História D.U.M.B - Taegi e Chaelisa - Alianças

— Então você quer minha ajuda para conquistar o Tae oppa? — foi tudo que Lisa disse após Yoongi contar todo o seu plano e seus sentimentos para ela, os olhos percorrendo a cozinha em que se situavam — Hum... — ela suspirou — Tudo bem.

Ele arregalou os olhos.

— Mesmo? — questionou, mal podendo acreditar que a loira aceitaria sua proposta tão rapidamente.

— Sim — ela voltou seu olhar para o mais velho, encarando-o profundamente — Mas, não vai ser de graça.

Ah, ele deveria ter previsto que tal situação iria ocorrer. Lisa agia como uma garotinha feliz e fofa na maior parte do tempo, mas ele sabia que uma pessoa não poderia ser desse jeito o tempo todo, e também sentia que ela tinha grande parte de sua personalidade escondida sob tantas camadas. A garota à sua frente era astuta, poderosa e até um tanto intimidante (embora ele nunca fosse admitir a última parte em voz alta).

— Olha, oppa — ela suspirou — Eu não posso focar totalmente em te ajudar sem me prejudicar, então você vai ter que me ajudar também, entende? Eu sei que não é de propósito, oppa, mas você está atrapalhando algumas coisas da minha vida agora. Então você vai ter que fazer isso por mim se realmente quiser ajuda.

— Tudo bem — ele disse — Com o quê?

— Chaeyoung — a loira suspirou — Eu te ajudo a conquistar o Tae e você me ajuda a conquistar ela. O que me diz?

— Como eu posso te ajudar a conquistar ela? — ele questionou — Eu pedi por ajuda porque você é a melhor amiga dele. Eu mal converso com a Chaeyoung direito.

— Aparentemente, você é frio com todo mundo, menos com ela. É impossível resistir a ela, eu sei muito bem, mas essa sua gentileza não me ajuda nem um pouco — a loira tamborilou na superfície de madeira da mesa com suas unhas roxas — Ela passou a gostar de você até demais, entendeu?

Espere.

Até demais...

Oh.

Oh.

— E-então você quer que eu seja grosso com ela? — gaguejou, levemente atordoado pela notícia que acabara de receber. Chaeyoung nutria sentimentos por si e ele nem fazia ideia. Não se culpava, porém: não havia como desconfiar da garota.

Não queria ser levado a mal. Era pansexual, sentia atração por pessoas, e não por gêneros, assim não tendo nada contra a garota em si ou o gênero feminino em geral; não, ele só nunca imaginaria algo assim. Claro, ela sempre sorria e corava intensamente nas poucas vezes que conversava com o esverdeado, mas julgando pela sua personalidade extremamente tímida, ela era assim com todo mundo. Bem, exceto por Lalisa.

Na verdade, ele suspeitava que houvesse algo entre as duas. A tailandesa era obviamente caidinha pela outra, sem se dar o trabalho de ao menos se importar em disfarçar, já que o relacionamento não existente das duas era notado por todos. Já Rosé era tímida ao extremo, mas parecia se esquecer disso quando com a loira, rindo alto e abraçando-a o tempo todo. Elas eram uma combinação perfeita, e todos achavam o “casal” absurdamente fofo.

Então descobrir que a australiana gostava de si fora um tremendo choque, para não dizer outra coisa. Sentiu-se um tanto mal por atrapalhar o possível futuro relacionamento das duas, mesmo que inconscientemente, mas afastou o pensamento rapidamente. As duas não eram um casal (pelo menos por enquanto) e ele não tinha feito nada de propósito, então não haviam culpados para se caçar por ali. Eram jovens maduros, que sabiam resolver seus problemas e diferenças sem intrigas banais e desnecessárias, ou pelo menos era isso que ele esperava.

— Não — a loira revirou os olhos suavemente — Não quero que você seja um babaca. Eu só quero que, sei lá, você fale bem de mim pra ela ou só que fale que quer a piroca do Tae e que não ‘tá interessado nela. Isso ia ajudar.

Foi a vez dele revirar os olhos, as bochechas queimando pela fala da mais nova. Não queria pensar na... tudo bem, não queria pensar em nada no geral. Não havia pensado absolutamente nada sobre aquela palavra com P.

De jeito nenhum.

— Tudo bem — ele cedeu jogando as mãos ao alto como quem se rende — Mas, sobre o Taehyung: você já sabe o que fazer?

A garota sorriu.

— Acho que sim.

***

— Deixa eu ver se eu entendi direito — a voz fina de Jimin soou pela outra linha — Você vai fazer uma festa na sua casa e quer me agarrar pra fazer ciúme no teu boy?

— Eu não quero te agarrar, Jimin — Yoongi revirou os olhos — Eu quero só fazer ciúme no Taehyung mesmo. Lembra daquela festa que a gente dançou se esfregando ‘pra fazer ciúme no Hoseok? É basicamente isso.

— Pera lá! — o baixinho exclamou — Eu ‘tava dançando sozinho pra fazer ciúme no Hoseok. Você que começou a se esfregar em mim porque você é um bêbado safado, isso sim.

— ‘Tá bom, Jimin, ‘tá bom — o Min apertou as têmporas numa tentativa falha de se acalmar — Mas é isso, okay? Eu preciso da sua ajuda. E não vai ser só dançar numa festa: a gente vai ter que se aproximar mais, trocar umas carícias, sair mais junto e deixar todo mundo saber disso e essas coisas. Vai, por favor, me ajuda! — ele implorou, um biquinho formado nos lábios e a voz pidona como a de uma criança — Você ainda pode fazer ciúme no Hoseok e no Jungkook ao mesmo tempo! Aí um ajuda o outro, viu?

— Eu não sei, hyung — ele suspirou — Eu só... não ‘tô muito a fim de fazer isso, sabe? Não sei se vai dar muito certo.

— Jimin — ele rosnou — Eu parei de foder com o Hoseok quase todo dia só pra te ver feliz. Se essa não é a maior prova de amizade do mundo, eu não sei qual é. O mínimo que você pode fazer é me ajudar agora — ele abriu um sorriso maléfico ao pensar no que falaria em seguida — Ou, eu posso desistir do Taehyung e deixar ele e o Hoseok viverem uma linda história de amor. Já pensou como seria eles contando pros filhos deles que se apaixonaram por causa de aulas de reforço? Realmente inspirador. E nós vamos ser os padrinhos do casamento deles, o que acha?

Houve silêncio por um tempo do outro lado da linha.

— Tudo bem, hyung — o mais novo suspirou — Eu te ajudo com isso. Quer que eu vá ‘praí para te ajudar?

— Quero sim, na verdade. Quando você pode vir?

— Agora — o ruivo disse — Espera que daqui a pouco eu ‘tô aí.

— Tudo bem — ele não pôde evitar de abrir um leve sorriso — Obrigado.

Seu dongsaeng suspirou.

— Eu que te agradeço por tudo, hyung — Yoongi não podia ver Jimin, mas sabia exatamente como o outro se encontrava: aquele brilhante sorriso no rosto que escondia seus olhinhos pequenos e iluminava a vida de todos ao seu redor, e ele se sentiu imensamente feliz por saber que era o motivo para tal — Você é o melhor hyung de todos, mesmo sendo um bosta às vezes. Eu te amo.

— Bosta é tua mãe! — esbravejou, agora sem se sentir tão imensamente feliz quanto antes — Vai tomar no seu cu!

E encerrou a ligação aos sons da risada do outro.

***

Caso alguém perguntasse quais eram as expectativas de Yoongi sobre o plano para conquistar Taehyung, ele não saberia responder muito bem. O trio sentado à mesa da cozinha do esverdeado era um tanto cômico, para ser sincero; contando com um Jimin tagarelando sem parar, Lisa apenas com uma toalha enrolada no corpo e outra nos cabelos e o próprio Min com o rosto apoiado nas mãos, já questionando sua decisão de pedir ajuda aos dois. Ele era claramente a única pessoa sensata ali.

— A gente tem que fazer o Taehyung só conseguir pensar no Yoongi hyung, sabe? — Jimin disse — Quando ele acordar, quando ele estiver na escola, quando ele estiver no banho, quando ele for dormir... — ele continuou a falar, uma expressão sonhadora em sua face, arrancando uma risadinha de Lisa — Mas, como?

— Fazendo ciúme nele — Yoongi revirou os olhos — Você acha que ‘tá aqui por quê?

— Só isso não dá! — o ruivo exclamou — Tem que ter outra coisa também, outra mais marcante... — ele mordeu o lábio inferior e tamborilou com os dedos na mesa — Ah! E se você mandar um nude pra ele?

— Nem fodendo — o Min negou, as bochechas coradas. Estava quase desistindo do plano e se conformando com a ideia de um casamento entre Hoseok e Taehyung; até isto parecia menos absurdo que os planos de Jimin. 

— Então e se você me mandar o nude e eu mando pra ele depois e falo que foi sem querer?

— Jimin, eu vou te bater.

Os dois amigos desviaram a atenção um do outro por conta de Lalisa, que limpou a garganta. A garota estava lá, observando toda a cena, e com uma expressão um tanto irritada na face.

— Eu posso falar, oppas? — ela fez uma breve pausa ao ser recebida pelo silêncio dos outros — Obrigada. Nós temos que colocar o plano em prática o quanto antes. Isso significa que vocês vão ter que agir a partir de agora. Jimin oppa, veja com seus pais se você pode ficar aqui essa noite e faça questão de deixar os outros garotos saberem disso. Vocês não podem fazer ciúme em só quatro pessoas específicas, têm que enganar todos para ser mais real. Eu vou ensinar uma dança pra vocês dançarem na festa, e é melhor vocês já começarem planejando ela, por sinal. Agora eu vou me trocar, com licença.

A tailandesa saiu do cômodo, deixando os dois amigos sozinhos. O Min suspirou e se pôs a brincar com seus dedos de forma inquieta e perdido em pensamentos. E se aquele plano não desse certo e todo aquele esforço fosse em vão? E se sofresse outra desilusão amorosa e desistisse por vez do amor? Ele era tão inseguro e se sentia tão patético por isso. Não podia deixar um cara qualquer estragar o resto de sua vida amorosa, mas era exatamente isso que estava fazendo. Sentia-se um menininho assustado, como se estivesse de volta aos seus catorze anos, com seu primeiro namorado e o corpo marcado de cortes.

— Credo, o que deu nela? Eu, hein... — Jimin resmungou, mas, ao perceber o estado do amigo, assumiu uma postura preocupada — Hyung, aconteceu alguma coisa?

— Eu só — ele suspirou — Eu não sei o que fazer, Jiminnie. E se nada der certo no final?

— Aí a gente namora — o ruivo deu de ombros, recebendo um tapa fraco do mais velho, e então desatou a rir — Estou brincando, hyung. Mas você sabe que eu sempre vou estar aqui, certo? E se nada der certo, a gente se fode junto e fica na merda junto também.

O esverdeado suspirou.

— Você está certo — ele sorriu — Obrigado. Liga para a sua mãe e vê se você pode ficar aqui hoje. Eu vou fazer pipoca e depois escolher um filme ‘pra gente ver.

Jimin assentiu e os dois levantaram-se da mesa, o Min procurando por um saco de pipoca e o Park vasculhando o celular pelo contato de sua mãe. Quando Yoongi pôs a pipoca no micro-ondas, porém, ele sentiu braços rodearem sua cintura e uma respiração quente na curva de seu pescoço.

— Você sabe que eu te amo, né hyung? Obrigado por tudo, seu bobo — e com isso, deixou um beijo estalado na bochecha do Min e um leve tapa em suas nádegas antes de se por a correr.

— Ya, Park Jimin! — gritou, ardendo em fúria. Além de babar em seu rosto, o garoto ainda tinha a audácia de bater na sua bunda. Sentia-se como se estivesse prestes a cometer um homicídio — Moleque abusado!

Só pôde ouvir a risada escandalosa do outro garoto no cômodo ao lado, e se pegou sorrindo. Ainda que fosse abusado, desrespeitoso, insolente, safado e outros vários adjetivos ruins, Park Jimin era um bom amigo.

E ele também amava o garoto.