História Entre o desejo e o amor - Um dia de cada vez!!!

Somente uma coisa pairava no coração de Ana naquele momento: dúvida!!! Ela estava completamente perdida, não sabia para onde ir, com quem conversar... Saiu pelas ruas de Quântico sentindo um vazio... tinha acabado de perder tudo: a carreira, Spencer e principalmente o juízo. Estava ligada ao Spencer de alguma forma que não sabia explicar, era uma ligação especial, suave e tranquila. Sentia nele carinho e doçura. No entanto, sentia uma forte atração pelo agente Hotchner, como se quisesse saber como seria estar ao lado de um homem tão forte, desafiador e intimidante.

Tudo isso era muito novo pra ela. Não estava acostumada com esses sentimentos, sempre estava distante e não se envolvia, não queria se importar com ninguém, mas seu coração estava doendo.

Precisava sair daquele lugar, esquecer todas aquelas pessoas. Queria seu mundo perfeito de volta. Precisava de algo familiar. De alguém que a compreendesse, que conhecesse seus medos, suas angustias, sua vida... Queria desesperadamente voltar pra casa...

(...) EM ALGUM LUGAR NÃO TÃO DISTANTE...

- Sargento Sony, encontramos um corpo na trilha próximo ao lago... Mulher branca, ruiva, aparenta ter entre 25 e 30 anos, sem identificação, sinais de violência sexual. Disse o policial pelo rádio.

- Mande toda a equipe de perícia, estou à caminho.

- Senhor, também encontramos ao lado do corpo uma boneca muito antiga, e a moça está abraçada a ela... Como uma criança...

(...)

POVS HOTCH

Fiquei ali na porta parado observando ela partir. Droga... o que eu estava fazendo?!! Reid e eu somos mais que amigos, mas porque não consigo recuar?? Essa vontade de estar com ela, me trouxe de volta. Estava me sentindo vivo de novo, e não sei se estou preparado para abrir mão disso, mas até aonde eu poderia ir sem prejudicar minha equipe. Éramos uma família!!

Entrei na minha sala e bati a porta... preciso me afastar, mas quero estar perto. Não dei nem importância para a minha mesa bagunçada, só conseguia pensar nela e ficar revivendo aquele beijo de novo e de novo... Fui tirado do meu devaneio pelo barulho da porta. Olhei e era Rossi.

- Hotch... O que aconteceu? Você está todo desconsertado e aquela moça saiu daqui apavorada. Meu amigo, o que você está fazendo?

- Dave, eu a beijei... e ela correspondeu. Quando dei por mim já estávamos na mesa... Sinto a presença dela, o gosto dela... Estou completamente envolvido e sinto que ela também.

- Eu te disse, era uma questão de tempo até isso acontecer, ela é jovem, impulsiva, linda, sem contar que é um desafio pra vc. Ela não se intimida pela sua cara feia, te enfrenta e isso mexe com você... O que você vai fazer? Vai contar para o Reid?

- Não quero pensar nisso agora, temos um caso para resolver e nosso jato está esperando...

- Aaron, cuidado... Precisa ser honesto, principalmente com você mesmo. Avaliar se vale a pena arriscar tudo o que você tem por ela. Sua equipe precisa de você, e precisamos confiar uns nos outros.

- Eu sei... mas agora, honestamente, não quero pensar sobre isso. Vamos viajar. O que eu preciso nesse momento é esfriar a cabeça.

Caminhamos em direção à sala de reunião onde o restante da equipe estava a nossa espera. Estavam todos calados. Notei que Reid não estava...

- Vamos deixar de lado essa confusão que aconteceu hoje e focar no caso. Depois que resolveremos isso... Um coisa de cada vez. Onde está o Reid?

- Ele foi atrás dela Hotch, eles precisam conversar. Disse Prentiss.

- O que precisamos agora é resolver esse caso. Acabei falando num tom áspero demais, se continuasse assim, todos acabariam percebendo. Tirei meu telefone bolso e liguei para Reid, rezando para que ele não a encontrasse.

POVS REID

Depois que Ana se despediu de mim, fiquei ali paralisado tentando entender o que realmente estava acontecendo. O que o Hotch fez para que ela tomasse essa atitude e principalmente, achasse que eu tinha alguma coisa a ver com aquilo. Minha mente funcionava freneticamente, buscando na memória qualquer coisa que me ajudasse a descobrir o que estava causando tudo aquilo.

Por mais que eu pensasse, não encontrei nada... Precisava ir atrás dela. Saí correndo porta afora na esperança de ainda encontrá-la. Passei pelo portão do sede da BAU e me encaminhei para o lado da estação do metrô olhando em cada canto, em cada esquina, mas aquela multidão andando para todos os lados não estava me ajudando em nada... Ouvi meu telefone tocando, olhei no visor... HOTCH. Eu precisava voltar.

Estava tão determinado a encontrá-la que esqueci completamente que tínhamos um caso. Me virei em direção a BAU, derrotado. Precisava conversar com ela.

Alguns dias haviam se passado desde a confusão... Todos estavam tentando continuar seus caminhos... Ana lera no jornal sobre a moça assassinada, um arrepio correu por sua espinha. Aquela sensação de que alguém a observava estava cada vez mais frequente. Por todos os lugares que ia sentia que estava sendo seguida, mas não dava importância. Devia ser só uma impressão mesmo, já passou por tanta coisa que aprendeu a ser mais atenta.

Spencer ligava e deixava mensagens quase todos os dias e isso estava fazendo com que Ana se sentisse mais culpada e triste, mas ela ainda não estava pronta para encara-lo. Acabou mandando uma mensagem.

“Spencer, sei que deveríamos conversar. Tenho muita coisa para te dizer, mas ainda não estou pronta. Por favor me dê um tempo, preciso organizar a minha vida... Me sinto perdida demais. Se cuida... Ana.”

As ligações finalmente pararam... Um misto de alivio e tristeza tomou conta dela, mas estava tão dividida que se o encontrasse naquele momento colocaria tudo a perder.

POVS SPENCER

Desde aquele dia, as coisas estavam muito esquisitas. Hotch estava sempre sozinho em sua sala, cada vez mais calado e ultimamente não conseguia me olhar nos olhos. Sou perfilador, sei que alguma coisa aconteceu entre eles, mas não tinha coragem de perguntar o que era, nem ele de me contar.

Estava angustiado, precisava falar com ela, mas por mais que eu ligasse e deixasse mensagens ela nunca me retornava. Eu não estava conseguindo focar no trabalho. Estávamos atolados de casos e relatórios, mas eu só pensava no que aconteceu. Todos me aconselhavam a dar tempo ao tempo, as coisas iriam se ajeitar, mas eu sentia falta dela, apesar de só termos passado uma noite juntos, pra mim foi especial.

Depois do milionésimo recado ela finalmente respondeu, não era a resposta que eu queria, mas pelo menos era alguma coisa. Depois daquilo, acho que consegui ficar mais tranquilo, ainda me restava alguma esperança. Iria tentar voltar a ser que eu era e dar conta do meu trabalho... Me aproximei mais da equipe, definitivamente, eles me faziam falta. Eu ia dar tempo a ela, recuar um pouco, mas não desistir.

Finalmente um novo caso surgiu em Chicago, tentei não pensar em mais nada a não se nesse caso. Pelo menos nesses momentos, estávamos unidos de novo.

Ana passou os dias em casa, não queria ver ninguém. Até que tomou uma importante decisão, voltaria para Las Vegas. Fora a sua nova família, nada a prendia mais em Seatle. Ana era orgulhosa demais para voltar ao Hope Memorial mesmo se tudo se resolvesse, se afastar seria o mais certo... Estava magoada e precisava de um tempo só pra ela, quem sabe depois desse tempo voltaria.

Ligou para o seu irmão Eric e combinou todos os detalhes. Só queria estar perto da sua família, mas não estava pronta para encontrar Carl. Decidiu viver um dia de cada vez. Voltou ao hospital apenas para pegar algumas coisas e se despedir. Fizera muitos amigos ali, aprendera muito... Jamais ia esquecer, apesar de tudo, amava aquele lugar.

Passou o restante do dia com Eva e as crianças. Contou tudo para a sua meia irmã, que mais atrapalhou do que ajudou. Eva não era a pessoa mais indicada para dar conselhos, era estranha, mas adorava Ana e queria vê-la bem.

- Me promete que virá nos visitar, Ana!!

- Claro, eu não vou deixar vocês. É só por um tempo, vocês são minha família também, mas tenho umas coisas que preciso resolver. Quero um tempo só pra mim e consertar tudo, para seguir em frente.

Logo se despediu deles também, não queria ninguém no aeroporto... Não era adeus, era só um até logo...

Chegou em casa exausta, mas terminar de arrumar o restante das suas coisas, partiria amanhã à tarde e ainda havia muita coisa para ajeitar. Resolveu tomar um banho antes. Encheu a banheira e ficou lá aproveitando a água quente para relaxar, não estava pensando em nada, só curtindo aquele momento. Terminou o banho, vestiu uma roupa qualquer e foi preparar alguma coisa para comer. Não se alimentava direito a muito tempo, não era boa de cozinha mas sabia fazer um excelente macarrão.

Estava distraída e tranquila como a muito tempo não se sentia, quando escutou a campainha. Foi caminhando lentamente até a porta, mas a pessoa que estava do outro lado da porta estava tão impaciente que tocou a campainha mais umas duas vezes...

- Já vai, já vai... Parece que vai tirar o pai da forca!!! Disse Ana.

Quando ela abriu a porta não acreditou no que viu. Sentiu aquele arrepio que só sentia quando estava perto dele.... Aquele olhar frio e intimidador percorreu seu corpo de cima a baixo e parou diretamente olhando para seus olhos azuis.

-  Agente Hotchner... Ana falou, mais parecendo um suspiro.

- Ana...