1. Spirit Fanfics >
  2. Entre Lençóis e Mentiras >
  3. Are You Hurting The One You Love?

História Entre Lençóis e Mentiras - Are You Hurting The One You Love?


Escrita por: vernope

Notas do Autor


quem tá vivo sempre aparece não é mesmo?
Em primeiro lugar, muito obrigada pelos 240+ favoritos!!! Eu tô tão feliz que podia soltar balões de coração <333

Em segundo, queria me desculpar pelo atraso (que ocorreu por um bom motivo), o problema é que eu comecei a trabalhar há 1 mês então meus horários viraram de cabeça pra baixo, eu estou começando a me organizar melhor com o tempo, então possivelmente meus posts serão aos fins de semana~

Esse capítulo é bem grandinho para me desculpar mesmo, mas pfvr não me matem quando chegarem ao fim dele EU JURO QUE TUDO VAI FICAR BEM em breve JURO

PS IMPORTANTE: esse capítulo tem nsfw! A primeira cena é bem implícita no dormitório de Hansol, a segunda é bem explícita e começa em "agarrou-se na camisa em suas mãos", se você se sente incomodado, pode pular sem problemas! O final da segunda seria em "Quando o acordo entre eles..." stay safe amorzinhos!

Bom, boa leitura, amorecos~<3

Capítulo 10 - Are You Hurting The One You Love?



Are you hurting the one you love?
And was it something you could not stop?

 

O barulho de água correndo causava um zumbido nos ouvidos de Seungkwan, os sons de risos na sala eram distantes de si, como se pertencessem a outra realidade. Olhando-se no espelho o garoto suspirou molhando o rosto em seguida, tentando aliviar parte do estresse que sentia no ato. Sentia-se cansado, um peso atormentava suas costas e seu corpo fatigado implorava por descanso.

A quantidade de pensamentos atormentando sua mente o irritava, e a felicidade dos amigos era um incômodo para a paz que tanto desejava. Era incrível como, em dias que sentia necessidades da solidão, Seungkwan nunca conseguia a encontrar, tampouco tinha coragem suficiente para expulsar seus amigos dali. Por outro lado, sabia que era quase impossível um tempo em paz cercado apenas pelos seus pensamentos, pois a nova missão de Soonyoung era estar sempre presente.

Era como se o amigo houvesse decidido resolver as coisas por si só, cansado de esperar que Seungkwan e Hansol chegassem a uma conclusão. Nos últimos dias, a intromissão de Soonyoung era indiscreta e ultrapassava os limites do conforto, de forma que até mesmo Seokmin suspirava cansado.

Aquele era mais um daqueles dias onde, após um dia cansativo de trabalho, Seungkwan chegava em casa pensando em se jogar na cama e não levantar até a manhã seguinte. Entretanto, os planos do amigo haviam decidido por ele como a noite seria e, no caso, tratava-se de rodadas de filmes com Hansol ao seu lado enquanto ambos tentavam evitar invadir o espaço do outro.

Realmente, tudo que Seungkwan precisava.

Reunindo a coragem que tinha e com um último olhar para o seu reflexo, Seungkwan deixou o banheiro e caminhou em direção aos risos que ouvia, forjando no seu próprio rosto o sorriso mais convincente que podia. Andar para a sala poderia ser uma ação comum como qualquer outra, porém naquele momento Seungkwan sentia-se em um campo minado, torcendo apenas para que seu próximo passo não ativasse uma bomba.

~•~

De acordo com o passar dos dias algumas coisas tornavam-se cada vez mais claras para Seungkwan, a primeira delas, era que sentia falta de Hansol. O fato por si só já era estranho, afinal, os dois mantinham contato e ㅡ graças a Soonyoung ㅡ o garoto estava sempre por perto e presente, independente da situação. Entretanto, para Seungkwan, algo faltava toda vez que estavam juntos. Havia o vazio de risos forçados, e palavras meticulosamente calculadas para evitar um maior dano. Tudo entre eles era delicado e, algumas vezes, a troca de informações entre eles chegava a ser exaustiva.

Seungkwan simplesmente odiava isso.

Era sempre após uma dessas conversas onde o clima sem graça fazia-se presente, que Seungkwan questionava-se como seria possível consertar seu relacionamento com Hansol. Sua mente vagava em diversas possibilidades, mas todas pareciam longe de seu alcance ou incapazes de serem executadas, e como iria consertar algo sem expor seus próprios sentimentos? Os dois brincaram durante meses de cama de gato com um elástico, agora estavam presos entre os nós e, sozinho, Seungkwan não via alternativas para desmanchá-los.

“Seungkwan, você está prestando atenção? É sua vez!”

A voz de Junhui despertou o garoto de seus devaneios e, sem muito interesse, ele olhou para as cartas coloridas em suas mãos. Uma noite de jogos de cartas ㅡ agora UNO, já que Soonyoung e Seokmin eram horríveis em sua discrição para poker ㅡ parecia ideal para Seungkwan quando o convite lhe fora feito, uma chance de se divertir, relaxar e-

“A sua mão é tão ruim assim, Seungkwan?”

Seungkwan fuzilou Hansol com o olhar, enquanto este ria abertamente por ter conseguido atingir o garoto com uma provocação boba. A noite seria perfeita para relaxar se Seungkwan não fosse obrigado a passá-la ao lado de Hansol, o que, na verdade, não passava de uma enorme contradição em sua mente: uma noite horrível por estar com Hansol, mas uma noite pior ainda sozinho sem vê-lo.

Sem retrucar a provocação, Seungkwan jogou na mesa uma carta +2 vermelha, não conseguindo segurar o sorriso de lado quando Hansol esbugalhou os olhos.

“Felizmente, dessa eu me livrei” Disse Soonyoung jogando outro +2 por cima da mesma cor.

“Me diz que não” Falou Hansol olhando para Seokmin, que apenas deu de ombros e colocou uma carta de compra, porém de cor azul “Ah não”

Rindo quando Hansol começou a xingar baixinho, Seungkwan apoiou o rosto nas mãos “A sua mão é tão ruim assim, Hansol?”

As seis cartas recém compradas do garoto foram misturadas com a sua mão, quando com o rosto emburrado Hansol mostrou a língua para o amigo. Seungkwan apenas riu do quão adorável e infantil ele parecia em momentos assim, fazendo seu coração apertar por não poder apertar suas bochechas. Em outro tempo, antes de tudo, simplesmente esticar os braços por cima da mesa e fazê-lo era um ato tão simples, contudo a ação atualmente geraria lembranças de toques que Seungkwan não queria recordar. Sendo assim, era mais fácil manter seu aperto nas cartas em sua mão e engolir a sensação ruim em seu peito.

Foram necessárias mais três rodadas de UNO, uma troca de insultos entre Soonyoung e Junhui ㅡ a sequência de cartas +4 do garoto rendeu em dezesseis cartas para Jun ㅡ, algumas tentativas de jogar novamente poker e uma rodada de buraco para que, juntos, eles decidissem que já estava mais do que na hora de parar.

O celular de Seungkwan indicava quase uma hora da manhã quando os amigos começaram a se retirar, o primeiro foi Soonyoung que ㅡ sem a menor vergonha ㅡ puxou Seokmin consigo para o quarto deste, batendo a porta atrás de si em seguida. Em seguida, Seungkwan acompanhava Junhui até a porta despedindo-se rapidamente com um aceno.

Foi só quando fechou a porta do apartamento com um suspiro, que Seungkwan notou Hansol sentado no sofá. O garoto o olhava com um sorriso sem graça, quase como se não soubesse ao certo o que dizer e, para falar a verdade, tampouco Seungkwan possuía ideia para preencher o silêncio. Aquele tipo de situação era familiar anteriormente, quando o combinado entre ambos ainda era válido e Hansol passava suas noites entre os lençóis do amigo, porém agora apenas a lembrança o fazia querer fugir dali o mais rápido possível.

Pigarreando, Hansol coçou a nuca e desviou seu olhar para o chão. Era incrível como Seungkwan ainda conseguia ler suas ações como ninguém, enxergar por baixo da máscara despreocupada na qual o garoto escondia-se. E, no meio de tantos detalhes que saberia explicar de Hansol, ainda não conseguia achar justificativa para o modo de agir do garoto com Mingyu. O fato lhe atormentava todos os dias e, a cada manhã, Seungkwan via-se jogando água na chama de esperança que seu tolo coração insistia em alimentar.

Seungkwan precisava de foco.

“Você não vai embora?”

O tom áspero não estava presente na voz de Seungkwan, entretanto, a pergunta ainda sim o fez tremer e o mesmo ocorreu com Hansol. Na mesma hora, o garoto no sofá buscou os olhos do amigo e o que Seungkwan viu ali o fez engolir o seco: mágoa. A confusão em sua mente era tanta, que ele só podia esperar que Hansol não a notasse em seu rosto, pois seus olhos de cor tão peculiar possuíam sentimento suficiente para que perdesse o fôlego.

“Eu posso passar a noite aqui?” Questionou o garoto com a voz tão baixa que mal Seungkwan o ouvia, seus olhos voltaram-se novamente para o chão, enquanto seus dedos nervosos não deixavam a barra da camisa que usava.

Um alarme disparou na mente de Seungkwan, as sirenes vermelhas piscando em todas as direções enquanto seu coração batia acelerado, a confusão interna o querendo fazer gritar. No entanto, Hansol ainda era seu melhor amigo e fugir para sempre não era uma opção viável, provavelmente jamais seria. Além disso, havia uma certa inocência na forma com que o pedido fora feito, o receio sentido em cada palavra pronunciada e insegurança incomum.

A percepção veio como um choque: Hansol estava com medo da rejeição de Seungkwan. A parte mais assustadora, porém, era que ele nem ao menos sabia se teria forças suficiente em si para negar tal pedido, principalmente quando a amizade entre eles era como um fio prestes a se partir. E que mal teria em Hansol dormir ali? Não havia mais nada entre eles, apenas escombros de uma amizade que necessitava ser reerguida com mais segurança.

Com isso em mente, Seungkwan concordou em silêncio apenas com um aceno positivo de cabeça, virando-se de costas rapidamente em seguida para evitar que qualquer frase deixasse seus lábios. Não podia mais arriscar depois de tudo que já acontecera entre eles, era hora para seguir em frente, e colocar a amizade entre eles acima de seus sentimentos egoístas.

O percurso da sala até o quarto era curto, mas naquele momento parecia ter duplicado de tamanho. Havia um silêncio incomum dividido entre eles, composto por desconforto e palavras engasgadas por serem difíceis de dizer em voz alta, e ainda piores de se admitir para si mesmos. Seungkwan podia sentir sua mente funcionando a mil, a imaginação sempre tão fértil que o distraía criando diversas rotas para Hansol dormindo em sua casa, as lembranças do tempo “juntos” o colocando cada vez mais em um buraco.

Silenciosamente e, assim como Hansol o fizera na sala, Seungkwan evitou seu olhar quando entraram no quarto escuro. Sem pensar muito, pegou uma troca de roupa para si e foi para o banheiro tirar os jeans que usava, deixando Hansol sozinho ali. Ao retornar já trocado, entretanto, encontrou o garoto parado perdido no centro do cômodo com as mãos dentro do bolso.

Foi então que Seungkwan lembrou-se: amigos sem benefícios, Hansol não podia dormir ali.

“Eu… Posso arrumar o sofá, se você quiser” Disse Seungkwan olhando para o chão “Ou qualquer outra coisa que você achar melhor”

“O que você acha melhor, Seungkwan?”

A pergunta o fez encará-lo segurando um riso triste, afinal, Seungkwan achava melhor dormir entre os braços de Hansol. Mais do que isso, nada lhe parecia mais confortável do que o calor de seus corpos juntos, a fragrância do perfume do garoto preenchendo seus pulmões, e a sensação de segurança que apenas ele era capaz de fornecê-lo. O problema é que o melhor para Seungkwan seria o pior para os dois, e sua amizade já tão fragilizada.

“Eu não me importo de dividir a cama com você”

Correção: o problema é que Seungkwan sentia falta do que ele não poderia ter, e suas ações egoístas um dia voltariam para arrastá-lo.

Sem que nenhum dos dois dissesse uma palavra sequer, Seungkwan deitou na cama com Hansol logo o seguindo. A sensação de nostalgia e familiaridade, contudo, era banhada por tristeza e insegurança. Havia uma tensão no ar que fazia Seungkwan prender a respiração, e quando as costas de Hansol chocaram-se com as suas, a memória de tê-lo enroscado em si fez seu peito doer. Apenas mais uma confirmação que as coisas já não eram mais como antes.

Quando Seungkwan acordou, a cama estava fria e os lençóis enrolados entre sua pernas. O cômodo estava silencioso demais, e seu coração pesou ao sentir que estava sozinho, o espaço ao seu lado bagunçado deixava a vista apenas o fantasma do corpo de Hansol.

Aquilo não o devia surpreender, não depois de tudo que já haviam passado juntos. A noite anterior foi sem arrependimentos ㅡ ou melhor dizendo, sem qualquer tipo de contato físico capaz de gerar problemas ㅡ porém Seungkwan não pode evitar o peso em seu coração, a forma como seu peito contraiu em dor por acordar sozinho. Em sua solidão, a cama parecia espaçosa demais e aquilo o fazia sentir-se patético, um tolo por desejar que Hansol estivesse ao seu lado com as mãos envolvendo sua cintura.

Engolindo sua auto-piedade, Seungkwan levantou-se e deixou para trás a cama vazia, foram necessários três passos para que notasse algo: apoiado na cadeira de sua escrivaninha, estava a camisa xadrez que Hansol usava na noite anterior. A peça de roupa vermelha parecia lhe observar e uma sensação estranha dominava seu corpo, havia ansiedade em seus passos quando deixou o quarto e sentiu o aroma de chá no ar, ou quando adentrou a cozinha e deu de cara com Hansol ali.

O garoto estava de costas para si e não notara que tinha companhia, o cabelo completamente bagunçado deixando evidente a necessidade de um corte, mas o que mais chamou sua atenção foi vê-lo usando uma de suas calças velhas ㅡ curtas demais para Hansol, afinal, Seungkwan era pelo menos uma cabeça menor que ele. Havia tanta domesticidade em encontrá-lo em sua cozinha de manhã usando suas roupas, que Seungkwan viu-se a beira de lágrimas que não saberia explicar se seriam de felicidade.

O cheiro de queimado, porém, o trouxe diretamente pela realidade que Hansol não sabia cozinhar e, por mais agradável que fosse a situação, ele não estava preparado para um incêndio.

“O que você está fazendo?”

Com um pulo, Hansol virou-se para encarar Seungkwan de olhos estatelados, a surpresa decorava seu rosto de forma expressiva, e o sorriso que fornecia ao amigo segundos depois poderia iluminar uma cidade inteira.

“Eu quis fazer algo para te agradecer por ter me deixado ficar” Respondeu voltando seu olhar para o fogão, apressando-se em desligar o fogo e abanar a fumaça “Acho que não deu muito certo”

Sem conseguir evitar, Seungkwan riu do quão perdido Hansol parecia, e a expressão emburrada em seu rosto por ter queimado o que quer que cozinhava.

“A cozinha estava cheirando a chá, o que aconteceu?”

“Ah… Eu fiz chá de camomila, isso é fácil” Disse Hansol afastando-se do fogão e ocupando uma das cadeiras na pequena mesa da cozinha “Não tão fácil quanto a receita de waffles da minha mãe, mesmo ela tendo me prometido que eu não teria problemas em fazer”

“Hansol… Waffles não vão no forno?”

“Oh, agora que você disse…”

Mais uma vez, Seungkwan simplesmente não conseguia parar de rir enquanto o outro lhe mostrava a língua. Era tão confuso e injusto como em um momento Hansol o fazia sentir-se perdido, totalmente inseguro de como agir e pensar que a amizade entre eles estava acabada, para no outro tudo voltar a ser como antes. Eles voltarem a ser como antes.

“Fique longe do meu fogão” Falou Seungkwan aproximando-se do mesmo, pegando as panelas onde algo queimado boiava em um caldo estranho “Eu faço algo para nós dois”

E foi no meio de um conforto clandestino que ambos passaram o café da manhã, entre brincadeiras e risadas comuns que tanto Seungkwan sentia falta. A sensação de solidão sendo preenchida novamente pela presença de Hansol ali, uma calma que lavava seu corpo pelo carinho com o qual conversavam, ou pelo olhar tão atento que Hansol lhe oferecia quando ocupava-se a falar sobre qualquer coisa. Cada parte de Seungkwan relaxava por quão caseiro era o momento, e de repente ele viu-se desejando que todas as suas manhãs fossem como aquelas.

O pensamento o recordou da realidade, as mentiras empilhadas e sentimentos não pronunciados e, por um instante, Seungkwan cogitou dizê-las de uma vez para o outro. O que aconteceria caso dissesse a Hansol que o amava? Depois de tudo que viveram, a intimidade que dividiram ㅡ e não apenas a física, mas sim algo além disso ㅡ iria simplesmente sumir caso Seungkwan possuísse coragem suficiente para falar?

“Seungkwanie, eu preciso ir” Hansol comentou de repente, levantando-se sorrindo “Prometi a Yuna que iríamos juntos em uma exposição”

Yuna, por um momento, Seungkwan havia esquecido completamente da garota. Novamente a culpa o dominou, seus sentimentos egoístas vindo a tona sendo disfarçados por um sorriso.

“Espero que você tire meu pijama então”

Hansol riu e concordou, a forma como seu rosto brilhava fez o peito de Seungkwan doer, adorava ser o motivo de seus sorrisos mas odiava que estes fossem apenas por amizade.

“Não se preocupe, farei isso” Respondeu o garoto com uma piscadela “Obrigado por me deixar ficar, na próxima, eu aprendo a fazer alguma coisa antes de testar pela primeira vez direto na sua casa”

“Faça isso e orgulhe a culinária da mamãe Chwe”

Em pouco tempo, Hansol estava devidamente trocado em suas roupas da noite anterior e com o cabelo ㅡ o máximo que podia ㅡ arrumado. Seungkwan apenas o observou ir embora com um sorriso para, momentos depois, cair no sofá com o rosto entre as mãos.

Não sentia vontade alguma de chorar, no entanto, era impossível negar o sentimento que contorcia-se dentro de si. Evitava o máximo deixar que a esperança nascesse em si, mas as ações de Hansol desde o término ㅡ se é que este era o termo mais adequado para os dois ㅡ entre eles deixavam Seungkwan uma confusão, as formas que o garoto agia eram sempre ambíguas e até mesmo Mingyu já havia notado. A verdadeira questão, porém, era o que de fato havia ali para se notar?

Foi Hansol quem iniciou aquele acordo e ele mesmo o finalizou, e tudo porque ele foi egoísta… Tudo porque ele notou que Seungkwan estava com outra pessoa.

A ideia mal apareceu em sua cabeça quando Seungkwan tirou as mãos do rosto e encarou o teto, uma sensação de euforia tomou seu peito e ele não sabia mais ao certo o que estava acontecendo. A chance (mesmo que mínima) de que Hansol terminou tudo entre eles porque estava com ciúmes de Mingyu lhe parecia absurda, ridícula. Ele tinha Yuna e ambos eram apenas amigos, então qual seria o problema de Seungkwan ter alguém para si também? A não ser que…

Não. Seungkwan recusava-se a sequer considerar a possibilidade, não iria iludir-se novamente, os meses com Hansol já havia sido o suficiente. Com um suspiro pesado, o garoto deixou a sala e foi até seu quarto com passos mecânicos, o peso de seus pensamentos atormentando sua mente.

Abriu a porta sem se importar com o barulho, e a fechou atrás de si como se ela fosse capaz de isolá-lo para sempre de seus problemas, como uma barreira impenetrável que resolveria tudo que estava fora de lugar. Foi então que Seungkwan notou em sua cadeira uma peça de roupa que não lhe pertencia: a camisa vermelha xadrez de Hansol.

Seu primeiro impulso foi o de pegar tal peça de roupa e simplesmente queimar, fingir que Hansol não havia passado a noite ali ㅡ como amigo ㅡ e uma manhã caseira que aquecia sua solidão com um sentimento de ternura. No entanto, era óbvio que jamais faria isso, Seungkwan iria vestir sua melhor expressão e levar para o amigo a camisa porque era isso que melhores amigos fazem.

Apenas quando o final da tarde chegou que Seungkwan, de fato, conseguiu reunir coragem e força de vontade para ir até o dormitório de Hansol no campus. Esperava que o amigo já estivesse de volta após seu encontro com Yuna, e que preferencialmente a garota não estivesse por perto. Não precisava olhá-la hoje, não quando sua mente considerava possibilidades horríveis sobre a natureza dos sentimentos de Hansol.

O caminho para o quarto de Hansol era quase automático, seus pés o faziam naturalmente mesmo que sua mente estivesse longe dali viajando em hipóteses. A camisa em suas mãos era macia e possuía o perfume do outro, e tudo que Seungkwan mais desejava no momento era se livrar da roupa, das memórias e de tudo mais.

Andou pelos corredores do dormitório cumprimentando educadamente aqueles que acenavam, agradecendo aos céus não ter encontrado ninguém muito próximo no caminho. Em qualquer outro dia, Seungkwan não perderia a oportunidade de conversa, entretanto, hoje estava com pressa para voltar ao conforto de sua casa.

Quando finalmente chegou na frente da porta de Hansol, o garoto respirou fundo antes de notar que algo estava errado. A porta do quarto do garoto estava com a maçaneta quebrada há mais de duas semanas, isso Seungkwan já sabia, no entanto o que lhe chamou a atenção foi o som que ouviu através da porta. A voz era fina e abafada, mas fez o garoto parar qualquer um de seus movimentos para bater em pedido de permissão.

Ele sabia que era errado ㅡ e, provavelmente, contava como invasão de privacidade ㅡ contudo, Seungkwan estava acostumado em abrir a porta do quarto de Hansol sem pedir licença, eram apenas próximos o suficiente para tal coisa. Por isso mesmo ele não entendia o medo que congelou seu corpo quando sua mão encostou no frio da maçaneta, o coração em seu peito batendo tão acelerado que poderia sair pela boca. A maçaneta quebrada cedeu apenas pelo toque e abriu-se silenciosa, uma fresta disponível entre o interior do quarto e o corredor.

No mesmo instante, Seungkwan desejou que não houvesse o feito.

De seu lugar na porta, o garoto foi capaz de ver dois corpos enroscados na cama e, não foi necessário pensar muito para que compreendesse que tratava-se de Hansol e Yuna. A garota estava de costas para Seungkwan e apenas com sutiã, enquanto as mãos de Hansol apertavam-lhe o quadril. Os sons abafados que ambos faziam eram obscenos em seus ouvidos, e a visão lhe causava ânsia, mas Seungkwan simplesmente não conseguia se mover, pois seu corpo parecia completamente congelado no mesmo lugar.

“H-Hansol”

A voz de Yuna parecia errada e o nojo que sentia misturou-se com a vergonha por testemunhar aquilo, Seungkwan não deveria estar vendo aquilo, era uma intimidade a qual ele não tinha qualquer direito de intervir.

Com as mãos trêmulas, fechou a porta com tanta discrição quanto a abriu. Seu corpo inteiro tremia e as lágrimas não paravam de cair, mas o que esperava? Tanto havia mudado nesse tempo sem seu acordo, não devia ser uma surpresa que agora Hansol mantinha uma vida sexual com Yuna, assim como devia ser. Não com Seungkwan.

O trajeto de volta para casa passou como um borrão de imagens, Seungkwan não percebeu para onde ia até que viu-se dentro de seu quarto no escuro. Sabia que não possuía qualquer direito de se sentir ferido com o que testemunhara, entretanto era como se Hansol o houvesse traído. Em sua mente, milhares de questionamentos começaram a tomar forma: há quanto tempo estariam eles dormindo juntos? Hansol sentia falta de suas noites com Seungkwan? Por que ele ainda agia ambiguamente quando estava feliz com Yuna?

Tudo pareceu rodar e o máximo que conseguiu fazer foi se jogar na cama fria, a camisa de Hansol presa junto ao peito. Precisava distrair-se de seus pensamentos, fugir de si mesmo por alguns instantes e substituir a dor em seu peito por qualquer outra distração, afogar-se em suas ideias parecia uma tortura.

Tentando fugir de seus pensamentos, Seungkwan foi até a cozinha levando da geladeira várias latinhas de cerveja, pela primeira vez ele agradecia o estoque resultante dos amigos em casa. Trancou-se no quarto e bebeu cada uma como água, o escuro embalando-o junto com o silêncio, porém sua mente gritava coisas que não queria ouvir ou pensar.

Seungkwan estava na quinta latinha quando notou que sua mente rodopiava, os movimentos moles e descoordenados de suas pernas o fizeram cair na cama com um baque mudo, a cabeça entre os travesseiros e a maldita camisa de Hansol. O perfume do garoto estava em todo lugar, principalmente após ele ter passado a noite ali, seus lençóis eram uma forte lembrança e quase faziam Seungkwan sentir sua presença consigo.

“Por que você continua a fazer isso comigo?” Questionou o garoto para o vazio do quarto, as mãos agarrando o tecido da camisa com força “Por que eu continuo a fazer isso com nós dois?”

Fechando os olhos, sua imaginação lhe lotou de imagens que queria apagar. Lembrou-se do contorno das costas nuas de Yuna, o som dos toques da pele dela e Hansol misturando-se com gemidos abafados, a ânsia que revirava seu estômago. E então, Seungkwan imaginou-se no lugar da garota, como havia o feito tantas vezes antes.

Recordou em detalhes das vezes que era ele, Seungkwan, no colo de Hansol com ambos completamente nus entregando-se um ao outro, a respiração pesada como uma só. Era quase capaz de sentir as mãos de Hansol percorrendo seu corpo, a forma como sua boca macia explorava cada pedacinho de si como nenhum outro fora capaz. Bastou meia dúzia de imagens formadas pela sua imaginação, para que as calças jeans que usava fossem justas demais e, portanto, as tirou com um único movimento descuidado. O álcool modificando a facilidade de ações como estas.

Quanto mais Seungkwan pensava, mais o aperto em seu peito tornava-se como a âncora que o afogaria em seus próprios arrependimentos. Por isso mesmo evitava ser racional, deixando que os desejos puramente sexuais o guiasse, um prazer rápido e simples ㅡ como tudo que envolvia sua relação com Hansol.

Agarrou-se na camisa em suas mãos, o aroma do perfume de Hansol ainda estava ali, forte e inebriante o suficiente para que fosse tudo que Seungkwan sentisse. Com a mão livre, começou a acariciar o seu pênis ainda coberto pelo tecido fino da cueca. Era um prazer estranho, sentia o aroma do outro e o imaginava ali, com as mãos no lugar das suas e o peso do seu corpo em cima do de Seungkwan.

Lentamente, deixou que sua mão entrasse por baixo da peça de roupa, fechando os olhos e concentrando-se em imaginar Hansol fazendo as ações por ele. De repente, não era mais as mãos de Seungkwan ㅡ agora segurando seu membro semi ereto ㅡ e sim, Hansol. Quando começou a movimentar seus pulsos, deixou sua mente vagar até ver o garoto ali na cama consigo, com o sorriso que sempre estava desenhado em seus lábios quando via Seungkwan na cama.

No momento, toda a dor que sentia era algo que ignorava completamente enquanto aumentava o ritmo de sua masturbação. O tecido da camisa de Hansol preso entre seus dedos parecia queimar sua mão, mas Seungkwan já não ligava mais para a vergonha que sentia no próprio ato. Deixando ser levado para um outro mundo através do cheiro que parecia mais forte que o normal, sua mente tomada apenas por uma coisa.

Hansol. Hansol. Hansol.

Seungkwan abafava os próprios gemidos com a camisa que segurava no rosto, a boca aperta em êxtase e a ideia de ter o outro ali aumentando seu prazer. Podia imaginar perfeitamente o que Hansol diria, até mesmo imitar a forma como o tocaria e, portanto, modificou o jeito que deslizava a mão pelo seu próprio pênis. O novo ritmo era mais devagar, provocante e causava espasmos em seu corpo. Era como reviver uma recordação, a provocação leve e ao mesmo tempo carinhosa.

O garoto sabia que não duraria mais muito tempo, sendo assim, manteve seu foco em aumentar seu prazer ao máximo e ㅡ quando começou a sentir seu corpo tremer e a sensação conhecida em sua virilha ㅡ tirou a camisa do rosto.

O nome do outro saiu como um gemido de seus lábios, a palavra parecia arder na ponta da sua língua e uma voz no fundo de sua mente lembrava Seungkwan que aquilo não era certo. No entanto, o garoto não ligava mais para isso e quando imaginou a voz de Hansol dizendo o quão lindo ele era na cama daquela forma, chegou ao orgasmo gritando o nome do amigo várias vezes.

Tentando recobrar sua respiração, Seungkwan sentiu seu próprio esperma grudando em sua barriga exposta pela camisa levantada. Olhando para a sujeira que havia causado, percebeu que a camisa do amigo também havia se sujado.

Seungkwan observou a camisa que segurava, o cheiro de Hansol agora não era mais a única coisa que sentia ㅡ seu gozo manchava o tecido e estampava a vergonha que o acompanharia. Em sua mente, uma voz o reprovava pelas ações que acabara de cometer, as cenas que testemunhara mais cedo repassando como um filme que ele preferia esquecer.

Quando o acordo entre eles ainda era válido, Seungkwan sentia-se usando Hansol pelo seu próprio benefício quase tanto quanto era usado. Entretanto, juntos, havia uma sensação de segurança e um falso preenchimento no vazio de tudo aquilo. Agora que não havia mais nada, ele não poderia cobrar qualquer coisa de Hansol e ㅡ com o conhecimento do que ele e Yuna vinham fazendo ㅡ tampouco esperava que iriam retomar a situação anterior.

Necessitava, mais do que nunca, seguir em frente mesmo que a rota a sua frente não possuísse qualquer ligação amorosa ou física com Hansol.


Notas Finais


Por favor não me batam eu sou sensível!!! Se for bater em alguém bate no Hansol e no Seungkwan e

A música desse capítulo foi da maravilhosa Florence (beijo, deusa), tradução e música para quem quiser ouvir:
https://www.letras.mus.br/florence-and-the-machine/1559169/traducao.html
https://www.youtube.com/watch?v=OcEWGXr_JKk

Boas notícias: minha internet está arrumada, então eu consigo voltar a escrever!! Além disso, eu vou tentar me organizar para postar sempre aos domingos, preferencialmente a cada 15 dias, já que toda semana acabaria ficando correndo demais pra mim. Não quero prometer nada, mas vou tentar ;;;;

Qualquer coisinha que precisarem, é só me gritar aqui ou no meu cc https://curiouscat.me/vernoope <3 Obrigadinha pelo carinho e nos vemos em breve!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...