Seis meses depois...
Jungkook estava nervoso. Francamente, nervosismo era pouco para descrever o que sentia.
Suas mãos suavam e estavam geladas; dava batidinhas frenéticas no chão com o pé, impaciente; os olhos perscrutavam cada canto daquela igreja pelo que ele acreditava ser a enésima vez.
Uma melodia delicada tocava ao fundo. Apesar de ser uma música que ele mesmo escolhera por gostar muito e achá-la adequada para a ocasião, mal conseguia prestar atenção no leve instrumental que a compunha.
Estava em um casamento; seu casamento! Não era à toa que o nervosismo e a felicidade afloravam-lhe a pele em uma sensação contraditória.
Os convidados, sentados nos bancos de madeira escura e envernizada, estavam inquietos e à espera de Taehyung.
Então as portas da igreja se abriram e Jungkook podia jurar que seu coração parara naquele instante.
Taehyung entrou na companhia da mãe adotiva, Kim Ji-Woo. O jovem Kim encontrava-se notoriamente ansioso, sorrindo para todos os que estavam presentes enquanto caminhava pelo tapete vermelho rumo ao altar.
Seu sorriso pareceu tornar-se ainda mais alegre quando seus olhos toparam com os de Jungkook.
Olhavam-se fascinados, como se nunca fosse suficiente o tamanho de seus sorrisos para expressar o que sentiam naquele instante.
Ao estar a meros metros dos pequenos degraus que o levariam ao altar, Taehyung olhou para o lado. Mais especificamente para o primeiro banco, à frente de todos os outros da igreja.
Sam, Dean e Castiel ocupavam aqueles lugares privilegiados.
Dean mexia na gravata com uma careta, como se reclamasse de ter de usar vestes sociais ao invés do típico casaco de couro e da calça jeans. Sam cutucou o irmão, e os três olharam para Taehyung. Sorriram.
Taehyung riu baixinho, achando graça.
Castiel tinha o braço engatado no de Dean; um gesto discreto e fofo. Eram nada menos que os padrinhos de casamento.
Então o olhar do Kim voltou a se focar no noivo. Subiu os degraus e pôs-se de pé ao lado de Jungkook. Vestidos de ternos escuros e sorrisos radiantes, transpassavam o quanto aquele dia era importante.
Quando o mestre de cerimônia à frente deles começou a falar, deram as mãos e aguardaram para fazer os votos.
[...]
Ao decorrer da festa que se seguiu após o casamento, os Winchesters, junto de Castiel, despediram-se dos noivos. Taehyung estava empolgado olhando para a aliança reluzente em seu dedo quando Sam o cutucou.
— Já estão indo? — Perguntou Jeon Taehyung (e Taehyung estava excepcionalmente contente com o novo nome).
Sempre sentira-se deslocado em sua família adotiva — de coração, como gostava de chamar.
Entretanto, agora, ele finalmente sentia que pertencia a um lugar. Não se via mais deslocado, isolado no meio em que vivia, por mais tentasse habituar-se àquilo.
Agora ele tinha seu lugar.
Tinha sua própria família. Ainda eram apenas ele e Jungkook, mas Taehyung esperava que logo pudessem aumentá-la.
Taehyung sempre tivera o sonho de adotar, assim como ele fora adotado. Mas ele as faria se sentir em um lar, vinculadas à uma família de verdade.
— Temos um novo caso para resolver — replicou Dean, guardando o celular em um dos bolsos da calça. Havia recebido uma ligação sobre um duplo assassinato misterioso e intrigante em uma cidade próxima dali. Era o trabalho o chamando. — Parabéns aos noivos — falou, sorridente. — E Taehyung — chamou —, obrigado por aquele conselho — disse e sorriu sincero, e Taehyung retribuiu o sorriso de imediato.
Os caçadores de coisas (assim apelidados por Jungkook, quando ele e Taehyung comentaram sobre pedir a Dean e Castiel para que fossem os padrinhos da cerimônia) despediram-se e deixaram a festa no insubstituível Chevrolet Impala 67 de Dean.
— Que conselho você deu a ele? — Pediu Jungkook, voltando a se sentar na mesa que dividiam com a família.
Sua mãe havia vindo da Inglaterra para a ocasião, e Jungkook fora apresentado ao padrasto. Não conseguiu aceitar o namorado da mãe tão bem quanto gostaria (por melhor que Min-Jae fosse, Jungkook jamais permitiria que ele assumisse o lugar do pai incrível que tivera), mas sua mãe estava feliz como há tempos não ficava, o que o fazia dar certo crédito ao homem.
Taehyung sorriu ladino.
— Dean estava com um pouco de dificuldade para... aceitar o que sentia — replicou, piscando um dos olhos com um sorrisinho.
Jungkook arqueou uma das sobrancelhas, abaixando o rosto para deixar o olhar mais forte.
— Eu sabia que tinha um dedo seu nisso — comentou, e Taehyung pôde notar o sorriso em sua voz.
— Sou um ótimo cupido.
— Cupido não é um tipo de anjo? — O mais velho assentiu. — Então acho que Dean não foi o único a se apaixonar por um anjo.
Taehyung sorriu, dando um selar nos lábios de seu — agora — marido. Os Jeon deram as mãos por debaixo da mesa.
— Com licença, Sam e Dean Winchester estão?
O casal voltou-se para o homem que fizera a pergunta. Era baixinho e usava um terno impecável. O cavanhaque bem aparado dava-lhe um ar elegante e superior.
— Eles foram embora agora a pouco — replicou Jungkook.
— Ah, aqueles garotos — reclamou risonho. — Sou tio deles — disse e sorriu em cumprimento. — Bom, vou atrás deles, preciso agradecê-los por um favor. E parabéns aos noivos — parabenizou.
Jungkook e Taehyung agradeceram. Antes que pudessem perguntar o nome do sujeito, o homem afastou-se deles, caminhando em meio aos demais convidados até a saída do salão de festa.
— Sam e Dean não disseram que trariam um tio — comentou Taehyung, pensando se o tal tio dos Winchesters sabia do trabalho dos sobrinhos.
Mal sabiam eles que aquele homem sabia mais do que imaginavam existir. Afinal, Crowley não era rei do Inferno à toa.
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