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História Ei! Tem alguém aí? - A casa


Escrita por: doyun

Notas do Autor


o que acharam da nayeon? um docinho?

pois vai vendo....

Capítulo 3 - A casa


Fanfic / Fanfiction Ei! Tem alguém aí? - A casa


               Ouvi o telefone tocando lá dentro. Nayeon também ouviu, pois de repente começou a sacudir a cabeça, tentando tirar alguma coisa de dentro do ouvido.

               "Tem um barulho horrível no meu ouvido!", exclamou, em pânico.

               Eu ri: "É o telefone, só isso!".

               Mas essa resposta a deixou ainda mais assustada.

               "E é perigoso quando um telefone entra no ouvido da gente?"

                "Mas ele não está dentro do seu ouvido!"

                Lembrei que tinha que ir correndo para casa atender. Nayeon veio atrás de mim, trotando num passinho curto.

                Era o papai:

                "Estamos aqui no hospital."

                "Sei..."

                "E você, como vão as coisas por aí?"

                "Tudo bem."

                Assim que falei isso, Nayeon entrou feito um furacão na cozinha. Pegou a cadeira vermelha e foi subindo no balcão.

                "Jihyo já deve estar chegando", disse papai.

                Nayeon abriu as duas portas do armário, bem abertas.

                "Você está chateada de ficar sozinha, filha?"

                Nesse momento um grande saco de farinha caiu do armário em cima da pia.

                "Não, não, nem um pouco!"

             Fiquei vendo Nayeon criar uma tempestade de neve na cozinha, mas não podia falar nada para o papai. Não podia simplesmente dizer que estava com uma visita vinda do espaço!

                "O que você está fazendo?", papai perguntou.

                Nesse momento Nayeon começou a espirrar - espirrar e rir ao mesmo tempo.

                "Nada", falei. "Mas agora preciso desligar!"

                Fui correndo até a cozinha. Primeiro peguei Nayeon pela cintura e a coloquei no chão.

                "O que você está fazendo?", perguntei.

                Nayeon se limitou a olhar para mim e rir. Falei então com uma voz mais severa:

                "Nunca mais faça isso!"

                Nayeon começou a chorar. Berrava e se esgoelava tão alto que tapei os ouvidos para não ficar com dor de cabeça. Ela estava longe de se acalmar, pelo jeito, e eu não podia ficar tapando os ouvidos até a tia Jihyo chegar. Tinha que pensar em alguma coisa para fazer parar aquele berreiro.

                Primeiro abanei os braços e tentei fazer umas caretas engraçadas. Como não funcionou, tentei uma dança de índio pela cozinha. Daí fiquei numa perna só e fiz um cocoricó de galo, dando uns pulinhos na frente dela. Mas nada adiantava. Nayeon só gritava cada vez mais alto, e cada nova palhaçada que eu fazia só servia para eu me sentir cada vez mais boba.

                Os gritos de Nayeon eram tão pavorosos que por fim peguei um punhado de farinha do saco e joguei para o alto. Achei que talvez ela estivesse chorando porque eu não a deixei brincar com a farinha. Mas nem assim ela parou. Daí tive uma brilhante ideia!

                Sentei ao lado dela e comecei a lhe fazer cafunés na nuca. Ela não demorou a se acalmar, e logo parou de chorar completamente. Aí parei de fazer cafuné - mas foi um erro fatal, pois ela começou a chorar outra vez. Primeiro baixinho, depois aos gritos, e cada vez mais agudos. Voltei então a lhe fazer cafuné e também uns carinhos no rosto.

             Finalmente a cozinha ficou em silêncio. Mesmo assim continuei alisando o rosto de Nayeon por longo tempo. Depois dei uma paradinha e disse algumas palavras suaves para acalmá-la. Daí continuei os carinhos. Aos poucos fui fazendo intervalos cada vez maiores até que me arrisquei a parar de vez.

                Tratei de varrer a farinha espalhada pelo chão, e despejei tudo dentro da pia. Sentei ao lado de Nayeon e falei:

                "Neste planeta é proibido desperdiçar comida."

            Tentei dizer isso de uma maneira gentil e amigável, para ela não começar a chorar de novo. Mas ela ainda estava um pouquinho sentida. Olhou para mim com um olhar magoado e falou:

                "Isso tudo é só um sonho, então pode tudo!"

                 Eu não gostava nem um pouco dessa conversa de que tudo era um sonho. Falei:

                 "Você não pode estar sonhando comigo, porque estou muito bem acordada. E além, eu realmente moro aqui!"

                 Lembro perfeitamente de sua resposta:

                 "Mas eu não moro! Portanto, quem deve estar sonhando sou eu."

                  Eu não conseguia entender o sentido daquilo tudo. E fiquei ainda mais confusa quando ela disse:

                  "Tenho que voltar logo, antes de acordar. Senão, jamais vou conseguir encontrar o caminho de volta para casa!"

               Nayeon não teve chance de dizer mais nada, pois nesse momento a campainha tocou. Nayeon abanou a cabeça, outra vez tentando tirar alguma coisa de dentro dos ouvidos.

                  "O telefone!", exclamou.

                  A tia Jihyo!, pensei.

                  E agora, o que eu ia fazer? Não podia simplesmente mandar a tia Jihyo entrar e lhe dizer que eu estava com uma visita do espaço sideral. Eu precisava esconder Nayeon!

                  Eu conhecia uma porção de esconderijos fantásticos pela casa toda, mas dessa vez não era um objeto que eu queria esconder. Tinha que esconder uma menina viva, que abria o berreiro assim que ficava contrariada!

                  E eu não podia nem dizer a ela que Nayeon era uma amiga que veio me visitar de repente. Sabe por quê, Tzuyu? É que havia algo em Nayeon que você ainda não sabe. Ela não era como eu e você. Os olhos e a boca mostravam claramente que ela não era daqui. E quando eu lhe fazia carinho do pescoço, também sentia que sua pele não era bem igual à minha ou à sua.

                  "É a titia!", gritei.

                  A campainha tocou de novo, dessa vez com mais insistência. Percebi que tínhamos que agira rápido. Perguntei:

                  "Vamos brincar de esconde-esconde?"

                  Acho que ela entendeu o que eu quis dizer. Se existe vida em outros planetas, com certeza deviam existir muitos esconderijos. E existindo esconderijos, alguém já devia ter descoberto como brincar de esconde-esconde. Lembro que naquele momento pensei que uma das primeiras coisas que se aprende em qualquer planeta é a brincar de esconde-esconde.

                  Peguei Nayeon pela mão e a levei até meu quarto. Enquanto subia a escada, ela olhava em torno, espantada, examinando a casa.

                  "Você pode se escoder aqui", falei. "Mas não pode fazer nenhum barulhinho!"

                  A campainha tocou pela terceira vez. Desci e abri a porta.

               Tive a sensação de que a tia Jihyo tinha caído da Lua - só que não era ela que eu havia tirado da macieira do jardim. Por um instante senti medo de que Nayeon estivesse vindo atrás de mim no corredor.

                  "Jeongyeon! Por que você está toda suja de branco? E por que não abriu a porta quando toquei?"

                  Ela não estava brava. Mas como tinha feito duas perguntas, me inclinei duas vezes.

                  "Por que você está se curvando desse jeito?"

                  Inclinei-me de novo e falei:

                  "Nesta casa nós sempre fazemos uma reverência quando alguém faz uma pergunta inteligente."

                   Tia Jihyo então passou direto por mim e foi seguindo pelo corredor até a cozinha. Chegando lá, fez mais uma pergunta:

                   "Jeongyeon, francamente! Mas o que você andou fazendo?"

                   A farinha! Eu não sabia o que dizer. Daí lembrei de algo que me ocorreu quando eu estava varrendo:

                   "Eu ia fazer panquecas."

                   Ela se abaixou e me deu um abraço forte:

                   "Imagine, você vai ganhar uma irmãzinha ou irmãozinho!"

                   "Irmã", falei. Nessas alturas eu tinha certeza absoluta.

                   Titia me levou até o banheiro, pegou uma escova e limpou a minha roupa de toda a farinha. Daí prometeu que ia fazer panquecas para o almoço. Eu tinha que agradecer a Nayeon por isso.

                   Eu ainda não tinha tomado café da manhã. Mas estava com tanto medo de que a titia subisse para o meu quarto enquanto eu ficava na cozinha, que não falei nada. Assim que ela sentou na poltrona da sala, subi a escada correndo e dizendo:

                   "Vou fazer umas coisas com o meu Lego!"

                   Nayeon nem tinha tentado se esconder. Estava na cama, lendo meu livro de dinossauros. Nem levantou os olhos quando entrei. Cochichei:

                   "Psiu!"

                   Mas ela não tirava os olhos do livro, com a minha lente na mão.

                   "Tem muitos animais assim por aqui?", perguntou, baixinho.

                   Sentei na cama ao lado dela e falei:

                   "Esses aí são dinossauros. Eram animais enormes que viviam aqui há milhões de anos. Daí aconteceu alguma coisa e todos eles morreram."

                   Nayeon abriu bem os olhos.

                   "Antes de poderem se desenvolver?"

                   Fiz que sim.

                   "Antes de se transformarem em seres humanos?", perguntou de novo.

                   Já naquela idade eu sabia bastante coisa sobre a história do nosso planeta. Mas essa pergunta me pareceu tão estranha que não sabia responder. Expliquei:

                   "Nessa época ainda não existiam seres humanos por aqui."

                   Nayeon pôs o livro no colo e perguntou:

                   "Então de onde você vem?"

                   Esqueci de fazer uma reverência para esta pergunta, e talvez por isso ela não tenha esperado a resposta. Apontou para as letras do livro.

                   "E o que são esses desenhinhos? São tão pequenos que até me dói a vista!"

            Precisei tapar a boca para não rir. Não tinha me esquecido da tia Jihyo sentada lã embaixo na sala, imaginando que eu estava brincando com meu lego.

                   "São letras", cochichei.

                   "Sei... E dá para você me explicar o que são essas misteriosas letras?"

                   Eu tinha aprendido a ler seis meses antes. Mas não é tão fácil explicar o que são letras para alguém que não sabe ler.

                   "Existem vinte e seis letras diferentes."

                   Ela me olhou.

                   "Quer dizer, desenhos, não é? Estou vendo que alguns são exatamente iguais."

                   "Nós chamamos de letras. Juntando-se várias, elas formam palavras. Isso se chama ler."

                   Ela me lançou um olhar intrigado.

                   Continuei: "As palavras deste livro contam sobre os dinossauros que viveram na Terra muito tempo atrás."

             Nayeon trouxe para bem juntos dos olhos o livro com todas aquelas letras. Ao mesmo tempo tentou segurar a grande lene de aumento sobre a página. Daí pôs de novo o livro no colo e falou:

                   "Não adianta! Não sei o que essas letras querem dizer!"

                   "Quer que eu leia para você?", perguntei.

                Nayeon pôs o livro no meu colo, e comecei a ler alto o início da história dos dinossauros. Enquanto lia, ia acompanhando as palavras com o dedo.

              "Durante mais de cento e cinquenta milhões de anos, os dinossauros dominaram a vida na Terra. Porém, há sessenta e cinco milhões de anos, houve uma mudança súbita que causou a morte de todos os dinossauros. Dali em diante, foram os mamíferos que..."

                   Ela interrompeu: "O que são mamíferos?".

                   "Gatos, vacas, carneiros, hipopótamos... Mamífero é um animal que dá à luz filhotes vivos."

                   Nayeon objetou: "Mas todos os filhotes são vivos!".

                   Eu já ia explicar que as aves e répteis botam ovos e os mamíferos mamam o leite da mãe, quando fomos de repente interrompidas pela voz da tia Jihyo, chamando lá de baixo:

                   "Jeongyeon? Está com fome?"

                   "Não, obrigada!", falei, embora não fosse bem verdade.

                   Quando ouvi os passos dela, já começando a subir a escada, gritei:

                   "Já vou! Estou descendo!"

                   Desci correndo e dei um encontrão em tia Jihyo na escada.

                   "Opa!"

                   Ela parou:

                   "Que foi?"

                   "Opa!", falei de novo. "Agora vou brincar lá fora!"

                 Eu ia descendo a escada, mas mesmo assim titia poderia cismar de dar uma olhada no meu quarto. Se fizesse isso, ia levar o maior choque de sua vida! Felizmente, ela ficou tão confusa com a trombada que deu meia-volta e também desceu a escada, atrás de mim.

                   Eu precisava arranjar uma coisa bem esperta para dizer antes de chegar até porta da frente, para poder tirar Nayeon de dentro de casa. Foi aí que reparei que o aspirador estava no meio da sala. Perguntei:

                   "Tia, você vai passar aspirador?"

                   "Vou. Tem farinha pela casa inteira."

                   "É mesmo? Puxa, que coisa! Bom, então acho melhor eu não atrapalhar."

                   Ela abanou a cabeça em desespero, ligou o aspirador na tomada e apertou o botão.

                   Subi correndo para o meu quarto.

                   Nayeon, sentada na cama, estava paralisada, tapando os ouvidos.

                   "É só os aspirador de pó!", falei. "Agora nós podemos sair, bem devagar."

                   Peguei a mão dela e fomos descendo a escada.

                   Era gostoso sentir a mãozinha dela aninhada na minha.

                 Quando chegamos na sala, vimos que tia Jihyo estava passando aspirador na cozinha. Felizmente, de costas para nós. Nayeon deu uma olhada rápida para ela e seguiu em frente. Acho que não estava com a menor vontade de ser apresentada.

              Quando chegamos ao jardim, ela deu mais alguns saltos de canguru. Brincou, riu e deu cambalhotas como se tivesse dormido durante cerca de cem anos e tivesse acabado de acordar.

                   Mas uma coisa não me saía da cabeça. A casa tinha uma porção de janelas que davam para o jardim, por isso não podíamos ficar ali. Mas eu tinha um plano...

 

 

 

 


 


Notas Finais


:)


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