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História Ele vai voltar? - Cheiro de Sangue.


Escrita por: yAnja

Notas do Autor


Tenho nada para falar aqui em cima além de que fiquei me segurando a semana toda para não postar o capítulo e mesmo assim postei antes do que pretendia kkk

Go go go!

Capítulo 33 - Cheiro de Sangue.


15h20min. – Uma semana depois.


Esfreguei ambas mãos na minha camisa tentando secá-la. Um ótimo sábado eu diria, se eu estivesse fazendo outra coisa, o que não era o caso. Mas não importava, andava feliz demais. Ultimamente nada tirava meu bom humor.

O celular vibrou dentro do bolso traseiro das minhas calças, terminei de secar as mãos e peguei o aparelho, visualizando a nova mensagem e como normalmente acontecia, não consegui evitar o sorriso idiota na cara:

Kentin: Então mocinha, altas limpezas por aí? xD haha! (15:21)

Além de se solidarizar por mim, ou me mandar boas vibrações, ele ria da minha cara. Ótimo.

Lilith: Fala isso porque não é contigo! Vou lembrar disso. (15:22)

Infelizmente, Agatha me deu um belo de um sermão após minha chegada no sábado passado. Tentei explicar que estive com Kentin durante o dia, e mesmo que ela parecesse levemente curiosa para saber mais, acabou só me dando um castigo de uma semana, e claro, todo santo dia ela deixava um bilhete em cima da mesa da cozinha com alguns afazeres domésticos para serem efetuados. Nada grandioso demais. Nem ao menos consegui ficar ‘bolada’, sabia que ela só estava tentando fazer o papel da minha mãe/pai, já que eles próprios não faziam.

Kentin: Ah! Sinto muito, não pude evitar. Eu adoraria poder estar aí te ajudando (: Mas pense pelo lado positivo, hoje é o último dia de empregada e prisioneira. ;p (15:23)

Lilith: Sim! Não que tenha afetado em algo, até porque a gente pôde se ver a semana inteira na escola mesmo! Hê :3’ (15:23)

Deixei de mencionar também os momentos em que combinávamos de sair no meio da aula – um saía primeiro e o outro uns minutos depois, para não dar muito na cara, claro. – só para ficar cabulando os períodos juntos, conversando, ou simplesmente para trocar alguns beijos rápidos às escondidas. Também passamos quase todos os intervalos da semana juntos em um cantinho separado do jardim, logo atrás da estufa – isso quando Rosalya ou Alexy não nos alugavam com aqueles mesmos papinhos enxeridos de sempre.

Kentin: Felizmente! Não ia aguentar ficar a semana inteira sem te ver. Chega de distância! (15:24)

Lilith: Isso! Nunca mais! rs u.u’ (15:25)

Kentin: Falta muito ainda? (15:25)

Lilith: Não, acabei de tirar o pó dos móveis agora vou limpar os vidros das janelas :c Quando terminar te chamo, beijos beijos! (15:25)

Kentin: Vou esperar, beijos. <3 (15:26)

Lilith: *3*’ (15:26)

Ainda sorrindo que nem uma otária, guardei o aparelho novamente no bolso da calça. Peguei o pano agora totalmente sujo de pó e comecei a lavá-lo na pia do banheiro.

Ah... anh.... Atchin! — espirrei, cobrindo meu nariz com as costas do pulso. — Maldita alergia a poeira! — funguei, os olhos um pouco lacrimejados.

Provavelmente minhas mãos ficariam cheias de coceira mais tarde, só pra complementar.

Terminei de torcer o pano para tirar toda a sujeira e peguei um outro juntamente com um tubo líquido de limpa-vidros. Saí do banheiro da casa e fui até o meu quarto.

É claro que uns três dias depois do sermão que ganhei de Agatha, ela venho tentar saber como estavam as coisas com Kentin – como quem não queria nada eu apenas disse que tudo estava bem e não dei nenhuma informação a mais, e nem daria. Odiava responder questionários, principalmente envolvendo minhas relações amorosas. Esperaria até estar em algo mais sério para assumir a verdadeira situação, tanto para Agatha quanto para todo o resto de pessoas que conhecia.

Antes de começar a limpar, peguei meu celular novamente, coloquei na música mais animada que achei, acabou sendo Make-Up – The Hardkiss, assim que começou a tocar deixei o aparelho em cima da cama. Em movimentos ágeis puxei as mangas da minha camisa até a altura dos cotovelos, passei o líquido de limpeza no pano e comecei a limpar o vidro da janela do meu quarto.

Só precisava limpar mais aquilo e estava finalmente livre de novo! Kentin já estava planejando passar o domingo inteiro comigo, se desse, daria uma de louca como quando vivia saindo com Castiel e pularia a janela do meu quarto hoje mesmo só para vê-lo. Pensar em passar o dia seguinte com ele novamente era entusiasmante demais, quem sabe o quão bom será, comparado a semana passada imaginava que se eu colocasse o dia para repetir já estaria mais do que perfeito!

My make-up is my armour, my dress is like the paramour.. — comecei a cantar enquanto passava o pano úmido circularmente no vidro, com o tubo em mãos comecei a fazê-lo de microfone improvisado. — You wanna be my mover, and I need yo feel you more and more!! — balancei o pescoço enquanto chacoalhava o corpo de um lado pro outro — SO WOULD YOU, WOULD YOU, WOULD YOU FIGHT FOR IT?! — agradeci há Deus mentalmente por estar sozinha em casa naquele momento, senão seria a maior vergonha da vida — WOULD YOU PROVE THAT YOU LOVE ME? I DON’T NEED ANY ILLUSIONS, I NEED A CONCLUSION THAT YOU’LL FIGHT FOR IT!! — ergui meus braços dando alguns pulos enquanto cantava o refrão animado da música, comecei a rir de mim mesma enquanto cantarolava alto.

Logo no momento em que eu ia voltar a limpar e deixar de loucura, acabei tropeçando em alguma peça de roupa que estava no caminho, aquela cena provavelmente vista de fora, poderia ser repetida várias vezes em câmera lenta, poderia ir parar em alguns daqueles programas de televisão com vídeos engraçados e coisas do tipo, eu mesma teria começado a rir de mim mesma, se não fosse a sensação estranha como se uma lâmina extremamente afiada estivesse passando por meu pulso. Logo os sons de cacos de vidros fizeram eu arregalar os olhos em assombro, vendo minha mão atravessada sobre a vidraça, a puxei rápido para dentro do quarto novamente por reflexo, dando tempo suficiente para enxergar a carne pálida em um corte torto e fundo antes do sangue começar a sair e se espalhar na região, me dei conta do que estava acontecendo somente depois que o sangue começou a pingar no tapete do quarto.

— Merda, merda, merda! — comecei a xingar em prantos.

Corri pro celular que estava em cima da cama, disquei para pessoa que morava mais perto da minha casa.

‘Tuu.... Tuu... Tuuu...’

— Atende, caralho! — coloquei o celular entre o ombro e bochecha, segurando no ouvido, com a mão intacta eu segurava a outra na qual não parava de sangrar, a leve tonteira começou a pesar minha cabeça.

‘E aí tábua!’ — atendeu.

Castiel! — quase gritei, não conseguindo esconder o desespero — Vem pra cá agora! Pega um táxi urgente, o mais rápido que conseguir!

‘Lily, o que aconteceu?!’ — a preocupação era notável.

— Preciso ir pra um hospital, CORRE PRA CÁ, AGORA! — falei o mais rápido que conseguia, ainda segurando meu pulso que não parava de espalhar e jorrar sangue.

‘Tô indo!’ — desligou a chamada antes mesmo de ouvir qualquer outra coisa.

— Droga, merda, inferno! — corri até a peça de roupa que tinha me feito tropeçar e a peguei, comecei a tentar enrolá-la em volta no meu pulso para tentar estancar o sangue.

A zonzeira só aumentava e senti uma nuvem densa invadir meu cérebro, um zumbido agonizante começara a soar no meu ouvido, a visão embaçou e se transformou em duas imagens repetidas como se eu estivesse bêbada enquanto eu tentava parar o sangue rezando para não ter cortado a veia principal, antes mesmo de conseguir puxar o nó na roupa o quarto girou e eu cai de joelhos, entrando no mundo incerto da escuridão.


20h57min. – Hospital.


Minha cabeça doía, meus braços também, meu tronco, tudo doía e latejava.

— Hmm.. — tentei falar algo, mas tudo o que saiu foi só um resmungo mal humorado.

— Lilith?!

— Ahn... — tentei dizer algo novamente, obrigando meus olhos a se abrirem, mas as pálpebras pareciam estar coladas, aos poucos comecei a enxergar uma luz forte através delas.

Eu morri?

— Tá me ouvindo, Lily? — perguntou a voz incerta ao mesmo tempo em que eu sentia um toque em meu ombro.

Lentamente consegui abrir meus olhos, a visão estava um tanto embaçada, pisquei algumas vezes até me acostumar com a claridade.

— Ah! Acordou! — alguém suspirou.

Assim que minhas vistas voltaram completamente um tremendo alivio tomou conta de mim, vendo ali Castiel, Lysandre, Kentin e Rosalya. Parecíamos estar em uma sala médica, meu corpo estava sobre a maca.

— O que-.. — minha voz falhou, pigarreei tentando falar novamente. — O que aconteceu? — me remexi, sentando com certa dificuldade.

— Você me ligou desesperada pedindo pra eu te levar ao médico. — Castiel se pronunciou primeiramente, sentado ao meu lado esquerdo na maca em uma cadeira, percebi na hora que minha mão e pulso canhotos estavam completamente enfaixados — Por sorte Lysandre estava na minha casa e ele pediu pro Leigh nos levar de carro até sua casa... Quando eu cheguei lá, bati na porta mas ninguém atendeu. — respirou fundo, parecendo tentar se acalmar. — Tive que abrir a porta aos pontapés, Lysandre até me ajudou. — olhou pro platinado que estava de pé na ponta da cama com ambas mãos na beirada da maca, Rosalya se posicionava logo ao seu lado, parecendo inquieta. — Subi até o seu quarto e você estava lá estirada, cacos de vidro ao redor e desmaiada com uma poça de sangue. — jogou a cabeça pra trás, visualizando o teto do lugar, parecia quase traumatizado. — Te trouxemos pra cá o mais rápido possível... Achamos que... Que.. — mordia a língua evitando dizer o que vinha em mente.

— Achamos que você ia morrer, Lilith. — falou Lysandre em um tom preocupado, enrugando a testa em tristeza. — Você estava fraca, quase nem respirava direito. — concretizou o acontecido.

Meus olhos caíram diretamente na pessoa que estava bem ao meu lado direito, os orbes verdes destacando-se mais ainda entre os outros em total aflição.

— Eu liguei porquê você demorou para retornar minhas mensagens. — explicou, sem hesitar pousou os dedos sobre minha mão boa — Castiel atendeu seu telefone e me contou o que aconteceu, vim pra cá o mais rápido possível! — arqueou as sobrancelhas em mal estar, parecendo se conter para manter-se firme.

— Eu sou uma estabanada. — sorri torto para o moreno, virando minha mão para segurar a dele sutilmente. Sentia-me extremamente fraca e impotente para falar e ainda mais para me mexer.

— Você é sim. — forçou um sorriso. — Não tenta me matar de preocupação de novo. — pediu Kentin, não se preocupando em entrelaçar os dedos distraidamente nos meus. Não me importei com o toque, até porque era tudo o que eu precisava naquele momento.

— Eu juro que entrei em pânico quando Leigh me ligou contando o que tinha ocorrido, vim pra cá quase voando! — Rosa se movimentou um tanto agitada.

— Soei frio quando vi Castiel te carregando completamente apagada. — admitiu Lysandre, os olhos heterocromáticos se perdendo em um canto do quarto do hospital. — Acho que foi a primeira vez na vida que não consegui me manter calmo. — confessou cabisbaixo.

— É verdade, tanto eu quanto Lysandre ficamos... Desesperados. — Castiel deu continuidade ao que o platinado dizia — Não é todo dia que sua melhor amiga corre o risco de morrer. — ironizou com pesar.

— Sinto muito pelo susto que dei em vocês. — movimentei meus olhos por todos meus amigos que ainda me olhavam preocupados.

— Você deu sorte que conseguiu me contatar antes de desmaiar... Daquele jeito. — comentou o ruivo, franzindo os lábios.

— Obrigado... Especialmente à você Castiel... Se você não tivesse atendido eu acho que não teria dado tempo pra eu chamar outra pessoa. — abaixei meu rosto, contendo o choro.

— Não se preocupe, já passou. — afirmou o ruivo. — Só não dá outra dessas de novo, não sei se meu coração aguenta mais um cagaço desses. — riu levemente, tentando amenizar o clima ruim. — Ah, e eu já avisei sua tia sobre o que aconteceu, logo ela vem pra cá. Está tão preocupada quanto a gente.

Ia balançar minha cabeça em concordância quando o barulho da porta do lugar foi aberta, automaticamente Kentin e eu nos soltamos, todos se viraram para direção do som. O que aparentava ser um médico adentrou o local, segurando uma prancheta com algumas folhas presas na mesma.

— Tudo bem pessoal, nada de sufocarem a senhorita Lilith, ela ainda está demasiadamente fraca, gostaria que vocês dessem licença por um momento para eu explicar com calma o seu processo de recuperação. — pediu o homem de jaleco, ele possuía olhos num tom mel e os cabelos eram tão escuros quanto os meus.

Me senti desconfortável no mesmo instante. Olhei para todos um pouco aflita. Odiava médicos, hospitais e tudo que envolvesse isso.

Assim que começaram a se retirar para que eu ficasse a sós com o médico eu pedi:

— Ele pode ficar? — perguntei, apontando a cabeça para Kentin.

O moreno me deu um pequeno sorriso por conta do meu apelo, olhando para mim e em seguida para o doutor, como se pedisse autorização.

— Ok, tudo bem. — concordou com um pequeno aceno o homem.

Assim que os outros três se retiraram, deixando apenas eu, Kentin e o médico, ele começara a falar próximo a maca;

— Então, primeiramente me chamo Viktor Chavalier, é um prazer conhecê-la... — olhou para a prancheta parecendo ler algo — Senhorita Weyland, correto? — questionou dando um leve sorriso.

Concordei positivamente, sentindo um arrepio estranho percorrer minha espinha dorsal. Estava mais do que desconfortável.

— Certo. Primeiramente gostaria de saber o que aconteceu de fato, os amigos que te trouxeram até aqui não conseguirem explicar direito a situação, apenas disseram que te encontraram já em estado de coma, sem qualquer tipo de reação. — Viktor fitava-me concentrado de forma totalmente profissional.

Senti ânsia de repente.

— Só lembro de ter tropeçado em algo no chão, acho que foi em uma camisa caída. — forcei a minha voz a sair — Fui me apoiar contra a janela para não cair e minha mão quebrou o vidro com o impacto. — engoli em seco, terminando a explicação por ali mesmo.

Kentin, agora sentado na cadeira ao lado esquerdo da onde eu me encontrava parecia prestar atenção no diálogo. Felizmente o moreno estava por perto, me sentia agonizada de certa forma. Imaginava que o ambiente límpido e claro demais me trazia uma sensação ruim e falsificada, não tinha certeza.

— Entendo. — balançou a cabeça, sério. — Então, vamos ao que importa. — levantou a primeira folha da prancheta lendo o que havia na segunda — Você receberá alta ainda hoje, porém precisará ao menos de dois dias em repouso. — voltou-se a visão à mim — Os enfermeiros realizaram os pontos no seu pulso, pelo que vi foram no total nove pontos, o corte foi bastante profundo, considerando que foi um vidro não é menos do que o esperado. — colocou a mão livre dentro do bolso do jaleco enquanto continuava a explicar parte por parte — Houve também alguns outros pequenos cortes pela mão, mas nada muito sério, felizmente você não atingiu a artéria principal, nem o nervo que auxilia no movimento da mão, então isso significa que o único male de tudo isso vai ser a cicatriz que ganhará. — sorriu mais uma vez, tentando me tranquilizar sem sucesso algum. — Você deverá trocar o curativo pelo menos duas vezes ao dia, limpá-lo com água oxigenada para evitar infecções, também vou te receitar um antibiótico e um remédio para dor, terá de tomá-los de oito em oito horas durante sete dias, vou também lhe dar um atestado de cinco dias já que você não poderá se esforçar essa semana indo à escola.

Balancei a cabeça enquanto ele começava a escrever no papel da prancheta a receita e assinava o atestado de cinco dias, se prontificando a entregar logo depois, o moreno ao meu lado fez questão de pegar o papel e guardar com ele.

Olhei de relance para Kentin que me fitou de volta ainda aflito, mas eu me sentia bem, mas bem pior agora. A sensação ruim só aumentava dentro daquela sala, que a cada segundo parecia se tornar um maldito cubículo que diminuía pouco a pouco, roubando todo o ar. Queria ir embora o quanto antes.

— Devo recomendar que você tome muita água, se alimente devidamente, tome pílulas de vitaminas se possível para te auxiliar na recuperação. Você perdeu muito sangue e precisa ficar forte de novo.

A voz dele me incomodava demais.

— Ok. — concordei sem rodeios, querendo que a ‘consulta’ acabasse de uma vez por todas.

— Dentro de doze dias você pode retornar aqui ou ir a qualquer posto de saúde retirar os pontos, tudo bem? — questionou levantando uma das sobrancelhas.

— Tá bom. — acenei novamente.

Algo no meu subconsciente parecia apitar, quase como se... Como se... Fosse uma espécie de aviso.

— Bem, vou me retirar agora, logo mais os enfermeiros virão verificar sua pressão e você poderá receber alta. — balançou a cabeça em uma pequena reverência — Foi um prazer ajudá-la senhorita Weyland.

— Obrigado.. — balbuciei, sentindo uma pequena falta de ar.

Viktor se retirou calmamente, sobrando somente eu e Kentin. Olhei pra ele rapidamente assim que o homem sumiu porta à fora.

— Quero ir embora, tô me sentindo mal. — pedi afoita, sentindo-me como se fosse ter uma crise de pânico logo mais.

— Quer que eu chame o médico de novo? — perguntou preocupado já ameaçando pôr-se em pé.

— Não! — neguei no mesmo instante, fazendo-o sentar — Não é isso, só não gosto de hospitais.

— Tem certeza? — interrogou incerto do que devia fazer.

— Sim... — estreitei meus olhos, mordendo o lábio em dúvida — Acho que... Não sei, mas... Algo naquele médico me incomoda. — larguei a verdade, meu corpo estremeceu ao pronunciar as palavras.

— Como assim? — arqueou a sobrancelha, confuso.

— Não sei explicar. Parece até que já conheço ele de algum lugar. — reprimi os lábios, ainda duvidosa.

— Impressão sua. — Kentin levantou a mão e passou as falanges por minha bochecha com carinho. — Você passou por um mau bocado hoje, seu cérebro deve estar um turbilhão ainda com todo o susto que tomou. — sorriu suavemente. — Logo sua tia chega e você vai para casa sã e salva, ok? — tranquilizou-me, colocando com cuidado meu cabelo para trás da orelha.

— Ok, obrigado. — suspirei um pouco mais tranquila. Agradeci para mim mesma por ter pedido para ele ficar no quarto, a presença dele era mais do que essencial pra mim.

— Parece que não vamos poder sair amanhã, não é? — riu levemente, tentando me deixar melhor.

— Tudo por causa do meu jeito desengonçado. — autocritiquei revirando os orbes, pensando que nunca mais iria dançar perto de uma janela novamente.

— Sim, quem diria, antigamente era eu o atrapalhado. — sorria.

Aquilo me surpreendeu de certa forma, Kentin costumava evitar falar do seu antigo jeito, já que ele próprio não gostava de como era.

— Não seja tolo. — inclinei a cabeça para trás descansando-a contra a parede.

— É a verdade, eu era todo errado. — riu suavemente, e mesmo que fizesse graça podia sentir o fundo de decepção.

— De forma alguma, você era e ainda é incrível. — larguei as palavras como uma balde de água fria, somente a pura realidade.

— Bom... Se você diz... — virou os olhos, embaraçado — Então a senhorita vai ficar só na cama por dois dias seguidos e ainda por cima ficar em casa a semana toda. Que vida boa hein, se eu soubesse que limpar a casa fosse me livrar da escola já teria feito isso à muito tempo. — sacaneou, rindo.

— Pois é, eu também. — sorri, voltando meu rosto à ele. — Obrigado por ter vindo me ver e ficar aqui comigo.

— Imagina... — se levantou da cadeira se inclinando na minha direção. — Não me assuste assim novamente. — pediu curvando-se sobre a maca para depositar um beijo na minha testa. Fechei os olhos sentindo aquele afeto acolhedor.

Era extremamente incômodo saber como a morte sempre estava à espreita, aguardando um mínimo deslize, qualquer errinho para agarrar quem quer que fosse com suas garras longas e afiadas, separando as pessoas para mundos diferentes. Não foi a primeira vez que senti como se fosse ir ‘desta pra melhor’, nem a segunda... Já era a terceira vez em poucos meses, tudo em menos de um ano. Será que eu duraria muito mais tempo? Parecia duvidoso... Porém, preferi guardar os pensamentos para mim mesma. Estava tudo bem agora... Sim, estava. Acidentes acontecem.

A porta do quarto se abriu novamente, fazendo Kentin se afastar de mim e assim como eu avistar quem chegou desta vez.

— Lilith! — Agatha venho a passinhos curtos e rápidos na minha direção. — Você quer me matar do coração menina?! — me abraçou, nem se dando conta da presença de Kentin.

Será que ouviria aquele tipo de frase muito mais vezes só hoje? Sem contar que eu teria que ver o chilique de Alexy ainda, quem sabe até mesmo algum deboche de Armin.

— Desculpa..

Só para confirmar de novo: Definitivamente, nunca mais vou dançar perto de uma janela. E francamente, ninguém saberia desse detalhe crucial, ficaria só na história de tropeçar, já era vergonha o suficiente.

— Você realmente não nasceu para fazer faxina. — abraçou-me, espremendo meu rosto em seus braços, esfregando seus cabelos rosados na minha bochecha.

— Tia! — chamei a atenção dela. Comentário completamente desnecessário.

Kentin já sabia que eu dormia mais que um urso em época de hibernação, agora pensaria que eu era uma vagabunda completa.

— Oh, oi Kentin! — cumprimentou-o, se dando conta finalmente de que ele estava ali também.

— Olá Agatha. — acenou brevemente com a cabeça, pelo canto da minha visão periférica tive certeza de que ele tentava segurar o riso.

Maldito...

— Fico contente de saber que Lilith tem amigos tão bons. — sorriu à ele, ainda me agarrando apertado.

— Não é nada, Lily é muito importante pra mim. — ressaltou com sinceridade.

Fiquei feliz em ouvir aquelas palavras. Toda sensação ruim de minutos atrás sumiu completamente.

— Suponho que sim. — Agatha deu aquele olhar, se desvencilhando de mim. Não precisa nem especificar que olhar era, certamente não era momento e nem lugar certo para ele.

Minha tia às vezes lembra eu mesma, sempre sendo inoportuna em momentos totalmente errôneos.

— Falei com o médico, logo já poderei sair. — fiz questão de dizer algo, afastando aquele ar malicioso do ar.

— Sim, também conversei com ele lá fora à pouco, passaremos na farmácia no caminho para comprar os remédios necessários para sua recuperação. — me soltou, finalmente! — Você quer carona até sua casa, Kentin?

— Não será necessário. Minha casa não é muito longe daqui, de qualquer maneira. — sacudiu os ombros tranquilamente.

— Eu faço questão. — insistiu a rosada.

Dois enfermeiros entraram no quarto, tiraram minha pressão, temperatura, verificaram minha respiração, até mesmo meus batimentos cardíacos. Não entendia pra que tanta coisa se eu só tinha me cortado, não estava doente nem nada. Só faltava quererem tirar meu sangue para fazer um hemograma completo.

Assim que fui liberada, Kentin me ajudou a sair da maca – desnecessário já que eu tinha machucado o pulso, não as pernas. – mas não conseguia negar, aquela preocupação e atenção era muito boa, um ótimo pretexto para ficar pertinho dele sem que alguém questionasse o motivo. Me senti uma criança mimada. Agradeci outra vez e me despedi de Castiel, Lysandre, Rosalya e Leigh que estavam esperando do lado de fora do quarto ainda. Era ótimo saber que eu tinha pessoas verdadeiras em minha vida.

Como dito, Agatha deu carona para Kentin até a casa dele e comprou o que fora necessário na farmácia com a receita que Kentin entregara à ela antes de descer do carro.

Alexy me ligou um pouco depois que cheguei em casa – preocupado como o restante das pessoas naquele dia – falei com Armin também, que debochou de mim como esperado por eu ser tão desengonçada, e claro, me deu um belo puxão de orelha – também como o restante das pessoas. Minha tia falou com meus pais obviamente sobre o que tinha ocorrido e como consequência eles ligaram para meu número, a ladainha sobre tomar cuidado e não assustá-los foi escutada pela milésima vez em menos de quatro horas.

Acabei indo dormir no quarto de hóspedes, já que agora meu quarto estava coberto de sangue e a janela quebrada. Agatha assegurou que limparia aquela bagunça e chamaria alguém para pôr um vidro novo na janela, em momento algum ela ficou zangada com o estrago que fiz, parecia aliviada na verdade por não ter acontecido nada mais grave.

“Bens materiais são recuperados com o tempo, a vida de alguém não.” Foi o que ela me disse naquela noite antes de sair do quarto aonde eu ficaria vegetando nos próximos dois dias.

E mesmo com tantas coisas ruins que tinham me acontecido nos últimos meses, não era de todo ruim, eu tinha pessoas que amava muito, e felizmente eles me amavam muito de volta.


Notas Finais


Gente, eu não sou formada em medicina nem nada mas acho que saiu razoável o que escrevi kk ' Me diverti muito às custas da Lilith tomando tombo KK. AIAI. Sou muito má, eu sei. Mas é importante certos acontecimentos.

Música do inicio do cap.: (Make-Up - The Hardkiss) https://youtu.be/ZJAYHQty9Gk
(Sempre sinto vontade de dançar com o refrão dessa música xD evito de fazê-lo pra não dar merda que nem deu com a Lily .q)

Então, teorias? Hê e.e ' Quem percebeu as indiretas "tá sabendo hen safradu", quem não percebeu só lamento pq não vou abrir o jogo ainda KK. Logo mais o suspense volta o/ É só encaixar as peças .q

O próximo cap. já ta quase finalizado então não vai demorar muito a sair ! (: Beijinhos.


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