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História Ele vai voltar? - Que se dane, está tudo bem.


Escrita por: yAnja

Notas do Autor


Eu posso escutar o cântico de “Aleluia”? Posso sim kkk!

Como começar isso daqui né? O que posso dizer é, não me apedrejem! *corre* .q Meio ano se passou, eu sei, talvez até um pouco mais, porém minha vida deu uma boa virada, várias coisas aconteceram, ainda estou na fase de resiliência com tanta coisa que aconteceu, dei uma travada brutal, mas eu juro que ainda quero terminar essa fic mesmo que demore.

Entendo que algumas pessoas possam ter desistido de ler, ou até mesmo nem entrem mais no social spirit, mas aqui estou eu. Voltei a pegar vontade de escrever novamente em pouquíssimo tempo, acho que até perdi o jeito com o shoujo, nos últimos dias estava muito na onda do slash, porque né, yaoi é vida (aquela carinha).

Enfim, esse capitulo vai ser uma ótima calmaria, espero apreciem a leitura, fiz com carinho, e perdoem a demora. :*

Capítulo 31 - Que se dane, está tudo bem.


Depois da noite anterior era claro que eu não conseguiria cair no sono tão facilmente, o que foi realmente o caso, se caí no sono antes das três da matina teria sido cedo até demais. O incrível fora que mesmo tendo apagado no meio da madrugada, ainda sim acordei antes mesmo do meu despertador tocar para o novo dia de aula. Ansiedade era a palavra correta para tudo isso.

Deveria estar preocupada quem sabe, mas ao mesmo tempo nem conseguia, era muita coisa para só uma noite. Kentin tinha se declarado para mim, e eu nem pensei duas vezes, retribuiria de qualquer forma. Depois de meses em seu aguardo, uma merda de garota com um capanga ajudando a me atormentar não era absolutamente nada. Que se dane. Meu coração não ligava, mesmo que meu cérebro apitasse como um alarme, avisando: N-ã-o f-a-ç-a i-s-s-o. Mas não importava, os sentimentos jogavam tudo aquilo janela à fora. Queria que tudo explodisse pelos ares, se fosse para estar com Kentin, estaria mesmo que fosse contra a vontade do mundo inteiro. Tinha decido totalmente de uma hora pra outra, sem remediar, sem ser prudente, mas sabia que era aquilo que sempre quis, o que lhe faltara só foi o empurrão que ganhara na noite anterior.

Não poderia deixar de agradecer à Castiel assim que chegasse para a aula, depois de todos esses meses me ajudando, me suportando, ele ainda ajudou a me encontrar com Kentin e ficar de escolta caso algo saísse errado. Me perguntava como fui acabar merecendo isso, logo dele, que era o cara mais grosseiro e antissocial possível com as pessoas, mas comigo não, por incrível que pareça. No meio de tanto caos e ruínas, arranjei um verdadeiro amigo, que gostaria que nunca saísse da minha vida. Rosalya, Alexy, Armin e Lysandre também eram próximos, mas ninguém além de Castiel e Kentin saberia de todo o bostaço que eu passei nos últimos tempos. E nem saberiam, os olhares, os malditos olhares de pena, eu não os queria, preferia que tudo ficasse como estava, e assim seria.

Sem demorar muito mais, me ajeitei naquela manhã, dessa vez diferente dos outros dias, passei uma base no rosto e um rímel nos cílios, sei bem, parecia uma menininha insegura por conta da noite passada, contudo, eu sabia que veria Kentin novamente quando chegasse à escola, - dessa vez ninguém ignoraria ninguém - e algo em mim quis que eu me ‘ajeitasse’ um pouquinho mais que normalmente, justamente para ele. Agora que tínhamos confessado os sentimentos um pelo outro, imaginava que os dias começariam a ser diferentes, e ainda tendo que tomar consciência de que algo ruim podia vir a acontecer, eu não sentia isso, pela primeira vez em muito tempo eu tinha uma sensação gostosa na boca do estômago, um pressentimento bom de que tudo estava definitivamente bem de novo. Era contagiante.

Estava animada, quase eufórica por assim dizer, ansiosa também, sem dúvidas. O garoto que eu gostava, gostava de mim também, tem algo melhor que isso? Com certeza não. Quase não dava pra acreditar ainda, mas sim, era verdade, a melhor verdade de todos os tempos.

Assim que cheguei ao colégio, não foi novidade alguma enxergar Castiel escorado ao lado do portão da escola com a mochila atirada em um dos ombros com a expressão de bicho ruim costumeira, enquanto tragava um cigarro, alheio a todos que passavam por si e entravam no local. Ele nunca perderia aquele ar de badboy que afastava as pessoas de perto dele, e isso era de certa forma bom, pois sei que ele nunca acabaria se tornando uma pessoa mesquinha um dia.

— Garota. — cumprimentou com um aceno rápido de cabeça, largando o toco do cigarro no chão e pisando em cima.

— Fumando cedo da manhã, Cassy? — arqueei uma sobrancelha, ajeitando meus cabelos atrás dos ombros. Ok, definitivamente eu não queria virar uma garotinha toda cheia de não me toques, mas estava ansiosa demais pensando em ver Kentin a qualquer instante assim que chegara ali.

— Bom dia pra você também. — franziu a testa, revirando os olhos. — Sabe que até pouquíssimo tempo atrás você andava pior que churrascaria em horário de almoço, não é? Parecia mesmo uma chaminé ambulante. — riu sem humor.

Começamos a adentrar a escola juntos. Aula de química se não me falhava a memória, maravilha, nada estragaria meu dia, nem mesmo a louca da professora Delanay com seu péssimo hábito de gritar repentinamente.

— Tomei um pouco de vergonha na cara, sacas. — cutuquei ele no braço com a ponta do meu cotovelo, toda cínica. — Coisa que algumas pessoas deviam fazer também. — larguei a indireta bem direta.

— Rá! — fingiu rir — Essa vergonha na cara tem nome né? Sei bem que o pivete já está começando a te converter. — balançou a cabeça, dessa vez bem humorado antes de largar a piadinha de mal gosto: — Traidora, está saindo do lado negro da força, volte logo antes que sua amarga sentença chegue.

— Tarde demais, não cairei nessa armadilha sombria novamente, seu rato imundo. — coloquei a mão no peito, interpretando como um herói de filme faria.

— Eu sou um Deus, criatura ridícula. — ricocheteou a referência do personagem Loki do filme Vingadores. Não pude evitar de soltar uma gargalhada enquanto subíamos as escadas para o segundo andar, em direção a sala de aula.

Era bom demais estar voltando a ser mais... Livre, digamos assim. Além de mim Castiel também parecia ter notado os sinais de que eu parecia mais falante, mesmo que não comentasse nada. Antes mesmo que chegarmos perto o suficiente da sala em que teria os primeiros períodos, um nervoso em mim começou a despertar. Droga, estava tão feliz antes imaginando em ver Kentin que agora quando estava a poucos metros de vê-lo, esquecera como a presença dele me fazia suar as mãos e o coração a pular o tanto quanto podia. Travei à um passo da porta. O que fazer, como falar com ele de novo? Nós tínhamos nos beijado caramba! Eu nunca passei por isso antes.

— E aí, empacou de vez? Tá ai se cagando de medo. — Castiel me deu um peteleco na bochecha, achando graça da minha súbita paralisia. — Sabe.. — parou olhando pro lado um pouco pensativo. — Não é como se ele fosse eu, não vai te devorar, do jeito molenga que ele é, capaz de estar mais borrado que você própria. — inflou as bochechas, trancando o riso.

— Engraçado, muito engraçado mesmo Cassy. — enruguei a testa, tentando não rir. De certa forma ele tinha razão, não dava para descordar. Tanto eu quanto Kentin éramos inexperientes, e conhecendo seu jeito tímido, provavelmente ele também deveria estar nervoso com todas as novidades. — Ok! — acenei positivamente com a cabeça, dando um único aplauso com as palmas das mãos, me auto encorajando — Vamos nessa! — abri uma longa passada, adentrando a sala com convicção.

Convicção que não demorou meio segundo, até enxergar Kentin no fundo da sala de aula, logo ao lado da classe em que eu costumava sentar. Perfeito, me caguei toda de vez. Olhei para Castiel, pedindo ajuda com os olhos.

— Nem me olha, você que quis arranjar um namoradinho, se vira garota. — resmungou baixo para que só eu ouvisse, indo se sentar ao lado de Lysandre, já que agora seu posto ao meu lado tinha sido devidamente roubado por Kentin. E eu gostava disso, da aproximação que o moreno fazia audaciosamente, mas com uma ingenuidade incrível.

Respirei fundo uma única lufava de ar e me pus a caminhar até minha classe, acenei para Nathaniel que estava logo na primeira classe de uma das filas, cumprimentei igualmente, com um pequeno sorriso nos lábios, tanto Alexy, Rosalya, Lysandre e Íris antes de chegar até minha mesa. Armin como sempre estava jogando e nem percebeu minha chegada com o ruivo, nada fora do comum. Sentei na cadeira tomando todo cuidado possível para não deixar que algo caísse ou que simplesmente eu tropeçasse na barra de ferro da mesa e caísse de cara no chão, do jeito em que me encontrava nervosa, não estava muito longe disso ser capaz de acontecer. Sabia muito bem como ser estabanada em momentos em que não deveria ser!

E agora?! Pensei, olhando Kentin logo ao lado. A bola na garganta já tinha aparecido e eu realmente não sabia como iniciar um diálogo.

— Oi Lilith. — sorriu agradavelmente, iniciando a conversa por si só enquanto apoiava ambos braços sobre sua mesa.

— Oi. — respondi, não conseguindo evitar esticar mais os lábios num sorriso meio bobo. Maravilha, só não babe Lily.

Por mais incrível que parecesse, não senti o estranho incomodo no peito por ter sido chamada pelo nome inteiro, ao invés do apelido, na voz de Kentin eu gostava, mesmo que detestasse ter o nome de algo considerado agourento em algumas religiões. No timbre de Kentin parecia algo bom, pois ele pronunciava de forma tão, mas tão tênue, delicada, que era quase apreciável vê-lo falando.

— Como passou a noite? — perguntou, parecendo realmente interessado. — Chegou bem em casa?

— Cheguei sim. — balancei a cabeça, afirmando. — Hm, bom, pra ser sincera eu quase não consegui dormir direito. — pressionei os lábios, dando de ombros, já esquecendo o porquê estava tão nervosa para falar com ele.

Sim, era o garoto que esperei por meses e agora estávamos, sei lá, cientes da paixão que tínhamos um pelo outro, mas ainda assim, era Kentin, o garoto que conhecia desde a infância e que me fazia sentir melhor que qualquer pessoa só por estar presente. Não tinha porque ficar me borrando toda para conversar.

— Ah, sério? Por quê? — questionou, inclinando a cabeça para o lado, curioso. Aquilo foi fofo demais, caralho, tive até que segurar o ar antes de poder responder à questão que me lançara:

— É, digamos que não consegui parar de pensar no que aconteceu ontem. — admiti, abaixando os olhos, um tanto envergonhada pelo embaraço de ter realmente dito a verdade.

Kentin tencionou os braços sobre a mesa, parecendo realmente não esperar uma resposta tão direta e sincera. Meu coração deu um salto, pude sentir quase bater contra a parede do meu corpo, logo em seguir sorriu-me, vi que ter verbalizado a verdade tinha sido a melhor opção afinal.

— Se eu te disser que também fiquei inquieto durante toda noite, você acredita? — arqueou as sobrancelhas inversamente, fazendo um pequeno beiço com os lábios.

Quase senti minha alma desprender do corpo no ato, tanto por causa da frase mais direta que a minha própria, quando por causa do seu semblante. Puta merda, estava apaixonada demais, se aquilo não era paixão eu não sabia o que era.

Minha boca não deixou de escancarar, totalmente atônica.

— Anh... Nossa, isso me pegou de surpresa. — disse por fim, piscando afoita.

Kentin riu de mim, achando engraçado meu pequeno constrangimento, mas eu podia ver suas bochechas levemente coradas, consequentemente as minhas também deviam estar, pois sentia o fervor sobre elas.

— Bom... Seria bom se acostumar com... Essas coisas. — apoiou o rosto na mão sobre a mesa, me visualizando cuidadosamente. — Acho que não tem problema, né?

Que tipo de pergunta era aquela? Tive que evitar o engasgo.

— Claro que não, pff. — bufei fazendo os lábios tremerem, abanando a mão como se afastasse a pergunta sem sentido do ar.

— Isso me deixa feliz. — confessou, encolhendo os olhos, realmente contente.

Meu coração vacilou novamente. Como ele conseguia me deixar assim, tão... Vulnerável?

A professora adentrou a sala, e no mesmo momento tivemos que encerrar a conversa como todo o resto da turma, ainda um pouco inquietos pela conversa que tínhamos, nos viramos para frente em direção ao quadro. Felizmente, não era aula prática e não precisaríamos usar jalecos e óculos para mexer em recipientes de formatos esquisitos e líquidos químicos. Maravilha, realmente era um bom dia, só podia ser.

E mesmo sendo um bom dia, a aula passou como uma lesma tentando cruzar a rua, se não fosse por Kentin ao meu lado, provavelmente teria dormido enquanto escutava sobre tema de química orgânica, Delanay falando sobre estruturas esqueléticas de hidrocarbonetos e suas infinitas nomenclaturas realmente bizarras. Minha cabeça explodiria fácil tentando entender como podia cada esqueleto daqueles ter um nome a cada parte, somente pelo jeito e numeração de traços do desenho? Era coisa de louco. De vez enquanto espiava com o canto do olho Kentin, ele parecia tão perdido quanto eu tentando fazer os exercícios, e como sempre, eu comprimia os lábios, sorrindo levemente, e idiotamente pensava que ele ficava lindo com aquela expressão confusa na face.

É, estava realmente caída por ele, como um patinho sem mãe, nenhuma novidade, porém agora não precisava ficar me segurando para demonstrar. Fi-nal-men-te! Sangue de Jesus tem poder.

***

Assim que o sinal tocou para o fim dos primeiros três períodos noticiando o horário de intervalo do meio da manhã, nada foi mais aliviante, não aguentava mais nem dez minutos daquela ladainha toda, sem contar que a professora parecia mais chata do que os outros dias, pegando no pé de qualquer um que respirasse alto demais. Ok, talvez eu esteja exagerando um tanto, mas foi quase isso.

Além do mais, não aguentava muito menos as viradas rápidas de Alexy e Rosalya para trás na minha direção e na de Kentin. Eles tinham notado que voltamos a conversar, e lançavam olhares rápidos como se perguntassem “O que a gente perdeu?”, “Você não vai escapar de nós hoje”, entre outras coisas que só amigos conseguem entender com troca de olhares.

Não foi de surpreender ver os dois parados na minha frente antes mesmo de eu ter me colocado em pé.

— Ai ai... — suspirei, já revirando os olhos e esperando o bombardeio de perguntas de ambos.

— Ai ai nada, Lily. — Rosalya cruzou os braços, levantando as sobrancelhas, quase as deixando sumir atrás da franja platinada. — Pode abrir o bico.

— Os dois! — Alexy completou a frase da garota, cruzando os braços igualmente.

Virei meus orbes para Kentin, quase pedindo socorro.

— O que vocês querem saber? — perguntou o moreno, de forma séria, imitou o gesto dos dois.

Cruzei os braços também, tentando me fazer de durona, senão só ficaria eu de fora da cena. Mas... Qual é Kentin, era para nos livrar dessa, e não liberar eles pra fazerem um questionário!

— É óbvio né, vocês estavam praticamente se odiando ontem mesmo, e agora estavam aí, todos sorrisos! — persistiu Alexy, sem se abalar. Maldito intrometido curioso. Ele e Rosalya não tinham limites.

— Isso aí, bem dito Lexy. — Rosa pôs pilha, ajudando o azulado.

Ô maravilha, ótimo mesmo. E agora, o que eu digo? Que eu e Kentin nos encontramos, nos declaramos como dois pombinhos e nos beijamos a luz da lua? Pensando bem... Foi exatamente isso! Caramba viu. Por sorte Kentin era mais perspicaz do que eu:

— Primeiramente a gente nunca se odiou, só tivemos um mal entendido e agora resolvemos. — explicou, sem detalhes sórdidos. Bingo, na mosca Kentin! — Satisfeitos? — arqueou uma das sobrancelhas, esperando que os fizessem calar a boca.

Sinceramente, não sei se ia me acostumar tão rápido com aquele novo Kentin, estava muito mais maduro e decidido... E eu amava aquilo, de verdade, mesmo que não fosse esperado comparado ao seu antigo “eu”.

— Hm... Então quer dizer... — Alexy começou o raciocínio, lentamente, como sempre, um completava a frase do outro, e não foi outra, Rosa já finalizou o pensamento, boquiaberta:

— ... Que vocês se encontraram fora da escola! — pôs as mãos contra as bochechas, pelo brilho dos olhos vi que ela já ia começar a dar pulinhos.

— O. M. G.! — Alexy olhou pra ela, e o sorriso malicioso dos dois cresceram o triplo, ou deveria dizer o quíntuplo de tamanho? Decadência total.

— Ócios do ofício. — resmunguei e Kentin sorriu pra mim, se divertindo da situação, mandei língua pra ele fazendo cara feia, o que só o fez ampliar mais ainda o sorriso, de fato, me senti feliz com a situação. Era satisfador.

— Viu só isso, Lexy? — Rosa deu um tapa no braço do azulado, insinuando algo.

— Como não ver? — riu, levantando e abaixando o cenho repetidas vezes, malicioso.

Mereço mesmo, viu?!

— Vocês podem parar de tagarelar como se nós dois não estivéssemos aqui ouvindo? — perguntei impaciente, apertando os braços com mais força contra o peito, no fundo estava muito contente com tudo aquilo, mas não podia vacilar com um sorriso, senão as perguntas só tenderiam a piorar.

— Ok, ok. — o gêmeo levantou as mãos, se rendendo. — Só nos diga mais uma coisa, vocês estão juntos?

Gelei no ato, virando os olhos para Kentin, seus orbes verdes se encontraram com os meus, ambos se questionando internamente o que responder. Não tínhamos começado a namorar nem nada, não tivemos nem tempo de começar algo direito, só tínhamos nos beijado, nada ainda tinha sido esclarecido direito, sem contar que era cedo demais para sair espalhando que estávamos juntos, muitas coisas tinham que ser postas à mesa ainda.

— O. M. G! — foi a vez de Rosalya a exclamar. — Essa troca de olhares foi um sim né? — perguntou quase gritando, por sorte não tinha mais ninguém na sala, já que tinham ido aproveitar o intervalo, coisa que eu queria estar fazendo, mas pelo visto hoje não ia dar.

— Tá, esperem aí! — Kentin fez menção para que eles parassem com o rebuliço. — Abaixem a voz, estava de boa até então, mas não comecem a chamar a atenção. — ordenou, fazendo carão, até eu me silenciei exasperada — Eu e Lilith... — voltou a direcionar as esferas esmeraldas na minha direção, meu coração vacilou pela quinquagésima vez naquele dia — Nós estamos... Nos enrolando por enquanto. — acenei de acordo, olhando meus amigos meio sem jeito — Não estamos assumindo nada... ainda. — acentuou com convicção a última palavra, não teve como flutuar com aquelas palavras, ele parecia estar levando tudo a sério, o que era acolhedor demais. Alexy e Rosa seguraram o grito de animação por conta do olhar sério que Kentin ainda os lançava. — Temos muitas coisas para conversar ainda, então...

— Fiquem caladinhos sobre isso. — terminei a frase dele, nos entreolhamos novamente, era exatamente isso que ele queria dizer.

— Tá bem, tá. — Alexy fez careta, balançando as mãos — Estou vendo que querem nos deixar de fora desse romancezinho barato de vocês, mas... Saibam que não vamos desistir, rum. — se virou de costas, pescando o braço de Rosa junto com ele — Vamos Rosa, somos intrusos aqui. — fingiu mágoa.

— Não se preocupe Lily, o segredo de vocês está salvo com a gente. — assegurou-me a garota, compreensível e sorridente — E claro, não se enrolem muito para assumir. — avisou antes de se deixar levar por Alexy que ainda fingia estar sentido, os dois zarparam em seguida sala à fora.

— É... Parece que perdemos todo o intervalo. — comentou Kentin, encostando-se na classe, pondo ambos braços para trás, os apoiando sobre a mesa.

— Aqueles dois, não tem jeito. — balancei a cabeça, desaprovando — Mas... São legais, além de tudo. Gosto muito deles. — sorri torto.

— Você parece ter feito bons amigos durante todo esse tempo. — analisou, bem humorado.

— Sim, posso contar sempre com eles, principalmente com Castiel, foi o que mais me... Ajudou durante todo esse... Tempo. — engoli em seco. Aquele assunto sempre acabava vindo à tona, um verdadeiro agouro na minha vida.

— Imagino. — franziu o cenho, pensativo. — Olha, eu ainda não vou com a cara dele, mas até que ele presta pra algo, depois de ontem e tal. — revirou os olhos, dando de ombros. Como ele conseguia fazer um assunto tão tenso se dissolver em uma única frase? Kentin era simplesmente incrível.

— Há, engraçadinho. — chutei a canela dele carinhosamente com a ponta do pé, nos fazendo rir. — As orelhas dele devem ter ficado quentes depois disso até. — do jeito que Castiel era, podia ser bem capaz mesmo, parecia que ele sempre sabia quando alguém estava fofocando sobre ele. Sinistro.

— Mas é verdade! — se protegeu do que eu havia dito enquanto arregalava um pouco dos olhos esverdeados.

Então ficamos apenas sorrindo um pro outro, parecendo dois bobos. Em que mundo eu imaginaria que seria possível acontecer isso depois de tanta coisa? Era quase surreal demais pra mim, mas tinha que aceitar, as coisas pareciam estar entrando nos conformes, mesmo que com muitas pontas ainda soltas.

— Acho que o sinal do final do intervalo já vai tocar. — o moreno quebrou o curto momento de silêncio, olhando em direção a entrada da sala.

— É. — concordei com pesar.

— Hm, será que... — hesitou por um momento, dando mais uma olhadela para a entrada do local, parecendo cogitar algo em pensamentos — Será que eu posso te dar um beijo antes que todo mundo volte? — questionou inofensivamente, agora me fitando seriamente.

Sinceramente, a pergunta tão direta me pegou desprevenida. É, talvez eu realmente teria que me adaptar as surpresas repentinas, como ele próprio havia falado no início da manhã.

— Pode... — balbuciei com dificuldade, ainda meio embasbacada, senti como se a fauna planetária inteira estivesse passeando por meu estômago.

Kentin se aproximou, dando fim na distância que tinha entre minha classe e a dele, sua mão subiu devagar até alcançar minha nuca, por debaixo dos cabelos soltos, sem tardar muito, aproximou nossas faces pressionando com cuidando nossos lábios um no outro sutilmente.

Um comichão gostoso passou por meus braços que no momento seguravam os dele cuidadosamente, evitando ser afobada demais.

Sem muita pressa, entreabrimos os lábios podendo sentir com destreza o gosto um do outro, Kentin tinha um beijo quente, seus lábios eram extremamente macios e levemente úmidos, causando-me um suspiro fascinado, o sorriso dele contra minha boca em resposta veio logo em seguida. Seus dedos ainda engrenhados entre minhas madeixas escuras se moveram gentilmente num ato carinhoso, tão agradável e acolhedor que nem conseguiria achar palavras melhores para descrever.

Ainda era estranho ter tantas sensações boas, mas não podia reclamar. De maneira alguma. Gostaria de cada vez ter mais sensações gostosas como aquela se possível.

Para minha infelicidade, logo o sinal noticiando o final do intervalo soou, nos forçando a se afastar, mas sem tanta pressa, ainda demoraria um pouco para alguém chegar ali, nos encaramos um pouco antes de retornarmos aos lugares de antes.

— Sinto como se eu pudesse fazer isso pra sempre. — confessou enrubescendo um pouco.

Ficar surpresa novamente quase nem me surpreendia mais, mesmo estando surpresa, novamente. Ok, isso quase não fez sentido algum, mas... Era exatamente isso.

— Sinto o mesmo. — respondi verdadeiramente, um tanto quanto tonta pelo beijo profundo e calmo que havíamos trocado. Com as surpresas eu poderia lidar, mas ser beijada por ele, ah, isso sempre me deixaria com o coração retumbando forte dentro de mim.

Logo começou a chegar pessoas ali, fazendo-nos cortar o assunto completamente, mesmo que continuássemos trocando alguns sorrisos. Como eu disse, nada podia estragar meu dia, meu pressentimento estava mais do que certo, uma vez na vida ao menos.

— Ei. — chamou baixinho. Agora já estávamos sentados aguardando que a aula se reiniciasse e quase todas as pessoas já tinham retornado para sala.

— Sim? — o olhei de soslaio, com o mesmo tom baixo na voz.

— Almoça comigo hoje? Eu trouxe biscoito... De chocolate. — terminou a frase todo sorrisos.

— Biscoito é? — ri quase inaudível, de bom humor — Almoço sim. — aceitei a oferta de bom grado, mesmo que aquilo não fosse bem um “almoço”, estaria mais para lanche, mas pra mim tanto fazia, só queria passar mais tempo ao lado dele. Recuperar o tempo perdido.

Ah, os bons e velhos tempos. Me senti infinitamente satisfeita em saber que ele ainda tinha traços do antigo Kentin, aparentemente, biscoitos de chocolate ainda eram um assunto muito sério para o tal.

***

Assim como combinados, saímos juntos no horário de almoço, e além de irmos até a cantina decidimos ir até o pátio da escola, assim como antigamente fazíamos. Mantínhamos uma certa distância um do outro, claro, chamar atenção dos fofoqueiros pra gente estava fora de cogitação naquele momento, só queríamos aproveitar a companhia um do outro. Alexy e Rosalya não nos “importunaram” novamente, pareciam querer nos deixar sozinhos, já que perceberam que recém estávamos iniciando algo. Teria que agradecer mais tarde, para ambos fazerem isso, realmente era uma façanha e tanto, já que eram extremamente curiosos e agitados. Castiel sumira desde o intervalo, provavelmente foi cabular aula e nem avisara nada, puxaria os cabelos dele quando o visse de novo, só para me cobrar mesmo.

Kentin e eu passamos um bom momento juntos durante o nosso lanche-quase-almoço. Conversamos aleatoriedades enquanto comíamos, como que tipo de música cada um escutava agora – eu com o bom e velho rock, entre Alice in Chains à Metallica e ele com músicas um pouco mais leves, como Imagine Dragons e Arctic Monkeys, como o próprio contara. Anotei os nomes mentalmente para pesquisar mais tarde – ou até mesmo falamos sobre o quanto de peso, altura e músculos ele tinha ganhado na escola militar para ter ficado naquele tamanho todo, comparado ao garoto magro e anteriormente mais baixo que eu. Treze quilos a mais, impressionantes vinte e dois centímetros adicionados verticalmente, claro, tudo com muito treino, sangue e suor, porém ele contava tudo com tanto orgulho que nem tinha como a conversa ficar melancólica, era fascinante ouvi-lo. Me sentia como uma garota de seis anos escutando os pais contando histórias sobre princesas antes de dormir.

No final da tarde, saímos da sala juntos, – aparentemente ninguém se importou ou reparou nada – Kentin havia se oferecido para me acompanhar até em casa, com intenção de fazer mais algo como antes de todas as reviravoltas, e por precaução também, é claro, nada ainda estava completamente certo, qualquer coisa ruim podia vir a acontecer comigo, mas que se dane, estava tudo bem, sentia isso em minhas veias. Tinha certeza.

— Então, uh, é aqui que nos despedimos. — o moreno virou-se para mim, já em frente à minha casa.

— Sim, nós vemos na segunda? — perguntei sem mais nem menos, sem forçar muito na entonação para não parecer grudenta demais, apesar de eu querer demais ficar grudada que nem carrapato nele. Quem eu queria enganar? A mim mesma que não.

— Na verdade não. — respondeu-me, o semblante meio sério.

Tive que me conter para não murchar minha expressão em desapontamento no ato, contudo, antes mesmo de eu verbalizar “Por quê?” ele já continuara a falar:

— Na verdade... — repetiu as palavras, comprimindo os lábios rapidamente antes de prosseguir — Queria saber se você não quer ir até minha casa no final de semana? Quer dizer, sábado, amanhã. — atrapalhou-se um pouco, sorrindo sem jeito.

Ok, essa foi a maior surpresa do dia. BA-DUM! Meu cérebro quase parou.

— Quer dizer, meus pais vão viajar para alguns parentes amanhã e eu vou ficar sozinho durante todo o dia, então, sei lá, eu pensei em assistirmos um filme ou algo do tipo. — explicou pacientemente, mas ainda assim demonstrando certo nervosismo, pois seus globos oculares iam de um lado pro outro sem conseguir me fitar diretamente.

Ok, ok, ok. Sabe quando eu disse a menos de cinco segundos que tinha sido a maior surpresa do dia? Bom, me enganei, agora certamente tinha sido a maior. Ele estava me convidando para ir até a casa dele, ficar a sós?

Filme. Eu. Ele. Nós. Casa vazia. No que eu podia pensar?

Meus olhos se arregalaram, e KA-BUM! Explodiu! Agora realmente eu tinha bugado de uma vez por todas. Laguei mentalmente assim como em um jogo online que trava quando a internet fica uma porcaria. Um daley completo.

— Êpa! — Kentin usou a expressão atônica quando viu o que possivelmente eu tinha pensado. Sim, eu realmente pensei naquilo. — Não é nada disso, é só... — ele estava virando um pimentão de tanto embaraço — Ah, vou entender se você não quiser, foi bobagem minha. — passou a mão pelo rosto, respirando fundo, tentando se acalmar da vergonha que sentia.

No impulso, acabei soltando uma única gargalhada alta, fazendo finalmente ele conseguir me fitar, confuso com minha ação.

— Acho fofo essa sua... Ingenuidade. — ri de novo.

O moreno corou violentamente outra vez, arregalando um pouco as orbes.

— Não tem graça, bobona. — virou o rosto pro lado, fazendo um pequeno beiço com os lábios, mas sem deixar de sorrir também.

— Eu aceito. — confirmei.

— O quê? — sua face voltou rápida em minha direção.

— Ir te ver, e tal. — sorri um pouco mais.

Que mal tinha? Sabia que Kentin tinha sempre as melhores intensões. Eu também, claro, rs.

— Sério? — perguntou incerto, mas alargando os lábios.

— Sério! — ri, afirmando.

— Nossa! — riu, ainda meio agitado — Combinado então. Hm... às quatorze horas amanhã, pode ser?

— Pode sim. — concordei.

— Você quer que eu venha te buscar ou...? — fazia gestos com as mãos, alvoroçado, sem saber como proceder.

— Não se preocupe com isso, ainda lembro bem o caminho. — o tranquilizei, tentando parecer o mais equilibrada possível, o que estava sendo difícil pra caramba.

— Está bem. — balançou o pescoço inquieto. — Até amanhã então? — levantou as sobrancelhas, um tanto afoito.

— Até. — ri de novo, a inocência e nervosismo dele eram cativantes demais.

Diferente do que aconteceu pela manhã, Kentin não pediu permissão para se aproximar e depositar um selinho longo em meus lábios, um frio gostoso passou pela boca do meu estômago quando senti o contato espontâneo vindo dele. Podia flutuar até as nuvens só com aquilo.

Após se afastar, um pouco relutante, verbalizou contente.

— Te esperarei então. — aproveitou a proximidade para roubar um selinho rápido e estalado.

Eu nem ao menos conseguia esconder meu contentamento, devia estar sorrindo tanto que possivelmente ele poderia contar se eu tinha a quantidade certa de dentes na boca. Exagerado, eu sei, mas era só a verdade nua e crua.

Kentin se virou na direção oposta a mim, retirando-se faceiro. Ainda meio atrasada, demorei a adentrar minha casa, feliz da vida. Sentia vontade de gritar, pular, saltitar, dançar, sei lá, tudo de uma vez só. Parecia uma criança no dia das crianças recebendo um trilhão de presentes. Por algum motivo, ainda suspeitava que o dia seguinte seria ainda melhor.


Notas Finais


E aí, 5 mil palavrinhas pra recompensar o atraso grotesco.
E nossa, nem acredito que demorei maior tempão e escrevi tudo isso em um único dia. *corre dnv*
Não
Me
Matem
Sério
Kkk

Então, acredito que teve muuuito Kentin nesse capitulo, pra matar a saudade e claro o Castiel nao podia faltar, amore da minha laifi temq smp aparecer (irônico eu ser Castiete e escrever fanfic para Kentinetes, uh?) Mas a historia já foi toda elaborada mentalmente, e claro, só o Kentin se encaixaria bem, por causa desse lance de ir embora, voltar, etc etc.
Enfim, to enrolando demais. Kk
Abraço e até a próxima!
* joga bomba de gás ninja e desaparece. *
Ba dum tss.. ;x .q ♡


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