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História Drive (EM PAUSA) - Passado e presente.


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hallo!
Muito obrigada pelos favoritos e comentários. Vocês são demais!
Espero, de coração, que gostem do capítulo. Boa leitura. MWAH!

➨ Capítulo sem uma revisão mais profunda, perdoem-me se tiver erros.

Capítulo 2 - Passado e presente.


Fanfic / Fanfiction Drive (EM PAUSA) - Passado e presente.

J U S T I N

Ela cheirava a laranja e canela. Seus olhos não eram castanhos, mas a tonalidade não havia alcançado o breu. O seu cabelo não era liso, tinha leves ondulações nas pontas, quase imperceptíveis se olhasse rapidamente para seus fios escuros. Seus lábios estavam machucados, pois ela tinha mania de mordiscar o inferior, e mastigá-lo ao mesmo tempo em que suas unhas alaranjadas batiam contra a madeira da mesa de Pit. Para ela, era música. Ela tinha uma tatuagem minúscula em seu dedo anelar esquerdo, era uma gota, simples assim. As mangas de seu moletom nunca foram erguidas, ainda que o sol estivesse escaldante do lado de fora do ambiente com o ar condicionado desligado.

Ouvi badalar por pelo menos meia hora o pendulo de um dos relógios antigos do homem que possuía a estranha mania de colecionar vários deles, antiguidades assustadoramente irritantes. Não suportava ficar em sua sala, pois minha concentração caia para abaixo de zero. No entanto, tinha um motivo para eu ter passado pela porta, arrastando por um de seus braços finos, a garota que encontrei casualmente instalada no banco traseiro do meu carro. Precisei ignorar as belas mulheres que gritavam meu nome, apenas apanhei no ar um dos sutiãs que me foram lançados, o beijei e senti o cheiro enjoativo de algum perfume barato. Estava focado em colocar contra a parede a morena silenciosa que não parecia se sentir intimidada por minha postura autoritária.

— Encontrei as filmagens da noite anterior. – Pit vocifera, entrando na sala, balançado suas mãos no ar. — Aparentemente, ela não tentou sabotar nenhum dos carros, apenas se esgueirou entre eles e abriu a porta traseira do carro que você correu.

Desvio meu olhar da morena, e olho para o homem que se senta em sua poltrona, da maneira mais tranquila possível.

— Ela invadiu esse lugar. – ele assente, ainda que eu já estivesse confirmando um fato. — O que ela ainda está fazendo aqui? Porque não está presa?

— Porque ela não tem motivos para ser presa.

— Como não? – praticamente grito, e eu nunca gritava com Pit, era sempre o contrário.

— Ela não roubou, ou quebrou nada pelas redondezas.

— Você viu a mochila dela? – dou a volta na mesa, e apanho a mochila que vasculhei, enquanto mantive dois seguranças preparados na porta, para caso ela fizesse algo. — Veja por si só, ela parece ter assaltado algum caixa grande!

Minha afirmação intriga Pit, ele segura a mochila e olha dentro dela, percebo a mudança de sua expressão, a serenidade cede lugar para os vincos se formando em sua testa e sobrancelhas unidas em uma linha pouco reta. As notas em dólar parecem cair por seus dedos, e ele encontra também o isqueiro de prata que estava enterrado no fundo. Não era uma fortuna, mas tudo somava um alto valor, o qual não seria comum alguém tão suspeito quanto ela carregar, na mesma noite em que invade uma propriedade protegida por seguranças e rodeada por alarmes, cercas de energia com alta voltagem, e câmeras por todos os lados.

— Isso foge um pouco da minha dedução. – comenta, e ergue o seu olhar, passando direto por mim. — O que você aprontou, menina?

A morena tinha sua cabeça baixa, e seu cabelo servia de cortina para cobrir todo o seu rosto.

— Ela se recusa a falar. – pressiono meu maxilar.

— Você está apenas gritando com ela, dê-lhe um pouco de espaço. – olho incrédulo para o homem sempre racional, mas tão tolo de repente. — Não me olhe desse jeito, Bieber.

— Ela não passa de uma ladra, Pit! – eu grito, perdendo o controle comigo mesmo. — Onde está sua racionalidade?

— Está bem aqui. – com um de seus indicadores, aponta para sua cabeça, batendo a ponta no centro de sua testa. — E não grite comigo, moleque. Você não tem motivos para estar irritado assim.

— Eu não tenho motivos? – forço uma risada, balançando minha cabeça. — Ela estava dentro do meu carro, porra! E se tivesse me sabotado? Você estaria juntando meus restos ou afagando o cabelo dela?

Puxo um pouco de ar para meus pulmões, sentindo minhas narinas dilatadas, assim como imaginava estar as minhas pupilas.

Pit não me responde, e não se levanta para me socar. Contrariando-me por inteiro, se encaminha até a cadeira que estava sentada a menina, abaixa-se ao seu lado e lhe estende a sua mochila.

— Nós precisamos conversar, com palavras, olhos nos olhos, entende? – ela parece olhá-lo por entre os fios de seu cabelo. Não tenho certeza. — Sei que meu amigo esquentado aqui, pode tê-la assustado, mas ele não é assim, só quando seu ego se eleva demais e eu preciso chutar sua bunda para não gritar comigo, e torço para que meus remédios consigam me controlar para não quebrar todos os seus dentes. – ele parece sorrir, e isso era aterrorizante. — Então, diga-me o seu nome, e se explique, caso contrário, terei que contatar a polícia e relatar o que encontramos aqui.

— Não. – a rouquidão de uma voz potente, mas ao mesmo tempo leve como uma penugem pairando no ar, atraindo minha atenção para o corpo encolhido na cadeira. — Não chame a polícia. Por favor...

Pit olha-me, notando meu espanto.

— Se você falar, eu posso pensar nessa possibilidade. – soa calmo. — Essa mochila pertence a você, certo? – ela parece assentir. — Sem acenos, use a sua voz.

Ela suspira. Era um suspiro cansado.

— Sim. – responde com uma resposta curta, e eu não compreendo o seu sotaque afiado.

— Não irei desperdiçar perguntas com aquelas que se encaixariam para o momento, pois sei como você entrou aqui, e sei que não fez nada para prejudicar os corredores. Sei também que não foi enviada pelos concorrentes. – coloca-se de pé, em sua postura firme de sempre. — O que realmente esteve fazendo naquele carro?

— Fala sério! – com o punho direito fechado, soco a mesa e ouço os objetos sobre ela balançar. — Ela roubou algum lugar, Pit. Porque está se fazendo de cego para isso?

Sou ignorado, mais uma vez.

— Eu não sou uma ladra! – a morena tenta se defender com a voz elevada em alguns timbres e o olhar confiante. Pela primeira vez, eu consigo enxergar sua verdadeira determinação. — Precisava de um lugar para ficar, e eu conhecia esse lugar. Já assisti competições aqui, pensei que pudesse encontrar alguém para me ajudar. Estava assustada, com frio e... – faz uma pausa dramática, umedecendo os lábios cheios e secos. — Só queria dormir, ia levantar antes de todos abrirem o lugar, mas, quando me dei conta, o carro estava se movimentando comigo dentro. Não consegui pensar.

Pit solta uma risada. Uma sonora, daquelas que ecoam e enchem os olhos de lágrimas. Ele estava mesmo sorrindo.

E ele nunca sorria.

— Qual a graça? – ela pergunta, com o cenho franzido.

— Isso é algo que jamais pensei ser possível de acontecer. – continua rindo, e se distancia dela. — Mas, você se meteu em uma enrascada, menina. E todo esse dinheiro...

— Eu não tinha mesmo um lugar para passar a noite. – diz depressa, apertando a mochila contra seu peito. — Não chame a polícia, eu não posso... Você precisa me deixar ir.

— Deixá-la ir? Para onde exatamente? – ela não responde, apenas desvia o olhar. — Você não pode mentir para mim, ou não serei capaz de ajudá-la.

— Eu faço o que você quiser, só não me entregue para eles. – o olhar que ela direciona a Pit, atinge-me em cheio. Era uma súplica visível, e quase humilhante.

— Você fez se envolveu em uma merda muito grande, não é? – ela assente, eu acho. — Eu não posso ter problemas. Meu nome está em jogo, toda a minha carreira, a minha equipe...

— Eu posso correr! – engasgo com a minha saliva. Ela parecia agitada agora. — Gosto de velocidade desde que era criança, posso correr com vocês. Ser da equipe.

É a minha vez de rir. Muito alto, procurando pelo real humor.

Ela tinha que está brincando, mas o seu olhar dizia o contrário, fitando-me como se fosse louco, completamente fora do meu juízo perfeito.

— Disque de uma vez o número da polícia, Pit, ou eu mesmo farei isso. – digo e me inclino sobre a mesa, a fim de alcançar o telefone no gancho.

— Não! – uma ordem me faz parar, olho para o homem que parecia estar em um de seus dilemas consigo mesmo. — Você está falando sério?

— Eu acho que sim. – ela diz, um pouco incerta. — Se isso o fizer dar-me uma chance para me deixar ir, e me livrar da... Polícia.

Pit entra em um silêncio cruel.

Eu não gostava quando ele se calava, pois esse era o seu momento de pensar, e nem todas as suas ideias eram boas. Algo me dizia que a ideia que ele estava começando a ponderar, seria a pior de todas elas, e o meu também estava em jogo.

— Pit... – chamo sua atenção, e ele se vira para mim, sorrindo. — Não venha me dizer que...

— Talvez seja esse o nosso ponto de partida para conseguirmos maior patrocínio, Justin. – olha para cima, com um sorriso ainda mais largo. — Uma mulher na equipe... Podemos treiná-la e levá-la para as competições grandes.

— Não, não, não! – encaro a irracionalidade de Pit. — Nós não podemos nada.

— Pense bem, Justin. – vira-se para mim. — Isso seria algo inusitado, atrairíamos público, sua imagem seria valorizada. Será a primeira vez que uma mulher se junta ao melhor corredor da atualidade.

— Não é permitido mulheres nas corridas, tão pouco em competições desse nível. – sorrio de escárnio. — Ela não teria capacidade de alcançar isso.

— Não vi escrito em lugar algum no manual que, li e reli diversas vezes para amenizar suas punições. Não consta nada sobre o sexo oposto. – alfineta-me, mas não me abala. — Não sabemos o potencial dela, é por isso que preciso de você.

— Sem chances, Pit. Eu respeito você, treino com você e ouço todos os seus fodidos sermões, mas isso... – aponto para ele e a menina, balançando meu indicador esquerdo na frente do meu corpo. — Eu não vou fazer.

Começo a caminhar em direção a porta, não estava mais disposto a ouvir todas as palavras livres de lucidez que saltassem da boca do meu treinador. Não julgava-o por completo, pois sabia como ele se agarrava em seu trabalho e se esforçava para ser melhor, para conseguir mais. Depois que Pit deixou as pistas, carregado em uma maca, após seu carro ter rolado por mais de trezentos metros, lançando seu corpo para fora junto aos restos da lataria, ele nunca mais foi o mesmo. Eu era um moleque quando o conheci pela tela da televisão, achava-o um ícone, e passei a admirá-lo e colocá-lo em um pedestal, sendo aquele que eu tinha recortes de jornais colados em minha parede para que em todas as noites pudesse observar sua postura confiante ao lado dos mais belos carros que eu havia visto em minha vida.

O acidente afetou o bom funcionamento de seus órgãos, e lesionou drasticamente o seu joelho direito. Nos tempos atuais, ele manca e sente dores constantes, mas se dopa com álcool e nicotina. Nunca aceita ajuda, e eu precisei buscá-lo várias vezes no hospital, no entanto, é algo que não conto para outras pessoas. Ele ainda era o homem que eu admirava e tinha como inspiração. Ele ainda era o maldito Pit Dalton, mais conhecido como Raio Azul.

— Pense no dinheiro que irá ganhar se os patrocinadores voltarem a apostar em você. – eu paro na metade do caminho, avistando a porta fechada. — Eles querem algo novo para investir, e essa é a melhor opção do momento. Se essa garota conseguir entrar ao menos nas competições minoritárias, vocês estarão no auge. O dinheiro irá simplesmente cair, vocês precisarão apenas abrir as mãos e segurá-lo.

Dinheiro.

Eu gostava dessa palavra.

Os tabloides me vangloriavam pelo o que eu tenho, pela mansão em que eu vivo, e pelo luxo que me cerca. Nenhum deles sabe sobre o meu passado. Não fazem ideia do que eu perdi quando ainda era uma criança, não sabem nem mesmo em que lugar passei o resto da minha adolescência. Não sabem que eu não tinha mais que alguns becos para me esgueirar e me proteger assim que a noite caia. Não sabem que eu não tinha mais que alguns sacos de lixo para me encostar e me aquecer para dormir. Não sabem que se eu conseguia restos de comidas que encontrava nas mesas dos restaurantes e lanchonetes, precisava escolher comer para saciar a fome do momento, ou apenas sentir o sabor e guardar o restante para os outros dias. Não sabem que meu pai destruiu a nossa família, e que a minha mãe foi covarde demais para lutar por um recomeço, por uma nova vida. Eles apenas não sabem o motivo de eu mergulhar fundo no que consegui faturar com as corridas.

— Todos nós sairemos beneficiados com isso. – aperto meu maxilar, tanto que dói. — Apenas treine-a, a torne capaz de entrar em uma competição. Nada disso irá afetar em seu desempenho. Anunciaremos em grande estilo essa união e a nossa... – Pit faz uma pausa. — Você não disse o seu nome.

— Jodie. Eu me chamo Joddie Atkins.

Engulo em seco.

— Jodie Atkins e Justin Bieber. – tenho certeza que está sorrindo, não preciso olhá-lo para confirmar. — Nomes que são sinônimos de sucesso. Vocês não fazem ideia de como eles irão soar nas bocas de toda a população.

Respiro fundo, apertando os meus punhos.

Nada disso seria por mim. Nada seria por Pit. Nada seria por Jodie. Seria apenas por ela.

— Até o fim da nova temporada, quando acabar, estou fora. – afundando meus pés no chão, guio-me para fora da sala, sem atender ao chamado do meu treinador.

Passo pelos seguranças, e desço as escadas, alternando de dois em dois degraus. Tateando o bolso traseiro da minha calça, atravesso a área interna da garagem, destravo o alarme do meu carro e puxo o trinco da porta, abrindo-a e me colocando para dentro do veículo abafado. Encosto-me no banco  atrás do volante, apoiando minha cabeça no encosto, olhando para o teto coberto pelo couro acinzentado. Tento controlar a minha respiração. Meu corpo estava tenso, eu sentia dores pelos músculos cansados. Estava sem dormir a quatro noites, e não acreditava ser capaz de dormir bem nessa noite.

Piscando algumas vezes, endireito minha cabeça e meu corpo, olhando para fora, apenas empurro a chave na ignição e coloco-me em movimento. Faço o meu caminho depressa, e ao ficar em frente aos portões dos fundos do autódromo, os seguranças liberam minha passagem. Afundo meu pé direito no acelerador, sentindo os pneus rasgarem pela pista plana, enquanto desviava de carros e ignorava os sinais vermelhos, não me importando em ter que arcar com algumas multas que chegariam na segunda feira em minha casa.

Dobrando duas esquinas, avisto o edifício antigo, cercado por muros altos e bem protegidos por cercas elétricas. Estaciono o carro, desligo-o e salto para fora, batendo a porta atrás de mim. Dou a volta, subindo os degraus, logo caminhando para a pequena casa de identificação, Harold olha para meu rosto, esboça o seu largo sorriso amarelo e estende-me o crachá, éramos conhecidos, vez ou outra era esse velho que me passava um pouco de conforto ao me ver deixar os portões, completamente desolado e irado. Aceno brevemente, e paro em frente aos guardas que fazem uma vistoria minuciosa, como as que fazem em aeroportos, apenas para garantir que eu não estaria carregando armas ou quaisquer objetos que infligisse às regras do lugar. Assim que a verificação é concluída, dão-me espaço para adentrar o lugar, e não preciso ser acompanhado por ninguém, conhecia bem o lugar.

Termino de passar pela passarela cercada por todo o verde do gramado, arbustos, árvores e todas as flores do jardim, subo mais alguns degraus e adentro, passando pela recepção. Felicity cumprimenta-me com um sorriso, e apenas olha para o crachá que levanto. Acenando com a cabeça, sigo pelo corredor a esquerda, cumprimentando alguns enfermeiros e médicos que encontro em meu caminho. As paredes brancas e sem vida sempre me causavam calafrios na espinha, assim como as pequenas placas espalhadas por algumas delas, frases motivacionais e testemunhos bíblicos. Serpenteando pelo terceiro corredor a esquerda, chego na área aberta e cheia de pacientes acompanhados por seus enfermeiros.

Olho ao redor, procurando pelos cabelos brilhantes e um pouco bagunçados da garota que nunca estava perto dos outros, não gostava de jogos, nem das terapias conjuntas. Não a encontrando de imediato, sei que ela estaria no único lugar que lhe passava segurança, pois era como um lugar próprio. Desvio-me de alguns pacientes que me olham com receio, outros sorriem e tentam avançar em mim, mas são contidos pelos homens e mulheres trajados de branco. Abaixo a cabeça, e com as mãos nos bolsos da minha calça, olho para a maior e mais distante árvore. Era apenas um tronco grosso e muito alto, com alguns galhos escapando para os lados, tendo debaixo um singelo banco de madeira escura e gasta. E sobre ele, com as pernas servindo de apoio para o queixo levemente quadrado, sendo abraçadas pelos braços magros e presos pelos dedos finos, com a cabeleira balançando conforme a brisa fraca levava os fios de um lado para o outro em uma dança pouco harmoniosa, estava a menina que dominava os meus sonhos, pensamentos e toda a minha vida.

— Ei! – saúdo-a, não tendo certeza de que podia me ouvir, pois eu estava um pouco longe ainda. — Sou eu... Justin.

Ela não me olha, apenas continua com a sua cabeça virada para o lado oposto ao que eu estava parado, aguardando uma deixa para me aproximar.

— Como você está hoje, Mall? – umedeço os lábios, estreitando um pouco os olhos. — Eu corri essa manhã. Foi tão difícil quanto às outras corridas, mas você sabe que eu jamais permitira que me deixassem comer poeira. – tento sorrir, mas é um sorriso que não consegue erguer os cantos dos meus lábios. — Estou a caminho das mundiais, e algo que me diz que eu posso vencer.

Olho para cima, encarando o céu um pouco fechado pelo clima que estava mudando, ainda que tivesse sido ensolarado por todo o dia.

— Irei enfrentar Perna de Aço. – sarcasmo escorre por minha boca. — Ele está ciente de que não será uma corrida que terá chances de vencer, mas não vai desistir até ficar ao meu lado e lutar para me tirar da pista.

Balançando a cabeça, volto a olhar para a garota, e dessa vez, encontro seus olhos gélidos vidrados em mim. Mechas grossas de seu cabelo cobriam um lado do seu rosto, e eu sentia vontade de prendê-los, apenas para não cobrir o seu rosto pálido, mas delicado. Costumava dizer a ela que era o rosto moldado pelos anjos, e ela sorria, abaixando a cabeça e colocando para trás os fios dourados. O seu sorriso nunca havia deixado a minha mente, mas nunca mais o vi brilhar em sua face.

Percebo a sua preocupação camuflada pela inquietação de suas mãos que se movimentavam junto aos dedos entrelaçados.

— Nada irá acontecer. – garanto a ela, e me aproximo vagarosamente, retirando as mãos dos bolsos, apenas erguendo um pouco o jeans ao me sentar ao seu lado no banco, mantendo a distância exigida pelos médicos. — Assim que vencer, irei tirá-la daqui e iremos viajar, como você queria fazer.

Nenhuma resposta. Estava acostumado com isso.

De qualquer maneira, permaneço ao seu lado, sentado na mesma posição, observando o chafariz que ela gostava de olhar por algum motivo que jamais iria saber, porque ela não era mais a garota tagarela que conheci no orfanato assim que cheguei e fui abordado pela menina mais bonita que havia colocado meus olhos. Eu já não era mais recepcionado pelos mais doces sorrisos, e o ambiente pesado da clinica psiquiátrica não era rodeado pela sonoridade das suas risadas altas e melodiosas.

Ainda era a minha Mallory.

Eu prometi cuidar dela, e faria isso, para sempre.

Embora agora tivesse uma nova preocupação para lidar. 


Notas Finais




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