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História Dreaming - Transfundida De Sangue


Escrita por: LOOHOOLIGAN

Capítulo 28 - Transfundida De Sangue


— Nossa, Nick. — Os olhos dela estavam quase do tamanho dos do Peter, ainda que na realidade eles não fossem tão grandes assim, enquanto entre seus dedos segurassem o pequeno ursinho de pelúcia e o colocou sobre um móvel que estava bem próximo a futura caminha do meu bebê. O berço. — Eu sinto muito.

— Eu também. — Lamentei ao tentar   inutilmente fitar meus pés. Com aquela pança? Impossível.

As persianas nas janelas permitiam a entrada da luz reluzente do sol que tonava o azul claro nas paredes mais claro do que realmente era.

— Você tem falado com ela depois do ocorrido?

— De jeito nenhum, eu não consigo, mesmo com um havaiano no meu cangote insistindo que eu reflita melhor sobre o assunto. —  Soltei os ombros e ela voltou—se para mim com uma expressão tão seria, muito diferente do seu sorriso de segundos antes.

— Eu acho que esse Havaiano. — Sorriu ao entrar na brincadeira comigo. — Pode estar certo. — Caminhou elegantemente até mim com um macacão cor de rosa especularmente lindo e segurou minhas mãos e olhou em meus olhos. — Onde esta a minha amiga? Você a viu?

— Como é? — Questionei de olhos praticamente fechados de tão franzidos que estavam.

— Eu vou dizer pra você como ela é, quem sabe você não a conheça. — Assenti mas por querer entender onde ela queria chegar. — Minha amiga é destemida, sabe, ela é louca o bastante para encarar os seus medos e aogra esta formando uma família linda, tão louca que escondeu um casamento durante um bom tempo, mas sabemos que segredos assim não duram para sempre em baús. — Sorriu, e eu a acompanhei. — Ela não tem medo de dizer o que pensa ou de impor quando necessário e olha que ela é minha chefe. — Sorriu mais ainda. — E embora ela seja tudo isso, ela também é meiga, quando quer. — Completou depois que ergui as sobrancelhas. — A piranha é tão sortuda que casou com um cara completamente oposto dela, da pra acreditar? — Fingiu questionar, como se ao em vez de mim, estivesse falando com outra pessoa. — E eu sei que ela gosta dele porque ela trabalhou muito para conseguir o que tem, e hoje ela só desfruta do que veio de brinde. — Tocou minha barriga e acompanhei seu toque. — E ela esta esperando um menino que eu sei que será parecido com o pai porque mesmo sendo modelo ela não é tudo isso pra mim não. — Desdenhou e logo em seguida gemeu pois sem pensar duas vezes desferi um tapa em seu braço.

— Eu pago seu salario viu? Você não tem amor a vida mesmo não sua...

— Mesmo ela sendo uma onça lá da américa do sul de vez em quando. — Ainda passava a mão onde eu tinha desferido o tapa como se realmente tivesse doido. Falsa. — Ela é uma amiga incrível, então se encontrar ela, diga que não tenha medo de saber mais sobre seu passado, ou mesmo, receio de que as descobertas a façam mudar de ideia, o “se” só deixará de ser “se” se deixarmos acontecer. Ok?

— Ok, vou dizer a ela. — Senti meu rosto inchar e meus olhos diminuírem ao dar um sorriso quando senti uma paz preencher meu coração.

 

— Oh. — Sorriu ao perceber a minha presença ali apoiada no batente da porta com os braços cruzados junto ao meu peito eu desfrutava de algo que eu não assistia á muitos dias. — Esta ai há muito tempo? — Com o violão em seu colo, ele ainda sorria para mim.

—  Não muito, Michele acabou de sair.

— Vocês conversaram muito, não? — Comentou deixando o instrumento de lado.

— Sim, por que não ajudou a gente? — Fiz bico e me sentei ao seu lado como uma garota mimada. — Afinal, o filho é nosso, seu. — Apontei para ele e depois para mim. — E meu, mesmo que fossemos um casal, jamais duas mulheres podem dar a luz a alguém. — Ele sorriu.

— Porque eu pedi para ela conversar com você. — Ele admitiu sem um pingo de vergonha na cara, vê se pode?

— Sabia que tinha dedo seu naquela conversa.

— Querida, pode apostar que tinha meus dedos, minhas mãos, minhas palavras. — Sorrimos. — Funcionou? — A curiosidade estava estampada em seus olhos assim como em seu rosto.

— Eu ainda não sei Bruno, eu preciso pensar. — Tocando o canto da cabeça apoiei no sofá. — Tudo ainda esta muito distorcido e...

— Por isso mesmo. — Seus dedos trouxeram meu rosto para que seus olhos encarassem os meus. —  Quando estiver pronta, saiba que independentemente da sua decisão, terá meu total apoio.

— Eu sei, e acredite. —Meus dedos dançavam nas suas bochechas macias. — Isso realmente é muito reconfortante. — Calorosamente e ao mesmo tempo sem segundas intenções, tomei os seus lábios.

 

 

 

Mais uma entre as muitas noites as quais passei acordada, e assistindo aquela cena uma, duas, três... inúmeras vezes, enquanto a palma da minha mão acariciava minha barriga, sentia meus cílios se tocando enquanto piscava assistindo os pontos cintilantes criar forma naquela imensidão ainda escurecida.

— Até onde eu iria por você, meu amor? — Por cima do cetim iluminado apelos pequenos picos de luz, continuei acariciando gentilmente a minha barriga de nove meses.

A coluna já não era mais a mesma, e embora inchados, meus pés não impediam que minhas pernas deixassem de doer e nem mencionei o satélite da terra que meu rosto estava se tornando junto com a aspereza que meu cabelo se encontrava. Ou deveria dizer “ tristeza?”

A resposta obviamente não veio — e eu não esperava que viesse já que estávamos apenas nós dois ali — a poucos passos da nossa cama a qual ele dormia angelicalmente, hum, sorte sua meu bem sentada na varanda que me proporcionava um frio delicioso pois ventava um pouco.  

Era imensamente torturante imaginar uma conversa com aquela mulher, era terrivelmente inquietante deduzir o final dessa conversa, a qual começamos, mas que não tivemos oportunidade de começar mas não de terminar. E isso estava me deixando louca.

O primeiro momento em que minhas bochechas esticaram, meus olhos fecharam e minha boca se abriu foi o primeiro sinal de sono que eu tinha aguardado durante a noite toda. Me fez apoiar nos braços da cadeira enquanto tento me levantar e logo me aconcheguei melhor na cama quente e confortável enquanto esperava poucos minutos o sono chegar de verdade, eu pensava no que fazer pela manhã mesmo.

 

Mesmo com o carro em que Peter e eu estavamos em movimento eu ainda não conseguia acreditar que tinha feito aquela ligação tão cedo e tão rápido. E minha cabeça estava tão distante que eu nem sei quanto tempo levamos para chegar a casa de Marina mesmo com algumas ruas já impossibilitadas pelos sinais da chegada do inverno.

 

Deslumbrada, assistiam enquanto o carro se locomovia em meio ao jardim extenso coberto por alguns pontos de neve.

Tal como a minha, sua casa também era luxo dividido em dois andares, vidros nas janelas em meio às paredes amareladas e alguns vasos arredondados com plantas e em volta da mansão havia uma calçada extensa com um chafariz o qual tinha uma estatua por onde saia a água. Porem estava desligado.

— Pronta? — Perguntou assim que sentimos o veiculo parar. Apenas a sua mão era visível — a mesma já estava de posse da minha—  já que o casaco era praticamente maior do que ele.

— Estou aqui pra isso. — Fui sucinta.

 

Nossa entrada foi recepcionada por uma das empregadas devidamente uniformizada, a qual foi perfeitamente profissional ao nos conduzir pelos compartimentos da casa.  

— Podem aguardar aqui um momento. — Assentimos e ela abriu a porta de madeira ilustrada a nossa frente.

Eu simplesmente não sabia o que esperar. E a minuto a minuto pude sentir meus batimentos aumentarem gradativamente quando ouvi o seu “ pode mandar entrar, obrigada”  — Podem entrar, a Sra. Esta esperando.

Eu poderia ouvir meus próprios passos, poderia também sentir um calor me consumir, e não era pelo casaco que usava.

— Eu devo confessar que a sua ligação me surpreendeu. Nicole. — Quando meu nome ressonou nas paredes do seu escritório revestidas de mármore assim como o piso, me senti estranhamente estranha. — Olá Bruno, é muito bom reve—ló. — O cumprimentando ela sorriu para ele e apenas para não ser mal educada atendi o seu gesto.

— Você conseguiu encontra—lá? — A minha ida direto ao assunto fez ela murchar o sorriso caloroso daquela mulher.

— Você realmente é muito direta. — Ela sorriu enquanto ela relaxava o seu corpo na cadeira de couro  em cor de vinho.

— Ela é assim quando esta ansiosa. — Peter sorriu de lado enquanto nos acomodávamos também. Olhei torto para ele. —Desculpe. Mas estou mentindo?

— Não. — Confessei e voltei minha atenção para ela. — Você não me respondeu. — Seus olhos apertaram—se quando seus dedos se cruzaram.

— Demorei exatamente quase três anos depois de deixar você. — Meu coração apertou e parece que não foi só o meu, já que ela retorceu o rosto. — Para encontra—lá.

— Vamos direto ao ponto, quem ela é? e você tem contato com ela?

— Eu entrei em depressão quando deixei você, entenda que eu apesar de ter escolha eu ainda queria encontra—lá, eu me culpava muito por isso, vocês duas eram tudo pra mim. — Toquei minha barriga sentindo ao estranho, uma dor fina mas persistentemente irritante. — Consegui conhece—lá. — Admitiu repassando um porta retrato para mim.

Ainda com uma das mãos sobre a barriga eu encarava aquele porta retrato assim como a casa, requintado. Não é possível que seja quem eu...

A dor se tornou mais aguda do que antes e um gemido assim que eu retorci o rosto foi inevitável.

— Nick... Nick? — Sentia as gotas de suor escorrerem pela minha testa, e a dor se tornar mais e mais forte, assim como as batidas do meu coração.

— Eu estou sentindo uma dor que... — fiz pressão em meus lábios ao tentar responder ao Peter. Mas não consegui.

Larguei o porta retrato no chão, e acho que ele se despedaçou inteirinho já que o som de algo se quebrando foi eminente quando eu fiz isso.

— Vai nascer, Peter. — Molhei meus lábios com a língua e olhei para o chão, e em vez de ver agua, o sangue no chão me apavorou.

— Meu Deus!

Eu não vi mais nada.

 

Bruno Ponit Of View

 

 Eu estava mais nervoso do que todos ali. Embora o tempo lá fora estivesse frio,  com uma das mãos na cintura e outra no rosto para limpar o suor que mais parecia uma cachoeira e meu coração estava como um liquidificador.

— Calma. Ela vai ficar bem. — Marina segurava em meus ombros me fazendo parar de andar de um lado para o outro no corredor do hospital.

— Eu quero acreditar nisso mas...

— Querido, no fim sempre fica tudo bem.

— Tá legal, mas por que o caminho tem que ser tão...

— Bruno?  

— Aqui! — Respondi a Marcela que segurava uma prancheta imediatamente. Nos pediu para acompanha—ló, assim fizemos.

— A situação é seria, ela teve um sangramento inesperado, e temos um problema.

—Que problema? — Meu coração parecia espremido. — O que ela tem? E o meu filho?

— Ela teve uma hemorragia, e o seu sangue é raro, queremos encontrar um doador...

Prontamente nos oferecemos para ver se éramos compatíveis, mas minutos depois estávamos de novo frente a frente com a Dra. e eu estava quase tendo uma sincope.

— Vocês não são compatíveis. —Isso caiu como uma bomba.

Abaixei a cabeça, me sentindo derrotado. — Eu sinto muito.

— Mas não vão procurar laboratório ou algo assim? — Me desesperei.

— Claro que vamos, Bruno não vamos desistir deles.

— Eu quero ver ela. — Fui direto.

— Sinto muito, não podem, ela esta no meio da cirurgia, se eu deixasse você entrar, teria risco de você entrar em pânico e isso só iria atrapalhar. — Meu coração se rompeu de vez ao ouvir que eu não poderia ficar ao lado dela.

— Marcela, vem aqui por favor? — Após pedir licença ela me deixou ali junto com a mãe da minha esposa, eu estava ficando cada vez mais impaciente com tamanha demora.

— Encontramos um doador. — Virei para ela assim que a ouvi dizer isso.

Tanta impaciência só me deixava mais nervoso, pedi licença para Marina e fui para uma área mais reservada do hospital, liguei para todos para avisar do nascimento do meu filho e a hemorragia da Nick, mas também aproveitei para fumar um pouco tentando respirar direito.

 

— Qual a emergência que eu não posso ver a minha esposa ?— Marcela tinha uma expressão seria no rosto e isso realmente me assustou. — A Nick esta bem?

— Bruno, eu te chamei logo porque uma situação no mínimo curiosa aconteceu com a Nick.

— Ela... — Me exaltei.

— Não é bem isso. é sobre... 

 

Nossas vidas são definidas por momentos. Principalmente aqueles que nos pegam de surpresa.

Bob Marley



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