse para buscá-la na entrada porque eu já estava no palco. O Sr. Warren era amante da pontualidade então eu e meu parceiro de discurso já repassávamos as falas, James não estava nervoso e de alguma forma aquilo me deu um pouco de confiança, mas não me desfiz da minha ficha. Olhei para o salão todo ornamentado com a decoração clássica nos tons, branco e dourado além de lindos arranjos de flores brancas que ornavam o palco assim como as mesas redondas espalhadas pelo salão. Não muito distante eu observava Hellen, Amber e Ben conversando à mesa descontraidamente e servindo-se das bandejas de espumante que os vários garçons serviam.
Minutos depois a música ambiente parou e então eu e James nos aproximamos do púbico de vidro com um pequeno microfone. Após uma troca de olhares começamos.
—Boa noite a todos, eu sou James McCoy Diretor de Mídia da W's Advertising.
— E eu sou Elliza Reazzer Diretora de criação. É com grande satisfação que recebemos todos vocês esta noite.
Eu tinha o texto gravado e eu o falava com breves sorrisos para que não parecesse automático e seguimos intercalando um ao outro como uma dança. Ao fim da minha penúltima parte eu a avistei próximo a porta de entrada se destacando por entre os senhores de smoking. Na falta de expressão melhor, extremamente deslumbrante servia para descrever a morena que me olhava com uma taça de espumante na mão, Samantha usava um longo vestido de seda verde esmeralda de apenas uma alça, e com um modelo estilo sereia que marcava muito bem seu corpo, os cabelos presos num penteado desfiado deixava algumas mechas sobre os olhos. Afastando delicadamente uma dessas, ela me sorriu fazendo com que eu me esquecesse de qualquer coisa, perdida em sua beleza. O silêncio me despertou do transe, era minha vez de falar e eu realmente não me lembrava, todos me olhavam, mas eu correspondia apenas uma que levantou sua taça em sinal de incentivo, olhei para o meu parceiro, para a ficha em minhas mãos e depois para o público.
—Então sem mais delongas, sejam todos muito bem vindos a esse evento de premiação e comemoração pelos vinte e cinco anos da W's Advertising, estamos muito felizes com a presença de todos e agora com vocês nosso presidente e fundador, Sr. Jacob Warren! —falei no tom mais animado possível com um sorriso que não me tinha saído do rosto desde que vi Samantha.
Afastei-me para cumprimentar o Sr. Warren que se aproximava e acompanhada por James desci os degraus.
—Você quase me assustou Elliza. —Ele falou sorrindo ainda segurando minha mão me ajudando a descer.
—Será que deu pra perceber?
—Não, você se saiu bem eu só percebi porque sabia as falas e estava pronto para te salvar.
—Eu me distraí, que bom que não precisou me salvar, mas obrigada por estar lá caso precisasse. —Soltei-me delicadamente de sua mão já que ele não fazia menção de largar a minha.
—Quer que eu te acompanhe até sua mesa?
—Não obrigada vou cumprimentar minha acompanhante. —senti seu olhar em mim enquanto segui para ao motivo de minha distração.

POV Samantha

Elliza caminhava em minha direção esbanjando delicadeza em passos curtos, e sensualidade com a perna a mostra. Ela era linda em todos os momentos, mas eu nunca a tinha visto tão majestosa quanto agora, devolvi o sorriso que ela me lançava ao se aproximar.
—Você demorou. — ela falou fazendo um pequeno bico.
—Peguei o final do discurso.
—Discurso que me esqueci assim que te vi.
—É eu costumo causar isso nas pessoas. —ela apertou meu braço e riu.
—Não seja tão convencida Srta. Jones, mas tenho que admitir você está extremamente bonita.
—Obrigada, eu tinha que estar à altura da sua perfeição Srta. Reazzer.
Nós rimos e ela me deu um beijo rápido antes de me guiar de mãos dadas até a mesa para sentarmos com os outros.
Depois de cumprimentar os demais a mesa, inclusive Benjamin, sentei-me ao lado de Elliza e Amber que logo puxou assunto.
—Essa deve ser com certeza a mesa mais bonita do salão.
—Eu que o diga, estou adorando ser o único homem rodeado de mulheres tão lindas. — Benjamin falou olhando rapidamente para todas nós.
Depois de alguns minutos de conversa fomos ao salão ao lado onde serviam o Buffet e bebidas. Elliza esteve o tempo todo ao meu lado, posamos juntas para as fotos e também com o pessoal e eu ria internamente com os olhares disfarçados de Benjamin para a mão de Elliza em minha cintura. Lugar onde ela a manteve até a hora em que fomos chamados de volta ao salão principal para o anúncio das categorias a serem premiadas.
Tomamos nossos lugares e eu vi a foto da minha bela ruiva aparecer quatro vezes no telão ao lado do palco, nas categorias de melhor equipe, melhor diretor, criatividade e desenvolvimento as últimas também eram duas das três a que Benjamin foi indicado.
—Escutem aqui, vocês dois estão proibidos de ficarem sentados. —Hellen dizia em tom ameaçador para Elliza e Benjamin enquanto nós riamos. — Estou falando sério quero vocês subindo naquele palco tantas vezes que prefiram ficar perto dele.
—Vamos torcer para isso Hell. —Elliza disse e todos concordaram
Logo após Hellen foi chamada para ficar próximo ao palco.
—Vai lá garota. —Benjamin disse apertando a mão da loira.
—Você está maravilhosa. —percebi Hellen corar com as palavras de Amber
—Vai curtir o seu momento. —Elliza falou beijando-a no rosto e fiz o mesmo.
Hellen estava radiante em seu vestido vermelho digno de um red carpet. Assim que foi anunciada subiu ao palco, o senhor baixinho de cabelos brancos dono da empresa tomou o microfone e com um tom sério, mas ao mesmo tempo orgulhoso fez uma breve homenagem à loira, emocionada ao seu lado, pelos dez anos de empresa. E Hellen com poucas e sinceras palavras agradeceu a homenagem.
Antes que ela descesse o senhor a chamou novamente anunciando que ela entregaria os prêmios e a risada que ela deu contagiou a todos.
Enquanto assistíamos Elliza segurava minha mão acariciando-a com o polegar, era um gesto simples que ela parecia fazer inconscientemente o que tornava mais lindo.
Depois de algumas categorias em fim chegou à primeira em que Elliza e Benjamin foram citados, Desenvolvimento, e depois do anúncio eu não sabia quem tinha o sorriso maior, se era Elliza ou Hellen que já segurava animada a pequena placa prateada.
Elliza agradeceu rapidamente citando alguns nomes dentre os quais só reconheci o da Amber e depois dedicou o prêmio a Hellen que até alguns meses atrás era sua parceira então aquele resultado também era mérito dela. E receberam os aplausos de todos.
Daí em diante Elliza quase não se sentou. Levou três das quatro indicações e Benjamin duas das três em que concorreu.
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Assim que ela voltou à mesa com as três caixas de veludo azul que guardavam cada placa eu a abracei e beijei rapidamente sem me importar com Benjamin parado logo ao seu lado.
—Parabéns Liz, estava linda!
—Obrigada, eu gaguejei nas palavras eu realmente não esperava tantas. —ela sorriu indicando as caixas nas mãos.
—Eu sabia que iam arrasar! —Amber disse sorrindo e abraçando Elliza e depois Benjamin.
Eu puxei a cadeira ao meu lado para que ela se sentasse e ela o fez.
—E aí Sam, sabia que a sua garota era a estrela da empresa? —A morena perguntou ao meu lado.
—Amber! Calada! —Elliza estava sem jeito e linda.
—Eu sabia que você era importante, mas não achei que fosse uma celebridade da empresa.
—Para não é assim, vocês estão me deixando sem graça.
—Modesta até quando? —Benjamin falou e nós riamos.

—Eu estou tão orgulhosa de vocês. —Hellen disse com um sorriso imenso voltando à mesa depois que a premiação acabou. Beijando os dois antes de se sentar.
—Eu teria ganhado os três se a Liza não me tivesse roubado pelo quarto ano o de desenvolvimento. —Benjamim se fazia de ofendido do outro lado da mesa.
—Digo o mesmo, como assim a área de criação perde na categoria criatividade para a fotografia? Entendem a incoerência disso? —Elliza ironizava.
—O que me importa é que só tive que entregar um prêmio ao Maison e eu ainda o fiz relutante. —Hellen confessou e a mesa se enchia com nossas risadas.
Durante a noite nós conversamos, rimos bastante e até nos arriscamos na pista de dança. Após estourarem a champanhe de aniversário Elliza e eu conversávamos em uma pequena roda com Amber, Hellen, Benjamin e o cara que tinha discursado com Elliza para quem fui apresentada como sua acompanhante. Aquilo não deveria doer, mas doeu.
Elliza foi chamada algumas vezes por outras pessoas recebendo os parabéns e elogios, e eu a acompanhei. Na quarta vez eu não fui, estava cansada de ser apresentada apenas como sua acompanhante ou pior sua amiga. Mesmo que não devesse, mesmo que eu não quisesse doía ela se referir a mim daquela forma tão distante.
Eu estava realmente chateada e me afastei um pouco do pessoal perdida em meus pensamentos, até ali eu estava aguentando bem o que quer fosse isso que nos tínhamos, mas as palavras dela me trouxeram para a realidade. A verdade é que eu não estava aguentando mais, estava mascarando meus sentimentos, me escondendo e machucando a mim mesma com medo de perdê-la. Algo que eu tinha prometido a mim mesma não fazer mais. Eu tentava conter a angústia e a frustração e já que eu não conseguia ignorar sua presença eu a olhava de longe, sorridente entre um grupo de pessoas que eu desconhecia como quase todos ali, queria ir embora e já planejava fazê-lo assim que ela se dispersasse do grupo.
—Olá, é Samantha não é? —a voz me trouxe de volta e eu olhei para o dono dela— Sou James, fomos apresentados mais cedo.
—Ah sim, Oi. —devolvi como pude o sorriso e o aperto de mão.
—Desculpe está esperando alguém?
—Não, estou apenas observando a festa, tudo está mesmo muito bonito.
—Ah sim, mas as mulheres lindas como você é que a torna mais interessante. —não sei se foi o meu ar de poucos amigos, mas ele tentou contornar— Desculpe não quis ser grosso.
—Tudo bem. — respondi com um curto sorriso.
—Então... Elliza é uma das grandes campeãs da noite e uma mulher incrível não acha? — percebi que ele seguia meu olhar em direção a bela ruiva e tratei de me desviar.
—Sim, ela é realmente incrível.
Um garçom passou ao nosso lado e James logo pegou duas taças de espumante e eu agradeci depois de me entregar uma delas.
—Vocês namoram?
A pergunta me acertou com um peso maior do que eu esperava, olhei para ruiva rapidamente, lembrei-me das palavras que tentava esquecer e levei a taça aos lábios.
—Não. —dizer a verdade doía.
—Mas vocês têm alguma coisa?
—Não sei. —menti e sorri para disfarçar minhas íntimas turbulências— Mas você não quer falar disso quer?
Ele sorriu tão animado que eu questionei mentalmente o que ele entendeu de minhas palavras.
—Então o que um diretor de mídia faz? — é claro que eu já sabia, mas tentei levar a conversa para outro lado.
Depois de alguns minutos ele pareceu entender o que eu queria e desenrolamos uma conversa até animada sobre nossos trabalhos o que distraiu meus pensamentos.

POV Elliza
Afastei-me do grupo de diretores agradecendo os elogios. Andei alguns passos até o burburinho onde o pessoal da criação comemorava os prêmios e fui recebida com grande animação, agradeci a cada um pelo ótimo trabalho afinal eles eram parte essencial para esse ótimo resultado. Também me despedi deles e fui procurar por Samantha e companhia.
—Cadê a Sam? —perguntei assim que os encontrei sentados à mesa sem a morena.
—Não sei achei que ela estivesse com você. —Hellen respondeu e os outros também não a tinham visto.
Sai um pouco do meio das pessoas e então a vi se destacando entre os demais pela cor do vestido e também pela beleza. Me aproximei e vi que ela conversava num tom animado e um tanto próxima de mais com meu parceiro de discurso, trocavam sorrisos e esvaziavam as taças em suas mãos. Senti uma pontada no estômago e fui à direção dos dois com falsa animação.
Filho da mãe...
James se afastou consideravelmente dela assim que me viu e Samantha pareceu séria de repente.
—Estava procurando por você. —tentei beija-la, mas num movimento sutil da morena acabei por beijar seu rosto.
—Ah, você estava sendo muito assediada então resolvi aproveitar a festa.
—Não deveria deixar uma acompanhante tão bonita sozinha numa festa dessas Elliza. — James falou em tom de brincadeira
—Oh, mas estou certa de que você não a deixou em paz. —Tentei ser o mais doce e clara possível em minha ironia e ele pareceu entender.
—Bom, foi um prazer conhecê-lo James — Samantha também tinha entendido e se despediu com um abraço que eu sinceramente reprovei. — obrigado por me fazer companhia.
A última frase parecia ter sido mais uma indireta para mim do que um agradecimento a ele. Caminhávamos em direção as mesas segurei sua mão com cautela, com medo dela rejeita-la, mas não o fez como também não me olhava.
—Desculpe ter demorado, mas eu não te deixei sozinha, achei que estivesse com Hellen e os outros.
—Tudo bem. —ela deu um sorriso fraco que não me convenceu.
—Você quer ir embora?
—Se estiver tudo bem pra você, ainda vou trabalhar amanhã.
—Claro que está, podemos continuar nossa comemoração em casa.
Ela fez que sim com a cabeça e sorriu de verdade espantando minhas preocupações.
—Estamos indo ta bom? —falei para todos da mesa.
—Mas já? O Sr. Warren nos liberou amanhã. —Hellen choramingou.
—Eu sei, mas a Sam trabalha amanhã então vamos indo mesmo, mas vou te visitar amanhã.
Peguei minha bolsa de mão e Samantha pegou as três caixinhas de veludo com as placas, nos despedimos e saímos juntas discretamente para evitar que mais alguém que eu conhecesse me chamasse. Mas a poucos passos da portaria fomos interrompidas.
—Samantha! —Uma mulher mais velha alta e loira de cabelos curtíssimos a chamou.
—Joy? Não sabia que viria. —Elas se cumprimentaram com beijos no rosto.
—Digo o mesmo garota.
—Eu vim acompanhar minha... —ela hesitou—Elliza. —falou por fim e eu tentei ignorar.
—Ah Elliza Reazzer, grande noite hein, Muito prazer, Joyce Nolan.
—Editora chefe da Miles, obrigada e o prazer é todo meu. —apertei sua mão estendida e sorri.
— Bom meu esposo me espera, boa noite garotas e até amanhã Sam.
Nos despedimos e logo depois  nosso táxi chegou. Entramos e eu disse o meu endereço.
—Liz eu vou trabalhar amanhã quero dormir em casa.
—Tudo bem só vou tirar esse vestido e eu te levo ok. —desde que encontramos com a chefe de Samantha o sorriso tinha sumido e ela parecia estar com a mente em outro lugar, mas não tive coragem de perguntar se tinha algo errado. E se tivesse?
Chegamos e subimos praticamente todas as escadas em silêncio, salvo os poucos comentários sobre as sandálias estarem machucado.
Me troquei e quando voltei a sala Samantha estava sentada com o vestido suspenso e os pés sobre o sofá. Ela passou os dedos com cuidado abaixo do olho e meu coração se apertou.
—Ok, seus pés não devem estar tão machucados assim. —Falei assim que me sentei ao lado dela acariciando seus pés.
Por mais que eu tivesse medo do que ela queria me dizer não podia deixa-la assim então respirei fundo e perguntei:
—O que você não está me dizendo?
—Nada. —a voz rouca estava séria.
—É alguma coisa, ninguém fica chateada por nada.
—Então você resolveu enxergar que eu estou chateada agora? —o sorriso irônico apareceu e eu voltei a minha posição defensiva.
—Se é por causa da festa eu já disse que não queria te deixar sozinha, você é quem não quis vir comigo e achei que estivesse com as meninas como a tinha deixado.
Ela realmente sorria sem humor algum, meu estômago revirava, eu não queria discutir nada.
—Você achou mesmo que eu iria ficar atrás de você a festa toda? Ah esqueci, eu era a porra da sua acompanhante. —Ela não me olhava.
—Não achei nada você que não quis vir comigo e não entendo porque ficou chateada já que a conversa com James estava muito melhor. —Eu não pretendia, mas disse.
—James? É com ele que está preocupada? Elliza você passou a noite toda me apresentando como acompanhante ou sua amiga, sem nem perceber como me senti e eu não a julgo era sua noite e eu não queria tomar sua atenção então preferi te deixar ir só pra não ter que ouvir tudo aquilo. E quando o James chegou uma das coisas que ele perguntou era se éramos namoradas, um simples sim já cortaria quaisquer segundas intenções, mas tive que dizer que não, porque realmente não sou sua namorada eu era apenas sua acompanhante para ele. — ela falava e eu só pensava em matar o James por dar em cima dela.
—Aquele desgraçado, Eu sabia.
—Por Deus Liz, o ponto não é ele, somos nós. Eu, você e isso que a gente tem. Então eu quero que me diga o que nós somos porque eu não sei o que é.
E ai estava à conversa que tanto evitei e bem no meio de uma discussão, não podia ser pior.
—A gente se gosta e estamos juntas isso não basta para você? —Nem eu sabia o que éramos e evitava pensar nisso.
—Não. Não basta, todas as vezes que toquei no assunto namoro, você ignorou, ironizou e fugiu dessa conversa então agora eu gostaria que fosse franca comigo de uma vez.
—Eu já disse que não sou do tipo que rótula tudo.
Eu sabia que ela odiava essa frase, mas se ela queria que eu fosse franca era isso.
—Eu tentei ser uma dessas pessoas super confiantes, que não se importam e que deixam as coisas fluírem, mas eu não consigo então me diz o que você quer se vamos ter algo sério ou vamos ficar juntas sem compromisso até você se cansar e aí é mais fácil de terminar o que nem começou. —As íris verdes me encaravam quase furiosas e eu não queria acreditar no quão sério ela estava falando, ela pensava mesmo isso de mim?
—Meu Deus Samantha você faz tudo parecer tão grande.
—E você faz parecer que o que a gente tem não é nada. —seus olhos se inundaram— Elliza eu te amo! —meu coração parou assim como minha expressão. — Eu amo estar com você eu amo fazer amor com você, eu te amo e não digo isso com medo de que fizesse essa mesma cara que está fazendo agora. —Duas lágrimas caíram e eu senti como se espetassem meu coração. — Eu não posso dizer isso pra não te assustar porque você parece ter aversão a sentimentos e relacionamentos e esse é o seu jeito, mas eu não consigo mais guardar isso e esse é o meu jeito.
Eu não sabia o que dizer, eu sabia o que ela sentia desde que ela disse no meio da noite, mas ouvi-la dizer consciente de que eu estou ouvindo era totalmente diferente.
—Sam você sabe o que eu sinto. —Tentei, mas a voz quase falhou.
—Não eu não sei você nunca me disse. O que você realmente sente Elliza? O que eu sou pra você? E o que você quer pra gente?
Não consegui dizer nada, ainda estava raciocinando as perguntas.
—São três perguntas simples, mas vou te dar um tempo, e só me procure quando tiver as respostas.
—Sam, por favor, não faz isso. —ela não poderia estar falando sério.
—Eu é que peço, por favor, se não souber responder essas perguntas me avise pra eu poder encontrar alguém que saiba.
—Então você vai procurar outra pessoa?
—Não quero outra pessoa, Eu só quero você, mas também só a quero quando se resolver.
Ela me olhou nos olhos por alguns segundos e eu sentia o efeito de suas últimas palavras e então ela se levantou e saiu.
Correção. Tudo pode ficar pior.