Naruto estava encostado e triste em sua cama, não sorria e nem tinha outras expressões além da careta sofrida que se fazia. A tempos ele não sentira esse imenso aperto dentro do peito, foi como se tudo o que acontecera a 16 anos atrás, voltassem em sua cabeça como memórias infinitas e dolorosas o suficiente, mesmo que para alguns àquilo não significasse nada. A tristeza era tão grande que o almoço e o café da manhã do dia anterior, mal tinham sido mexidos.
Suspirou cansado. Nem tinha saído na rua hoje e, provavelmente, alguns aldeões já começariam a pigarrear sobre esse feito, trocando risadas e cochichos maldosos. A grande porta de madeira trabalhada em mãos ágeis se abriu, e os cabelos azuis escuros a ultrapassaram. O rei tinha dormido sem camisa e até então estava sem ela, fazendo com que Hinata não prestasse muita atenção em suas palavras por sua atenção se virar a isso e ao sentimento de desconforto.
– N-Não pode ficar assim pelo resto da sua vida... – comentou se sentando na cama. A dor presente em seu coração era tamanha, que poderia ser colocada em palavras. Tinha perdido, mais uma vez, alguém especial, que por longos minutos, ajudou sua amiga em tempos difíceis. – Sei que sente falta dela. Mesmo não a conhecendo e... – um abraço apertado se instalou no lugar, seus olhos ganharam uma surpresa ao ver o loiro agarrando seu corpo com vontade e carinho.
– Eu só... – as lágrimas intensas não o deixaram terminar a curta e simples frase. Os braços grandes e fortes a apertavam levemente mais. Levando em conta o quão quentinho era seu aperto e o quanto ele precisava daquilo no momento, ela se manteve no aperto. A dor recente da perda não sumiu, mas ele sentiu que era capaz de superar, mais uma vez, aquela adversidade.
O sol sumiu no horizonte, levando consigo a claridade que passava entre as janelas e chegavam aos corpos dos dois. Acabaram dormindo na mesma posição. Ino continuava ali, parada na porta, lembrando do porquê estar tão encorajadora referente a presença da Hyūga na vida de seu noivo.
Quase não tinha acesso a fora do castelo e ansiava por sair dele. No começo, achava que Hinata era sua porta para uma vida fora daqueles portões de ferro fundido. Mas, depois de algumas conversas e trocas de informações, percebeu que, quando Sakura fosse embora – o que ela sabia que ocorreria alguma hora –, ela seria sua única amiga e companheira, além de sua Majestade.
A cabeleira loira clara caminhou pelo gigante corredor a procura de onde seus trabalhos eram necessários. E, quando chegou ao hall de entrada, viu um homem. Trajava roupas extravagantes aos olhos dela e aparentava ter a mesma idade, empunhava uma espada mediana na parte lateral das costas, com a bainha amarrada nela. A camisa de cima tinha um tamanho curto, deixando parte de sua barriga de fora e a calça era semelhante a qualquer outra preta, com as típicas sandálias tradicionais.
Com seu senso de justiça e defesa, foi até ele batendo os pés no chão, indignada com a cara de pau que o moço se encontrava. “Como um aldeão daqueles vem aqui na maior tranquilidade?!” pensou ela, pairando em sua frente esperando explicações, de preferência uma bem trabalhada e sem falhas. Um de seus pés batia contra o chão em sinal de espera ansiosa. Ele olhou-a de cima a baixo. Seu vestido roxo desgastado, sapatos surrados e o cabelo levemente bagunçado a fizeram sentir um leve rubor nas bochechas.
– Perdão. Deseja algo comigo? – perguntou parecendo desconfortável com o olhar superior da loira sobre si, rezando a Rikudou-sennin que ela parasse. Ela deu um sorriso sarcástico, como se zombasse dele e de sua cara de bobo.
– Sim. Poderia dizer logo o que quer aqui? Ajudaria e muito! – aquele maldito sorriso não saía de seus lábios carnudos e sua expressão superior não desapareceu. – Também ajudaria se você saísse!
– Mas eu vim fazer uma negociação com o rei Namikaze...
– Ah tá, e você espera que eu acredite. Acha que sou idiota? Eu sei que parte da aldeia está te obrigando a vir aqui encher o saco do rei, mas ele faz de tudo por vocês, enquanto de volta ele não ganha nada! – dando uma lição de moral para alguém que não estava entendendo nada: essa era a situação de Yamanaka Ino, que tinha o cenho franzido de irritação.
– Não. Eu vim a mandato do senhor Douzou-sama... Shimura Danzou. – disse rápido balançando as mãos na frente do corpo, como se quisesse dizer que Ino tinha errado.
– Donzou...?
– Sim, ele é mestre em treinamento militar daqui do reino. Ele nunca respeitou as ordens do último rei, Sarutobi Hiruzem. Que fazia decisões difíceis e complicadas de resolver, serem fáceis. – Iruka desceu as escadas, continuando seu estudo anual sobre as células no primeiro rei do reino onde viviam, Senju Hashirama. – Uma pena que ele não possa atendê-lo agora. Eu gostaria muito de ouvir sobre sua oferta. – mentiu sorrindo falso.
– Eu conheço sorrisos falsos, Iruka-san. – se aproximou das escadas e a loira de trás se aproximou também, seguindo os movimentos do estranho “convidado”. – Que tal eu e você conversarmos sobre isso?
– Seria falta de respeito falar sobre o lugar, sem o “dono” dele, certo? – contestou o moreno, fechando o pequeno livro e o colocando sobre uma mesa, do lado dos degraus altos. – Também conheço sorrisos falsos Sai-kun. E sei que sua proposta e de seu professor, não são nada boas para o nosso lado.
Com passos pesados, uma capa vermelha, cabelos loiros, olhos tão azuis quanto a imensidão do oceano e vestes alaranjadas e pretas, Naruto vinha acompanhado. Hinata, com passos leves, vestido lilás brilhante, cabelos azuis escurecidos e olhos perolados. O quinto casal a reinar a nação do redemoinho.
– Nosso lado? – Naruto estreitou os olhos, e somente ela percebeu que ele não estava com bom humor para visitas inesperadas. – Não me diga que Danzou-san quer passar para o nosso lado de novo, por que não aceitarei, não impor-
– Ele quer o seu espaço no trono.
– Ele o quê?! – se exaltou, largando o braço da noiva e puxando-o pelo colarinho. – Você vai voltar lá e dizer para seu queridíssimo “mestre”, que meu reino é meu e de mais ninguém até que eu morra!
– Acho melhor não dizer isso, Majestade. Ele o mataria. – riu da própria resposta, se esquecendo de quem o segurava pela gola da blusa fina.
– Se ele falar isso... – o olhar mortal de Naruto fez com que Sai tremesse levemente as pernas. – Diga que não sou eu que morrerá.
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