História Em Outro Mundo - Capítulo 1 - Nova Casa

Eu me chamo Mercy Blacky. Tenho 16 anos e me mudei do interior de Londres para uma pequena casa em uma vila no meio da floresta. Era um lugar bonito. Eu estava muito triste com essa mudança, pois eu deixei para trás, minha melhor amiga Vanessa.
  
    Eu sempre fui uma criança "estranha". Não tinha amigos e passava minhas tardes depois da escola, no sótão de casa, lendo livros antigos do meu avô, normalmente, sobre reinos mágicos.

    O tio Tony  saia bem cedo de casa para trabalhar em sua loja de acessórios para carros enquanto o vovô e a minha mãe, trabalhavam no mercado da cidade a dois quarteirões de casa. Eu ficava sozinha depois da aula.

   No meu aniversário de 14 anos, meu avô me deu um gatinho cinza com grandes olhos azuis. Ben. Ele se tornou meu melhor amigo. Passávamos horas no nosso velho sótão. E não estávamos sós.

    Eu sempre tive a sensação de estar sendo observada. No sótão, Ben e eu, encontramos criaturinhas como insetos, mas eram mais coloridos e mais alegres. Mas mesmo sabendo da existência de bichinhos que me observavam, aquela sensação nunca passava.

    Vanessa e eu nos conhecemos ano passado. Ela também era considerada estranha, assim como eu. Nos demos bem desde a primeira vez que conversamos. Ela também amava ler. História de vapiros eram suas preferidas. Nós brigamos e feio mês passado. Ela nem se quer olhava na minha cara. E por que?  Ela fez amizade com as garotas populares da escola e me deixou de lado. Aquilo me deixou muito brava e triste. Foi aí que brigamos. Eu disse bobagens que vieram na cabeça e isso a irritou muito.

   Eu estava no banco traseiro do carro da minha mãe, acariciando os pelos macios do meu querido gatinho, em uma estrada vazia e cercada por árvores, a caminho da nossa nova casa. Magic Village. Belo nome. Nossa casa ficava mais afastada das outras.

    No centro,  havia um pequeno mercado, uma farmácia, um salão de beleza, um pequeno hospital , um hotel e uma padaria. Era basicamente tudo o que uma "cidade" precisa ter.

    As pessoas andavam felizes nas ruas. O fluxo de carros era mínimo e as crianças aproveitavam para brincar. Era um lugar bem aconchegante.

    Chegamos na frente de um enorme prédio. Acho que era o maior da vila. Era a escola. Era muito diferente da minha antiga. Os muros eram altos e tinhas desenhos que eu não consegui identificar. O portão não possuía nem uma abertura, e por isso, não pude ver como era por dentro.

    Finalmente chegamos na pequena casa de tijolos que a partir de agora eu chamaria de lar. Não era lá grande coisa. Na frente, uma pequena fonte de cerâmica e um pequeno canteiro de flores das mais variadas.

    Enquanto minha mãe ajudava meu avô a tirar os móveis do caminhão que meu tio veio dirigindo, eu entrei para ver como era o interior da minha nova casa. Na sala,  um pequena lareira e uma janela. Na cozinha, a pia estava meio solta, o chão, coberto de poeira e a janela estava fechada. A escada era de mármore branco e o corrimão de ferro. No andar de cima, ficavam os quartos. O quanto da minha mãe tinha um guarda-roupas de madeiras. O outro quarto, era menor e tinha apenas uma pequena mesa. Eu dormiria no sótão. Eu preferi assim. O quarto que seria meu, ficaria como o quarto de hóspedes.

    Eu fui para o sótão, ou melhor, meu quarto. O teto era "triangular" por causa do telhado. Tinha uma pequena janela quadrada na parede do fundo. Era um pouco menor que o sótão da minha antiga casa, mas eu ia me acostumar.
   
Ouço batidas leves na porta do meu novo quarto e minha mãe entra.
  - Mercy, querida, tem certeza que quer dormir aqui, não preferi o quarto?
-  Não, mãe,  eu gosto do sótão. - eu lhe abro sorriso.
- Bom, se você tem certeza,  vou avisar seu tio para trazer a mobília. - eu confirmo com a cabeça e ela sai do quanto.

    Continuo olhando o meu novo quarto, quando algumas marcações no chão de madeira me chamam a atenção. Que língua era aquela? Meu tio e meu avô entram no quarto e colocam a minha pequena cama de ferro no chão. Minha mãe veio atrás trazendo o colchão. Logo atrás dela, o meu gatinho entra no quarto e parece um pouco perdido.

   Passam - se alguns minutos e minha pequena penteadeira,  tapete e o armário também já estam no quarto.

    Eu começo a varrer o chão e depois disso, começo a organizar os móveis. Coloquei a cama na parede direita, o armário e a penteadeira na parede esquerda. Coloco a caminha do Ben na parede ao lado da porta e o tapete no meio do quarto. Estico a minha cama e começo a desfazer as malas.

   Guardo as roupas e os sapatos  no armário e os acessórios na penteadeira. Arrumo meus livros e alguns ursos de pelúcia na prateleira que meu tio pendurou na parede a pouco. Pronto. Depois de horas,  finalmente meu novo quarto está pronto.

   Tomo um banho rápido e visto um shote preto e uma camiseta branca com flores desenhadas. Coloco meu tênis e arrumo o cabelo. Desço as escadas para ver se o resto da casa já está pronta.
- Uau! - é  a única coisa que eu consigo dizer. A sala estava linda. Cortinas brancas na janela, quadros nas paredes, um sofá marrom e um tapete branco. Na parede, a TV e em cima da lareira que já estava acesa , portas retratos com fotos da família. Vejo uma foto minha e da Vanessa. Aquilo apertou meu coração. Eu sentia sua falta.

    Na cozinha, meu tio arrumava a pia solta enquanto meu avô coloca o fogão no lugar. Minha mãe estava guardando os mantimentos no armário.

-Mãe,  eu já terminei o meu quarto. A senhora precisa de ajuda? - pergunto enquanto coloco um pouco de leite em um pote para o Ben.
- Não, querida, já estamos acabando. Mas deu gostaria que você fosse até a padaria e comprasse pão. O dinheiro está em cima da lareira.
- Okay, eu já vou, então. - eu peguei o dinheiro e meu skate que estava no jardim e sai.

   Era o final da tarde. A luz do sol poente coloria tudo de laranja. O clima estava ótimo. As crianças brincavam e as senhoras conversavam sentadas em cadeiras nas calçadas.

   Não pude evitar de abrir um sorriso. Eu realmente estava gostando daquele lugar. Começo a pensar em como será minha vida ali. Me distraio em pensamentos e não vejo quando um garoto chuta uma bola na minha direção. Eu me desequilíbrio e caio no chão. Fui motivo de risadas de todas as crianças. 
- Você está bem? - ouço uma voz desconhecida ao meio das risadas,  mas não me preocupo em abrir os olhos,  estava muito invergonhada.