História E se... - Capítulo 2

Eu não tenho palavras para definir o que Lim Changkyun foi e é para minha pessoa, ele foi o meu porto seguro e também foi o que me levou ao fundo do poço, se ele tem alguma culpa? Nenhuma…Eu tenho por ter perdido ele, por ter soltado sua mão e por insistir em algo que sabia que não teria futuro caso eu não mudasse meu jeito.

Chang trabalhou duro e começou a seguir o mesmo caminho que eu havia percorrido, passando de estagiário para contratado, se destacando na área de criação e redação, tinha muito orgulho quando ele me encontrava a noite e contava suas novidades, suas conquistas e os elogios que recebia de nossos superiores, isso alegrava meu coração, acreditava muito em seu potencial e ele estava indo longe, até mesmo mais longe do que eu. 

- O que?- Perguntei em uma noite que ele chegou animado em meu apartamento e comentou sobre o convite para trabalhar pelo jornal em outra sede por seis meses.

- Hong Kong…Não é maravilhoso?- Ele respondeu feliz caminhando ate a cozinha.

- Não…Quer dizer…E nós? E tudo que estamos construindo juntos? 

O segui e aquela era a quinta noite do oitavo mês que estávamos juntos, ele algumas vezes dormia junto comigo e outras dormimos com o tablet do lado com a imagem do outro, quando ele dizia que precisava ir em casa, afinal não poderia deixar aquele amigo…O tal Kihyun sozinho, eu tinha um ciúmes extremo, mesmo entendendo que foi aquele amigo que ajudou o meu pequeno a viver ate aqui. Já disse que o ciúmes destrói as coisas? Pois ele destrói, pode até mesmo ser sexy em alguma hora, e resolver com um bom sexo…Mas depois de um tempo ele é o monstro debaixo da cama, ele é o que corrói os sentimentos.

- Nós continuaremos juntos meu querido Joo…Vamos nos ver pelo computador. Oppa, seis meses passarão rápido e logo voltarei para seus braços.

- Humm, está certo. 

Respondi o vendo sorrir e pular em meu colo, não foi necessário muito tempo para que nos encontrássemos deitados sobre o tapete fofinho da minha sala de estar, aproveitando de um beijo quente e cheio de segundas intenções. Só depois de quatro meses juntos é que IM se sentiu bem para termos nossa primeira relação intima e lembro-me como se fosse ontem, dei meu melhor para que tudo acontecesse de forma natural e romântica, com direito a jantar na varanda do meu apartamento, lareira acessa no quarto e excesso de carinho e delicadeza, ele era um garoto delicado mesmo que tenha expressões fortes em seu rosto e seja focado no que quer, quando estava na cama entregue a desejos e necessidades, ele era carente, necessitado de carinho e promessas. 

E se eu não fosse tão ciumento então ele não estaria noivo de outro, ele não estaria gemendo e clamando pelo outro…Se eu soubesse que isso aconteceria futuramente talvez eu tivesse cuidado melhor e então o maknae talvez estivesse solteiro e eu poderia tentar mais uma vez…Ou não, talvez eu seja mesmo um egoísta. 

- Basta…Você está incontrolável Lee Jooheon.- Chang gritou em frente ao computador na video conferência que fazíamos todos os dias desde que o mesmo havia mudado.

- Eu só não gostei daquela foto…Precisava mesmo tirar foto com seus novos amigos?- Aquela era a quinta briga em uma semana, eu tinha um ciúmes incontrolável e não conseguia ver isso na época.

- Não aguento mais…Você nunca mudará. Eu te amo, mas não aguento mais. Boa noite Lee.- Aquela foi a última noite que o vi, a última vez que ouvi sua voz.

IM não mais retornou minhas ligações, e-mails, mensagens, e depois que terminou os tão esperados seis meses ele não retornou, fomos informados que ele havia pedido transferência permanente para a sede de Hong Kong. Dois dias depois sua mesa estava limpa, haviam juntado todos os seus pertences e enviado para onde ele estava. Kihyun me atendeu na primeira vez que fui em seu apartamento após o ocorrido, me deixou entrar mesmo com uma expressão nada amigável.

- Eu realmente não deveria e nem queria te atender, mas Chang pediu que caso você viesse que era para atende-lo e devolver isso.- O amigo do meu pequeno caminhou ate a mesa de jantar e pegou uma caixa.

- O que?- Perguntei olhando dentro da mesma observando que eram todos os presentes que eu havia dado durante o tempo que estivemos juntos.

- Sabe o quanto meu menino sofreu por você? E agora ele não vai viver mais ao meu lado como acostumamos, ele não vai voltar por sua culpa.

- Eu..Eu preciso do endereço.

- Não, o deixe em paz. Ele sofreu demais por culpa do seu ciúmes, vá embora e o esqueça, assim como ele está fazendo.

Eu me tornei um tanto quanto obsessivo quanto o outro, ficava vinte quatro horas por dias observando todas as suas redes sociais, mandava e-mails todos os dias na esperança que ele respondesse, não ligava mais já que ele havia mudado o numero, e eu estava morrendo por isso. Meu trabalho estava indo por agua abaixo, faltava no serviço, entregava as fotos depois do prazo, minha vida havia se tornado um inferno que eu mesmo criei. Nunca havia me tornado tão obsessivo por alguém como havia me tornado por Lim, era algo estranho que eu jamais havia sentido e por isso não sabia como controlar.

Quando ainda era apenas um estagiário eu o apresentei a Wonho que sempre julguei ser um bom amigo, mas a grande surpresa veio quatro anos depois que IM havia decidido ficar em Hong Kong. Faziam algumas semanas que o mesmo havia voltado para Seoul, e eu já não trabalhava a um bom tempo no jornal, agora era sócio proprietário de uma empresa de fotografia especializada em casamentos. Eu e Minhyuk havíamos investido tempo e dinheiro naquele negócio e agora víamos o bom retorno, éramos uma das empresas mais procuradas para cobrir o dia tão importante dos casais.

- Joo? - Min chamou entrando em minha sala.

- Olá, entre.- Respondi o vendo sentar a minha frente.

- Temos um novo casamento, é homoafetivo…Meu tema predileto - O loiro comentou me fazendo rir e concordar.

- Deixe-me ver.- Pedi o convite que tinha em suas mãos.

Naquele momento tudo que eu queria era morrer, desejava nunca ter pedido o convite para o outro. O envelope de cor creme e letras douradas trazia o nome dos noivos… Shin Hoseok & Lim Changkyun, fiquei observando aquele pedaço  de papel, me perguntando quando foi que eu perdi aquela informação, quero dizer, já sabia que ele era noivo de alguém. Mas sempre tão discreto nunca postou nenhuma foto do rosto de ambos juntos, sempre fotos de mãos unidas, de abraços ou pernas em meio a lençóis. 

Balancei a cabeça voltando a atenção para meu sócio que parecia não ter percebido nada já que estava focado em seu celular, respirei fundo e sorri avisando que aceitaríamos. Avisei que eu seria o fotografo dessa vez como presente para os noivos, mas que seria surpresa por tanto em nenhuma reunião que Min fizesse com os noivos poderia contar a tal noticia.

23 de outubro 

Nunca demorou tanto para chegar aquela data, era uma tarde fresca e o vento era gostoso. Meu coração palpitava com uma velocidade fora do comum, minha câmera estava pronta e toda minha equipe já estava na igreja onde aconteceria o casamento, montavam os pontos principais que seriam usado para filmar a cerimonia e eu no momento me encontro sentado dentro do carro tentando não ser medroso e não chorar quando o visse se casar com o outro.

Respirei fundo vendo que alguns convidados já chegavam, peguei minha mochila e deixei meu carro no estacionamento, caminhava determinado até a igreja, cumprimentei minha equipe e tratei de colocar logo a melhor lente para capturar não aquele momento, mas a beleza exótica que Chang tinha. Eu evitava ao máximo encontrar com Wonho, por isso decidi que ficaria fora da igreja ate que Chang entrasse, assim poderia tirar fotos sem ser percebido e acabar com aquilo o mais rápido possível. 

Observei discretamente pela porta do local, todos os convidados estavam sentados, os padrinhos no altar ao lado do noivo que agora tinha seus cabelos pintados de loiro, o padre parecia animado e abria a bíblia. Mordo meu lábio tentando controlar qualquer sentimento enquanto verifico mais uma vez o equipamento, fecho os olhos por um momento sentindo um cheiro doce tomar conta do local.

- Lee….Jooheon?