História Entre a Paixão e o Medo - Capítulo Único

Aeroporto de Chicago – 18h:30min.

No meio de um aeroporto lotado de pessoas, umas com bagagens nas mãos, outras sem nenhumas, algumas esperavam embarcar, outras desembarcavam. Umas esperavam animadamente o regresso a casa, enquanto outras se encontravam ansiosas pela chegada dos seus familiares ou até de amigos.

Enquanto estas acções aconteciam, havia um jovem bonito e sorridente, com o seu cabelo curto encaracolado a esvoaçar ao sabor do vento, assistia a tudo como um verdadeiro espectador. Não tinha mais que vinte e poucos anos, era alto e as suas roupas marcavam bem a sua bela forma física. Não era propriamente um atleta ou um fanático do ginásio, nem cumpria nenhuma dieta rigorosa, pelo contrário comia este mundo e outro, se o deixassem.

Ao assistir àquelas cenas tão bonitas e emocionantes, lembrava-se da sua família do quanto tinha saudades daqueles abraços apertados que agora via as outras famílias o fazerem, das conversas engraçadas e constrangedoras do seu pai e a da sua madrasta, as provocações do primo mais novo, Sasuke, os conselhos nada convencionais do namorado de Sasuke, Naruto, as saídas com os seus amigos e, principalmente, saudades do seu primo mais velho, Itachi. Não via Itachi há uns bons anos, talvez desde que o mais velho se foi para Milão e nunca mais regressou.

Não sabia a verdadeira razão da partida de Itachi, talvez desconfiasse de algo, uma bela rapariga o teria amarrado, ou, simplesmente, tinha uma nova vida com novas pessoas, mas não justificava a distância que mantinha com a família, ou melhor, com alguns membros da família. Ele era um exemplo disso, nunca mais se viram, nunca mais se falaram parecia que se tinha erguido um muro no meio de ambos, que impedia qualquer aproximação.

Aquilo era muito estranho! No início, ainda acreditou na lengalenga que o pai e o primo mais novo lhe contavam sobre a ida do outro para o estrangeiro. Disseram-lhe que Itachi estava a cuidar dos negócios da família e das relações internacionais que mantinham devido à empresa, mas depois deixou de acreditar à medida que as visitas se tornaram menos frequentes, a recusa de convites para as festas de família ou datas comemorativas começaram a ser “normais” e os telefonemas menos habituais. Itachi tinha-se isolado da família, especialmente de Shisui, o que tornava tudo ainda mais sinistro.

Shisui não se conformava com isso, não lhe tinha feito mal nenhum, pelo contrário, queria que ele fosse feliz e queria o seu bem. Gostava demasiado de Itachi para lhe querer mal. Tinha-se apaixonado pelo primo mais velho, se mais nem menos, enquanto miúdo.

Os anos passaram-se, o sentimento não morreu, consequentemente, cresceu mais e mais, mas nunca foi capaz de se declarar. Nunca tivera oportunidade para tal, Itachi partiu muito antes de ele ter coragem para lhe contar. Sabia que o primo era mulherengo, portanto não tinha qualquer hipótese contra uma mulher linda e esbelta saída de uma capa de revista. Sempre vira e ouvira que o primo tinha andado com esta e com aquela, que era cobiçado pelas mulheres. Chegava a sentir inveja daquelas com que ele estivera, as que beijou e as que possuiu.

Contudo, continuava achar aquela ida repentina para Milão muito suspeita, mas nunca se atreveu a perguntar-lhe, também não tinha como fazê-lo. Agora só lhe restava encontrar alguém que o amasse e que ele conseguisse amar, sem ser Itachi.

Deixou os seus pensamentos e as suas conclusões de lado, assim que viu o primo mais novo e o namorado do mesmo à sua espera, sorrindo de orelha a orelha, caminhou mais depressa. Tinha que admitir que Naruto era uma óptima influência para Sasuke e para toda a sua família. Ele era alegre, bem-disposto e muito engraçado, o verdadeiro oposto de Sasuke, que era mais reservado e introvertido. Aqueles eram a prova viva de que os opostos se atraem mesmo. Eram o seu pequeno comité de boas-vindas! Estava ansioso para ver o resto da família.

Aproximou-se o suficiente para abraçar os dois rapazes ao mesmo tempo, sentia-se em casa e verdadeiramente feliz. Os outros dois acabaram por retribuir o abraço sem grande esforço, tinham muitas saudades do outro.

— Que saudades que eu tinha dos meus priminhos! — Admitiu Shisui super contente.

— Sui, tive tantas saudades dos nossos momentos de diversão! — Falou Naruto também feliz.

— Isto aqui é um tédio sem ti. O Naruto não chorou maior parte do tempo, porque quer manter a sua postura de macho, Hahahaha! – Troçou Sasuke.

— Quem te ouvir falar, Sasuke, pensa que eu sou um chorão! Tenho uma reputação a manter. — Afirmou Naruto com ar de confiante.

— Vejo que vocês não mudaram nada! Estou ansioso para ver o meu pai, Hinawari e a Hinata. – Declarou Shisui.

— Eles também estão ansiosos para te ver. Vais ficar muito tempo? — Perguntou Sasuke pegando nas malas do primo.

—... Ainda não sei... Talvez até à próxima missão! Vamos embora que estou a morrer de fome e de saudades dos meus pais! — Respondeu Shisui pegando nos braços dos primos e arrastando-os para saída do aeroporto.

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Os três rapazes colocaram as malas de viagem no porta-bagagem do carro de Sasuke, entraram dentro do mesmo, extremamente contentes com a chegada de Shisui. Naruto tratou logo de ligar o rádio colocando uma música bem animada. Não tardou um segundo para que começasse a cantar. Sasuke mantinha-se focado na estrada enquanto Shisui acompanhava o outro na canção.

A viagem tinha-se tornado ainda mais divertida! Tinha valido a pena a sua vinda, só pelo simples facto, de ter visto a expressão de felicidade estampada nos rostos daqueles dois doidos...

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O caminho que os três seguiam era em direcção à casa dos dois rapazes que ocupavam os lugares da frente do veículo, estes acharam que seria melhor O recém-chegado descansasse um pouco antes do jantar que teriam com Madara, Hinata e Hinawari, com certeza que a viagem de avião tinha sido muito cansativa. Shisui nem protestou quando o primo lhe dissera. Estava mesmo a precisar de um bom banho uma boa soneca!

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Por fim, chegaram a casa do casal, Naruto abriu a porta deixando o namorado e o primo passarem com as malas e fechou a porta com a porta. Colocaram tudo no chão num canto da sala e sentaram-se no sofá a pôr a conversa em dia.

— Bem-vindo à nossa humilde barraquinha! — Saudou Naruto colocando o braço por cima do ombro do namorado.

— Ah pois é! O que achas? Fixe, não é? — Perguntou Sasuke pegando na mão livre de Naruto e entrelaçando os seus dedos nos dele.

— Sinto-me honrado e muito comovido pelo meu priminho mais novo ter-se tornado num homem... — Falou Shisui fingindo-se comovido, o primo deu-lhe um murro no braço. — Agora a sério, estou muito feliz por vocês! Acho que é mesmo a vossa cara! Parabéns!

— Obrigado, primo. Conseguimos juntar um bom dinheiro durante uns bons anos e acabámos por comprá-la assim que a vimos. — Contou Sasuke sorrindo.

— Fizeram bem, pois ela é linda! Eh lá, Sasuke sorrindo tanto num só dia?! Naruto, tu andas a fazer bem o teu trabalho! — Troçou Shisui.

— Claro! Eu não brinco em serviço! Hahahaha! — Disse Naruto rindo-se.

— Bem, já se divertiram os dois a gozar com a minha cara... Onde é que vais ficar? — Perguntou Sasuke um pouco irritado.

— Não sei. Vocês não têm um quartinho a mais? — Perguntou Shisui.

— Ter até temos, mas está ocupado com a tralha do Naruto. — Respondeu Sasuke.

— Não é tralha! São colecções muito importantes para mim! Desculpa, Sui... — Pediu Naruto. — Podes ficar no apartamento que era do Itachi. Ele já não quer saber do apartamento nem da família... — Resmungou Naruto.

— Sim podes ficar com ele. O próprio disse-me para fazer o que quisesse com ele. — Retorquiu Sasuke meio triste.

— O Itachi mudou muito! Comigo, nunca mais falou. Enfim, eu fico lá! — Finalizou Shisui pegando nas malas.

— Tens aqui as chaves. Andas duas portas e estás lá! Até logo! — Explicou Sasuke dando as chaves a Shisui e abrindo a porta.

— Obrigado aos dois! Até logo! — Despediu-se Shisui.

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Shisui deu alguns passos até ao apartamento de Itachi, com as malas nos ombros e nos braços. Colocou a chave na porta rodou-a lentamente para não estragar nada e abriu a porta com um pontapé. As malas foram deixadas a um canto, a porta fechada, o silêncio reinava naquela casa. As coisas estavam exactamente iguais, os móveis estavam intactos e bem arrumados, o que significava que Naruto e Sasuke continuavam a cuidar da casa. Via-se algumas fotos nas paredes de Itachi e do irmão, mas não havia uma única fotografia consigo. Parecia que o mais velho o tinha apagado da sua vida, mas porquê?! Perguntava-se toda a vez o que tinha feito de mal, o que teria acontecido...

Preferiu não pensar mais nisso, foi tomar um banho e descansar um pouco antes do jantar. Deitar na cama que outra vez fora do seu grande amor era reconfortante e, ao mesmo tempo, doloroso! Só queria esquecê-lo de uma vez por todas!

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Depois de um bom descanso e de se ter arranjado, Shisui pôs-se a caminho da casa dos pais, sempre com um brilho nos olhos e um sorriso no rosto. Hinata era como uma mãe para ele e a Hinawari era a sua princesinha que teimava em proteger. Estava feliz por estar de volta às origens!

Passou o portão da mansão Uchiha e, por um segundo, tinha-se esquecido de como aquela casa era enorme e vistosa. Estacionou o carro e caminhou em direcção a casa, a sua linda e maravilhosa casa.

Tocou à campainha, ouviu Hinawari ao pé da porta a chamar pela mãe como se o mundo fosse acabar naquele preciso momento, riu-se de tal pensamento. A porta abriu-se revelando a silhueta de uma mulher, Hinata.

— Oh Meu Deus! Shisui, és tu? — Perguntava Hinata ao mesmo tempo que puxava o rapaz para um abraço. Que saudades sentia daqueles abraços calorosos da sua mãe! — Entra, meu amor. Vamos para a sala de jantar! — Disse a mesma.

— Ah mãezinha! Continuas a mesma... Vamos que estou ansioso para ver o meu pai e Hinawari que fugiu quando abriste a porta. Aquela miúda! — Respondeu Shisui.

Shisui pegou na mão de Hinata, passou-a entre o seu braço e a lateral do seu corpo e começaram a andar até a sala de jantar, falando e rindo como duas velhas cuscas.

Ao passar a entrada da sala de jantar, avistou a sua pequena princesa, que assim que o viu veio a correr para os seus braços. Pegou-a ao colo largando a sua mãe e enchendo a pequena de beijos.

— Bem-vindo a casa, meu filho! Estávamos ansiosos pela tua chegada. — Afirmou Madara caminhando até ao filho. — Dá cá um abraço ao teu velho pai! — Pediu o mesmo.

— Obrigado, pai! É sempre bom voltar a casa! — Falou Shisui sorrindo. — Anda cá, velhote! — Disse sorrindo e abraçando o seu pai. O abraço que deu ao pai foi ainda melhor que o que deu a Hinata.

— Agora sim a família está completa! — Exclamou Sasuke abraçando o seu namorado. — O Sui está de volta! — Gritou Naruto feliz.

— O meu maninho está de volta para brincar comigo e com as minhas bonecas, não é Sui? — Perguntou Hinawari puxando as calças do maior.

— Ah claro! Eu adoro brincar às bonecas e à hora do chá contigo, princesa. — Respondeu Shisui mexendo no cabelo da irmã.

— O pai não sabe brincar comigo! — Exclamou Hinawari sorrindo.

— O teu irmão é que gosta dessas coisas, o pai não tem muito jeito para isso. Obrigado, Deus por me ter dado um filho maravilhoso gay e que sabe brincar às bonecas com a irmã. — Agradeceu Madara fazendo uma vénia.

Na sala, todos começaram a ir com a cena de Madara, pois nunca tinha visto do patriarca fazer aquelas cenas hilariantes. Quando todos iam se sentar, Madara não permitiu pois tinha uma surpresa para todos. Uma boa surpresa. Chamou a dita da surpresa com um “ Podes vir!” e por detrás das cortinas, apareceu Itachi.

— Itachi! — Gritaram todos menos Shisui, que ainda estava em choque com o acontecimento.

— Não acredito! Mano, estás de volta também?! — Perguntou Sasuke perplexo.

— Isto não é nada dos apanhados?! Vá podem mostrar as câmaras, pessoal! — Gritou Naruto olhando para todo o lado.

— Não, Naruto, isto não são os apanhados! É mesmo o teu cunhado! — Constatou Hinata. — Que agradáveis surpresas que tivemos hoje! — Disse a mesma sorrindo.

— Consegui umas semanas de férias e resolvi visitar a minha família, mas não esperava ver-te aqui, Shisui. — Explicou Itachi sentando-se como todos os outros.

— O mesmo digo de ti, Itachi! Parece que sumiste do mapa! — Retorquiu Shisui. — Mas não interessa! Estamos todos juntos até mais uns dias! — Disse o mesmo.

Iniciaram a refeição, sempre a conversar e a rir, com as peripécias de Naruto e Sasuke, as histórias inigualáveis de Shisui sobre as missões do exército enquanto Itachi olhava atentamente para cada traço e expressão do primo mais novo. Aquilo começava a irritar o outro, não só pelo facto dele não falar praticamente nada como o olhar que lhe deitava.

— Sui, continuas a arrasar corações! — Falou Naruto rindo-se.

— Eu sou irresistível, Naruto! — Gargalhou Shisui. — Mas acima de tudo, respeitam-me bastante e isso é algo que não trocaria por nada.

— Foi preciso muita coragem para lhes contares sobre ti. Admiro-te muito, cousin! — Expressou-se Sasuke.

— Quer dizer que tu, Shisui, gostas de homens? — Perguntou Itachi interessado. Era a primeira vez que tinha falado para ele durante toda aquela conversa.

— Sim, Itachi. Algum problema com isso? — Perguntou Shisui indiferente.

— Claro que não, mas no exército sabem da tua opção sexual? — Perguntou-lhe mais uma vez.

— Sim, sabem e respeitam-me! Mais alguma coisa? — Regateou Shisui.

— Por enquanto, não. — Disse Itachi voltando a comer.

— Mano, eu dei as chaves da tua casa ao Shisui para ele passar lá os dias. Como não sabia que vinhas. — Explicou Sasuke.

— Fizeste bem! Acho que não vai haver mal nenhum dividir a casa por alguns dias até me ir embora. — Falou Itachi olhando para Shisui. — Não achas, Shisui?

— Por mim, é na boa. Cada um faz a sua vida! — Respondeu Shisui. — Se me derem licença, eu e a Hinawari vamos brincar, não é princesa?

— Sim, vamos! Estou desejosa de te mostrar as novas roupas que mãe fez para as minhas bonecas. — Respondeu Hinawari já ao colo do irmão.

Foram os dois para o quarto da pequena brincar como duas crianças felizes.

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É bom estar de volta a casa, brincar com a minha princesinha e falar com os meus familiares, mas não esperava que Itachi viesse também. Estava afastado da família há tanto tempo, ou melhor, estava a afastado de mim. Estavam todos felizes com o seu retorno, mas havia ali algo que não encaixava! Apesar dele ter explicado a sua vinda, não acreditava muito nisso tal como nas histórias que o meu pai e o meu primo mais novo inventavam sobre a partida dele.

A juntar a esta desconfiança, as perguntas que ele fez sobre a minha orientação sexual, o dividir a casa comigo durante estes dias... Tudo muito estranho!

Enfim, não quero pensar nisso, porque está na hora do chá das bonecas da minha irmãzinha e eu tenho que estar à altura do desafio!

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Brincámos tanto até a Hinawari adormecer nos meus braços, como eu queria ter a idade dela outra vez e não me ter apaixonado pelo idiota do meu primo. Ela era um anjinho de miúda, queria que ela ficasse assim para sempre para não lidar com as confusões dos adultos!

Peguei na minha princesa, fui deitá-la na sua caminha cheia de peluches que, provavelmente pediu ao meu pai que se derreteu todo com o jeitoso matreiro dela. Deitei-a, tapei-a aconchegando-a o melhor que sabia e simplesmente fiquei ali a olhar para ela.

Não dei conta da presença de Hinata no quarto a olhar para nós como mãe galinha e protectora que é.

— Ela já está a dormir? — Perguntou. — Milagre! É sempre um castigo para ela dormir cedo. — Explicou Hinata sentando-se ao meu lado.

— Tenho que vir mais vezes! Hahahaha! Como é que estão coisas entre vocês? – Perguntei curioso.

— Estamos bem, agora que voltaste e o Itachi! O teu pai sente uma culpa que ninguém consegue descrever quanto mais compreender. Ele acha que te incentivou demais na tua escolha profissional. — Contou-me. Eu sabia que ele se sentia assim, mas quem decidiu ir fui eu.

— Ele não tem que se culpa, eu já lhe disse! Ao ir para o exército permitiu que crescesse e esquecesse alguns problemas. — Expliquei-lhe.

— Eu sei! Estamos orgulhosos de ti! E agora com o Itachi aqui como vai ser, meu amor? — Como era difícil responder a essa pergunta. Hinata sabia dos meus sentimentos por Itachi desde que nos conhecemos. Talvez fosse a única pessoa com quem realmente me abri.

— Não sei... Parece que ele apagou-me da sua vida! Não há uma única foto minha com ele e olha como nós éramos grandes amigos. Enfim... Vamos ver como corre. — Disse passando a mão pela cabeça.

— Nós vamos estar sempre aqui para ti. Se quiseres, podes vir para cá... Nós arranjamos um cantinho aqui no quarto da Hinawari. — Sugeriu Hinata.

— Obrigado, mãe. Eu aguento! Vou andando, estou muito cansado. A viagem foi um pouco longa. — Despedi-me dela com um abraço apertado e da Hinawari com um abraço.

— Eu acompanho-te. — Disse-me sorrindo. — Quero aproveitar todos os momentos com o meu filho.

Com aquela troca cúmplice de olhares, descemos as escadas até à sala de estar, onde estavam os restantes membros da família também despedirem-se. Eu deixei Hinata para despedir-me do meu pai com um abraço, do meu primo mais novo e do namorado com umas palavras bem à nossa maneira e um Até já” a Itachi.

— Filho, será que não te importavas de levar o teu primo? Já que vão na mesma casa, aliás ele não tem carro. — Perguntou o meu pai.

— Não, não me importo. E tu, Itachi, tens alguma objecção? — Respondi olhando para o outro.

— Não, por mim, tudo bem. — Disse Itachi retribuindo o olhar.

— Então, vamos que estou a morrer de cansaço. Até amanhã, família. — Despedi-me pela última vez antes de fechar a porta da mansão.

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Durante o caminho, não trocámos uma única palavra, para ser sincero, ainda bem, não estava com disposição para discutir com ele. Talvez, amanhã...

Virei na esquina mais próxima que ligava aquela rua à do apartamento do Itachi, andei à procura de estacionamento, estacionei e o meu companheiro de casa não proferiu nada. Ah como o Universo está a ser bonzinho para mim!

Saímos do carro, tranquei-o para que não mo roubasse, custou-me os olhos da cara! Nem pensar que mo roubam! Entrámos no prédio, subimos as escadas em direcção ao apartamento, sempre sem falarmos. Itachi abriu a porta quando chegámos e eu fui direitinho para o quarto de hóspedes, sem mais nem ontem.

— Shisui, podemos conversar? — Chamou-me Itachi tirando o casaco e a gravata.

— Não pode ser amanhã? É que estou mesmo muito cansado. — Falei evitando o assunto.

— Por favor, preciso mesmo de falar contigo! — Epah, vai cair algum burro do céu, Itachi Uchiha a pedir por favor e suplicar?! Vou só ali bater com a cabeça na parede para ver se ouvi bem.

— Muito bem! Mas rápido que a cama já me está a seduzir há muito tempo. — Disse deitando-me no sofá e Itachi no outro. — O que é que tens assim de tão importante para falar comigo? — Perguntei curioso.

— Acho que temos alguns assuntos para esclarecer. — Disse Itachi um pouco nervoso. Nunca o tinha visto assim tão nervoso! Isto trás água no bico!

— Concordo plenamente contigo. A começar pelo facto de teres ido para Milão do dia para noite. Mereço uma explicação decente e não mentirosa como deste ao meu pai e ao teu irmão. — Comecei logo bem! Queria saber o que sairia daquela boca como justificação.

— Sabes que sempre me interessei pelos negócios da família e consegui uma boa proposta no Milão e fui para lá. — Explicou mais seguro. — Cresci bastante lá até tornar-me no homem de negócios que sou hoje.

— Isso não significa que tenhas que cortar relações com a família. — Retorqui sem piedade. — Principalmente comigo!

— Eu não cortei relações com ninguém, simplesmente ando cheio de trabalho. — Disse Itachi.

— Ah vai te foder, Itachi! Eu também trabalho e não é por isso que deixei de falar com eles. — Barafustei chateado, levantando-me do sofá.

— Já disse que não deixei de falar com eles! — Gritou também chateado. Pensava que enganava quem, pah.

— Deixaste de falar comigo! Porquê? Diz-me o que é que te fiz! Isto é, se és realmente homem! — Foi a gota de água! Senti a parede nas minhas costas vendo o meu priminho agarrar-me pelo colarinho da camisa.

— Homem, ham?! Eu não sou uma florzinha como tu! Não quero uma florzinha ao meu lado! — Troçou de mim. Ah filho, tu nem sabes com quem te estás a meter.

A florzinha, como ele me chamou, passou-se da marmita e prendeu-o à parede nem segundos, sem grandes esforços. Afinal, eu tinha mais força que ele, graças aos meus treinos no exército, peguei-o tal e qual como ele fez acrescentando a minha perna no meio das dele.

— Oh, então é isso! És um preconceituoso da merda! Adoro lidar com gajos assim, nem sabes o prazer que eu sinto! A florzinha é comando de elite condecorado mais de duas vezes e que todos respeitam e temem até mesmo tu, macho alfa! — Naquele momento, estava a saber-me tão bem esfregar-lhe naquela carinha laroca os meus sonhos e as minhas conquistas. Senti que ele tremeu, mas não ia dar a parte fraca!

— Não sei como é que aceitam pessoas assim! O mundo está um autêntico caos! — Provocou-me mais uma vez.

— Da mesma forma que aceitam pessoas como tu, babe. Eu acho que o teu problema é falta de sexo e de umas boas palmadas em criança! Posso resolver a primeira parte, agora a segunda... Desculpa mas eu não me meto com gaiatos mimados e machistas! — Enquanto lhe digo isto, sinto o meu coração apertado. Foda-se o coração! Este marmanjo precisa de uma lição!

— Não quero nada contigo! Somos primos e, principalmente, homens! — Falou desviando o olhar.

— Não há problema da minha parte! Afinal, eu sou uma florzinha e homem ameninado! Tu és um homem, um macho que gosta de vaginas e peitos! — Ridicularizei-o.

— Estás a irritar-me? Mostra-me que és homem tentado levar-me para a cama. — Desafiou-me. Itachi, não faças isso! Vou me foder ainda mais que aquilo que já me fodi!

— Não tens problemas em deitar-te com uma florzinha?! — Viu-o a negar. — Perfeito! Tu és o tipo de homem que me atrai. Bonito, armado em macho, que não sabe se gosta de pau e ainda assim insulta os que gostam! Adoro converter heteros em cenas! — Admiti sorrindo.

Não deixei falar, beijei-o com toda a força que tinha, estava sedento pela aquela boca carnuda e chamativa, ele não demorou muito a ceder. Acho que só deu luta para não me dar razão no que tinha proferido há uns minutos. Forcei-o mais na parede, sempre a beijá-lo com fúria e sem cuidado nenhum, ele merecia que fizesse isso. Finalizei-o beijo com um selinho amoroso, precisava de respirar um pouco!

— No teu quarto ou no “meu”? — Perguntei feito sacana. A comida da Hinata devia de ter qualquer coisa de afrodisíaco, porque estou on fire!

— No meu... — Respondeu envergonhado. Que fofo!

Caminhámos até ao quarto aos beijos, puxões de cabelos, as roupas iam ficando para trás, jogadas no meio do chão, dos móveis... Uma autêntica e doce loucura! Chegámos ao quarto, já só com os boxers no corpo, deitei-o na cama atacando logo o pescoço com beijos e chupões.

Ele foi-me puxando para si, continuei as espalhar os meus beijos pelo seu corpo, mordisquei os seus mamilos erectos pelo prazer que sentia e pelo que eu lhe proporcionava. Senti o membro dele a ganhar vida, ainda diz que é hetero! Mentiroso!

Os gemidos vieram logo a seguir ao meu pensamento, via-o a tentar-se controlar inutilmente. Tirei-lhe os boxers, comecei por apertar aquele pau grande, grosso e inchado, goteando o seu líquido para fora. Nem pensei duas vezes, enfiei-o na boca chupando com gosto e malícia. Como ansiava por este momento, ter o Itachi na minha boca gemendo que nem uma florzinha.

Ele já não se controlava, gemia alto e bom som, aquilo era música para os meus ouvidos. Eu sabia que ele não tinha nojo de gays devido à sua fácil aceitação do meu primo mais novo. Ele queria provocar-me!

Senti que ele estava no seu limite, mas não ia deixar vir-se. Tirei o resto da minha roupa sob olhar atento de Itachi, queimava-me e deixava-me ainda mais excitado.

Ia começar a prepará-lo quando fui impedido pela mão dele. Acho que se arrependeu, foda-se!

— Não sou o passivo! — Disse corado olhando para o chão.

— Eu também não vou ser! Prometo que serei cuidadoso e gentil contigo! — Prometi-lhe levando as minhas mãos ao seu rosto e beijando-o carinhosamente.

Acho que ele sentiu-se mais seguro, porque deixo-me prepará-lo como deve ser e colocar um pouco do meu membro. Vi que sentia dor pela sua expressão chorosa, enfiei de uma vez, ele gritou para caraças mas tinha que ser, não só porque não aguentava mais, mas também para não prolongar a dor.

Esperei que ele se acostumasse comigo, comecei a fazer movimentos mais lentos, uma verdadeira tortura! Vi que ele estava a gostar e a sentir menos dor, aumentei a velocidade. Foi alucinante! Os gemidos dele que se tornaram em gritos, as minhas costas ficaram cheias de arranhões, os nossos corpos que chocavam e encaixavam na perfeição... Foda-se o mundo!

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Ao fim de algum tempo, tínhamos acabado, Itachi estava exausto tal como eu, não estávamos abraçados, não tínhamos tanta intimidade assim. Engraçado pensar nisso depois de ter feito o que fiz... Vi que ele se sentou na cama com muita dificuldade, olhando para mim.

— Acho que gosto de ti, Shisui! — Admitiu sorrindo que nem um tonto.

— Eu tenho a certeza que te amo! — Declarei sem problemas.

— Então, vou ter que aprender a lidar com isso. — Falou Itachi.

— Tens tempo até à próxima visita à família. — Disse virando-me para o outro para dormir. — Aproveita para comprar um vibrador para alargares essa entrada suculenta!

— Vai à merda, filho da mãe! — Resmungou irritado deitando-se para dormir.

— Também te amo, Itachi. — Disse caindo no sono que pesava a minha cabeça. Tinha sido a melhor visita à família de sempre!