História EAGLE BOYS: Life of the Party - Prazer em conhecê-lo, Nick.

– Prazer em conhecê-lo, Nick.

Nick deu um sorriso descontraído.

– Eu escuto muito isso por aqui.

Passou pela porta depois de apertar a mão de Shawn, e continuou andando por onde veio acompanhado por Dita. Ambos cruzaram o portal que dava acesso ao grande salão do bar, procurando espaço próximo à escada que ele notou antes.

– Então...

– Shawn.

– Shawn. – Parou por um breve momento enquanto analisava o garoto. – Essa aqui é sua área de atuação junto com os calouros. Dita já deve ter informado o funcionamento da casa, certo?

– Por alto.

– Deve ser suficiente. No mais, qualquer dúvida que você tenha reporte diretamente para mim. Tudo que acontecer de diferente do seu trabalho de carregar bandejas, me procure. E não aceite nada, eu disse, nada, de nenhum dos clientes. Se precisarem de algum garoto, você deve apresentar as informações do tablet.

– Precisar deles em que sentido?

Nick fez uma pausa, quase incrédulo com aquela pergunta. Sacudiu a cabeça para deixar os pensamentos pra lá, e voltou a caminhar.

– Esse é acesso para o Meeting. Você só sobe essas escadas se for solicitado por mim, ou pela Dita. – Parou três degraus acima de onde Shawn estava e voltou a olhar diretamente para ele. – São regras simples que você, calouro, deve seguir para ter seu dinheiro sem descontos no fim da semana. Descumpra uma delas, e perderá algumas libras, ou até mesmo essa vaga.

Voltou a subir chegando ao segundo lugar do ambiente. Nick andava a frente como um general que inspeciona tropas, parando aqui e ali para pedir que algum outro garoto fizesse algo ou refizesse um arranjo de cadeiras. Por cerca de 10 minutos esqueceu a presença de Shawn, e continuou mandando em outros que não acertavam a altura dos quadros dentro de uma das pomposas salas do segundo andar.

– Nossos melhores clientes ficam nessas três salas – E apontou para os espaços quase idênticos próximos ao parapeito que servia como área VIP do local. Tinha uma vista excelente de todo o ambiente, além do palco, e ainda possuía bar próprio – sem contar pequenas salas que estavam dispostas por trás das áreas comuns. Ao todo, quase 100 pessoas preenchiam aquele espaço com folga. – Vamos.

Desceram outra vez e retornaram para o primeiro andar.

– O que lhe trouxe a esse lugar? – Nick já tirava um cigarro antes mesmo de atravessar a porta no final do corredor que dava acesso à rua de trás do Eagles.

– Dinheiro, principalmente. – Shawn respondeu direto, mesmo que ainda tímido com a presença forte de Nick.

– Essa é a resposta base da maioria das pessoas que pisa nesse lugar.

– Você está aqui há muito tempo, Nick? – Shawn sentou na escada recusando com um aceno de cabeça o cigarro oferecido por ele.

– Tempo suficiente... Mas nada que foda completamente minha cabeça.

Era uma resposta sem contexto, mas Shawn percebeu que não deveria entrar naquela parte da história.

– Eu pretendo ficar aqui por pouco tempo, até conseguir encontrar alguém que possa me ouvir.

Nick riu.

– Outro cantor? Deus, quantos mais de vocês vão aparecer por aqui?

Shawn tentou levar numa boa aquele desabafo.

– Cada um com a esperança que lhe cabe.

– É, até essa maldita cidade e este lugar esmagarem com seus sonhos, como uma pedra esmaga uma formiga indefesa. É quase cruel. – Havia grande ressentimento no discurso de Nick, que quase era audível por trás da expressão fria.

– Ninguém disse que seria fácil.

– Não mesmo, cara... Não mesmo.

Um longo silêncio ficou entre eles. Nick olhou seu relógio.

– Acho que devo lhe mostrar o vestiário. Você entra no intervalo das 22h em diante, assim que alguém sair para uma tarefa. Você o cobre. Vamos procurar algo para comer e depois lhe mostrar onde se vestir.

xx

Havia um falatório alto que suprimia o som alto das batidas da música eletrônica que ricocheteavam as paredes. Ao todo, ali naquele vestiário, dez rapazes se preparavam para entrar em cena – servir mesas. Shawn arrumava sua gravata borboleta em frente ao espelho, mas ainda não conseguir definir o nó. O uniforme, ao qual Nick se referiu da outra vez, era apenas uma calça social bem colada, cinto, sapatos e uma gravata. A parte superior de seu corpo estava desnuda. Sentiu grande desconforto com aquilo, além do frio que deixava seu mamilo ouriçado.

– Uh, eles vão adorar você.

Uma voz surgiu as suas costas, e pelo espelho ele discerniu a imagem de um jovem ruivo que estava parado logo atrás. Cabelos desgrenhados, o rosto respingado de pequenas sardas que o deixavam com um ar divertido.

– Quer ajuda com a gravata?

– Por favor.

– Elas são bem complicadas. Oh, cuidado com isso aí pra não me furar. – E gargalhou.

– Está muito frio aqui e não consigo ficar sem camisa.

– Ah, mas você tem um ótimo peitoral. – O garoto se afastou para poder observar outra vez, depois retornou para o nó. Shawn continuava olhando pra cima enquanto ele trabalhava em seu pescoço.

– Não se preocupe, no início pode parecer ruim, mas você acaba se acostumando. – A voz do outro era gentil e acolhedora. Shawn quase sentiu sua contagiante alegria, enquanto recebia tapinhas nas costas enquanto se direcionava para o salão. – Boa sorte. – Disse o ruivo antes de se virar para frente e adentrar ao grande salão.

Não demorou até que a cortina fosse aberta mais uma vez, introduzindo o desconfiado Shawn no meio da balburdia que se instalava no lugar.