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História Emoções: A Arma - Cuidado


Escrita por: SOMEONEonEARTH

Notas do Autor


Não sei se perceberam, mas se prestarem atenção na sinopse, eu mudei o nome do país onde se ocorre a história rsrrs. Eu não tinha gostado muito daquele (eu só tinha inventado aleatoriamente). Esse é um pouquinho mais elaborado ("Brasil" de trás pra frente (não que a história ocorra no Brasil, não entenda mal) KKKK). 😂😅
E acredite, isso no desenho não é um ET.

Capítulo 2 - Cuidado


Fanfic / Fanfiction Emoções: A Arma - Cuidado

[Dave]

 

 

Ficamos no duto de esgoto por várias horas. Nos distanciamos do local onde entramos — eles podiam voltar lá. Mas afinal… quem são eles? O que querem com a gente? Um tempo atrás saiu um boato de que uma guerra aconteceria logo. Passou em todos os jornais e rádios. Todos entraram em pânico, mas nos acostumamos com a informação incerta e ela foi sumindo de vez. Seria isso tudo um recrutamento? Pouco provável. Eles não matariam pessoas só pra levar outras pro campo de batalha. A guerra não deve passar de um boato.

 

 

[Allie]

 

Olho no meu relógio de pulso e são umas 01:00 AM. — Desligamos nossos aparelhos celulares; eles poderiam rastrear. Tudo agora tem que ser feito com cuidado. Não sei o que querem com a gente, mas não é uma missão de paz. Dave tem um chaveiro com uma pequena LED. É toda a luz que temos. Nós dois tínhamos algumas barras de cereal, que é a única comida que está nos sustentando por esse tempo todo. O pior de tudo é: a água acabou fazem umas três horas.

 

— Não acha que a gente deve sair agora? A nossa água acabou. Afinal, era só uma garrafinha pra saciar a sede durante a aula. — digo um pouco tristonha. — Eu tô morrendo de sede, no sério.

 

— Calma eu sei o que eu tou fazendo. Eu sempre fui muito bom em geografia e como eu te disse, vim do interior, daí trouxe vários mapas físicos comigo. Precisamos caminhar só mais um pouco. Aguenta firme. — ele fala de um jeito seguro e reconfortante. Apesar da situação parecer uma loucura, eu confio nele.

 

Nesse meio tempo a gente conversou bastante e esclarecemos muitas coisas das nossas vidas. Eu acho que a gente combina, mas tivemos vidas totalmente diferentes. Ele era de uma cidadezinha bem pacata e foi criado por um casal de idosos que nunca conseguiram ter filhos. Já eu, vim de outra cidade grande. Coincidentemente, fui adotada também, mas meus pais fizeram isso porque não queriam ter que esperar nove meses pra ver o rostinho da criança que iriam criar. Então me criaram como "filha de coração". Eu amo muito eles e sei que eles me amam mais ainda. Como falei pro Dave, acho que eu não os merecia.

 

 

[Dave]

 

A Allie é uma ótima pessoa pra se acompanhar numa situação dessas. Ela é muito inteligente e esperta. Além de ser muito simpática e linda. Acho que já nos tornamos bons amigos.

 

— Escuta… desculpa por ter te feito passar vergonha no meio da sala toda. Eu fiz sem avisar nem nada. Mas acredite, não avisei nem pra mim mesmo. Não sei se entende. — falo em relação ao primeiro beijo enquanto caminhamos um pouco mais devagar por conta do cansaço.

— Que nada. Eu também tive a atitude de te beijar e, incrivelmente, eu te entendo. Quando me dei conta já estávamos no ato. Sei lá, como se fosse um instinto. Sabe… é assim desde que eu te vi. — diz Allie.

 

Paro de andar e olho no fundo dos olhos dela. É como se até piscássemos juntos.

 

— Comigo também é assim! Olha… aconteça o que acontecer eu estou do teu lado.

 

— Pode contar comigo. — responde ela com um sorrisinho meigo no rosto, depois me abraça.

 

•••

 

Caminhamos por mais uns cem metros e paramos pra descansar. Sentamos e começamos a conversar mais um pouco.

 

— Por que decidiu se tornar médica? — Começo puxando assunto.

 

— Bom, por mais que eu ache toda profissão digna, os médicos são os mais legais. São aqueles que dão seu sangue pra salvar outras vidas. Eu quero, quer dizer, queria ser médica — Seu semblante entristece — principalmente para proteger meus pais. Pra quando eles tiveram problemas de saúde, terem alguém de confiança ao seu lado disposto a fazer tudo por eles. Além disso, minha mãe é diabética. Eu iria fazer uma pesquisa relacionada a formas de vida melhor para pessoas assim.

 

— Uau! Você é o máximo! Sabe, eu queria me tornar cirurgião pra poder colocar a mão na massa. Pra poder costurar alguém depois de ter feito uma cirurgia de risco e depois pensar "ajudei a dar uma segunda chance pra essa pessoa". Como você sabe eu vim de Adimoc, uma cidadezinha pequena, sem estrutura pra nada. Queria levar vários projetos pra lá. Um trabalho de qualidade e até uma clínica filantrópica. — Que atende sem receber nada em troca. E acima de tudo queria também dar uma vida melhor para os meus velhinhos.

 

— Caramba, você também tinha uns planos bem estruturados. Escuta… como isso veio acontecer? Como a gente perdeu tudo e veio parar, do dia pra noite, num buraco que cheira a cocô? I-isso é muito injusto. — Allie se sentia revoltada e deixava claro pela vermelhidão de seu rosto e as lágrimas que desciam.

 

— É, eu também não sei…

 

Digo pra Allie encostar a cabeça no meu ombro e descansar um pouco. Também derramo algumas lágrimas. A Allie não merecia isso tudo. O que será que a gente teria feito pra receber tudo isso em troca? É realmente revoltante.

Por alguns minutos eu fiquei pensando e talvez eles não queriam capturar, maltratar ou prender a gente. Talvez era só paranóia nossa. Mas não, eles mataram alguém por isso. Não é coisa boa.

 

•••

 

Caminhamos por mais um bom tempo. A LED do meu chaveiro já tava piscando, a bateria dava seus últimos suspiros. Dobramos túneis pra esquerda e pra direita e seguimos em frente várias vezes. Aquilo era realmente um labirinto. Decido que aqui, em frente à uma escada vermelha fincada na parede, era o fim da linha. "Espero ter feito as contas certas", penso.

 

— Pronto, chegamos. Aqui em cima deve ser a casa onde eu estou morando. Entre a minha e a sua, era a mais próxima da faculdade. Moro com o Alphonse, um grande amigo meu que cursa farmácia. Espero que ele esteja acordado. Não vai dar muito certo a gente fazer barulho.

 

— Certo. Então a gente sobe com bastante cuidado, falamos com os nossos pais por meio do telefone público da rua e passamos o resto da noite no porão da sua casa. — Ela entende tudo muito rápido.

 

 

[Allie]

 

Seguimos tudo de acordo com o plano. Ficamos vários minutos observando se havia alguém por perto mas não vimos sinal de nada. Decidimos então, arriscar. Saímos e ligamos para nossos pais e explicamos tudo. Falamos para procurarem um jeito de se esconderem. Tudo poderia acontecer. Meus pais confiam muito em mim, então eles concordaram com tudo — ficaram aterrorizados, mas concordaram. Os do Dave deram um pouquinho mais de trabalho, passaram um tempão chorando. Mas acabaram aceitando. Poxa, deve ser difícil estar na pele deles.

 

— Tchau mãe. Amo vocês. — Dave se despede e desliga o telefone. Vejo uma lágrima se formando.

— Ok, acho que ninguém viu a gente. Vamos logo pra sua casa. — falo pra acabar logo com o clima péssimo.

— Certo.

 

•••

 

— Alphonse! Cadê você cara? — grita Dave pela quarta vez. — Caramba... O que fizeram com ele?

 

A casa parecia estar toda revirada. Teve uma espécie de briga ali. Alphonse já era. Dave parece estar muito mal, mas continua agindo com o máximo de cautela e rapidez. É um perigo estar aqui. Temos que pegar comida e sair daqui logo. Quando estamos enfiando alguns laticínios gelados nas mochilas, um som agudo e baixo nos interrompe.

 

 

— O que foi isso? — pergunto.

 

— Nunca escutei nada do tipo por aqui.

 

 

Quando olhamos pra geladeira, ainda aberta, há um dardo tecnológico com um líquido azul fincado em um pote de iogurte. Entendemos tudo.

 

 

— Vamos pro porão, corre! — grita Dave e começo a agir.

 

— Como nos acharam tão rápido? A gente nem usou nossos telefones…

 

Eles devem saber tudo sobre a gente. Sabem onde moramos, sabem de nossos pais, e do número dos telefones deles. Eles devem ter rastreado de onde ligamos por meio dos aparelhos celulares dos nossos pais. Merda!

 

— Ai meu Deus! Espero que eles fiquem bem.

 

Percebo que deixei meu telefone no chão, perto da geladeira. Mas aceito a realidade. Ele não iria ser útil desligado mesmo. Me atraso um pouco e sigo Dave numa distância de mais ou menos um metro e meio. Até que ele trava e esbarro nas costas dele.

 

 

[Dave]

 

Chegamos perto da entrada pro porão da casa. E o que encontramos, de cara, era um deles apontando uma arma do suposto tranquilizante bem na nossa frente. É o nosso fim. Sinto meu coração palpitar pela garganta.

 

Eu e Allie nos encaramos. Resolvo entrar na frente dela — preciso dar a ela uma segunda chance. Coloco minhas duas mãos no seu rosto e encosto as nossas testas. Vejo os olhos dela brilharem de medo. Engraçado, realmente estamos piscando os olhos ao mesmo tempo. Não sei se ela sente isso, mas tudo que eu quero agora é beijá-la da forma mais intensa possível. Porque não sei se o farei ainda outra vez.

 

Toco os meus lábios nos dela e escuto o discreto som do disparo do dardo estranho, mas o que eu quero sentir mesmo é o meu momento com a Allie. É o que importa pra mim. E o que mexe na minha cabeça…

Estou beijando ela e parece que escuto seus pensamentos, parece que são iguais aos meus. O que? Nossos corpos estão se desintegrando. Seria o efeito daquele soro? Mas por que também tá acontecendo com  a ela? Não. Não é isso. Estamos nos unindo. Seremos um só. Sinto uma coisa queimando na minha cabeça e descendo pela nuca.

[Dave e Allie]

Uma fumaça resultante do acontecimento inusitado aparece ao meu redor. Me sinto queimando, mas  é de um jeito agradável. Escuto o estalo do dardo batendo na minha pele rígida e caindo no chão sem perfurá-la. Como se fosse blindada. O homem à minha frente está aterrorizado.

Não consigo controlar meu novo corpo direito. Tudo está diferente. Quando me dou conta já bati no homem de preto numa velocidade enorme. Ele está inconsciente.

Não entendo muito bem o que está acontecendo. Me vejo de relance no reflexo de um espelho quebrado. Agora sou um ser estranho humanóide. Pele cinzenta, sem boca ou nariz, cabeça careca, olhos de cor ciano sem pupila. Meus dedos são de cor preta bem forte, sinto que são extremamente densos. Meus sentidos estão muito aguçados. Não sei explicar nem pra mim mesmo aquilo tudo.

 

Me sinto aliviado. Sou duas pessoas, e também sou só uma. Não entendo nada. Mas me sinto bem.



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